Prisioneira do Passado!

#PrisioneiraDoPassado - 9


— Constança... - e os dois arregalaram os olhos olhando para ela naquele momento.

Inês os olhava e esperava uma resposta e Alejandro sentindo um medo assustador mais ao mesmo tempo uma necessidade tão grande de estar ali ele quis correr mais Inês não permitiu.

— Fique! - a voz era firme e ele voltou a paralisar no rosto dela.

— Mamãe, não briga ele só queria comer e eu dei! - falou com medo. - Deixa ele comer, por favor.

Inês a olhou e encheu os olhos de lágrimas no mesmo.

— E porque não o levou para dentro? Ele não é um bicho pra poder comer assim escondido como se fosse um ladrão. - olhava os dois.

— Eu nunca roubei senhora, só pego o que elas me dão pra comer eu nunca entrei nessa casa para pegar nada que não fosse meu! - tinha o coração disparado não era um ladrão ou nada parecido.

— Não me entenda mal, mas você não precisa comer aqui feito um... - ela não conseguiu terminar.

— O que está acontecendo aqui? - a voz de Victoriano soou forte e firme. - Quem é esse moleque? E o que ele está fazendo aqui?

— Ele é meu amigo papai e mora aqui! - Ana falou com simplicidade descendo do colo dele.

Alejandro estava apavorado e sabia que não ia dar boa coisa queria fugir dali e nunca mais voltar, mas seus pés estavam presos ali como se não soubesse caminhar e Victoriano sentiu uma coisa ruim no peito e se aproximou.

— Como assim você mora aqui? - bufou.

Constança sentiu seu corpo tremer assim como Alejandro e o peito dele subiu e desceu cheio de medo e ele segurou mais firme seu prato pra não cair no chão de tanto medo que tinha nos olhos. Victoriano o analisou e olhou o prato em sua mão e sentiu raiva.

— Esta roubando comida? Vagabundo! - bateu a mão no prato e a comida voou pro chão.

Alejandro ficou tão desesperado que seus olhos choraram no momento seguinte como ele estava jogando comida fora? Como ele podia fazer aquilo com o único que ele tinha pra comer? Como ele poderia ser tão cruel ao ponto de jogar alimento fora. Inês sentiu tanta raiva que avançou nela sentando tapa nele.

— Você ficou louco?

— Ele é um ladrão, bandido e está aqui podendo fazer mal a nossas filhas e você defende esse marginal? - bufou de raiva e ela o encarava com mais raiva ainda.

— Ele é uma criança! - gritou com ele. - Eu não te reconheço mais, Victoriano, não reconheço mais!

Ana correu e agarrou Alejandro que já estava chorando era tanto sofrimento tantas pessoas más ao seu redor que ele agarrou Ana e chorou sentindo dor de fome e dor ao ver aquele prato de comida tão bem feito ser jogado assim no chão queria saber naquele momento porque Deus estava sendo tão mau ao ponto de não protegê-lo de todo aquele mal.

— Não chora eu vou trazer mais pra você! - Ana falou toda sentida e entristecida por ele estar chorando e o soltou olhando o pai. - Você é mau, papai, muito mau!

— Sai de perto dele, Ana, sai! - puxou ela que chorou.

— Não a machuca, moço, ela só queria me ajudar! - soluçava chorando.

Inês sentiu o peito desgarrar e ela encheu os olhos de lágrimas vendo o sofrimento daquele menino que se preparou para ir, mas ela não permitiu e o segurou olhando em seus olhos era algo tão incomum para ela que ficou presa em seus olhos e não conseguiu falar nada apenas limpou suas lágrimas que escorriam de seus olhos fez com tanto amor que ele nem se mover se movia sentindo um toque que para ele era familiar.

— Deixe esse imundo ir embora, Inês!

Inês sentiu ainda mais raiva dele e se virou o encarando.

— Cala sua boca, cala! - voltou a olhar para ele e depois para as filhas. - Vamos embora todos!

— Mamãe, ele pecisa comer! - Ana falou soluçando.

Cassandra apareceu ali sem entender nada e observou a todos.

— Não deixa ele com fome mamãe, ele não come desde cedo! - agarrou Alejandro depois de se soltar do pai.

Victoriano tinha o peito subindo e descendo estava com raiva, chateado não conseguia definir seus sentimentos ali naquele momento mais sabia que não estava errado ele era um risco para suas filhas e não ia permitir.

— Tudo bem, Ana, não precisa chorar mais não eu me viro! - ele beijou ela depois de abraçar forte e a soltou virando para ir embora.

— Mãe, mamãe não deixa ele ir! - Ana estava desesperada com aquela situação. - Ele pecisa da gente!

Inês olhou a filha e nem pensou mais caminhou para Alejandro e o pegou pelo braço não era com força era apenas para que ele a olhasse e parasse e foi o que ele fez parou e a olhou nos olhos com o rosto molhado de suas lágrimas e ela disse:

— Vamos comer! - sorriu de leve.

— O que? - Victoriano quase gritou.

Inês o olhou trazendo Alejandro.

— Eu quem fiz o jantar e ele vai comer sim! - foi firme. - Se você está assim com tanto nojo de uma criança que já provou que não faz mal a suas filhas você pode se retirar, mas eu vou dar comida a ele! - caminhou com ele para dentro que segurava a mão de Ana.

— Essa casa é minha! - falou indo atrás dela.

Inês o olhou e não reconhecia mais o homem a quem tanto amou um dia, Victoriano estava tão cego em suas questões que não via mais nada a sua frente alem dele mesmo e ela sentiu tanta tristeza que nem quis discutir apenas disse sem se alterar.

— É verdade essa é a sua casa! - molhou os lábios. - Meninas peguem suas coisas que a gente precisa ir!

Ana nem pensou correu para o andar de cima e pegou sua mochila enquanto Inês encarava Victoriano com uma mão no ombro de Alejandro que tinha a cabeça baixa sem olhar pra nada, Cassandra subiu pegou as coisas assim como Constança e elas desceram.

— Você, não pode levá-las esse final de semana é meu! - esbravejou.

— Eu não vou deixar minhas filhas aqui recebendo uma educação que não condiz a elas e nem a você! - apontou o dedo para ele. - Reveja seus valores o homem por quem eu me apaixonei nunca faria isso com uma criança que o único que tem é fome! Crianças se despeçam de seu pai a gente precisa ir!

As meninas foram até ele e o abraçaram e beijaram menos Ana que caminhou com a mãe estava chateada e não queria papo com o pai era pequena mais entendia muito bem as coisas e ela foi para o carro. Inês sentou Alejandro no banco da frente prendeu a filha em sua cadeirinha e as outras duas sentaram ao lado de Ana, Inês olhou para Victoriano mais uma vez e negou seu ato com a cabeça e entrou no carro saindo sem nem olhar para trás.

Victoriano sentiu uma tristeza terrível e passou as mãos no cabelo e entrou em casa foi direto a mesa posta e olhou a comida tinha o cheiro tão bom e ele se sentou se serviu e olhou o prato a sua frente sentiu tanto asco de si mesmo que jogou o prato longe que diabos estava fazendo de sua vida? Estava perdendo tudo ao seu redor e parecia não ver, mas aquilo tinha que mudar e ele iria rever seus conceitos pelo menos para não perder as filhas já que Inês ele já tinha perdido a muito tempo.

[...]

Inês parou no Mc donalds e desceu do carro assim como as meninas Alejandro estava envergonhado sua roupa era rasgada e ele usava chinelo de dedo estava um pouco sujo e ele ficou parado quando as viram andar e Inês percebeu e voltou até ele.

— O que foi? Vamos comer. - sorriu.

— Eles não vão me deixar entrar ai! - foi sincero.

— Se alguém ousar falar algo para você vai se ver comigo! - pegou a mão dele e o puxou. - Você pode pedir o que quiser.

Eles entraram e as pessoas no mesmo momento os olharam e ele sentiu vergonha mais Inês caminhou para a filha com ele a seu lado estava esperando que alguém dissesse algo para ele que ela iria meter um processo e quando chegou ao caixa ela deixou que todos eles escolhessem e eles escolheram e foram sentar todos os olhavam e ela não ligou e quando viu um casal cochichando deles ela se levantou e foi até eles.

— Cuidem de sua vida se vocês não têm coragem de pagar uma comida para uma criança com fome então engulam esse risinho de deboche ou de piadinhas porque se vocês não tem coragem pra fazer o que eu estou fazendo nem humanos vocês são! - e sem mais ela voltou para sua mesa e eles comeram.

Inês era uma leoa quando se tratava de seus filhos ou de qualquer criança e ela defenderia Alejandro com unhas e dentes de qualquer pessoa que ousasse o insultar e depois de todos cheios ela comprou mais um lanche a parte e deu a ele sabia que ele queria mais e não teve coragem de pedir e eles foram para o carro.

— Muito obrigada senhora! - ele falou com os olhos brilhando.

— Não precisa agradecer, vamos pra casa! - falou natural.

— Eu não tenho casa! - suspirou. - Eu vou caminhando para achar um lugar pra dormir essa noite!

Inês foi até ele e tocou em seu rosto.

— Agora você tem uma casa! - sorriu e abriu a porta do carro e viu Ana comemorar.

— Mamãe, agora a gente pode dar uma festa de aniversario para ele! - ele sorriu e a olhou era tão maravilhosa que ele a beijou antes de entrar no carro e eles foram para casa.

[...]

Inês colocou a todas para dormir e depois foi ao quarto onde tinha dado privacidade para que Alejandro tomasse seu banho e quando voltou ele estava sentado na cama olhando para o nada pensativo e ela sentiu seu coração acelerar ele era tão bonito e lembrava tanto alguém que naquele momento não veio em sua cabeça e ele a olhou assustado e ela sorriu.

— Eu trouxe essa roupa para você é de um dos meus empregados amanhã vamos compra novas para você! - entregou e ele pegou olhando a roupa e logo olhou para ela.

— Porque a senhora está fazendo isso?

— Porque eu não vou permitir mais que fique na rua, nenhuma criança merece viver na sua pedindo esmola nem nada do tipo e eu tenho condições de te ajudar para que encontre seus pais. - falou com calma.

— Mas a senhora nem me conhece eu posso ser mal. - ela riu.

— Se fosse mal minhas filhas não iriam ter tanta preocupação em cuidar de você! Agora vá se vestir para descansar.

Ele assentiu e foi ao banheiro e voltou vestido num pijama e ela riu estava um pouco curto nele mais era confortável para dormir, Inês se levantou da cama e puxou as cobertas e o fez deitar o cobriu e o arrumou como fazia com as filhas e o olhou nos olhos sorrindo.

— Não precisa fugir quando acordar, aqui ninguém vai te fazer mal! - o abençoou para dormir e o beijou na testa.

Era a primeira vez que ele recebia tanto carinho de alguém que ele a agarrou e a abraçou forte agradecendo.

— Obrigada! Muito obrigada a senhora é um anjo! - Inês sentiu tanto amor naquele abraço que fechou os olhos chorando e lembrando-se de um passado tão dolorido que ela o agarrou fortemente.

— Dorme bem, meu filho! - eles se soltaram e ela o beijou mais uma vez e se foi para seu quarto tomou um banho e se deitou mais não conseguia dormir e deixou seus pensamentos rolarem por muito tempo...