Pureblood

Vinte e dois — O jardim do encanto.


— Lucy, você não está respirando como eu te disse para fazer! — falou Mirajane, sentindo-a se agarrar nela com um desespero jamais visto. — Está tudo bem, eu estou aqui com você. Você não está sozinha, ouviu?

— N-Não me deixe aqui. — murmurou Lucy, tremendo a um nível desumano. Apertava a albina com força, completamente desnorteada. — Não, não vá embora!

— Eu não vou embora, Lucy... — respondia a albina. — Tudo bem, escute. Você precisa se acalmar, ok? Eu quero ajudar, mas você precisa se ajudar também. Você entende?

A loira assentiu com a cabeça, fungando.

— Vamos lá. Feche os olhos e comece a respirar bem fundo assim como eu.

— M-Mas eu n-não...

— Sim, você consegue. — falou Mirajane, firmemente e por incrível que pareça, ainda doce. — Isso, bem devagar... olhe só, você está conseguindo. Assim está bom...

— Não posso fechar os olhos. — sussurrou Lucy. — Não posso. Eu... vou ver coisas horríveis.

— Que tipo de coisas?

— Não, eu não posso dizer! — gritou a criada. — É horrível demais!

— Certo, certo... não precisa gritar. — Mira começou a acariciar sua cabeça. — Pronto, pronto... me escute agora. Vamos imaginar que estamos em... um lugar muito bonito. Com grama de um verde bonito. Consegue ver a grama, Lucy?

A loira inspirava e expirava, tentando se concentrar no que ela dizia. Uma grama verde, precisava enxergar uma grama verde. Céus, como era difícil visualizar uma simples grama! Deveria ser algo simples... por favor, Deus. Aquela garota não aguentava mais enxergar uma cena escura, sem cores, composta de horror e um sorriso diabólico que pronunciava seu nome um punhado de vezes. Lucy, Lucy, Lucy.

Queria ser arrastada para longe dali! Aquele momento, aquela pessoa, aquela época, nada mais era real. Passado, um tempo passado. Aonde estava o verde belo? Conseguiria realmente encontrá-lo?

— Por favor... — sussurrou como uma criança, pedindo amparo dos céus. — Por favor...

Lentamente, a figura sombria se dissolveu; o cenário obscuro ganhava luz e cor... acima, estava o azul. Abaixo, o verde infinito... e o brilho do Sol.

— Aonde você está agora, Lucy? — perguntou Mirajane.

— Em um lugar onde... o céu é azul. E a grama é verde.

— É verdade. — a albina sorriu. — O que está achando do vento de hoje?

Lucy estava realmente de olhos fechados, de corpo e espírito dentro de um mundo que Mira lhe dera o ponto de partida. Agora, parecia que conseguia ver mais detalhes: flores coloridas espalhadas pelo campo, borboletas que apareciam em seu redor. Outros animais de jardim também não tardaram em aparecer, compondo um cenário cada vez mais surreal e ao mesmo tempo, real para si. Acreditava estar mesmo naquele lugar tão maravilhoso.

— É bom. — respondeu a garota. — E as flores são lindas...

— Elas estão abrindo caminho para você passar. Vamos encontrar as pessoas que você ama pelo caminho que faremos. Olhe com atenção para a esquerda e para a direita...

Heartfilia viu as flores formarem uma trilha que começava plana até tornar-se irregular, cheia de curvas mal-feitas que tinha de tomar cuidado para não cair. Apesar disso, era divertido se desviar...

A primeira pessoa que encontrou naquele jardim encantado foi surpreendentemente, a sra. Dragneel, que parecia definitivamente uma intrusa no local. Pálida, a única coisa que possuía cor eram seus olhos verdes que brilhavam de modo selvagem. O vestido preto cobria grande parte de seu corpo, e o que as mangas compridas não conseguiam cobrir, luvas de renda faziam o serviço. Ao redor, um círculo de flores mórbidas, secas.

Lucy tentou chamar seu nome, mas ela desapareceu dali mais rápido do que pôde ver... sentindo-se estranha, continuou caminhando. Inspirou o ar fresco e mais adiante, enxergou sua amada mãe em um vestido branco de manchas negras fazendo uma coroa de rosas vermelhas, que aparentemente não possuíam espinhos.

— Mamãe! — falou, apesar de não ter ouvido o som da própria voz. Layla se virou e, com lágrimas nos olhos, aproximou-se dela e lhe estendeu a coroa, ajoelhada.

— Me desculpe. — seus lábios moveram-se e a loira compreendeu, colocando as rosas no topo da cabeça. Não entendia nada, mas era como se soubesse exatamente o que fazer; ajoelhou-se também e a beijou na bochecha.

— Eu a perdôo, mamãe.

Sorridente, a mãe levantou novamente e caminhou até que não pudesse mais ser vista. E ainda assim, Lucy continuava andando pela trilha irregular até avistar uma figura sem rosto. Um homem de terno, aparentemente.

A garota correu até ele, que parecia distanciar-se cada vez mais e mais... houve um momento em que teve de parar para respirar, pois correr daquela maneira a deixara cansada. Porém, não o encontrou mais à vista. Talvez nunca fosse realmente vê-lo.

Cabisbaixa, a loira percebeu que não importava onde pisasse, as flores sempre lhe mostrariam uma nova trilha. Resolveu seguir em frente, derramando algumas lágrimas pela sensação de incapacidade de alcançar aquela figura misteriosa.

O sentimento ruim estava indo embora enquanto observava o vento suave soprando as flores, fazendo-as dançar lentamente. Essa lentidão fazia os batimentos de seu coração acalmarem-se também.

Foi uma viagem agradável — e confusa, tanto que por agora, vamos deixar uma parte dela de lado — para Lucy até esta chegar em um local composto por uma quantidade absurda de girassóis que tornava impossível enxergar o verde da grama de onde vinham. As flores deixavam-se ser pisadas, porém não pareciam nem um pouco danificadas assim que a garota olhava para trás com remorso. Não desejava machucá-las.

Deite-se, deite-se, era como se os girassóis pedissem.

Notando que sentia-se sonolenta, não faria mal algum descansar um pouco sobre as flores, estas dando-lhe permissão para tal. Com o corpo relaxado, fechou os olhos e os abriu novamente ao perceber a presença de alguém. Acima de si, estava Cana, com o mesmo vestido branco de sempre.

Cana sorriu e juntou-se à irmã mais nova; Lucy encostou a cabeça em seu peito e a morena procurou por suas mãos. Ao encontrá-las, os dedos de ambas entrelaçaram-se. Escutando os batimentos cardíacos lentos de Cana, a loira adormeceu em seus braços... também acreditando ouvir uma canção de ninar ao longe.

Pensando no tipo de criada que Lucy e Mirajane eram — por não passar de dez em dez minutos na mesa para perguntar se seus patrões e as visitas desejavam mais alguma coisa —, Flare sorriu meiga e pegou o bule de chá para servir sua xícara. Uma princesa não deveria ser obrigada a servir a si própria, imaginava.

Olívia fez uma expressão dramática, digna de um prêmio do tipo Oscar.

— Oh... que indelicadeza fazermos uma visita tão especial servir-se. O que será que Lucy e Mirajane estão fazendo?

A ruiva sorriu mais uma vez, surpresa por a sra. Dragneel ter dito exatamente o que estava pensando. Esperava que as criadas tivessem de ouvir um sermão horroroso. Achava começar a gostar de verdade da sogrinha.

— Acho que vou dar uma olhada... — disse a mulher, levantando. Natsu saiu da cadeira quase ao mesmo tempo que ela.

— Não quer que eu veja isso, mãe? — perguntou, seu olhar quase implorando para poder sair daquela sala por ao menos um momento. Mais do que nunca, sentia que estava prestes a espumar pela boca, tamanha raiva que estava de Flare. Não queria ver aquela garota nunca mais!

— Seria gentileza sua, querido. — respondeu Olívia, sem hesitação.

Assim que Natsu ia até a cozinha, seus olhos verdes cravaram no fundo da alma da convidada. Antes tão dóceis, agora pareciam os de uma onça prestes a atacar sua presa. A ruiva endireitou-se, engolindo em seco.

— Sra. Dragneel, há algo errado? — perguntou com a voz diminuindo a cada palavra. Estava apavorada.

— Não exatamente.

— A-Ah, entendo.

— Sabe, eu conheço o seu pai... — falou a sra. Dragneel, aparentemente sem piscar desde que começara a encará-la. Um sorriso maligno apareceu em seu rosto. Até a voz parecia demoníaca. — Toyo Corona, hum.

— S-Sim, senhora. — respondeu Flare, trêmula. — Q-Que coincidência... não sabia que conhecia meu pai.

— Conheço-o até mais do que você, digníssima princesa.

Logo após, a expressão facial voltou a ficar suave e o tom de voz, gentil. Como se estivesse de volta “ao normal”.

— O mundo é tão pequeno! — deu uma risadinha e, nervosa, a ruiva riu também. Definitivamente, queria ir embora dali.

— O que aconteceu aqui? — perguntou o rapaz, falando baixo ao notar que Lucy estava dormindo recostada em Mirajane. Os cabelos louros haviam sido postos para trás da orelha, dando-lhe uma visão geral do rosto dela; por um momento, pensou que ela estava... linda. Dormia como um anjo. E a ideia o fez enrusbecer, embora ele não percebesse.

— Ela estava tendo algo como uma crise de pânico... — explicou a albina, lembrando-se da época em que tivera que ajudar sua irmã mais nova, Lisanna, com crises de pânico. Pedir para ela desejar um campo de grama verde e logo após, deixar que sua imaginação fluísse era um bom método para acalmá-la. Com Heartfilia, também dera certo. — Mas acho que consegui fazê-la se acalmar, depois de tudo. Veja, ela não parece tranquila?

Natsu ficou sem graça ao olhá-la demais.

— Você não concorda que ela é tão bonitinha? — Mirajane falou sem pensar e reparou que as bochechas dele ficaram vermelhas. Ele nunca ficava corado assim! — Ah, sim, desculpe... eu estava tão distraída que sequer lembrei que havia uma visita. Deveria ter ido perguntar se vocês desejavam algo mais.

O rapaz balançou a cabeça.

— Não, não tem problema.

A albina abriu a boca para falar algo parecido como eu devo fazer meu trabalho, porém calou-se de imediato. Depois de tudo, não sentia a mínima vontade de acordar Lucy ou sair dali, soltá-la; sentia-se como uma mãe abraçando sua filha, ou como uma irmã mais velha tomando conta da irmãzinha que dormia. Queria ficar assim um pouco mais.

— Mas... quem servirá o chá? — murmurou Mirajane.

Natsu deu de ombros, falando em parte como brincadeira e ao mesmo tempo, com seriedade.

— Flare não é o tipo de pessoa que mereça outros fazendo as coisas por ela.

E então, ele se lembrou de que também não era digno de nada do que possuía... ao menos pensava daquele modo. Sentiu-se um sujo falando da mal-lavada.

Mirajane emitiu um riso.

— Você parece estar com raiva. Mas algo me diz que ela queria vir sem te avisar.

— Acertou. Agora mesmo, eu gostaria de mandá-la embora daqui.

— Um chá não deve durar tanto tempo assim. — falou Mira. — Aguente um pouquinho.

— Vou tentar.

— Isso.

Os dois sorriram um para o outro e o rapaz saiu da cozinha, não sem antes dar uma última olhada em Lucy e em sua expressão suave. Ah, o que é que ele estava fazendo?!?!

A albina sentiu um leve aperto na mão que estava junto à da menor com os dedos perfeitamente encaixados. Pensou que ela acordaria, porém continuava em seu sono profundo e sereno como as águas do mar em um dia sem vento.

Pensou em Lisanna, há alguns anos atrás. O modo como de uma hora para a outra, parecia completamente amedrontada. Chorava, gritava, falava coisas sem nexo algum; como se sentisse que estivesse prestes a morrer. Lentamente, com a ajuda de Mirajane, pôde aprender a controlar aquelas crises que apareceram sem razão. Uma das épocas mais difíceis de sua vida. Irmãos de bom coração não desejam ver o sofrimento do outro e sem dúvidas, Mira sentia dor tanto quanto Lisanna. Este é apenas um exemplo do que é ser irmão.

Agora, com Lucy, parecia a mesma coisa. Não era engraçado como mesmo conhecendo-a tão pouco, já sentia como se a loira tivesse um lugar em seu coração? Como se fosse parte da família também.

No fim, Flare tratou de arranjar uma desculpa para ir embora da Mansão. Entrou no carro rapidamente, ordenando para que Rogue dirigisse mais rápido. Desejava estar longe dali o mais rápido possível!

Olívia acenou docemente enquanto a ruiva ia, como se nada daquele momento particularmente assustador tivesse acontecido.

— Dentre tantas garotas no mundo, você teve de encontrar uma Corona. — disse a sra. Dragneel ao filho, calmamente.

Toyo Corona, um homem que tentara enganar Igneel há algum tempo atrás nos negócios. Ah, como se lembrava dele...

Natsu não entendeu, porém queria explicar para ela que Flare não era sua namorada.

— Mas tudo bem, querido. — continuou a mulher, sorridente. — Estou feliz que você tenha uma companheira.

— É... — respondeu ele simplesmente, observando a mãe subir as escadas enquanto assobiava após dar-lhe um beijo no rosto. No fim, não conseguiu dizer nada.

Aborrecido, a primeira coisa que fez foi pegar o pacote que Flare trouxera e, antes de jogar fora, examinar o contéudo. Afinal, não havia garantia de que o que ela embrulhara realmente era um bolo. Mas, espere... era um doce; com chances altas de ser recheado com maconha. Pensou em prová-lo apenas para constar, porém bufou e estava decidido a jogar aquela porcaria fora. Até parece que estava morto de fome de maconha. Se quisesse, poderia arranjar mais tarde com outro fornecedor. Ah sim, Flare provavelmente pensava que era sua única fornecedora... como era burra!

— Idiotice... — murmurou consigo mesmo ao se virar. Tomou um pequeno susto ao ver que Lucy estava ali, em pé e muito bem acordada. Os olhos castanhos desviavam-se em meio à um sorriso tímido e bochechas vermelhas. Ela parecia mais envergonhada do que de costume.

— O senhor deseja que eu guarde este presente em seu quarto? — perguntou ela, quase inaudivelmente.

— O quê? — disse ele, aproximando-se para ouvir melhor. Natsu realmente não escutara; ela nunca havia falado algo com um volume tão baixo!

Lucy deu um passo para atrás quando ele deu um para a frente, vermelha como pimentão. O rapaz foi para frente, e a loira foi para trás. O que diabos ele fizera?

— E-Eu perguntei se o senhor deseja q-que... eu guarde o presente no quarto. — respondeu, forçando-se a falar mais alto.

— Ah. — disse ele, estendendo-lhe o pacote. — Não. Joga fora.

A criada arregalou os olhos.

— O-O senhor tem certeza?

— Apenas jogue fora. — Natsu colocou as mãos no bolso e deu-lhe as costas, subindo as escadas. Enquanto ele ia, Lucy percebeu que não deveria demonstrar tanto que estava constrangida. Afinal, não fora Natsu nem realmente a havia... beijado, certo? Certo. Tudo havia sido um sonho que apesar de parecer real, era um simples sonho! Ou talvez não fosse exatamente sonho... ah, que complicado!

Heartfilia segurou a rosa que lhe fora dada, uma flor tão bonita do mais puro vermelho. Vermelho como o sangue, vermelho como a paixão; e também vermelho como seu rosto provavelmente estava naquele momento. Não pensava que um dia receberia flores, muito menos dele...

Girou a rosa e percebeu que em seu caule não existia nenhum espinho, assim como todas as outras flores do mesmo tipo naquele lugar.

Natsu segurou a rosa junto a ela e curvou-se levemente, se aproximando devagar de seus lábios. Lucy, paralisada, apenas sentiu o momento em que encaixaram-se. O calor do beijo, a doçura do toque dos lábios de Natsu. Acanhada, usou a mão livre para encostar em seu rosto, retribuindo o ato carinhoso com amor e suavidade semelhante, até juntos entrarem em ritmo mais intenso. A intensidade do beijo aumentou e com isso, veio a dor nas mãos.

De súbito, a loira interrompeu o ato para verificar o que havia de errado com suas mãos e soltou a rosa ao ver que seus dedos estavam em ardência e sangravam graças aos espinhos da flor. Mas antes, aquela rosa não possuía espinhos...

Lucy olhou para Natsu e observou que ele também sangrava. Seus olhares se encontraram e ele assumiu uma expressão triste, causando-lhe dor por apenas ver.

Todas as sensações haviam sido reais para si. O beijo, o toque, a dor dos espinhos.

A garota resolveu que deveria tentar se comunicar com Cana para perguntar se o jardim encantado havia sido fruto de sua própria mente ou algo que a mais velha preparara. O único problema era saber se encontraria sua resposta...

ROSEMARY, SEIS HORAS DA TARDE

Após um dia de trabalho, Layla Heartfilia e sua melhor amiga Juvia Lockser tomavam chá na casa de Layla, embora às vezes fosse na casa de Juvia; não havia importância, já que as duas casas localizavam-se um ao lado da outra!

Sentadas no sofá da pequena sala já um tanto velho, as duas bebiam o chá doce com sabor de hortelã que a loira gostava de fazer.

Layla poderia ser confundida facilmente com a filha quando colocadas lado a lado; parecia jovem demais, um rosto perfeito demais. A única coisa que poderia diferenciar mãe e filha era uma pinta discreta que a mãe possuía logo abaixo do olho direito. Alguns diziam que era seu grande charme e outros falavam que se não fosse por aquela pinta, Lucy e Layla poderiam trocar de lugar que ninguém jamais perceberia. A mulher achava que estavam até exagerando.

Os cabelos cor de ouro ficavam presos o dia todo e, em sua casa, finalmente estavam soltos e livres para cair e quase alcançar seus quadris. Talvez fosse um pouco demais ter um cabelo daquele comprimento, já que não era mais uma adolescente... porém, simplesmente não conseguia cortá-lo!

Juvia Lockser, sua melhor amiga, possuía quase a mesma idade que ela e apesar disso parecia bastante mais velha. Porém, ainda era uma garotinha! Adorava tingir os cabelos de cores malucas e atualmente, já estava com o azul há um bom tempo, sempre querendo alterar a cor e mais tarde desistindo da ideia. O azul parecia ter sido feito para si e Juvia não poderia se imaginar com os cabelos de outra cor.

— Há algo perturbando você? — perguntou Lockser, habitualmente notando os sentimentos da amiga. — Quero dizer, além daquela coisa?

— Sim. — respondeu Heartfilia, sem hesitar. Sabia que seria estupidez esconder algo de sua amiga e irmã de consideração. Já tinham conhecimento de tantas coisas ocultas uma sobre a outra que o que Layla lhe contaria não seria nada. — Estou tendo o mesmo sonho há dias. E eu já o tive antes, muitas outras vezes. Isso... me incomoda.

— Como ele é? — perguntou Juvia, mordiscando um biscoito.

A loira respirou fundo.

— Não tem muita coisa, para falar a verdade. Eu apenas me vejo em um lugar que não conheço com um vestido branco... manchado de preto. Minhas mãos também têm manchas.

Juvia colocou a mão sobre a da amiga, olhando-a diretamente.

— Layla, não seria melhor mandá-la voltar?

— Não! — respondeu Layla. — Não, não posso fazer isso com ela. Ela ainda não fez o teste. Seria terrível querer que voltasse agora.

— Mas do que adianta tudo isso, se você se sente cada vez pior, Layla?!

Heartfilia permitiu que lágrimas escorressem por seu rosto. Não sentia vergonha de chorar na frente de Juvia.

— Eu só quero que ela esteja feliz, independente do lugar. — falou. — Mas ainda assim... me preocupa. Pode ser que ela esteja tão contente quanto pareça, porém pode ser que não esteja. Não sei se a longo prazo... aquele ambiente vai ser bom para ela. Mas eu quero que ela faça o teste antes de qualquer coisa.

A tia de Lucy suspirou e abraçou Layla, que sussurrou:

— Apesar de querer que ela seja feliz... é errado desejar que ela falhe?