Radiação Arcana: Totem De Arquivo

Capítulo 15: O Totem de Arquivo


Abri a mensagem e li o título da missão, que era O Totem de Arquivo. Não entendi o significado disso, não parecia fazer muito sentido. Em seguida fui ao corpo da missão:

Objetivo: Cumprir as missões menores para achar pistas de onde o Totem de Arquivo está e recuperá-lo.

Prazo: 8760 horas (365 dias) a partir da data em que essa missão foi aberta.

Missão a pedido de: 13º Servidor da Lua.

Recompensa: Passagem para a Lua e direito de entrar para as eliminatórias do Torneio Lunático de Radiação Arcana (TLRA).

Dica: A montanha de obsidiana guarda sua primeira parte dessa missão. Levem armas e deixem seus corações, pois quem lhes espera fará o amor morrer lutando contra o medo.

Após todos lerem a missão, Salocin falou:

- Então é isso galera. Temos que cumprir essas missões mais fáceis para conseguir descobrir onde é a maior e mais difícil. Temos um ano para cumprirmos isso, então acho que conseguiremos com tempo de sobra. Agora vão jogar, estão todos liberados.

Saí da sala, pensando no que fazer. Essa missão não parecia ser curta. Algo me dizia que um ano seria um prazo curto, então decidi começar a fazer as tarefas de General. Se nosso grupo tivesse força o bastante, talvez cumprir a missão não fosse tão difícil.

Passei horas pensando em como melhor, até que cheguei a uma decisão que talvez ajudasse os novatos. Mandei uma mensagem a todos dizendo:

Olá caros jogadores da S-War. Eu, como General, planejei uma tática de evolução. Pensei no que nós precisamos para podermos lutar, então cheguei a seguinte conclusão: dos 2 pontos de atributo que cada jogador pode colocar ao passar de nível, pelo menos 1 deverá ser colocado em Vitalidade, para que todos tenham vida o bastante para aguentar uma batalha. Pelo menos deverá ser assim até que 1/5 do grupo seja healer. Como somente Ked tem o poder de curar, nós não poderemos sobrecarrega-lo, então temos que ter vida e recuperação alta. O segundo ponto de evolução vocês podem colocar no que quiserem. Também quero que vocês evoluam seus poderes, para torná-los mais fortes. Muitos jogadores correm atrás de ter vários poderes novos, mas sua mana não irá aguentar tantos poderes, além que não adianta ter vários poderes fracos. Pelo menos um dos poderes de vocês deve ser focado, para que vocês possam derrotar inimigos fortes facilmente. Não estou dizendo que vocês não podem ter mais poderes, mas evitem acumular poderes inúteis. Por enquanto é só.

Grato, Balazar Terror, General da S-War.

Após ter feito isso, decidi que eu tinha de montar a equipe militar do grupo. Mas quando fui atrás das pessoas que eu queria que fossem do meu grupo acabei me decepcionando. Primeiro que o Fear, meu irmão, tinha sido convocado para ser chefe da Espionagem no setor de diplomacia. Depois foi a Iron que já tinha sido escolhida para Transporte de Bens no setor tesoureiro. Mas pelo menos uma pessoa que eu queria que fosse do meu grupo estava livre. Ela estava no pátio interno do quartel, caminhando em direção ao armazém.

- Hey, Troiana, posso falar com você um minuto? Por favor?

- Sim! Claro!

Ela se virou e vi seus olhos brilharem de esperança. Esperança do que eu não sei dizer, mas ela estava sorrindo muito. Mesmo sendo uma elfa, ela tinha a pele morena, como se tivesse se bronzeado e ficasse assim para sempre. Seus cabelos escuros também não eram normais para uma elfa, já que na maioria os elfos tinham cabelos louros e olhos azuis. Nesse aspecto ela também era diferente do normal. Seus olhos eram escuros, duas grandes esferas negras que me hipnotizavam. Parecia não ter fundo. Eu queria tentar chegar ao fundo daqueles olhos, por isso quando me dei por si eu já estava próximo demais dela. Parei quando estava a uns poucos centímetros dela e falei:

- Ah, desculpe. – eu disse e ela abaixou o rosto, decepcionada. – Bem, eu quero lhe fazer um pedido. Você quer ser a Chefe de Defesa do grupo? Tudo bem se não quiser, eu entenderei...

- Claro que quero! Será uma honra senhor Balazar.

Ela me abraçou, agradecendo pelo cargo.

- Fico muito feliz que você tenha aceitado. Eu fico feliz de saber que trabalharemos juntos.

- Nem te digo o quanto eu fico feliz de saber que você me escolheu. Mas bem, tenho umas coisas para fazer agora, poderia me dispensar um pouquinho?

- Claro. Por enquanto não tenho trabalho para meus assistentes. Na verdade ainda tenho que ir convidar os outros dois que faltam. Cada membro com cargo importante deve ter pelo menos três jogadores o auxiliando. Depois nós conversamos melhor sobre o que você fará. Até logo.

- Tchau, depois nos falamos.

Ela me deu um beijo demorado na bochecha e saiu, deixando somente o doce perfume no ar. Fiquei alguns segundos parado, sem fazer nada. Acho que alguma magia de paralisação me acertou...

Corri a procura de meu segundo assistente. Eu sabia quem deveria ser e por sorte ele estava ali no pátio também, assistindo minha conversa com a Troiana.

- Supreme, posso falar contigo?

- Claro General. Ah, tenho que te agradecer, sua estratégia de evolução é ótima, eu nem tinha percebido que nós podíamos evoluir a força dos golpes ao invés de ganhar novos. Mas então, sobre o que quer conversar? Sobre a Troiana? Ou a Zoey? Eu te ajudo cara, se for isso. – Supreme tentou adivinhar enquanto coçava as escamas vermelhas do rabo.

- Não é isso. – falei rindo. – Por que seria? Mas bem, quero te dar um cargo de assistente. Quero que seja o Chefe de Ataque do grupo. O que acha?

- Será uma honra. Acho que assim eu poderei ensinar mais gente a lutar tão bem quanto eu. – disse Supreme enquanto ajeitava a armadura de ferro no corpo.

Esse cara era legal, mas às vezes ele era muito egocêntrico. Claro que não era o único. Nas poucas vezes que eu falei com Salocin ele me pareceu muito egocêntrico, muito mais do que o Supreme, e olha que isso é difícil.

- Bem, então depois conversamos mais. Vou reunir meus assistentes depois. Mas agora tenho que ir atrás do último. Até logo.

- Até logo. E se precisar de ajuda com as garotas é só vir falar comigo, ok?

- Por que eu precisaria? – disse enquanto corria pra achar o último assistente, que não estava no quartel.

- Falou o pegador né...

Não entendi porque ele disse isso. Não importa. Eu tinha que achar o próximo assistente antes que alguém o escolhesse. Lá estava ele, fazendo compras no mercado da cidade. Corri o mais rápido que pude para alcançá-lo.

- Olá Balazar. Por que a pressa?

- É que eu preciso te pedir uma coisa. Quer ser o Chefe de Suporte?

- Eu adoraria. Já estou acostumado a ser suporte, além que eu sou o mais necessário na batalha e tenho a habilidade psíquica. Mas estou fazendo compras agora, então podemos conversar sobre isso mais tarde?

- Claro, claro. Bem, vou mandar uma mensagem dizendo o horário e o local onde meus assistentes se encontrarão. Até depois.

- Até. Boa sorte, General.

Voltei para o quartel. Eu queria ver como os novatos eram. Eu precisava fazer alguns cálculos e estratégias, mas para isso precisava saber no que cada membro era especialista e como eu poderia usar cada um.

Ao passar pelos portões de madeira já consegui encontrar um novo membro. Seu nome era Ninja Turtle. Ele usava roupas de pano pretas, que cobriam todo o corpo, menos seus olhos. Aproximei-me e chamei:

- Senhor Ninja Turtle, preciso fazer alguns testes com o senhor, poderia me acompanhar.

- Claro, General.

Fomos até o centro do pátio interno. De lá chamei mais alguns membros que estavam sem fazer nada por ali. Santerlock, Iron e dois garotos vieram até mim.

- Olá, eu sou o General Balazar. Quem são vocês e o que são?

- Eu sou Ninja Turtle. Sou um ninja da raça das tartarugas. Na verdade não somos tartarugas, só répteis com couraça forte, mas popularmente nos chamam de tartarugas.

Sinceramente isso me decepcionou muito. Era para as pessoas terem criatividade. Mas talvez isso faltasse nesse cara. Ou talvez ele gostasse muito de ninjas e tartarugas, sei lá.

- Eu sou Dad Killer, mas pode me chamar de DK. Sou um honrado, defensor da honra dos deuses. Por enquanto não escolhi deus nenhum para seguir. Minha raça é humana.

- Interessante. E você? – eu perguntei.

- Eu sou Reaper. Sou um espadachim humano.

Os outros membros eu já conhecia, então não precisei perguntar.

- Eu quero ver a força de batalha dos novos membros, então preciso que vocês façam uma pequena luta aqui. Nessa nova atualização as pessoas podem lutar dentro da cidade, mas só até chegarem à metade da vida. Santerlock quero que você teste a habilidade de defesa desses jogadores. Quanto a você, Iron, quero que teste o ataque deles. Depois disso vocês terão outro teste.

Todos cumpriram a ordem e começaram a fazer os exercícios de treinamento imediatamente. Eles fizeram fila e durante dez minutos treinaram com Santerlock. Depois passaram dez minutos treinando com a Iron. Iron tinha melhorado a habilidade de defesa muito bem, pois somente quando os três jogadores atacaram junto conseguiram acertá-la, Quando ao Santerlock, ele tinha magias que atingiam grandes áreas, então os novatos aprenderam a não jogar muito perto um do outro para não serem atingidos. Mas isso era difícil já que Santerlock tem o poder do vácuo, então ele fazia todos se juntarem em um só ponto e depois atacava. Foi um ótimo treino, todos se esforçaram.

- Parabéns galera, fiquei orgulhoso de vocês. Para jogadores nível 4 vocês estão lutando muito bem contra níveis...

Olhei para Iron e Santerlock. Santerlock estava no nível 8 e Iron no nível 7. Eu também estava no nível 7, mas senti que estava ficando atrasado. Era como se eu fosse o novato da história. Eu tinha que ficar mais forte para conseguir cumprir a missão do Totem.

- Contra níveis 7 e 8. Mas agora quero que vocês lutem, um de cada vez, contra mim. Vamos lá, quem será o primeiro.

- Serei eu. – disse DK.

Ele usava uma capa assustadora preta e uma foice do meu tamanho, feita inteiramente de ferro. Com esse visual ele parecia a Morte.

- Pode vir. – disse.

Imediatamente DK avançou, erguendo a foice. Eu achei que poderia aparar o golpe, mas ele tinha força demais. Como presente pela minha burrice ganhei um corte profundo no braço direito. Mas agora tinha aprendido a lição.

DK fez um golpe na horizontal, vindo da direita. Eu me atirei para perto dele e segurei a foice pelo cabo. Esse foi meu segundo erro. DK pulou para trás e puxou a foice, que me acertou pelas costas. Cai no chão. Minha vida estava quase na metade, eu não podia deixar ele me ganhar. Rolei para trás para me afastar de um ataque final do jogador horripilante. A foice cravou no chão, me dando a chance de atacar. Acendi uma esfera de fogo frio condensado e atirei em DK. Ele não teve tempo de desviar do meu ataque. Ele congelou em plena luta e sua vida chegou à metade com somente um ataque. Talvez eu não estivesse tão ruim assim, mas eu ainda tinha muito que melhorar.

- Agora é minha vez. – disse Reaper.

- Espere só alguns minutos para minha vida não ficar tão perto da metade. Estou achando que vocês serão adversários divertidos, mesmo com níveis tão menores que o meu.

- Está me chamando de noob?

- Não, só que eu ganho a vantagem inicial nessa luta.

- Se você tem essa vantagem então porque não luta com a vida assim? – desafiou Reaper.

Não sabia eu que esse era um dos poderes de espadachim: forçar uma luta usando as palavras. Agora eu tinha de lutar.

Corremos um contra o outro, para finalmente testar as forças do garoto Reaper e o lutador demmarc. Espada v.s. punhos.