Não sei quanto tempo se passou desde que vim parar aqui. Não consigo mais pensar direito e meus dias horríveis aqui passam pela minha cabeça o tempo todo.

A noite quando fico aqui trancada nesta cela, as paredes escutam meu choro e o chão recebe minhas lágrimas.

Eu ainda sinto as dores dos castigos. Estes que já recebi 4 vezes desde que cheguei.

A pele das minhas costas ainda arde pelo chicote da senhora Harrys, meu pescoço tem hematomas das agulhas dos guardas e minhas mãos tem calos.

Isso é o que eu chamaria de inferno.

O pior é que não tenho paz nem em meus sonhos.
Eu acredito que matei aquelas pessoas, porque toda noite eu vejo isso.

A única coisa que vale a pena aqui, são os cigarros que Tate divide comigo e ele, a única pessoa com quem eu posso ter uma conversa; ou tentar.

Tate não é inocente. Mas eu também não sou. Ele matou antes, e é insano. Mas ele me diz que o fez para o próprio bem. Ele diz que aquelas pessoas eram más.

Eu acredito nele. Vejo em seus olhos que ele não é mal.

Agora eu conseguia ver neve do lado de fora das janelas, poucas, por sinal. Não nevava quando cheguei. Aqui não existe passagem do tempo, só existem macacoes, loucura e remédios.

...

—enfermeira Marie, preciso ir ao banheiro. - eu disse, enquanto largava o pincel que tinha em mãos.
Essa era mais uma das coisas que eu gostava, Artes.

Um guarda pegou meu braço, então deixei para trás minha tela marcada por linhas pretas, formando um armário.
O armário em que Senhora Harrys guardava os chicotes.

...

Assim que saí do banheiro, ouvi duas enfermeiras que estavam perto conversando baixo. Prestei atenção em algumas das palavras.

ele matou 12 garotas... abusou de meninas... É um mostro. Até wickendale é bom pra ele... ele é um psicopata... e está vindo pra cá..."

O que? Esse homem está vindo pra cá. E o que elas disseram me deu arrepios. Vou fazer o melhor que puder para ficar longe do novo paciente.

...

Depois de 3 dias me vi cercada por conversas sobre o novo paciente. Ele chegou hoje e aparentemente estava a caminho do refeitório.

Tudo parou, todos observaram a porta do refeitório abrir e um hiena entrar.
O que se passava pela minha cabeça é que ele seria velho e feio com cara de homicida.

Mas era muito pior do que pensei.