Quase...

Capítulo 2


Ela desceu calmamente cada degrau como se andasse em nuvens, mas não desviava o olhar nem por um segundo, tinha medo de olhar para outro lugar e descobrir que era tudo mais uma das milhares miragens que já tivera com ela, e os aplausos só aumentavam mais à medida que andava mais um degrau, desviou o olhar da sua amada e olhou pra ruiva, essa que andava com o braço enlaçado com a da sua esposa que estava com seu barrigão de sete meses de gravidez, ambas sorriam e mais uma vez ela se permitiu sorrir e ficar feliz pela felicidade da sua sócia, ela merecia isso e muito mais.

Virou o rosto a procura dela e não a encontrou, suspirou já estava acostumada com esse tipo de decepção. E quando chegou no fim da escada, ditou seu discurso que acabara de inventar e sorriu falsamente só 2 pessoas no mundo reconheceria aquele tipo de sorriso dela mas 1 das infelizmente morreu a um tempo a trás.

Pousou para fotos, milhares de fotos, não sabia para que posava para aquelas fotos mesmo sabendo que só iria se irritar com o resultado delas no outro dia, sua vontade era pegar cada uma daquelas câmeras e tirar a foto ela mesma. Passou os olhos pelo local à procura de Vanessa e a viu mais uma vez, estava no bar, tomando um uísque seu copo já estava cheio agora e seguiu atrás dela.

–Quanto tempo não nos vimos?- Ela virou assustando a fotografa- Você me parece bem, Marina.

–5 anos, dois meses, quatro dias – suspirou – Pois não estou.

– Nossa... até os dias- Riu- Não entendo por que ainda sorri para aqueles charlatões.- Marina sorriu, sorriso esse que a muito tempo não dava, sorriso que só era direcionado a ela.

– O que houve com você? Não tenho noticias dês de uns cinco meses atrás – Tocou o rosto da amada com a ponta dos dedos – Estava preocupada.

– Isso o que acontece quando se tem um bom agente – suspirou ao olhar para a mão da fotografa – Ainda com essa aliança, Marina. - Tirou a mão da fotografa de onde estava.

– Já falei que nunca deixarei de usa-la – Voltou a tocar o rosto dela, a pele dela estava tão macia quanto se lembrava – Por onde estavas esse tempo todo? – Sua mão agora passeava pelo gosto da amada, passando pelas maças do rosto, pela sobrancelha.

–Escondida, depois daquele escândalo com aquela modelo tive que fazer isso, e aproveitei para tirar umas folgas prolongadas- suspirou vendo Marina hipnotizada por sua boca e passando a mão pela mesma, ainda com uma careta pelo que acabara de ouvir – Para Maria- pediu num sussurro.

– Desculpe –choramingou – Você bebe agora? – Ela tentou mudar de assunto.

– Depois do que aconteceu? – Olhou para ela num tom mais serio – Acha mesmo que eu não beberia um pingo de álcool? Como acha que sobrevivi tanto tempo?- falou sarcástica.

E a culpa bateu e ela não conseguia mais olhar nos olhos da amada, sabia que a amada nunca gostou de álcool só bebia dois taças no Maximo e se a fotografa pedisse muito, já a outra não poderia dizer o mesmo, já que bebia litros e litros quase todos os dias só para tentar sentir alguma coisa, depois que ela se foi não sentia nada a não ser o vazio e só ele.

– Por que logo ela? – Perguntou virando para finalmente olhar para a outra e percebendo que sua amada não tirava os olhos dela, acompanhava cada movimento, aquilo tudo era tão familiar que a deixava enjoada.

– O que tem ela? – perguntou com indiferença.

– Você sabe ela é minha prima por mais distante que ela seja, ela é minha prima.

– Isso não fez diferença para você já que você me traiu com minha própria prima o que não faz muita diferença. – Marina a estudou e tudo que achou foi um copo transbordando sarcasmo e ódio.

–Eu nunca te trai – Ainda a encarava por mais que o olhar dela pesasse ela não iria desviar o olhar nem por um segundo.

– Claro que não – riu sarcástica – Suas fotos são lindas – tentou inutilmente mudar de assunto. Abriu a boca para falar mas, uma ruiva furiosa passou pelos convidados quase a puxando pelo braço, mas ela parou quando viu a companhia de Marina.

– Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?- Falou a ruiva irônica como sempre.

– Já estava com saudades Vanessinha, como vai a Flavinha? – Sorriu descaradamente e completamente falsa.

– Muito bem, obrigada – Dessa vez o tom de Vanessa não foi nem um pouco amigável.- Marina você tem que falar com algumas pessoas, portanto, vamos.

– Já vou Vanessa, só me de mais 1 minuto, sim? – A ruiva apenas acenou positivamente com a cabeça. - Vamos combinar de conversar, por favor? Em outro lugar, colocar tudo que temos a falar uma para a outra na mesa, só preciso de alguns minutinhos– implorou.

– Não tenho nada para falar com você, tudo que eu tinha para dizer já foi dito – Se mexeu desconfortável.

– Você pode pelo menos me ouvir? Ouvir o que tenho para falar – Olha com os olhos já lacrimejando- Por Favor.

– Tudo bem Marina – Um Fato rápido sobre ela e que Marina sabia era que ela nunca em hipótese alguma ela dizia Não para Marina, em alguns casos isso acontecia mais quando Marina usava essa cara, nem a pessoa mais fria diria Não. – Vou embora, ate mais. –Bebeu o conteúdo do uísque já esquecido no balcão e pegou sua bolsa.

– Espera me de seu numero. - Pegou no braço da amada e a puxou para perto, seus corpos estavam colados. A outra não resistiu e tocou o rosto da outra pela primeira vez em anos e se deleitou com o quão macia ela continua sendo.

–Está tão bonita hoje, Marina- sua voz saiu baixa e rouca e fez com que a outra se arrepiasse, mas infelizmente a proximidade durou pouco, pois a mesma se afastou num pulo como se tivesse acordado – Peça para a ruiva megera ligar para meu assistente, ele lhe dará meu numero pessoal. Tenho que ir, até mais Marina. – Saiu deixando a fotografa ainda um pouco área para trás.

– Tchau Clarinha.