Rainbow War

Menegé a trois


Voei em Nefertiti para chegar em casa, encontrar Romolo, enfrentar meus pais, dormir, terminar as provas e poder descansar um pouco. Achei que se chegasse em casa com tempo o suficiente para pregar o olho por 13 horas seguidas poderia fazer boas provas sem ter estudado porra nenhuma… Se Romolo tiver estudado enquanto eu estava desmaiado na casa da Perla, eu juro que ele dorme na rua!

Cheguei em casa pouco tempo depois, e com alívio pela polícia não ter desconfiado de nada, mas assim que pus os pés na soleira da porta, percebi um detalhe importantíssimo: Romolo não estava ali me esperando. Merda! Enfim, me conformei com os fatos e bati humildemente na porta, certo de que quando mamãe abrisse a porta, seriam meus últimos momentos de vida. Ouvi passos atrás da porta pouco tempo depois e esperei de olhos fechados pelas balas ou facas, mas quando ouvi a porta de abrir e a luz bater em mim, não senti nada que não fosse um abraço de serpente.

– Jack, meu filho, você tem idéia do quanto eu estava preocupada com seu sumiço? Nunca mais faça isso na sua vida! – gritou minha mãe me abraçando com força.

– Um colchão não é nada comparado a você, então, por favor, não fuja de casa nunca mais por causa dessas coisas! Chegue pra gente e fale, mas não suma e nos deixe preocupados desse jeito! – disse meu pai, chorando e me abraçando.

Fiquei sem saber o que fala, mas aos poucos fui recuperando a razão e chorei por tê-los preocupado. Acho que eles tinham ficado realmente traumatizados com meu seqüestro e agora, qualquer sumiço com mais de cinco horas sem notícias já era o suficiente para causar o pânico. Abracei-os também, pois eu precisava dizer que era real para mim também. Acho que ficamos algum tempo naquela posição, até que eles me soltaram e eu pude entrar em casa.

Fiz algumas perguntas que foram respondidas satisfatoriamente após algum tempo, e não fiquei nem um pouco surpreso ao encontrar Romolo sentado no sofá com a mesma cara tranqüila e paciente de sempre. Sabia que ele tinha desobedecido todas as regras para falar com meus pais e avisar que eu estava bem, mas mesmo assim não conseguia ficar bravo com ele. Afinal, ele tinha feito isso por meus pais e não por mim.

– Boa noite, Romolo. Já está tarde. Quer dormir aqui em casa?


Meu quarto ainda estava intocado desde o acidente com o colchão e mamãe não tinha pedido explicações sobre isso… Ainda! Então decidi aproveitar a situação e dormir no quarto de hospedes junto com Romolo. Quem sabe eu consigo atacá-lo no meio da noite. E nesse embalo, chegamos ao quarto de hospedes e pensamos em como iríamos dividir a cama. Por ter só uma, eu achei que seria mais fácil convencê-lo a dormir na cama que eu dormiria no chão, mas:

– Jack, podemos dividir a cama sem o menor problema. Só certifique-se de manter o Pê-chan dentro da calça.

Claro que ele me deixou completamente vermelho com essa, mas não me abalei. Eu dormiria abraçado com Romolo e só isso pra mim, já bastava. Fui até a cama e me deitei, preparado para dormir doces sonhos onde meu fogo derretia aquele ouro, mas esperei até que ele estivesse junto comigo. Mas eu entrei em pânico quando lembrei que amanhã teria prova de Física, Literatura e Inglês. Tomara que caia somente questões de termologia, senão vou me foder lindamente.

– Nervoso com amanhã? – perguntou Romolo, com aquela carinha de inocente que só ele sabia fazer.

– Um pouco, mas acho que vai dar tudo certo. De mais a mais, são só mais alguns dias e esse inferno acaba, aí posso dar mais umas escapadinhas para procurar os últimos dois aliens.

– É, só mais alguns dias. Mas de qualquer forma, como foi lá com a Nanda?

Fiquei novamente vermelho e olhei para os lençóis. Sabia que mais cedo ou mais tarde eu seria interrogado sobre isso, mas não esperava que o próprio Romolo me perguntasse sobre isso. Eu tinha me confessado pra ele hoje a tarde e cerca de quatro horas depois, eu estava me agarrando com alguém. Que amor é esse?

– Foi legal. Ela é muito simpática e agradável, e bem humilde também. Mas ela é uma garota incrível, e uma excelente amiga. – falei meio evasivo.

E ele fez o clássico: “Ai ai”. Após isso, deitou-se na cama e ficou encarando o teto. Acho que ele sabia das minhas atividades criminosas e não queria comentar, assim como eu. Por fim deitei-me também, e fiquei esperando a hora certa de iniciar um papo-cabeça com ele a respeito do nosso casamento. Casamento?! Eu pirei mesmo! Mas se bem que depois da declaração dele na casa da Perla sobre nossos sentimentos mútuos, não teria muito problema em especular sobre isso…

– Romolo, você acha que temos futuro? – perguntei a ele.

– Não sei Jack… Eu te expliquei a minha situação. Minha família não é tão liberal quanto a sua e muito menos tão cabeça fria quanto. Ainda mais que todos somos evangélicos, então serei queimado na fogueira caso um deles descubra isso. Mas sim, temos um futuro juntos.

– Mas como você vai viver com isso? Eu posso fazer isso sem esconder dos meus pais, mas você vai ter que contar uma hora ou outra. E aí? Como vai ser quando chegar nessa hora?

– Sinceramente, eu não sei. Quando chegar a hora, eu decido o que fazer.

Olhei pra ele só no intuito de saber se ele mentia ou dizia a verdade, mas não consegui manter o olhar fixo como queria. Meu pensamento vagou inexplicavelmente para outros locais e tempos, fazendo com que o que quer que estivesse a minha frente, desaparecesse sem deixar vestígios. Vi eu e Romolo já idosos, mas juntos. Vi tudo o que poderia ser se ficássemos juntos, e confesso que nunca nada foi tão atrativo pra mim como isso foi. Mas fui despertado por um pensamento bem mais real: o barulho do meu celular tocando e só vi quando Romolo tinha pegado-o e lido a mensagem recém-chegada.

– É do Hikari. Ele quer conversar com você.

Merda. Tenho pavor de ouvir do/da meu/minha namorado/namorada a famosa frase “precisamos conversar”. Sempre acaba com eu ficando solteiro. Então nesse caso não foi diferente, mas simplesmente pelo fato de que ele devia ter descoberto minhas puladas de cerca e agora ia querer acertar as contas. Eu precisava de tempo pra arrumar as passagens pro México, as identidades falsas e o passaporte, então teria que enrolá-lo por um tempo.

– Sobre o que será que ele quer conversar? – perguntei só pra dizer alguma coisa.

– É justamente o que perguntei pra ele na mensagem que acabei de mandar.

Agora que eu tenho um infarto. Romolo e Hikari juntos no mesmo espaço só poderia dar uma coisa, e não era nada boa. Mas afastei esse pensamento da minha cabeça enquanto esperava uma resposta decente da falsa mensagem que eu tinha enviado. Por coincidência ou não, ela chegou pouco tempo depois e não era nem um pouco animadora.

– Ele disse que é pessoal demais. – disse Romolo com meu celular nas mãos.

– Então marca com ele esse sábado no shopping. Diz que lá a gente conversa melhor sobre o assunto.

Vi Romolo digitando a mensagem todinha e enviando, assim como o vi atirando meu celular em cima da cama sem o menor cuidado e se virando para dormir. Ele me pagaria por isso!



Acordei no dia seguinte de conchinha com ele. Não pergunte como isso aconteceu, pois não sei responder nem como eu ainda estava calmo com aquela intimidade toda entre nós. Esperei alguns segundos até me certificar que era seguro acordar sem acordá-lo e dar a idéia de que estava tentando estuprá-lo, mas bastou o mínimo movimento que ele despertou também.

– Jack, por acaso você está tentando me estuprar? – perguntou Romolo virando na cama e ficando de frente pra mim. A boca dele estava milímetros da minha, mas acho que isso se devia ao fato dele ainda estar grogue.

– Não. Ainda não. Levanta, temos que ir pra escola.

Não demorei mais que três segundos para sair da cama e voar para o banheiro fazer minha higiene. Mas como estava na presença de Romolo logo atrás da porta, tive de me demorar um pouco na esperança dele abrir a porta e se ver seduzido pelo meu delicioso corpo nu. Nada feito! Terminei o banho e voltei para o quarto para pegar meu uniforme e ele tinha caído no sono de novo. Acho que era hora de acordá-lo com algo mais efetivo…


POV Romolo


O sono estava excelente. Dormiria daquele jeito por mais duzentos dias se fosse possível, mas eu sabia que tinha de me levantar e encarar as provas de hoje. Como tinha estudado enquanto cuidava do Jack, não me preocupei. Só mais cinco minutos na cama seria o suficiente para poder me arrumar e ir pra escola. Mas comecei a ter uma sensação estranha, de algo gelado e viscoso passando por cima do meu corpo. Abri os olhos e vi uma gosma verde e grudenta sendo espalhada pelo meu corpo acima. Jack!



Uma semana depois…


POV Jack


A semana de provas tinha corrido tranquilamente e eu acho que tinha me dado bem na maioria das provas. Não tinha mais o que me preocupar, então estava livre para viver as aventuras alienígenas ao lado dos meus amigos, e, é óbvio, terminar com o Hikari. Não esperava mais ansiosamente como antes o dia que Kahel pegasse o vídeo para que eu me visse livre da chantagem, mas com certa pena por magoá-lo. A vida é dura demais pra ser vivida com frivolidade.

Enfim, terminei de almoçar e fui me preparar pra ir pro shopping com o meu futuro ex-namorado. Que foi? Não é errado pensar assim se em poucas horas tudo estaria acabado e Hikari não poderia fazer nada pra me impedir. Na verdade, ninguém poderia, só eu mesmo. Mas o fato é que eu não queria. Eu queria mesmo era salvar uma amizade de anos e preservar para um futuro incrível. Espero que dê certo. Terminei minha produção básica, constituída de uma calça jeans azul-clara, tênis all star, camisa branca com gola em “V” e me preparei para ir buscar Hikari.

– Vai sair, filho? – perguntou papai, quando passei pela sala cheirando mais que mala de barbeiro – Quer uma graninha pra gastar?

Respondi que sim, mas que não podia ser mixaria, pois hoje seria um tratamento vip, como sempre é quando termino com alguém. Papai não deve ter gostado muito da idéia, mas não contrapôs nada, então subiu pra pegar a carteira e me dar uns 300 reais. Fiquei esperando na sala e me veio à cabeça que não fazia o estilo do Hikari ficar daquele jeito depois de ficar com alguém. Ele podia nunca ter namorado na vida, mas era o cara mais safado e galinha que eu conheço na vida! Será que ele vai me pedir em casamento? Essas e outras perguntas foram interrompidas por papai chegando com algumas notas na mão e me entregando um bolo com 700 reais!

– Hikari é um garoto incrível, Jack! Se você não gostava dele de verdade, não deveria ter alimentado falsas esperanças no pobre do garoto. Certifique-se de ser gentil, e não magoá-lo além da conta.

Meu próprio pai me dizendo como devo terminar meus relacionamentos? Corram para as montanhas que o apocalipse está chegando! O peso dos setecentos reais pareceu triplicar por causa da culpa, mas não dei bola e enfiei a grana toda no bolso e fui em direção a garagem para pegar minha moto e meu namorado. Mas esqueci meu telefone e voltei para pegá-lo no quarto, e quase tive um ataque quando ele tocou na minha mão como número de Romolo aparecendo.

– Alô? – atendi um pouco inseguro. Ainda não estava certo se ele tinha me perdoado pela tinta de trote que eu tinha jogado nele.

Jack, eu só estou passando pra te convidar pra ir pro shopping comigo hoje. Tem um filme hoje que eu queria assistir e não tem ninguém pra ir comigo. Topa?

– Claro! Não posso dizer não pra um convite desses – eu sou um canalha! Vou levar o futuro ex pra conhecer o futuro atual! – Posso levar o Hikari junto?

É até melhor que leve mesmo. Te encontro lá daqui a pouco, viu?

Desliguei com uma estranha sensação de que iria dar merda. Acho que nunca desejei tanto estar errado na vida. Enfim, voltei para minha moto e pus o pé na estrada para ir até a casa do Hikari e depois pro shopping. Rodei por um tempo até chegar na casa dele, e chamei-o com a rapidez de sempre. Em menos de cinco minutos, apareceu na porta com uma bata creme-dourado bem fininha, uma calça jeans costurada na pele, e botas. Como sempre, ele sabe ser lindo, do jeito dele, é claro.

– Como sempre, Jack, você está lindo! O que vamos fazer hoje? Tem um filme que estreou a pouco tempo que eu quero muito ver, podemos?

Por favor que seja o mesmo filme do Romolo!

– Podemos fazer o que você quiser! Tenho grana aqui que dá e sobra pra nós três. – Puta que pariu, será que eu não consigo manter a boca fechada?

– Três? Você vai fazer um menengé a trois ou simplesmente vai colocar o ex na frente do atual? Jack, você não é nada discreto!

Morto de vergonha, deixei que ele pilotasse Nefertiti como prova do meu arrependimento por ser assim, mas não me abalei o suficiente para distrair minha mente dos pensamentos deturpados que corrompiam meu interior pela menção do menegé a trois. Chegamos no shopping pouco tempo depois que ele tinha pego na direção e pressupus que se todos estavam vivos, é porque ele sabia dirigir tão bem quanto eu.

Saímos e fomos em direção ao cinema, e quem eu encontro lá? Romolo! Não gostei muito da cara que ele fez quando me viu chegando com o Hikari, estava sem expressão demais! Mas enfim, fui andando até ele e o doido do Hikari segurou minha mão, e tenho certeza que vi os olhos dele se estreitarem três milímetros. Quando estávamos todos reunidos, a decisão do filme foi quase unânime: The True Death of Sin e eles sabem que eu morro de medo de filme de terror. Acho que era uma punição por juntar os dois na mesma ocasião.

Depois do filme, fomos pro parque jogar alguma coisa e por muito pouco não fui espancado pelos dois na maioria dos jogos. Devo dizer que estava me sentindo incomodado já, pois o menegé a trois não sairia desse jeito nunca! Enfim, voltei a realidade depois de perder pela décima vez consecutiva para Romolo no futebol de mesa e para o Hikari no disco de mesa. Hora de virar o jogo.

– Vamos tomar sorvete? – perguntei na maior cara de pau.

E vamos todos nós para a fila da sorveteria, e quem encontramos lá? Hugo! Só falta a Perla aparecer do nada agora e nos contar que existia um alien entre nós. E isso não foi uma ironia. Ironicamente, Hugo me encara e acena pra ficarmos na fila com ele, e ele me olhou dos pés a cabeça, me admirando, depois Hikari, e por fim Romolo. Não foi surpresa ele se demorar naquele cara vestindo uma calça jeans preta rasgada, botas pretas, camisa de Marylin Manson e jaqueta de couro preto com espinhos, e uma bandana preta.

– Quem é esse alien de preto? Ah, já sei! Ele é um filiado dos Homens de Preto! Acertei? – Hugo, você está assistindo filmes de alienígenas demais.

– Eu sou um ser humano, garoto. E você conhece o Jack? – perguntou Romolo.

– E como conheço! Conheço cada pedacinho dele…

– E como você o conheceu? – perguntou Hikari, me olhando com uma cara demoníaca.

– Nós já tomamos banho juntos. Você se lembra, Jack? – perguntou ele com uma cara safada – Mas eu me esqueci de perguntar, o que você é pra ele?

– Namorado – falou Hikari entre dentes, e com olhos de Medusa.

– Quase isso – disse Romolo, com os lábios trêmulos de raiva.

– Ai, nossa! Que bom – EU TE MATO, SEU PIRRALHO DESGRAÇADO! VOCÊ ARRUINA MINHA IMAGEM COM MEUS AMIGOS E AINDA FAZ ESSA CARA DE SURPRESA? PODIA TER PERGUNTADO QUEM ELES ERAM ANTES DE ABRIR A SUA BOCARRA DE JACARÉ!

Para minha eterna alegria, Perla nesse momento aparece mais que do nada e me puxa desesperadamente da fila e me dizendo de coisas fofinhas como: “meu amor”, “quanto tempo”, “como vai você, meu lindo”, e por aí vai. Não sei qual era a intenção dela, mas acho que foi a de deixar o Hugo com ciúmes, o que deve ter funcionado principalmente depois do beijo efusivo que foi no cantinho da boca, e na frente dos três. Acho que todos iriam querer me matar agora.

– Pode me agradecer agora. Do jeito que aqueles dois estavam, eram capazes até de te matar.

– Obrigado, Perla. Mas eu queria saber por que você e Hugo vieram no shopping exatamente no mesmo dia que eu tinha combinado com Hikari. Sem contar o fato de Romolo ter vindo de entrosado, pra atrapalhar meus planos.

– Olha, Hugo que me convidou, então a culpa é dele. Sabe como é né? Eu queria ver o novo filme da Saga Gabrielle Bellfast. Ela é perfeita no papel de caçadora de vampiros, e ainda mais apaixonada pelo gato do Reynolds Swan. Ele sabe que eu sou viciada, então me trouxe pra ver.

De repente, o celular dela toca e em conjunto com o meu. Isso não podia ser coisa boa. Olhei a tela e vi uma mensagem da Nanda que dizia: “Fui no shopping com minha namorada e vi a Tati conversando com um cara super-estranho. Não falei com ela com medo dela surtar como da outra vez, mas algo me diz que vamos ter um ataque da Jade em breve!”. Diz se isso não é pra assustar qualquer um?

Olhei para Perla e vi que ela estava branca como cal. Acho que eu também devia estar, levando em conta que Hikari estava aqui e ele não tinha poder algum para se defender. E eu não vou bancar a babá de menino crescido, mas de jeito nenhum!

– Acho melhor ficarmos juntos a partir de agora. Se a Jade aparecer, com certeza isso vai virar uma zona de guerra, e não sei se poderemos vencer com tanta gente pra proteger ao mesmo tempo.

– Também acho, Jack. Quando a coisa ficar feia, vamos nos transformar e partir pra cima dela. Acho que um de nós vai ter que ficar responsável pela evacuação do local e segurança do pessoal. O mais indicado pro cargo até agora é o Romolo, com todo aquele ouro.

– Ouro sozinho é frágil. Ele vai precisar de você pra endurecer o ouro, e já provaram que seus combos são perfeitos. Acho que vocês dois deviam ficar com a proteção enquanto eu e Nanda ficamos com a parte do quebra-quebra.

– Será que a Nanda vai vir ajudar a gente pelo menos?

– Deixa eu perguntar. – respondi a mensagem dela, perguntando se por acaso houvesse batalha, ela viria ajudar a gente. Claro que ela respondeu “sim”.

Assuntos resolvidos, voltamos pra fila do sorvete que devia estar puta da vida com a gente, porque eu não dei o dinheiro pra eles pagarem. Quando cheguei lá, de mãos dadas com Perla, pensei que Hugo fosse pular no meu pescoço com uma faca na mesma hora, mas provavelmente ele merecia isso depois de ter quase contado que tínhamos um caso. Passei o braço por Perla.

– Finalmente você voltou, Jack. Que tal pagar o sorvete? – falou Hikari, com uma expressão venenosa. Caramba, porque todos pensam que eu sou galinha?

Paguei todos os sorvetes e fomos passear pra ver o que encontrávamos por aí, e sem surpresa nenhuma, encontramos Nanda e uma garota branquinha, loira e baixinha com ela. Acho que devia ser a namorada dela. Fiquei me perguntando quem era a ativa e quem era a passiva, porque todas as duas pareciam bem femininas. Quando Nanda nos viu, foi correndo até nós e a garota a seguiu, mas quando chegou bem perto, me deu um beijão na bochecha e um igual em todos os presentes.

– Oi gente, que coincidência né? Todos aqui reunidos, até parece coisa de destino, né Marie?

– O nome da sua namorada é Marie? Que nome lindo! Meu nome é Perla, muito prazer em conhecê-la.

– O meu nome é Hikari. Encantado por conhecê-la.

– Romolo. Muito prazer.

– Prazer, meu nome é Jack.

As duas faziam um par tão romântico. Dava quase vontade de suspirar loucamente e pedir que se beijassem. Marie era uma garotinha minúscula, não devia ter mais que 1,60m, mas os cabelos louros, feições angelicais, olhos verdes como esmeraldas e pele alva como a neve deixavam-na deslumbrante. Ela vestia uma camisa roxa, uma calça jeans preta e um tênis all star. Aquela beleza dela cegava qualquer um, ainda mais com aquele corpinho perfeito. Eu teria olhado mais, se Romolo não tivesse me dado um beliscão e sussurrado no meu ouvido.

– Jack, você reparou que estamos todos aqui? Que todos os aliens finalmente estão reunidos?

Olhei pra cara dele, pra tentar explicar a diferença entre aliens e humanas gostosas, mas quando olhei por sobre o ombro dele, me deparei com uma figura que jamais vou esquecer na vida: cabelos castanhos ondulados, olhos verdes-esmeraldas, rosto de fada, pele de marfim, lábios rosados. Uma garota de 1,67m estava nos encarando. Olhei pra ela, e pude sentir o medo no meu coração. Jade estava aqui, e estava apenas esperando pelo momento certo de atacar.