Fazem dois dias que Tate sumiu. A última vez que nos vimos foi logo depois de eu sair da cela do Harry, e ele parecia estranho.
Estou com medo de que tenha acontecido algo.

—April! - olhei para o corredor e vi uma garota baixa com a cabeça raspada. -você. Você é a April? - eu abri minha boca pra responder mas ela falou antes. - ela... ela mandou. Mandou dizer. Mandou dizer que seu amigo está morto. Está morto! Está morto!

Eu me levantei rápido e ela correu.

Corri atrás dela.
Do que ela estava falando?
Será que Tate está bem?
Não. .. ele não pode estar morto.

—Ei! Pare! - ela correu entre muitos corredores, e na última curva que fez eu a perdi. Não sei mais em que parte de wickendale estou.

Andei até outra curva e vi uma porta dupla de metal. Com pequenas janelas de vidro. Por onde eu não conseguia ver nada.

Me aproximei das janelas e encostei meu rosto para tentar ver. Uma mão ossuda bateu contra o vidro.

Unhas longas o arranharam e eu me afastei, tapando meus ouvidos e fechei meus olhos. O barulho parou e eu olhei novamente para o vidro.

Não tinha nada lá.

Andei até perto e abri as portas. Vi escadas e uma luz fraca no fundo. Desci elas de vagar chegando a um deposito sujo.

olhei para uma das paredes atrás de mim e senti o sangue congelar dentro de minhas veias.

Corra Corra Corra Corra

Seu corpo estava jogado logo abaixo. Amontoado e quebrado, os olhos brancos. A boca aberta.

Seus cabelos loiros estavam manchados com sangue, seu macacão e o chão agora vermelhos.

Lágrimas não paravam de cair por meu rosto. Junto com gritos e soluços pelos meus lábios.

—TATE! NÃO TATE POR FAVOR. - um choro desesperado tomou conta de mim. Me ajoelhei a sua frente e apertei minhas mãos em punhos, estalando meus ossos.

Chorei. Chorei e gritei tanto que me sentia fraca. Sob seu corpo, no chão, estava escrito com letras mal feitas.

Assassina

Um alto grito de ódio rasgou minha garganta.

—NÃO. EU NÃO SOU ASSASSINA! EU NÃO SOU!

Com o rosto banhado em lágrimas, minha mão foi para o bolso dele e peguei sua carteira de cigarros. Não sei porque, mas peguei e guardei no meu.

Me levantei do chão e subi as escadas.

Minhas lágrimas não pararam até eu chegar em minha cela. Me sentei e em meu ouvido eu ouvia palavras sussurradas. Vozes cortantes.

—assassina.
—louca.
—assassina.
—porque não termina!
—termine logo com isso.
—sua vida de merda.

Minha mente começou a nublar e eu fiquei com frio. Um pouco lenta.

—pegue. O que você achou. Pegue.
—isso continue. Pegue a lâmina dentro.
—já sabe o que fazer.
—conecte os cortes.

Assim que a lâmina passou pela pele de meu pulso as vozes começaram a gritar.

Fiz três cortes em meus pulsos . Apenas três e meu sangue pingava no chão.

Aproximei a lâmina do meu pescoço. Pronta. Eu iria acabar com isso.

Braços quentes envolveram meu corpo e a lâmina foi arrancada de minha mão. As vozes pararam e meu choro voltou. Sendo abafado por seu peito.

Ele puxou meu rosto e eu encarei suas órbitas verdes. Ele pegou meu braço, olhando nos meus olhos e sua boca limpou meu sangue.

Por mais que isso fosse doentio, sentir isso contra minha pele e seus olhos verdes a me observar, espalhou calor por todo o meu corpo.

Era totalmente insano, mas vê-lo com meu sangue sujando seus lábios me causou tremores tão profundos que minha pele se arrepiou.

Seu lábio ainda possuía três pequenas gotas de meu sangue. O que me fez encará-lo e morder meu lábio.

Ele me olhou confuso e antes que pudesse falar alguma coisa meus lábios se fecharam contra os seus. Suguei seu lábio sujo, sentindo o gosto de meu sangue, depois o puxei ele se arrepiou.

O empurrei pelos ombros e ele deitou no chão. O olhei de cima enquanto me sentava sobre ele.

—você está... -cortou a frase com um gemido rouco. Assim que movi minhas ancas contra as dele. Sua mão me puxou em sua direção e nossos lábios colidiram. Era disso que eu precisava. Eu precisava dele.

Me afastei e sentei. Ele sentou em seguida, deixando nossos rostos próximos.

—o que aconteceu? -sua voz saiu preocupada.

Meus olhos manejaram ao lembrar e ele me olhou atento.

Enquanto uma lágrima escorria por meu gosto eu disse sussurrando.

—Tate está morto.