Que horas eram?

Capítulo 3 - Famílias



>>Nota: a aula da Liane e do Leon acabava às 11:00.

POV. AUTOR ~ 12:00 ~

– MÃE, EU TÔ COM FOME!!!

A linda primeira fala do dia depois da escola sempre foi muito amigável.

Flame, que estava sentada no sofá lendo, adorava, claro.

– VAI CONTINUAR!!!

Um pequeno vulto laranja passou por ela. Seu filho (que ninguém conseguia diferenciar o vulto da irmã, só ela) já tinha 8 anos e ia pra casa a pé. Ele e Fernanda. Coitados, você deve pensar. Mas a escola era a menos de 1 quilômetro e todos se conheciam, ou seja, nenhum furto ou sequestro.

– O QUE TEM PRA COMER??!

Felipe gritou apesar de estar no cômodo ao lado do de sua mãe.

– EDUCAÇÃO.- respondeu. - Agora vem cá me dar um beijo e pedir desculpas que aí eu pego seu mexido.

Ele veio pediu desculpas e foi comer. Sua mãe não resistiu e pegou um pouco de mexido também.

– cade a Fernanda?- Flame perguntou de boca cheia. Ótimo exemplo.

– lerdando como sempre.- respondeu de boca cheia também, cuspindo pra todos os lados.- ela e a Cacá voltam andando mais devagar que duas tartarugas velhas com preguiça de viver. Duas lesmas.

– verdade. Se andassem mais devagar, andariam pra trás.- Flame disse sem se preocupar de ser elegante.

– elas não sentem fome?- olhou fixamente pra o pedaço de mexido que viu da sua boca enquanto falava. Deu de ombros e o colocou de volta na boca. Flame fez que não viu.- eu me sinto como se tivesse um buraco na minha barriga que precisa ser enchido de comida.- olhou pra Flame tentando lembrar o que ela tinha dito para substituir o 'enchido'. Ou... Preenchido.

– é isso aí. - Flame disse no instante que a porta abriu e Fernanda entrou.

Parou. Antes de continuar, quero dizer que as falas foram traduzidas para serem compreendidas. As falas reais, deles comendo estão aqui:

– cafê lha Vênana?

– lêmando komof ceempê. Elha e lha Cacá foutam antanto mais denanar que thuas dadalugas velhas komf peguisa de vifer. Thuas lesnas.

– verdathe. Se aondasiem mais denanar, aondaliam plan trías.

– elhas no seindem vome? Eo nhe sintho komof se timece uom bulhanho nhá minham balhigam que plecisaom sele enrrido dele komindaf. Olu pleenrrido.

– él iudo ái.

Agora, voltado ao diálogo normal... ~ 12:10 ~

Flame disse no instante que a porta abriu e Fernanda entrou.

– OIE!!! - gritou da porta e ao entrar na cozinha berrou tão alto e tão agudo que daria para um copo rachar ou até quebrar.- MAMÃE EU TE AMO! A SENHORA FEZ MEXIDO! EU AMO MEXIDO!

E atacou-o com uma voracidade tremenda que fez com que Flame e Felipe parassem de comer ou ao menos diminuir o ritmo. Parecia que sim, ela também seria fome.

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~ 14:00 ~

– mamãe, eu quero ir de princesa Hama! - Aylla perguntou amorosamente pra su Mami.

– mas não vai.- Marceline, a prática e também conhecida como Marceline, a destruidora-de-sonhos-infantis-principalmente-de-seus-filhos, tinha levado Aylla a uma super loja de fantasia pra sua primeira festa a fantasia. Ela agora de perguntava se tinha sido uma boa idéia.

– então de que?- perguntou a mais nova dando de ombros, já acostumada a não ter tudo que quer e dando uma rodadinha no seu Vestido (eu consegui?). Ao alto dos seus 5 anos não era mimada nem de longe. Milagre.

– que tal de alguma fantasia caseira? Essas roupas são muito caras.- Marcy disse mais alto que o normal para que a atendente escutasse muito bem.

– m-mas são todas de ótima qualidade. A melhor de Ooo.- a vendedora gaguejou sabendo que a mulher era a rainha dos vampiros. Ela era do reino rubi e o cabelo vermelho sangue só chamava mais a atenção dela a insatisfação de Marcy, temendo que ela roubasse a cor de sua cabeleira.

– eu sei. Mas é mais divertido fazer você mesmo. Vem filha, vamos pra casa. Vou te ensinar a fazer uma linda fantasia com suas roupas.- pegou na mão de sua filha e agradeceu a vendedora.- obrigada por tudo. Não fique com medo eu tenho respeito pelo cabelo das pessoas. É sagrado.

E saiu. A atendente suspirou aliviada. Ruiva ainda seria por muito tempo. Talvez. He He He... ;-}

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~ 15:40 ~

– que tal esse?

– não.

– e esse?

– não.

– e este?

– não.

E fechou os olhos. Marshall tentava com toda a sua força fazer Liane comer alguma coisa vermelha. Mas ela só queria de... Comida da Fionna. Ela nunca quis saber de maçãs ou morangos, era só frango, feijão, salada, batata frita, carne, arroz, pão, queijo. E ainda por cima, ela parecia gostar da situação.

– nem essa rosa vermelha?- tentou com seu último fôlego.

– não.- disse decidida e com uma beirada de um sorriso vitorioso.

– hummmm.... - Marshall gemeu e desabou no sofá. Empurrou o prato com um sanduíche de pão de forma com presunto e queijo pra sua filha caçula. Ele o fitava devorar o sanduíche enquanto sugava lentamente o vermelho da rosa, derrotado.

Ao contrário de Aylla, Liane era mimada, sim. Principalmente porque Fionna estava com ela pra sua alimentação.

Olhando para seu pai derrotado no sofá. Não se sentiu tão vitoriosa como sempre. Sentiu algo diferente. Pena. Ela tinha 5 anos e nunca tinha experimentado essa sensação. Ela era dura, sim. Pedia desculpa, sim. Mas não por dó, por saber que certo.

Olhou pro sanduíche e o colocou delicadamente no prato. Se esticou toda pra pegar a primeira tentativa do seu pai: tomate. Marshall estava tão entretido vendo várias rosas perderem a cor e ficarem brancas lentamente que nem percebeu.

Liane olhou atentamente para o tomate. Nunca tinha comido nada vermelho mais por implicância mesmo. Mordeu. Até que era bom. Meio aguado, meio azedinho... Com um gosto diferente. Até que era bom. Mas não era assim que seu velho (que na verdade parecia super novo) fazia. Ela não mastigava. Ele só...

Ela mordeu. O suco do tomate foi em um jato dentro da sua boca. Melhor sensação. Ela tirou o tomate da boca. Liane já tinha os dois dentinhos de vampiros, mas menores. Ela olhou pro seu pai. Ele era craque nisso e fazia sem pensar. Ele mordia e...

Liane mordeu e 'sugou' o ar e o tomate. O tomate, numa velocidade de uma criança de 5 anos sugando a cor vermelha pela primeiro ou de essa mesma criança tentando resolver divisões de frações, foi ficando branco. O gosto era muito agradável e super bom.

Quando Liane acabou de tirar a cor, estava querendo outro, embora estivesse muito cheia e não coubesse mais nada. Ela precisava jogar aquele tomate fora. Aliás, ele parecia uma gosta meio sólida super bugada e úmida. Liane era nojinho em pessoa.

Pensou em jogar no lixo, mas seu pai não veria nada e não mudaria a história. Optou por jogar no Marshall mesmo.

– CARACA LIANE! O QUE É ISSO?!- ele perguntou morrendo do coração quando aquela coisa molhada entrou em contato com seu corpo.

– eu comi um tomate, papai.

Como não se amolecer com uma resposta dessa?

– Ah, minha filha, que ótimo! Isso é muito bacana. Sensacional.Mas eu tenho que perguntar...

– Hum.

– POR QUE EM MIM?! POR QUE VOCÊ JOGOU ESSA MATÉRIA ORGÂNICA DA NOITOSFERA EM MIM?!

– pra você ver.- Liane disse abaixando a cabeça. Arrependida? Não. Nem um pouco. Ela só já sabia apelar para o lado afetivo das pessoas. Chantagista.

– okay, meu tomate. - Marshall disse o mais novo apelido para o resto da vida de Liane.- eu vi. Eu gostei muito. Você merece uma recompensa.

– o que? A boneca nova da princesa Hama de plástico e vidro que não quebra, com vestido de lã e pedras preciosas de verdade e que fala, canta, dança, senta e levanta?

– hã... Não. Mas sorvete no lanche com certeza.

– a mamãe não vai gostar.

Marshall olhou pra ela com uma cara de moleque prestes a fazer algo de errado.

– eu sei.

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~ 17:00 ~

– Noah, você quer ir na casa do Felipe?- Jujuba perguntou como quem não quer nada.

– quero!

Ela lançou um olhar sugestivo na direção da casa do Finn. Não era longe, tanto que dava pra ver. Mas não valia o 'dá pra ver daqui', já que morava no castelo doce, junto com chiclete e sua família ( mais ou menos, a Marcy ainda preferia uma caverna, então ela só visitava o castelo).

Ele, além de muito alto, era em uma elevação do terreno, então dava pra ver muito além da casa deles, dava pra ver o reino gelado e o começo do reino de fogo. Teria que mandar alguém levá-lo.

– pode ir com o papai.- Jujuba disse.

Solução simples.

Noah foi no quarto ao lado onde seu pai fazia absolutamente nada.

– papai, me leva na casa do Tio Finn?

Apesar do Chama não fazer nada, não era animador ir a casa dos outros no meio de uma tarde relaxante. Mas e daí? Quem se importa?

– claro.

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~ 17:30 ~

– não. Você não consegue.- Fernanda falou.

– claro que consigo.- Noah respondeu. - você consegue.

– por que será? Nós dois temos 8 anos. E você 5.- Felipe implicou mais.

– mas eu consigo. Olha só.

Ele pegou o lápis mostrado a ele e forçou as pontas. Pisou em cima e pulou. Mordeu o lápis. Mas o danado não quebrava.

– há há. Eu não disse?- Fernanda comentou com um sorrisinho.

Pegou o lápis e forçou dos dois lados. Ele quebrou.

– é tão fácil! Mas você tem só 5 anos. Relaxa.

Ao contrário de qualquer reação que os gêmeos poderiam imaginar com a sua cabeça infantil, uma lágrima correu pelo rosto de seu primo mais novo. Logo vieram outras e depois ele chorava muito.

– eu disse relaxa!!! Então relaxa!!!- Felipe disse desesperado, sem saber o que fazer.

– não! Você estava certo! Eu sou muito fraco!- Noah respondeu.

– eu só consegui quebrar um lápis com 6 anos, não é, Fefê?a Felipe perguntou dando um tapinha nela. Só que mais forte que ele queria.

Fernanda também começou a chorar. Agora era dois. Felipe também não melhorava as coisas.

– PARA A-GO-RA!!!

Mas eles continuavam firme e regulares no seu choro contínuo.

– NÃO!!! PAREM! POR FAVOR!

Ao falar isso começou a chorar também. Eram três. Em poucos minutos, já estavam brincando de quem chorava mais alto.

Cade a Flame? Boa pergunta. Onde? Na sala. Fazendo o quê? Lendo.