Prisioneira do Passado!

#PrisioneiraDoPassado - 17


— Me diz de uma vez o que aconteceu? - o coração disparou ao ver que os lábios dela tremiam com ela segurando o choro.

Inês pensou por alguns segundos ali não era lugar, mas ela não aguentava mais aquela situação e disse quase sem voz...

— Loreto abusou de mim, Victoriano... - e as lágrimas caíram por seu rosto enquanto ele apenas perdeu o ar a encarando...

Não podia ser verdade, não podia estar ouvindo aquilo dela não podia e naquele momento o desespero cresceu dentro dele e ele se afastou dela atordoado com a mão nos cabelos, não, não e não. Inês tremia seu corpo todo sabia que ele era impulsivo e jogar aquela verdade ali não era bom porque Loreto estava por perto e ela não queria ele fazendo loucura.

Mas como não fazer uma loucura diante daquela declaração? Como raciocinar diante daquela bomba que era jogada em seu peito? Victoriano lembrou-se de como não permitiu que ela falasse anos atrás e agora estava ali remoendo aquela verdade que nem estava completa era só o começo do sofrimento o começo do desespero dela vivido a anos e olhando ali para ela entendia porque ela era tão prisioneira de seu passado.

— Meu Deus... - foi tudo que ele conseguiu dizer naquele momento e voltou a se aproximar dela. - Me perdoe, me perdoe por nunca ter te ouvido... - e lágrimas rolaram por seu rosto assim como dos dela rolava. - seu quero que me conte, que me conte tudo! - abraçou ela forte.

— Vamos sair daqui... - falou num fio de voz e ele apenas a levou para o carro e os dois foram dali.

Victoriano não quis ir para a casa dela achou melhor levá-la até sua casa e eles dois entraram com ela totalmente em silêncio e quando sentaram os dois um frente ao outro ele sentiu o coração pulsar queria matar Loreto, mas antes precisava ouvir a história toda.

— Foi logo depois de me entregar a você... - falou num fio de voz olhando a mão tinha vergonha daquele passado tinha vergonha de ter vivido tantos anos prisioneira dele. - Foi a única noite que eu fui pra casa sozinha, você não gostava que eu fosse mais naquela noite eu não estava bem e depois de muito insistir eu consegui que você me deixasse ir porque estava com um bom movimento na nossa pequena loja de queijos... - respirou fundo para não chorar. - Ele me encontrou no meio do caminho e começou a dizer que me amava e o quanto era melhor que você e eu pedi para que ele parasse de falar que eu não queria saber nada daquilo que eu te amava e foi aí que eu levei o primeiro tapa...

Relatar tudo que tinha acontecido aquela noite era como reviver cada tapa cada puxão em seus braços era rasgar a alma mais uma vez com uma verdade que não deveria nunca ser contada por mulher nenhuma porque nenhuma mulher deve ser rasgada, manchada na alma por um homem porco que ao invés de tentar conquistar usa de sua força pra conseguir o que quer.

A cada palavra dita por Inês, Victoriano sentia ainda mais dor em seu peito tinha sido um desgraçado tinha deixado a mulher dele ir com um maldito que para ele a amava e agora estava ali diante de uma verdade que para ele não seria nada fácil superar, não seria fácil porque Victoriano não quis ouvir a verdade de Inês ele apenas sabia o que Loreto tinha contado a ele.

— Ele tirou da estrada e me tocou mesmo eu negando, mesmo eu pedindo para que ele não fizesse ele me tocou onde quis e me violou muitas vezes naquele noite como o porco desgraçado que é e for por isso que eu fui embora sem dizer nada sem deixar rastro, mas ele me achou e me fez ficar com ele, foram meses de tortura enquanto ele estava aqui ao seu lado sendo o seu amigo como se nada tivesse acontecido...

Victoriano sentiu tanto ódio de si mesmo que levantou e a primeira coisa que viu arremessou na parede e ela se tremeu toda sabia muito bem como o marido era e naquele momento ele iria querer descontar sua raiva nas coisas queria se machucar pra aliviar a dor e ela se levantou e o puxou abraçando ele contendo aquela dor que era tanto dele quanto dela.

— Me perdoa, Inês, me perdoa. - a dor era tão grande de imaginar sua mulher naquela situação que ele nem sabia o que dizer e apenas a agarrou. - Como fui um tolo meu Deus... eu não te mereço... - foi o que ele disse e a soltou.

Victoriano não merecia Inês, Victoriano não tinha sido a base que ela precisava quando tudo de ruim tinha acontecido com ela, Victoriano não tinha sido o homem em quem ela tinha depositado sua confiança para em fim contar o que tinha acontecido, mas Victoriano tinha sido o homem que tinha a voz que a julgou mesmo depois de tudo e mesmo que Inês fechasse os olhos tinha sido ele a não escuta-la e naquele momento todo o peso de suas palavras estava em seu peito e doía tanto que ele nem conseguia respirar e ele chorou, chorou tão forte que as pernas falharam e ele ajoelhou frente a ela.

— Não a perdão que valha tudo que sofreu, não a perdão que supere tudo que passou, não a nada que eu diga que possa amenizar a mulher que eu coloquei em seu lugar por ódio ao invés de te buscar e saber o que de fato tinha acontecido e mesmo assim anos depois você voltou pra mim. - a voz saia carregada porque a dor ele sentia em sua própria carne. - E mesmo assim quando tentou me contar eu fui seu algoz e eu peço perdão pelo pulha que fui e não te dei a chance, mas de nada vale meu arrependimento agora porque eu não mudei eu apenas fui mais um que te julguei uma vida inteira!

Inês apenas chorava diante das palavras dele ela o amava o idolatrava como homem mais ele tinha sido tudo aquilo e mais um pouco nada mudava o primeiro ano de casado em que ele a maltratou, não bateu mais quase chegou e ela não era só marcada por Loreto e sua doença sobre ela ainda tinha Victoriano que tinha a julgado e maltratado por algo que ela nunca tinha feito por maldade ou algo do tipo ela apenas tinha ido por vergonha e por medo de que Loreto fizesse algo com seu amor e ela se foi, mas o pior Inês não tinha contado que era do filho e ali era a hora de colocar todas as verdades na "mesa".

— Victoriano, você tem que que me ouvir eu só quero isso de você que me ouça e que não me julgue como todo mundo... você acha que eu não vejo as pessoas cochichando que mesmo eu casada com você falavam e depois do nosso divorcio foi pior... você me julgou quando deveria me apoiar.

— Eu sou o seu algoz e te fiz prisioneira de seu passado!