Pureblood

Treze — O chamado de um anjo?


— Gosto desse seu cabelo comprido...

Com o ritmo cardíaco veloz, Lucy Heartfilia fitou o feixe de luz proveniente da janela que anunciava a chegada da manhã. Moveu os olhos arregalados ao redor do cômodo e pôde constatar que estava em sua cama, no apartamento de Erza localizado no centro de Magnolia. Estava bem, estava absolutamente em segurança; seu cabelo continuava apenas dois dedos abaixo dos ombros, comprimento médio. Logo, ninguém poderia estar dizendo sobre um cabelo comprido que não lhe pertencia.

Um pesadelo, pensou. Apenas um pesadelo.

Respirando fundo, lavou o rosto com água gelada e se arrumou para o trabalho. Cabelos louros bem penteados, uniforme alinhado. Como estava um pouco frio no dia de Outono, a loira pôs um casaquinho preto na bolsa. Um dos únicos que possuía.

— Bom dia, Erza. — cumprimentou a garota docemente ao chegar na cozinha. De manhã cedo, a ruiva atacava uma fatia grossa de bolo de morango com chantily. Seu doce favorito.

— Bom dia. — respondeu ela, abrindo um sorriso desconcertado. Ainda sentia-se incrivelmente constrangida pelos acontecimentos da madrugada.

— He. — riu Erza malignamente, saindo para o corredor. — E então, Jellal? Que é que aconteceu, hein? Perdeu a namoradinha, foi?

— Cala a boca.

— Acho que ela se cansou dessa sua coisinha, né? — debochava infantilmente. — Mas saiba que...

A garota apenas sentiu o corpo bruscamente pressionado contra a parede e uma respiração quente e rápida assoprando sua pele. Antes que pudesse pensar em qualquer coisa, seu grande inimigo simplesmente... A beijava.

De olhos arregalados, tentou se livrar de seus braços, debatendo-se. Soltou um grito abafado que ninguém escutara.

Nunca pensou que seria beijada por ele, muito menos daquela maneira tão feroz e incrivelmente excitante. Na realidade, jamais imaginou que teriam qualquer tipo de contato próximo, que sentiria seus braços ao redor do corpo. E principalmente, nunca imaginou que estaria retribuindo aquele beijo, com vontade. Porque no fim, percebia que estava gostando daquilo e não pensando mais sobre "o depois".

Lucy assistia à cena boquiaberta, imóvel como uma estátua. Afinal, a vida era mesmo uma caixinha de surpresas. Quando é que poderia imaginar que Scarlet e Fernandes, os eternos arqui-inimigos, poderiam estar se beijando de modo tão... apaixonado?

A ruiva não conseguia mover o corpo; apenas sentia o contato da própria língua na dele, acompanhava seu ritmo que começava a acelerar. Seus pulmões precisavam de ar, porém ela poderia agüentar por mais alguns segundos. O que aconteceu foi que por alguns momentos, Erza abriu os olhos. E então, viu Lucy com olhos tão grandes quanto os de uma coruja, boquiaberta.

— T-Tarado! — berrou, empurrando-o com o rosto tão vermelho quanto seus cabelos. Desferiu um tapa na face de Jellal, ofegando de nervosismo.

Com os cabelos do exótico azul cobrindo-lhe o rosto, era difícil ver sua expressão facial. Enrijeceu o corpo ao perceber a presença de Heartfilia e murmurou, já caminhando de volta para o próprio apartamento:

— Foi só pra você calar a boca.

E bateu a porta com força, deixando apenas Lucy e Scarlet no corredor.

A loira notou o comportamento estranho e envergonhado da amiga, portanto evitou tocar em qualquer assunto que envolvesse o síndico do prédio.

— Dormiu bem? — perguntou a ruiva, sujando o rosto com chantily. Lucy pegou um guardanapo.

— Sim. — respondeu, embora tivesse sofrido com alguns pesadelos. Devia estar acostumada... — E você... Ahn... Dormiu, certo?

— Claro. — mentiu Scarlet, sendo desmentida por suas olheiras. Ela nunca dormia. — Um pouquinho...

Heartfilia pegou uma maçã na geladeira enquanto o pão aprontava na torradeira. Sentou-se ao lado da amiga na mesa, buscando manter a conversa. Não estava acostumada a isso, especialmente com Erza, quem nunca ficava quieta...

A ruiva claramente não queria se encontrar com Jellal no corredor. Era má para dar desculpas; inventou que antes de sair, pentearia o cabelo. Foram sete minutos de enrolação até que tivesse “penteado tudo”. Para sua felicidade, assim que saíram, ele já havia saído para trabalhar.

Pegaram um grande trânsito e Erza pôde descontar seus sentimentos em quem ameaçasse passar por cima de seu carro; normal.

— Bom trabalho. — disse a ruiva assim que pararam em frente à Mansão Dragneel.

— Obrigada, Erza. — respondeu Lucy, sorridente. — Até mais tarde!

— Espera. — falou Scarlet assim que a loira abriu a porta do carro. — Tem algo que eu quero te perguntar...

— O que é?

— Bom... — começou. — Eu queria saber... porque é que você estava tão nervosa ontem. Por causa do... do seu cabelo.

A garota sentiu o sangue gelar. Riu como disfarce.

— Não é nada demais, Erza. — respondeu. — É bobagem...

— Eu fiquei preocupada...

— Não há com o quê se preocupar. — disse Lucy esboçando um sorriso. — Bem, estou indo. Até mais.

— Até... — murmurou Erza.

Natsu Dragneel não gostava da Mansão Corona. Detestava que tivesse tantos seguranças ao redor, como um tipo de prisão; Flare garantia que nunca, jamais, em hipótese alguma, qualquer um deles fosse contar a respeito dos dois para o sr. Corona. Mas não estava cem por cento seguro disso.

Além do mais, tinha aquele guarda-costas particular da moça que era insuportável. O passatempo preferido do cara era encará-lo com aqueles olhos vermelhos, olhos de cobra. Natsu sentia vontade de perguntar para onde ele ia com aquelas lentes de cosplay, só para irritá-lo. Qualquer coisa que o rosado falasse o irritava profundamente e ele adorava isso.

De bônus, havia o quarto de Flare. Era espaçoso e bonito se não fosse pela decoração das paredes que davam-lhe calafrios. A namorada-que-não-era-namorada-mas-se-considerava-namorada montara um painel gigante exclusivo para fotos do rapaz. Dele, e somente dele. Era estranho, perturbador. E também o distraía nos momentos de incêndio sobre aquela cama.

Yukino Aguria era uma das criadas da casa. Lembrava-lhe Mira de uma forma estranha, ainda que não fosse albina. Possuía uma grande meiguice e ele poderia dizer que simpatizava com a moça, se não fosse por agora, ela começar a parecer Lucy. Inocência, aquela expressão facial de garota sonsa. Qualquer coisa que o fizesse lembrar que Lucy existia o irritava profundamente nos últimos dias. A raiva que sentia não poderia ser expressa em palavras.

De qualquer forma, lá estava ele na Mansão Corona contra sua vontade; bem que ele havia sugerido para a moça que poderiam ficar no apartamento vagabundo no centro da cidade que Natsu comprara há não muito tempo atrás porque simplesmente quis, no entanto, Flare disse não. Ou ficavam em um lugar luxuoso, um lugar em que se considerava digna de estar ou nada feito. Mesmo odiando, o rosado via-se obrigado a dar o braço a torcer; ultimamente, Corona reclamava do quão “frio, distante e mandão” ele estava sendo. Apesar de tudo, Natsu gostava de manter uma vida sexual ativa.

A ruiva mordiscava sua orelha em plena manhã, às nove horas. Teria retribuído a carícia ao invés de gemer coisas incompreensíveis se não estivesse parcialmente inconsciente. Seu corpo não fora programado para acordar antes do meio dia e meio, no entanto, nove horas era a hora do café da manhã na Mansão.

— Bom dia, meu amor. — disse a moça com aquela voz ridiculamente melíflua. — Acorda, môr.

— Hum.

— Natsu, vamos tomar o nosso café?

Me deixa dormir, ô sua porra.

— Ahn... aham...

— Você é um merda pra acordar, sabia? — Flare queria que aquilo soasse romântico. — Eu amo isso. Amo... — disse, ficando por cima. Distribuiu beijos por toda a extensão de seu pescoço enquanto sussurrava palavras melosas e irritantes como bebê, dorminhoco, etc. Na realidade, tais palavras não lhe eram exatamente irritantes: Mira o chamava de bebê e dorminhoco e isso não o aborrecia nem um pouco. O caso era que a moça não aparentava estar falando aquelas palavras da própria boca; simplesmente não combinava com elas.

Depois de um esforço tremendo, conseguiu levantar para ao menos passar uma água no rosto. Ainda com a visão um tanto duplicada, deixou-se ser guiado de mão dada até a grandiosa mesa do café da manhã.

— Bom dia, srta. Flare. — reverenciou-se Yukino com as bochechas vermelhas. — Bom dia, sr. Dr... sr. Natsu.

Sr. Dragneel fazia o rapaz lembrar de seu pai.

— Dia. — murmurou ele e Flare não disse coisa alguma. De nariz empinado, passou a mão no (absurdamente comprido) cabelo vermelho e moveu os olhos pela mesa a fim de localizar sua tigela de cerejas. Para sua alegria, estavam ali; e ao mesmo tempo, num misto de decepção, não encontrou defeitos na mesa de café da manhã. Não poderia reclamar de nada.

Ou talvez, conseguira encontrar um defeito. Um defeito digno de escândalo.

— Yukino! — gritou, fazendo o rosto da criada perder a cor. — Não estou vendo nenhum Nescau por aqui, por acaso você está? Você esqueceu o Nescau do meu namorado!

— Tá tudo bem. — respondeu Dragneel, ainda se sentindo um pouco tonto. Os berros da namorada-que-não-era-namorada faziam um zumbido em seus ouvidos. — Para de gritar.

— Oh, senhor, senhorita... — Yukino constatou que realmente não havia posto o achocolatado. — Por favor, me perdoem. Estarei indo na cozinha fazer o seu achocolatado, sr. Natsu. Volto em menos de cinco minutos.

— Incompetente. — disse Flare antes de colocar uma de suas amadas cerejas na boca.

— Não precisa gritar por causa disso. — a voz de Natsu era arrastada, ele pisca repetidamente. Não conseguia sentir um pingo de chateação por terem simplesmente esquecido de seu Nescau. — Eu não me importo.

— Você tá com uma carinha de sono, bebê. — a moça lhe fez comer a outra metade da fruta que mordera. — E eu não perdôo quem se esquece do Nescau do meu amorzinho. Não mesmo.

A criada retornou logo da cozinha segurando o copo de vidro, trêmula.

— A-Aqui está, sr. Natsu. — sussurrou, com medo. — Por favor, me desculpe. Eu realmente não queria ter me esquecido...

— Você não costuma se esquecer das coisas, Yukino. — disse Corona calmamente, porém maliciosa. — Será que está preocupada com algo... ou alguém?

O pálido rosto de Yukino passou a ficar completamente vermelho.

— Vai saber. — Flare comeu uma cereja antes de continuar. — Você pode estar preocupada com... aquele merdinha.

Referia-se ao seu guarda-costas particular.

A criada olhou para os próprios pés.

— N-Não é como se eu estivesse exatamente preocupada com o...

— Eu te proíbo. — os olhos da moça tornaram-se duas vezes maiores, penetrantes. — Eu já disse que ninguém deve falar o nome dele nesta casa sem a minha permissão. Ninguém.

Flare não escondia a raiva que sentia do guarda-costas-aparentemente-sem-nome.

— S-Sim senhorita! — Yukino fez uma reverência e saiu, deixando-os sozinhos.

Natsu achava a namorada-que-não-era-namorada um tanto dura com aquela empregada às vezes. E também se lembrou de que não poderia falar coisa alguma; também destratava Lucy. Mas de certa forma, era diferente... Ah, por que é que estava pensando em Lucy novamente?

Era domingo e Dragneel incrivelmente sentia vontade de voltar para casa. Já satisfazera suas necessidades sexuais e se cansara da voz de Flare zumbindo em seu ouvido; precisava respirar daquele poço de chatice. E afinal, a veria também pelo resto da semana pela noite, na faculdade. Ambos cursavam Administração e eram da mesma sala. Inferno. Se não fizessem sexo, podia-se dizer que Natsu jamais falaria com ela. Garota chata.

— Já tenho que ir. — disse o rosado após beber o último gole do achocolatado, livrando-se dos braços da moça.

— Por que? — perguntou ela, extendendo o “e” ao final da pergunta. Então, soou algo como um irritante “por queeeeeee?”, entendido? Definitivamente, irritante.

— Minha mãe vai voltar pra casa. — mentiu Natsu. Não sabia quando Olívia retornaria daquele estúpido spa. — Tenho que estar lá, você sabe.

A ruiva fez biquinho para fazê-lo pensar em como ela era fofa.

— Ah... vou me sentir tão sozinha.

— Você vai me ver na faculdade. — levantou e, seguido por ela, foi até o quarto. Retirou o pijama e vestiu uma das roupas suas que haviam no armário de Flare. Ela reservara um espaço especial somente para roupas suas, portanto não era necessário trazer qualquer coisa quando fosse passar alguns dias na Mansão Corona.

Ficou apenas de roupa íntima na frente da moça, o que a fez morder e lamber os lábios incessantemente.

— Você é lindo... — sussurrou ela, esforçando-se para ficar na ponta dos pés beijando seu pescoço por trás.

— Flare, eu disse que... — o rapaz arfou ao sentir um apertão em uma certa parte do corpo. — Ah, merda.

Aquilo o deixara mais acordado do que nunca.

Um pouquinho mais antes de ir não faria mal.

— Seja bem-vindo de volta, sr. Natsu. — Lucy lhe fez uma tímida reverência e Mira o recebeu com beijos pelo rosto.

— O que você vai querer para o almoço, bebê? — perguntou a cozinheira interrompendo os beijos. — Pode ser o seu favorito?

Ele abriu um pequeno sorriso; Lucy estava ali e de certa forma, era estranho sorrir na presença dela.

— Pode ser.

Assim que Mira saiu, ele lhe deu um puxão pelo braço.

— E o Sting? — perguntou, irônico. — Morreu?

A loira fez o sinal da cruz em si mesma com o braço livre, assustada. Suas bochechas estavam coradas pela proximidade de seus corpos e também por causa de Sting... lembrou da visita que fizera no dia anterior.

— Q-Que terrível, senhor! — exclamou, tímida. — Sting não pôde vir porque está doente, de cama...

Já era algo previsível. Cair na piscina e depois de sair continuar com as roupas encharcadas numa noite um tanto fria obviamente causaria um resfriado. Natsu sabia antes mesmo que falassem; simplesmente porque também estava naquela festa. Fora ele quem atirara Sting na piscina; na verdade, quem dera o mandato. Era triste que ninguém estivesse gravando naquele momento. A cena havia sido realmente divertida.

— Tinha que ver como ele estava, Natsu. — assim que ouviu a voz da albina, o rosado soltou o braço da criada. Mira reapareceu fazendo um biquinho que a deixava incrivelmente ainda mais adorável. — Tão abatidinho...

— Você foi... vê-lo? — Natsu franziu a testa.

— Sim! — respondeu a cozinheira com um doce sorriso. — Lucy e eu fomos visitá-lo. Fizemos biscoitos e eu guardei um punhado para você. Se quiser, pode comer depois do almoço...

Heartfilia enrijeceu o corpo e seu rosto estava mais vermelho do que nunca. Pareceu encolher-se assim que aqueles olhos verde-escuros a encararam; por que ele tinha de lhe olhar daquele jeito?

— Obrigado, Mira. — disse e se virou para Lucy de novo. — Vou pro meu quarto.

— O chamarei assim que o almoço estiver pronto, senhor. — respondeu a loira.

Assim que a macarronada com molho de tomate espalhava seu delicioso aroma pela casa, lá a criada ia chamar Natsu em seu quarto. Batendo na porta, tudo aconteceu num ritmo impossível de se acompanhar; ele a puxou para dentro e a pressionou firmemente contra a porta absolutamente num piscar de olhos.

— Biscoitos, é? — falou ironicamente, debochando da visita feita a Sting. Não sabia o porquê, mas aquilo o deixara levemente aborrecido.

Lucy corou, como sempre, sem saber o que dizer perante aquela situação constrangedora. Sentia-se extremamente envergonhada com a proximidade de seus corpos, de sua voz rouca ao pé do ouvido. E daquele calor estranho quando ele começava a beijar e passar a língua pela extensão de seu pescoço... A deixava tonta. Ela simplesmente não entendia o porquê daquilo.

— Sabe, você não respondeu aquela minha pergunta. — disse o rosado. — Eu quero a minha resposta.

— Me diga uma coisa, Lucy. — falou ele com a voz rouca. — Por que é que você quer ser minha amiga?

Talvez aquela pergunta fosse mais facilmente respondida se a loira não se encontrasse em uma situação tão constrangedora para si. Aparentemente, o rapaz não sentia vergonha alguma; apenas queria uma resposta para seu questionamento.

— E-Eu... — arfou ao sentir uma fisgada na pele sensível. Céus, como sua mente se embaralhava! Não conseguia falar. Não conseguia pensar. E no fim, não pudera responder à pergunta.

Mais uma vez, Lucy via-se confusa. Mal respirava, o corpo trêmulo. Saberia responder o motivo de querer ser sua amiga se não estivesse em uma circunstância tão...

— Nem você sabe, né? — Natsu beijou seu pescoço lentamente.

— Eu... sei... — conseguiu dizer com a voz fraca.

— Então fala. — o rapaz sorriu malicioso. — Ou será que não consegue por eu estar tão perto de você?

Lucy fechou os olhos com o rosto vermelho por inteiro e assentiu devagar com a cabeça, sincera.

Todas ficam. — murmurou Dragneel, soltando-a. Verdadeiramente, desejava saber o que levava a criada a lhe fazer uma proposta de amizade. — Pronto. Agora, eu vou perguntar de novo. Por que é que você quer ser minha amiga?

A loira engoliu em seco. Seu olhar ainda o intimidava, porém tornava-se menos complicado pensar ou falar enquanto não recebia beijos no pescoço ou em qualquer outro lugar.

— Bem... — falava baixinho, tentando manter a calma. Precisava fazer isso. — Senhor, convivemos no mesmo ambiente todos os dias. Se desenvolvemos boas relações com as pessoas no ambiente, não se torna um lugar melhor para viver, harmonioso? A harmonia não é algo bom?

Natsu ergueu uma sobrancelha. Não esperava que fosse ouvir algo do tipo.

— Tá. Mas digamos que eu seja seu amigo. O que eu ganho em troca? O que você quer ganhar em troca?

A loira se esforçava para olhá-lo diretamente.

— Amor. — respondeu, enrusbecendo logo em seguida. — Compreensão. Lealdade. Momentos divertidos. É disso que uma amizade se trata, sr. Natsu. De ambos os lados...

— Isso não existe. — Natsu disse, pensando em todas as “amizades” que já tivera na vida. Todas elas a fizeram crer com todas as forças de que nada de tais baboseiras eram reais. Amizades eram interesses. Quando não interessasse mais, poderia ser facilmente jogada fora. Pensou também em Gray, a única pessoa que poderia chamar de amigo... mas era uma exceção. De resto, todos eram iguais.

♫ Looking into your eyes

I see all I want to be...

A viu estender a mão para si. Havia algo estranho ao redor de seu corpo, parecido como um brilho dourado. E seu sorriso estava diferente.

— Se me permitir, posso lhe mostrar que existem, senhor. — até sua voz pareceu mudar. Era como a voz... de um anjo. Um anjo que o chamava...

And I don't want it to end

If I could only put two words the way

I see you

I only know I have an angel with me now...