Radiação Arcana: Totem De Arquivo

Capítulo 16: Um Espião Eficiente


Reaper e eu ficamos frente a frente, distanciado por somente pequenos cinco metros de grama do pátio externo do quartel. O muro da sala do armazém estava a minha direita e a minha esquerda árvores enfeitavam o campo de treinamento. O campo era relativamente estreito, mas seria uma bota luta. Eu tinha vantagem já que uma espada precisa de espaço para ser usada. Decidimos que lutaríamos do lado de fora do quartel para não atrapalhar o treinamento dos soldados ou destruir qualquer coisa que estivesse por perto. Aqui fora a luta podia ser mais... violenta.

- Pode começar, espadachim.

- Foi você que pediu, não se esqueça.

Reaper se moveu tão rápido que sumiu da minha vista. Em um segundo ele estava na minha frente e no outro estava atrás de mim, descendo a espada para me derrotar. Rolei para frente e subi atirando uma bola de fogo contra o maldito espadachim. “Esse cara é muito rápido”, pensei.

Eu tinha poucos pontos de vida, então não podia dar mole. Corri contra ele e tentei acertá-lo com um soco de esquerda, mas ele balançou o corpo para trás, fugindo do golpe. Lutando de maneira suja, acertei uma joelhada em suas partes baixas. Mesmo sendo só um jogo, nós homens ainda sentíamos muita dor quando éramos acertados nesse querida lugar especial. Reaper caiu de joelhos, com as mãos no ponto atacado, quase chorando de dor.

- Você pediu, demoniozinho chifrudo! – disse Reaper, furioso.

- Mostre o que você pode fazer então, NOVATO! – respondi.

Reaper se levantou, gritando. Ele não conseguia mais correr tão rápido por causa da dor que sentia, mas ainda assim era muito rápido. Com vários cortes em diversos sentidos Reaper tentou me acertar. Alguns conseguiram atingir o alvo, mas somente de raspão. A maior parte eu conseguia escapar ou aparar com minhas manoplas. Cada vez mais irritado, Reaper disse:

- Você vai ver! Furacão Cortante!

Ele começou a girar a espada à sua frente. Aos poucos o vento começou a se mover violentamente. Em questão de segundos um furacão surgiu a partir da espada longa e fina do jogador enfurecido. Os cabelos negros dele balançavam com todo o vento, assim como o meu também, tampando meus chifres pequenos. Minha capa voava, tentando seguir o pó que me atingia. Eu tive de quase fechar os olhos para não ficar cego. Usando essa vantagem, Reaper me acertou com um golpe na barriga. A estocada da espada fez o sangue vermelho escorrer pela minha barriga, mas eu ainda tinha pontos de vida o bastante para lutar.

- Você perdeu humano noob.

Acendi meu ataque preferido: Esfera de Chama Fria. Apertei-a em minha mão, fazendo-a explodir e congelar o espadachim, as folhas e qualquer coisa que pudesse ser congelada a minha volta. Como eu já tinha poder o suficiente para congelar completamente jogadores fortes, o espadachim sucumbiu ao frio. Mas sua agilidade era alta o bastante para deixa-lo se mover, devagar, mas ainda assim se movendo. Escapei da lâmina que ainda estava em minha barriga e acertei um poderoso soco no nariz do meu aluno. Ele saltou alguns metros longe e caiu perto de uma árvore, derrotado.

- Ufa! Essa foi por pouco. Hey, Tartaruga! Deixe-me tomar uma poção antes de lutar contigo. Com essa baixa vida que estou eu iria perder muito facilmente.

- Não me chame de Tartaruga, seu filho da...

Todos que estavam assistindo a luta riram da reação do Tartaruga. Ele parecia ser um cara muito poderoso, mas tinha pavio curto.

Tomei a poção que recupera vida e chamei o ninja para lutar. Novamente me posicionei a uns cinco metros do adversário. Isso era padrão nas lutas um contra um. Ajustei as manoplas em meu punho enquanto o ninja tirava suas duas katanas das costas. Poucos jogadores lutavam com duas armas. Geralmente usasse um escudo quando se luta com uma espada, para dar proteção. Outra coisa estranha era a roupa do ninja reptiliano. Ele usava um simples tecido preto, para se camuflar na noite. Eu sabia que jogadores com bons níveis de camuflagem podiam ficar invisíveis depois de alguns segundos em bons esconderijos, mas não fazia sentido usando um pano preto ao invés de uma armadura, principalmente para um jogador de luta corpo-a-corpo. Isso não me cheirava bem, não sei se era o suor da luta ou o que.

- Pronto? – perguntei.

- Pronto. – ele respondeu.

Avancei correndo contra meu adversário, pronto para acertar um soco no rosto. E consegui. Meu punho acertou em cheio, mas o ninja não entrou em combustão como todos os meus inimigos fazem. Até mesmo o espadachim entrava em pequenas combustões quando era acertado.

Tartaruga (eu vou sempre chama-lo assim, é bem melhor que Ninja Turtle) contra-atacou fazendo um X em meu peito com as duas espadas. Depois ele cravou-as em minha barriga e me chutou para longe. Caí no chão, gritando de dor por causa do furo duplo. Se eu seguisse levanto furos na barriga eu não poderia mais tomar nada, já que meu estômago iria parecer uma esponja de tanto buraco.

- Como você... – cuspi um pouco de sangue. – Como você não levou dano algum?

- Não subestime as tartarugas, meu amigo. Sendo descendente dessa espécie eu tenho a capacidade de aparar totalmente os golpes dos adversários, incluindo os efeitos especiais. Mas só de vez em quando. Eu tenho 25% de chance de conseguir fazer isso. Então isso quer dizer que a cada quatro golpes que você me acertar, pelo menos um será aparado. Mas às vezes eu consigo aparar mais de um a cada quatro. Tudo depende da minha sorte. Outro fator que influenciou na minha defesa é minha habilidade Casco Inquebrável, que me permite diminuir o dano em 50% em golpes de impacto. Como sua manopla é de impacto eu sofro só metade do dano. Já você...

- Você é esperto, Tartaruga...

- Já disse para não me chamar assim, General...

Voltamos a lutar, mas agora os dois atacando. Com minhas luvas eu aparava os golpes de espada e vice-versa. Às vezes um golpe ou outro acerta. As lâminas cortaram meus braços e pernas com pequenos talhos, mas doídos. O rosto do ninja já estava cheio de roxões e marcas de punhos. Pelo menos era o que eu conseguia ver pelo furo na parte dos olhos da máscara. Eu imaginava que sua boca pelo menos estivesse sangrando. Mas uma coisa eu sabia, eu tinha o ferido.

Mancando levemente, Tartaruga voltou a me atacar. Ele era rápido, não tanto quanto o espadachim, mas o bastante para dar trabalho. Antes que ele pudesse me atingir, eu acendi uma bola de fogo na minha mão e atirei no chão a minha volta. Agora eu tinha vantagem de combate, já que o chão estava pegando fogo e eu não sou danificado por isso. Já Tartaruga ficou um pouco apavorado com a rápida mudança do campo de batalha. Aproveitei o tempo de surpresa para colocar fogo em duas árvores que estavam por perto. O tronco delas começou a queimar, bem na parte de baixo. Em pouco tempo elas iam cair.

Mesmo com toda a desvantagem, Tartaruga se preparou para atacar, mas agora com um poder especial.

- Mente Obscura!

Repentinamente, minha visão perdeu alcance. Parecia estar de noite, em uma noite muito escura. Eu conseguia enxergar claramente alguns metros a minha frente, mas a partir de um ponto era tudo escuro demais para se visualizar. Era assustador.

Um corte feroz surgiu em minhas costas. Claro que era culpa do ninja. Ele estava usando minha pouca visão para atacar onde eu estava desprevenido. Além disso, mesmo que ele entrasse em meu curto campo de visão, seria difícil enxerga-lo, já que ele se vestia de preto, camuflando com a parte do campo que eu não enxergava. Estava ficando cada vez mais assustado, até o ponto em que eu tive de apelar.

- Esfera de Chama Fria!

Atirei a esfera no chão, para congelar a minha volta. Olhei para todos os lados e encontrei o ninja, paralisado no meio do movimento para cortar minhas costas novamente. Aquele réptil asqueroso queria me golpear duas vezes com o mesmo golpe? Que idiota!

Sem pena, enchi-o de bolas de fogo. Depois de alguns ataques ele perdeu o controle do poder e minha visão voltou ao normal. O ninja já estava se levantando quando um acontecimento de sorte ocorreu. Não era sorte para ele, mas para mim.

Um estalo forte quebrou o ritmo da respiração pesada, tanto minha quanto a do ninja. Olhamos em volta para entender o que estava acontecendo, quando avistamos uma das árvores que eu ateei fogo quebrando. Ela começou a envergar, até que seu tronco não suportou mais o peso e quebrou totalmente, deixando-a tombar. A grande árvore que devia dar uns dez de mim iria cair em cima do ninja, mas no último momento ele desviou o corpo para o lado, evitando o golpe. Infelizmente, para ele, a segunda árvore também estava caindo, com seu som sendo camuflado pelo som da primeira. Ela foi diretamente à nuca do garoto réptil. Mas dessa vez era um pinheiro de meia idade, que devia ter uns dez ou doze metros, mas com um tronco duro o bastante para dar a vitória da luta a mim.

- Demônio 1, Tartaruga 0.

- Já disse que não é para me chamar de Tartaruga, seu merda! – disse o derrotado, saindo de baixo da árvore.

Comprei poções de cura para todos que treinaram hoje e nos reunimos no bar para conversar. Nenhum dos novos membros era da minha vila no Polo Norte. Mas mesmo assim tínhamos muitas coisas em comum, como os países de origem, filmes antigos preferidos, memórias de grandes acontecimentos antes da guerra...

O bar estava lotado, então cada vez o som das conversas aumentava. Quando saí de lá eu já estava gritando para poder falar com meus colegas. Ao fechar a porta meus ouvidos estranharam o silêncio da rua. Era de noite, então todos os NPC’S que não estavam no bar ou estavam dormindo ou assistindo peças no teatro Máscara de Folha. Junto com os outros membros da S-War, caminhei pelas ruas de paralelepípedo da cidade.

Uma mão tocou meu ombro e eu me virei para olhar:

- Beleza Balazar? Quando será a reunião?

Era o Supreme falando. Ele parecia um pouco preocupado, mas não achei certo perguntar. Poderia ser algo do lado de fora do jogo. Eu sabia que ele tinha uma irmã que estava muito doente. Possivelmente ele estava preocupado com ela.

- Ainda bem que me lembraste Supreme. – respondi. – Eu já estava me esquecendo. Irei mandar uma mensagem para os outros, pedindo para eles nos encontrarem agora.

Em questão de dois minutos Troiana chegou, com um sorriso enorme no rosto. Ela me cumprimentou como sempre fez, com um doce beijo da bochecha. Mas dessa vez foi tocando no canto da boca. Senti meus músculos relaxarem. Sempre que ela estava por perto isso acontecia. Era estranho. Bom, mas estranho.

- Oi Balazar. Tudo bem? Por que me chamou? Precisa de algo?

- Estou bem sim, obrigado. E você?

- Já que você está bem, eu também estou. Mas diga logo, o que houve?

Senti minhas bochechas rosarem e borboletas voarem em meu estômago.

- Faremos a reunião agora mesmo. Estou esperando Ked chegar para termos todos os meus assistentes aqui.

Ked também não demorou muito para chegar. Assim que o mago se reuniu conosco, fomos para uma parte mais calma da cidade, a plantação. Nos sentamos na grama e começamos a discutir as estratégias de ataque, defesa e suporte. Supreme sugeriu que tivéssemos muitos jogadores de dano de área, pois assim a junção de todos eles faria um grande dano em todos os adversários. Mas não era uma boa ideia, já que a diminuição de jogadores lutando em uma guerra transformaria a equipe de ataque em meros jogadores fracos. Chegamos a conclusão que o melhor seria ter jogadores com golpes fortes, que mesmo sozinhos pudessem fazer grandes estragos, mas causassem dano em poucos jogadores, um ou dois no máximo.

Em seguida discutimos sobre a defesa. Primeiro decidimos que o melhor tipo de tank era o que diminuía o dano para fazer a defesa dos atacantes, enquanto os tanks que absorviam o dano por ter muita vida deviam ficar com os suportes, pois assim não deixariam os suportes sofrerem machucados nenhum. Quanto aos próprios suportes, deveriam recuperar a vida principalmente de seus próprios defensores, para que depois pudesse recuperar os ataques feridos. Já os atiradores, arqueiros e magos deviam mirar nos healers dos grupos adversários. Mas isso não é uma informação tão importante para vocês, então vou pular para as partes importantes.

- Vocês acham que devemos atacar algum grupo? – perguntou Supreme.

- Vou falar com o Tesoureiro para saber da condição financeira da S-War. Depois vamos mirar em alguns grupos para saqueá-los. O que acham?

- Mas sempre teremos que deixar uma parte do grupo aqui, defendendo o quartel. – disse Troiana.

- Acho que antes de atacar alguém, temos que procurar mais healers. Só tem três na S-War inteira.

- Três? – me surpreendi. – Achei que só tivesse você. Quem são os outros dois?

- São duas garotas que entraram recentemente. Uma delas é uma barda, ela causa dano extra e recupera a vida dela e dos outros com sua música. É uma felina. Não domina nenhum elemento por enquanto, mas tem bons poderes com seu violão. Já a outra é uma clériga, sua raça é angelical. Como você sabe, ela é um anjo. Com essa combinação os poderes de cura dela ficaram bem fortes, mas ela pode escolher ser uma anja do bem ou uma do mal. Como ela nunca se mostrou lutando, eu não sei o que ela é. Esperasse que ela seja do bem, pois dai seus poderes de cura serão realmente bons. Se ela for da raça dos anjos caídos seus poderes de dano serão bons. Qual será que ela é?

- Bem, quando eu achar ela eu pergunto. – respondi. – Por enquanto tenho missões para vocês. Troiana, quero que ache mais tanks para o grupo. Pelo que você me contou somente você, a Iron e uma das garotas nova são tanks. Procure novos jogadores que também sejam. Ked, quero que tu traga mais healers. Precisamos de um grupo de sete healers. Então a Troiana terá de achar mais quatro tanks e você trará mais quatro healers.

- Sim, general! – Farei agora mesmo. – respondeu Ked.

- Como o senhor desejar. Darei o meu melhor. – disse Troiana.

- E eu, Balazar? Devo fazer o que? – perguntou Supreme.

- Veja se a Diplomata ou o Tesoureiro precisam de estratégias para defesas ou ataques nas missões deles.

- Como quiser. – respondeu o dragão.

- Estão dispensados.

Todos voltamos ao quartel. Mas por caminhos diferentes. Somente eu que fui acompanhado por alguém.

- Troiana, eu sei que está me seguindo. Não precisa ficar se escondendo nos becos. – eu disse, sem olhar para trás.

Eu já saiba que ela estava por perto só pelo cheiro do perfume. Mas só tive certeza que ela estava se escondendo quando olhei para trás casualmente e a avistei se escondendo atrás de uma árvore.

Correndo ela se aproximou.

- Me desculpe senhor.

- Não precisa me chamar de senhor. Somos amigos, não subordinado e chefe. Por mais que eu tenha um cargo mais elevado, quero tratar todos como meus amigos. A única diferença entre nós é que eu darei a vida defendendo vocês, mas não deixarei ninguém fazer isso por mim.

- Mesmo eu sendo tank? – perguntou a elfa morena.

- Se eu perceber que você está para morrer eu não deixarei mais você me proteger. Não quero que ninguém faça mal a ti. É difícil ter de aceitar que você irá nos proteger.

- Eu preciso proteger vocês. Principalmente a Zoey. Ela já sofreu tanto, desde antes da guerra. Sou o apoio dela. Mas às vezes é tão difícil.

- Se precisar de ajuda é só pedir. Eu farei de tudo para te ajudar. – disse, sorrindo amigavelmente.

- Muito obrigado senhor. Quer dizer, Balazar.

Ela me abraçou, agradecendo. Senti minha respiração ficar mais difícil. Parecia que tinha cimento em meus pulmões. Eu sentia frio, mesmo com o calor do formoso corpo da soldada ao meu lado. Ela me soltou e seguiu caminhando comigo pela rua de pedra que serpenteava entre as casas de madeira.

Dali eu conseguia ver a Lua. A Lua daqui era mais bonita do que a da Terra. Lá ela já não brilhava tanto e quase nunca aparecia. A não ser nos seis meses de inverno, onde era sempre noite. Mas o principal era ver os horrorosos povoados que existiam na Lua. Era cruel ter de ver os ricos durante tanto tempo, enquanto eu sofria com o frio. Mas pelo menos aqui eu podia ver a Lua sem ficar irritado.

- Como a Lua está bonita hoje. – eu disse, apontando para a esfera prateada que voava nos céus.

- Ela está linda. – Troiana respondeu.

Quando mais caminhávamos, mais ela e eu nos aproximávamos. Quando ela chegou estava a um metro de distância ao meu lado esquerdo. Agora nossas mãos se esbarravam de vez em quando. Cada vez que isso acontecia eu sentia meu coração parar de bater. Meu cérebro estava a mil, pensando no que dizer para ela. Eu não gostava dela. Ou será que gostava? Mas eu também gostava da amiga dela. O que eu tinha de fazer? Era uma encruzilhada estressante.

Então ela fingiu tropeçar. Ela sabia que eu tinha ótimos reflexos, então eu não a deixei cair, pois a segurei com um abraço no meio da queda. Ela se virou e me olhou nos olhos. Nossos peitos estavam colados e eu sentia o coração dela bater a mil por hora. Ou era o meu? Os olhos dela estavam me hipnotizando. A respiração dela gelava meu rosto. Ou era eu mesmo que estava com frio. Ela fechou os olhos.

- Irmão! Irmão!

Meu irmão vinha gritando ao longe, quase não me enxergando, mas ele sabia que era eu de qualquer lugar. Eu era o único com chifres e uma pele vermelha em toda a cidade.

Correndo o máximo que podia, Fear chegou a mim. Troiana já tinha se afastado e me olhava disfarçadamente. Ela estava toda vermelha, mas meu irmão não notou. Ele se apoiou nos próprios joelhos para poder respirar um pouco, antes de falar:

- Eu descobri... Onde é... A Montanha de Obsidiana.

- Respire maninho.

- Está bem.

Ele demorou alguns minutos até se recuperar. Enquanto isso eu o avaliei. Sua capa que o tornava invisível quando se punha o capuz estava um pouco suja. Suas vestes da armadura de couro estavam um pouco rasgada. Seu cabelo tinha um pouco de sangue de diversos monstros. Ele suava muito e estava branco, talvez de pavor ou talvez de cansaço ou quem saiba até dos dois. Assim que a ele descansou o necessário, voltou a falar:

- Eu estava olhando o mapa para fazer uma missão para a Zoey como espião quando me deparei com isso. – disse ele mostrando o próprio mapa. – Aqui no país da Escuridão tem uma grande montanha feita totalmente de obsidiana. É aqui que está a primeira missão do Totem de Arquivo.

- Temos que falar isso para os outros. Vamos agora mesmo para o quartel. Parabéns maninho, você conseguiu uma ótima informação. Merece mesmo o cargo de espião.

Corremos para o quartel. Troiana nos acompanhava ainda um pouco vermelha. Ela parecia um pouco deprimida pela chegada de meu irmão. Eu sabia o que ia acontecer, mesmo sendo tão burro quanto eu sou. Não tinha dúvida de que ela gostava de mim.

Enquanto corríamos, perguntei:

- O que era sua missão, Fear?

- Zoey me pediu para investigar sobre a economia dos outros países. Eu estava no país da Lua, que é uma pequena parte da Lua que caiu na Terra. Enquanto estava lá, comecei a olhar o mapa para poder traçar um caminho de volta mais seguro do que o de ida. Como pode ver, fui atacado violentamente. Mas isso não importa muito. O importante é que agora sabemos para onde ir, então temos que decidir quem irá junto para cumprir a missão.

Isso era uma decisão difícil. Muitos iriam querer ir e muitos iriam querer ficar. A S-War comprou um comboio para locomover grandes grupos mais rapidamente. Só que isso limitava a quantidade de pessoas que poderiam ir. Na carroça só cabia dez pessoas, então teríamos de escolher. Além disso, parte teria de ficar no quartel para defender dos ataques de outros grupos. Recentemente vários ataques estavam acontecendo, brigas entre grupos, roubos, guerras até.

- Mas nem todos poderão sair para a missão. – disse Troiana, como se lê-se meu pensamento.

- Não se preocupa com isso. Eu sei do comboio que compramos que cabe só dez pessoas e sei que precisamos que quase metade do grupo fique aqui. Mas eu fiz um amigo que pode nos ajudar nessa missão. Amanhã vamos lá falar com ele e convidá-lo para o grupo, para que nos acompanhe nessa missão. Ele é demais. – meu irmão disse, sorrindo malvadamente.

- Quem é ele? – perguntei, transbordando curiosidade.

- Amanhã você verá.

Meu irmão sabia ser cruel comigo.