Ragnarok

Primeiro dia de aula.


Em Prontera o clima era sempre agradável, na praça principal no centro da cidade era sempre movimentada, mercadores vindos de todos os lados vendiam suas mercadorias, dançarinas a bardos cantavam e dançavam ao som da manhã, cidadãos da cidade aproveitavam para fazer sua mercearia do dia, sempre em clima alegre.

Existem dois grupos distintos no reino, os leigos e os juramentados, os juramentados eram pessoas que frequentaram uma escola de treinamento para ter uma formação de guerra, uns mais ofensivos como os espadachins, magos outros nem tanto, como dançarinas e mercadores com especialização mercantil, mas todos eram aptos à guerra e ambos temidos. Prontera é formadora de espadachins e sacerdotes, por isso é considerada a mais segura e pacífica de todas. Todos os anos espadachins são enviados para todas as cidades para reforçarem a segurança. Os leigos são pessoas sem formação, então trabalhavam em estábulos, na limpeza da cidade, nas recepções dos lugares, garçons, em tavernas e outros.

Yuuki avistou de longe Kooru correndo em sua direção com 3 rosas na mão, de longe avistava seu sorriso, ao chegar perto Kooru ajoelhou-se e estendeu a mão para entregar-lhe as flores, então estendeu o braço e ...

–TrinnnnnnTrinnnn !

O despertador penetrou em seus sonhos como um trovão e então acordou assustada, sentando na cama sentindo uma leve dor de cabeça – tinha que ser um sonho mesmo, Kooru nunca faria isso. – Desligou o despertador e começou a se vestir para a aula.

Yuuki é uma menina de 8 anos de idade, aprendiz, adotada, cujo seus pais não conheceu não sabe quem eram e nem seus nomes. Sua mãe adotiva se chama Merin Cushoa, é uma leiga que trabalha na recepção da cavalaria de Prontera, com baixa renda viveu para pagar a formação de seu filho Kooru de 13 anos, já formado como espadachim e hoje vive para pagar a formação de Yuuki como noviça. Seu pai adotivo morreu quando tinha 3 anos, trabalhava como jardineiro do castelo e mesmo com a ajuda do dinheiro deixado pelo marido, Merin passa necessidade para formar seus filhos.

Após se vestir com o novo uniforme, Yuuki se olhou no espelho e jurou que nunca imaginaria que fosse algum dia vestir um uniforme de aprendiz, passou a mão pelos cabelos loiros que iam até os ombros, olhou em seus próprios olhos azuis cristalinos e jurou que nunca decepcionaria sua mãe na escola de treinamento. Sentindo uma alegria crescente dentro de si, abriu a porta de madeira do quarto e andou no pequeno corredor em direção a cozinha, antes de chegar parou quando ouviu vozes.

–Não acredito que vamos passar mais 5 anos de miséria por causa de uma pirralha que não é nem sua filha, olha só, não temos nem comida hoje. – Kooru disse com uma voz grosseira

–Não fale assim Kooru, sendo do mesmo sangue ou não, Yuuki é minha filha e ela não vai ter a mesma vida que eu, mesmo que eu precise dar a minha vida e o meu conforta por isso – Merin como sempre em sua voz calma.

–Não acredito nisso, deveria colocar ela para trabalhar ! – Kooru arrastou a cadeira com grosseria e saiu de casa.

Yuuki apareceu na cozinha, toda a sua alegria tinha ido embora, sentou-se na cadeira de madeira quebrada e abaixou a cabeça.

–Você ouviu, não ouviu minha filha?

–Sim...

–Não sei por que ele não gosta de você, sempre vejo você tratar ele tão bem.

–Ele só queria um pouquinho mais de conforto, se não fosse eu, talvez ele tivesse.. Desculpe mãe, eu poderia trabalhar se quis...

–Não – Merin aproximou-se e deu um beijo na testa de Yuuki – Não quero mais falar sobre isso, vá para seu primeiro dia de aula, já está atrasada!! Vamos, Vamos!!

E aos risos Yuuki saiu com uma alegria novamente surgindo, ao olhar para trás vislumbrou sua mãe na janela acenando e logo se espantando, pois também estava atrasada.

Correndo para o sudoeste, teve que passar pelo centro da cidade, espremendo-se entre mercadores, carrinhos, sacolas de maças, tomates, esbarrando em dançarinas que tomavam a atenção de todos que passavam, quando pensou que estava livre correu um pouco mais e tropeçou no pé de um guarda, caindo sobre um garoto que dobrava a esquina.

–Ei, garotos, cuidado, não quero ter que leva-los aos responsáveis por perturbar a paz da cidade – o guarda saiu rindo.

–Ai ai ai – o menino de cabelos azulados se mexeu embaixo de Yuuki

Saindo rapidamente de cima Yuuki disse: - Me desculpeeeeee, eu te machuquei??? – ajudando a levantá-lo, viu um arranhão no seu braço esquerdo.

– Acho que sim, meu braço ta ardendo... Ei, você é uma aprendiz também, estava indo para a escola de treinamento?

–Sim ! – Yuuki sorriu

–Em que ano você está?

–Primeiro, é a minha primeira aula!

–A minha também!!! – o garoto abriu um sorriso – Qual seu nome?

–Yuuki Cushoa, prazer, e o seu?

–Cushoa... nunca ouvi antes, Raego Khost, prazer. – disse batendo a calça, tirando a poeira

–Woooooo!! Khost, você é o filho do do do... – Yuuki engasgou de tanta surpresa

–Jhungo, cavaleiro real, sim, sim, estamos atrasados, vamos – disse Raego puxando o braço de Yuuki

Sem conseguir falar, Yuuki acompanhou Raego, vislumbrada, nunca imaginava que estudaria com alguém tão importante, Jhungo Khost era o melhor cavaleiro da cidade, o cavaleiro real, escudeiro do rei, normalmente só era visto quando escoltava o rei, era tão raro quanto ver o rei. Realezas já chegaram a disputa-lo para obter sua guarda, mas o rei nunca abriu mão.

Aproximaram-se de uma grande construção de pedra, quase sem irregularidades, se fosse maior e tivesse muralhas diria que era um castelo, mesmo sem nunca ter entrado em um, Raego foi entrando e subindo a escada que se estendia pela lateral do estabelecimento.

–Ei espera, para onde é? – disse Yuuki perdida

–Vem, é a primeira porta aqui em cima, vem rápido, todos já devem estar lá ! – Raego subiu e esperou Yuuki para entrarem juntos.

Eram 14 alunos do primeiro ano no total, 16 com Raego e Yuuki. Todos voltaram os olhares para eles, 2 meninas perto da janela cochicharam.

–Estão atrasados mocinhos – Disse uma mulher que parecia um homem, vestida com uma armadura cinza e cotas de malha – Podem entrar, perdoarei só hoje.

Deve ser uma cavaleira... Yuuki sentou nos fundos da sala e Raego ao seu lado.

–Então, repetindo o que havia falado anteriormente, sou a professora Naomy Kera, Bem-vindos a escola de formação de Prontera, suponho que tenhamos alguns estrangeiros como temos todos os anos e nativos da cidade, claro... Raego Khost já não precisa se apresentar, receio que todos já o conhecem e sabem que és daqui e você mocinha é... ?

–Yuuki Cushoa, moro aqui em Prontera desde que nasci – disse com um sorriso nos lábios.

–Certo, então hoje vamos apenas apresentar o roteiro de aula de vocês durante esse primeiro ano e...

Yuuki olhou para o céu azul através da janela a esquerda, a voz da professora ficou cada vez mais distante quando o seu pensamento se perdeu no rosto de Kooru na cena que aconteceu de manhã.Mas Kooru, eu gosto tanto de você... até.. mais do que você imagina... você nunca brinca comigo, nunca sorri para mim, se um dia você olhasse para mim... e..

–Eeeeiiii, psiu – Raegar sussurrou

–Oi – Yuuki virou assustada de seus pensamentos

Rindo Raegar virou-se – Nada não, você fica engraçada pensativa

–Era só isso? Ah, não acredito – Yuuki voltou a olhar pela janela um pouco chateada

–Silêncio! Não quero gracinhas durante minha explicação – Disse a professora olhando para Yuuki

–Si..Sim senhora, desculpe – envergonhada, endireitou-se na cadeira e concentrou-se para a explicação

As meninas perto da janela trocaram olhares e risinhos entre sí. Porque será que estão rindo?

Após a aula Raego se ofereceu para acompanhar até a esquina onde tinham se esbarrado, ao sul do centro da cidade. Conversaram todo o caminho sobre a professora, Raego não parava de dizer que ela parecia um búfalo de armadura, Yuuki limitava-se apenas em rir, passou o caminho todo escutando Raego reclamando que a professora era chata e feia.

–Até amanhã Raego – disse Yuuki se afastando

–Espere – Raego vasculhou a mochila em busca de alguma coisa – Toma, vi que você não levou nada para comer, isso é seu, tem mais lá em casa – disse sorrindo com uma maçã na mão.

Yuuki pegou, um pouco sem graça, não soube recusar e também estava com muita fome, quando levantou a cabeça para agradecer, Raego já não estava mais.