Quase...

Capítulo 3


– Marina – Clara disse num gemido longo e sôfrego, olhou para a garota baixo de si que nem o nome ela se lembrava, só agora percebeu o quanto a morena é bonita, virou-se e dormiu. Ela não sabia o porque ainda dormia, costumava achar que a sua mente fazia isso para lembra-la de nunca mais se apaixonar mas, ela sabia muito bem que não era nada disso,era porque ela a via de novo.

E o mesmo sonho aconteceu, Marina e sua prima, não se lembrava de muita coisa apenas que sua prima estava nua e que sua boca estava ocupando a de Marina de um jeito estranho. Depois correu mas, Marina tinha que lhe alcançar e coisas que ela não conseguia entender e então aconteceu, ela explodiu e falou coisas nenhum pouco legais, a maioria era mentira claro mas, ela nunca saberia disso.

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– Vagabunda, eu deveria ter escutado minha mãe ate mesmo o Cadu que me avisou disso, avisou não jogou na minha cara que você iria me trocar pela primeira que aparecesse. Tenho nojo de você, só de olhar pra você me sinto estúpida e medíocre, eu deveria ter voltado pro Cadu, pelo menos ele não escondia que me traia.

– Clarinha, eu juro que não aconteceu nada você entendeu tudo errado acredita em mim – Pediu Marina em prantos tentando pegar no braço da moça a sua frente, sua cabeça doía só de pensar em perder Clara.

– Clarinha não, não me chame assim nunca mais entendeu? E não toca em mim, você me enoja- Clara empurrou Marina com força que a fez cair perto da lata de lixo, estavam na rua e já estavam chamando atenção de alguns curiosos – É ai que você tem que ficar, você é um lixo e mais nada, nada, nada.

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Marina acordou num sobressalto, aquele mesmo sonho, que infelizmente aconteceu há um tempo, chorou como já fez muitas vezes. Aquelas palavras, nunca se sentiu tão humilhada e com raiva como naquele dia, raiva por Clara não a deixar terminar de fala, esclarecer.

E tudo aconteceu por causa daquelas fotos, fotos essa que no alto da sua inocência e ingenuidade. Para ela era apenas um nu artístico, da prima de sua amada, mas Marina não percebeu as intenções dela nem a 1º, nem as 2º, nem as 3º intenções. Ela lhe disse que eram fotos especiais para dar de presente a o namorado, Marina achou estranho, mas, aceitou. E então ela lhe agarrou e por uma infelicidade do destino, sua amada viu e deu no que deu.

Suspirou depois que as lagrimas finalmente pararam ela olhou para o relógio ao lado da cama e viu 04h34min da manhã, suspirou mais uma vez e se levantou, tomou o seu café de cada dia e pegou o seu mais novo livro foi até uma das espreguiçadeiras perto da piscina e começou a ler. ‘’Tipping the Velvet’’ do português ‘’ Toque de Veludo’’ de Sarah Waters. Conta à estória de Nancy Astley, uma jovem cozinheira e garçonete do restaurante do seu pai e vai assistir a uma extraordinária performance e inusitada de uma imitadora-masculina, Kitty Butler, Nancy se apaixona por Kitty e a partir daí sua vida vira de cabeça para baixo, por causa de seu amor por Kitty, Ela experimenta tanto uma completa euforia e uma desilusão extremamente profunda em 7 anos de uma auto-descoberta dolorosa onde finalmente percebe que só sensações são suficientes então ela encontra seu verdadeiro amor. Marina sabia exatamente como ela se sentia, mas, felizmente ou infelizmente não precisou sobre tanto quanto Nancy para descobrir isso.

Amava aquele livro por isso, por mais que fosse um livro erótico, mas, é cheio de amor, o amor que ela sentia por Kitty, seu primeiro amor e que como a maioria pisou,quebrou, martelou seu coração como se fosse vidro, ela sabia exatamente como é isso. É como se aquele livro contasse a vida dela de um jeito bem mais complicado.

– Não consegue dormir? – Vanessa perguntou, e só então percebeu o quanto as horas passaram rápido já eram 09h49min. – Mesmo sonho de novo?

– Sim – suspirou – Só que dessa vez parecia tão real.

–Sempre parece real, Marina – a ruiva revirou os olhos.

– Pois é – riu – Se você se sente confusa, eu me sinto bem mais.

–Nós sabemos que você já deveria ter seguido em frente – A sócia chegou mais perto e pegou na mão da chefe – Ela já fez isso Marina, você deveria fazer isso também.

– Mas eu não quero Vanessa- puxou sua mão das mãos da ruiva que se assustou – Eu vou esta aqui, esperando por ela. Lembra-se do que aconteceu quando eu tentei fazer isso? Nunca bebi tanto em minha vida, se lembra que quase entrei em coma?

– Lembro bem – riu sem humor - Quando você acordou quem ia te deixar com coma era eu.

– Pois é – suspirou. – Pegou o numero dela? Com o assistente?

– Obviamente – riu, ela estranhamente estava de bom humor e Marina agradeceu a Deus por isso – Se eu não pegasse você me mataria.

– Bom que você sabe – gargalhou – Me da o celular e o numero, estou decidida a ligar para ela.

– Olha, finalmente vai tomar alguma atitude – entrou na casa por um instante e voltou com o celular e um pedaço de papel na mão. Marina discou o numero e olhou pra Vanessa esperando alguma afirmação pra ela continuar, a ruiva apenas revirou os olhos já começando a ficar irritada. E Marina finalmente ligou, chamou 1, chamou 2,3 e nada ate que.

– Alô – Falou uma voz que não se parecia a da Clara.

–Alô, esse é o celular da Clara? – perguntou a chefe indecisa.

–É sim, ela ta no banho. Quem fala? – Antes de Marina poder responder ela ouviu uma porta abrir fortemente.

– O que você pensa que esta fazendo?- Era Clara e ela não parecia nada feliz com a garota que atendeu o seu celular.

– Atendendo pra você amor- O coração de Marina parou – Já que você estava no banho.

–Não me chame de amor, vai embora, mal te conheço garota não lhe dei permissão para atender meu celular seja quem for- ouviu um barulho e imaginou ter sido Clara que puxou o celular da mão da desconhecida. – Vai embora – Ela gritou – Alô, não sei quem é mais desculpa por isso.

– Não se preocupa Clarinha – dessa vez foi o coração de Clara que parou, só de ouvir seu antigo apelido com aquela voz aveludada que só ela tem já se arrepiava toda. - Queria saber se aquele café ainda esta de pé? – Marina perguntou indecisa.

– Sim, claro – riu nervosamente e torceu para Marina não ter percebido.

– Queria saber também se ao invés de um café, podia ser um jantar? – Marina estava gostando de saber que deixava a amada nervosa.

– Aham, tudo que você quiser – se calou e Marina riu vendo malicia naquela pequena frase, Clara enfim caiu em si – Quase tudo.

– Esse quase é o que me mata – riu um pouco mais alto. –Clarinha foi ótimo falar com você, mas, tenho que ir.

– Ah sim claro – Clara estava estranhamente nervosa.

– Tenho ensaio, Tchau Clarinha – tentou sua voz mais sexy e parece que conseguiu, pois ouviu um grunhido que mais parecia um gemido.

– Tchau Mari- E ela desligou, Marina estava surpresa com o apelido e com o quanto deixou Clara nervosa ela não pensou que seria tão fácil assim a deixar fora de controle depois do dia anterior quando viu o quanto ela tinha um ódio meio redito por ela, aquilo realmente era um avanço, um avanço gigantesco.

– O QUE PORRA FOI ISSO?- Clara gritou pra si mesma. Estava assustada também nunca pensou que Marina a tiraria do serio, no dia anterior ela tinha ido tão bem, ela quase acreditou que ela realmente odiava a antiga chefe.

Quase...