Um novo dia surgia. Fazia um enorme calor. O sol mostrava toda a sua majestade, sem nenhuma nuvem para atrapalhar. Laura levantou com os olhos vermelhos. Não tinha conseguido pegar no sono. Penteou seus longos cabelos incandescentes e molhou seus olhos de esmeralda. Trocou a roupa e saiu mais cedo de casa do que o habitual.

Na saída da cidade, uma Mercedes prateada estava estacionada. Eduardo dava as últimas informações para o motorista, sempre olhando para frente. Queria realmente ver Laura outra vez. E ficou muito feliz ao vê-la se aproximando. Meu desejo se tornou realidade! Ele a abraçou e disse transbordando felicidade:

— Eu sabia que você vinha! Eu sabia!

— Não vá para essa viagem! Por favor!

— Eu não queria ir, amor, mas, tenho que resolver algumas coisas na capital.

— Alguma coisa me diz que essa viagem é um erro! Sinto que algo de ruim pode acontecer!

— Deu pra ter premonição agora? Para com essas besteiras! Você sempre foi racional e completamente descrente dessas coisas.

— Eu sei disso! Mas, nunca tinha sentindo alguma coisa assim antes! A toa é que não é essa sensação.

— Quando eu chegar, aviso! Juro! — Exclamou Eduardo beijando-a. — Agora vê se relaxa!

— Não esquece de me ligar!

— Sim senhorita! Tenho que ir agora.

Ele a beijou novamente e partiu. Laura olhou para o céu. Que tudo ocorra bem! Só isso que peço!

O colégio lotava aos poucos. Todas as salas estavam completamente lotadas. Alunos conversando e rindo muito enquanto não batia o sinal para o início das aulas. Laura bebeu um café na sala dos professores antes de dar sua primeira aula. Ao chegar na sua sala, a professora sentou-se e disse:

— Bom, hoje teremos uma aula diferente. Farei uma dinâmica com vocês! Acho legal vocês vivenciarem a história na prática! E nem pensem em aprontar! Essa dinâmica vai valer uma nota extra!

A aula consistia em uma simulação da revolução francesa até a segunda guerra mundial. Cada aluno iria escolher um personagem marcante desse período e iriam começar uma discussão entre esses personagens. João, escolhendo ser Napoleão, disse para Marcos, que tinha ficado com o único personagem que sobrou: Hitler:

— Não invada a Rússia no inverno! Não comenta o mesmo erro que eu! Aprenda com a história!

— Seu francês insignificante! Não preciso de ajuda! Nós alemães somos inteligentes!

— Depois perderam a segunda guerra mundial e não sabem o porquê!
Laura ria, aplaudia e dizia:

— Boa sacada, João!

— Eu não entendi professora. – Comentou Marcos.

— Napoleão ao assumir a França, quis acabar com o predomínio inglês na Europa. Sendo assim, ele cria um bloqueio o qual proíbe qualquer país europeu a comercializar com a Inglaterra. Contudo, a Rússia não aceita e Napoleão a invade. Só que ele fez isso no inverno! As tropas francesas não estavam preparadas para aquele frio e assim o exercito enfraqueceu, possibilitando que Napoleão fosse obrigado a deixar o poder. Coisa similar aconteceu com Hitler. Ele brigou com o governo da União Soviética e a invadiu... No inverno também! Inclusive foi um dos motivos da derrota alemã na segunda guerra mundial. Talvez se Hitler não tivesse ignorado a história... O resultado fosse outro. E graças a Deus ele fez esse favor pra gente! Imaginem que horror seria se o nazismo conseguisse triunfar?

— História é tão legal!!

— Concordo plenamente com você, Marcos! — Exclamou Laura sorrindo. — Os próximos a se apresentarem venham para cá.

Na estrada, a viagem era mais cansativa do que os dois policiais imaginavam. Miguel e Catarina estavam estressados e exaustos. Miguel xingou e reclamou:

— Caralho! Seu pai disse que eram duzentos quilômetros!

— E são duzentos! Você que é tão orgulho que não assume que estamos perdidos!

— Eu sei o caminho muito bem!

— Esqueci que você é o sabe tudo da equipe! — Reclamou Catarina. — Vou pegar o GPS para resolvermos isso.

— Não precisa dessa merda de GPS!

— Para de ser cabeça dura!

Os dois pararam de reclamar ao verem uma forte fumaça localizada em baixo de um barranco. Catarina olhou pela janela e disse assustada:

— Tem um carro lá em baixo!

— Vamos averiguar!

Eles pararam o carro e desceram até o automóvel capotado. Catarina virou a cara ao ver um corpo completamente carbonizado. Que nojo! Miguel procurou dentro dos bolsos do morto para tentar achar alguma identificação. Conseguiu encontrar apenas o retrato de um relógio. Ele olhou para a parceira:

— Reconhece esse desenho?

— É o símbolo da TCO!

— Ligue para o seu pai. Parece que chegamos tarde demais!

Enquanto isso, no colégio, todos estavam preocupados. Michael respirou aliviado quando Laura abriu os olhos. Antes da última apresentação de seus alunos, a professora desmaiou subitamente. Os professores que estavam na escola correram para ajuda-la. Michael tirou a pressão da professora e perguntou:

— Está melhor?

— Não! Não! Não! – Exclamou Laura chorando.

Edgar falou alguma coisa no ouvido de Michael. Logo depois, todos os professores saíram da sala. Ficaram lá apenas Laura e Edgar. Ele sentou-se ao lado da ruiva e disse:

— O que o meu irmão aprontou dessa vez?

— Nada!

— Mesmo? Então porque essa agonia toda?

— Essa sensação ruim eu sinto desde ontem. É como se algo horrível tivesse acontecido com o seu irmão!

— É só coisa da sua cabeça. — Sugeriu Edgar dando seu telefone para Laura. — Liga pra ele! Você verá que o Edu está bem!

— Valeu! — Agradeceu a professora. — Droga! Caixa de entrada!

— Na estrada o sinal é horrível mesmo! Ele vai ligar! Meu irmão não consegue ficar um dia sem falar com você! — Exclamou Edgar dando um tapinha amigável nas costas da professora.

O papo foi interrompido por Joice, professora de português. Ela falou para Edgar que ele fosse para a sala ao lado. Edgar pediu que Laura o esperasse e depois saiu do local. O tempo foi passando. Depois de quase vinte minutos, Laura estranhou a demora. Ela saiu da sala e ao andar alguns passos ouviu a conversa entre alguns professores. Lágrimas caíram de seus olhos. Laura entrou no meio da conversa gritando:

— MENTIRA! MENTIRA! MENTIRA!

— Tente se acalmar! — Pediu Joice.

— NÃO! NÃO! NÃO! — Esperneou a professora da história se auto arranhando e puxando seus próprios cabelos.

— Chama o Michael, Edgar! Rápido! Temos que tentar tranquiliza- lá!