Hoje era o Dia D para a nossa escola. Dali a algumas horas eu tiraria meus pontinhos e iria ao jogo. Com o meu pai...

Ainda estava tentando entender porquê eu não havia protestado. O caso era que não fiz absolutamente nada para que aquilo não acontecesse. E agora eu já tinha dito que ele podia ir, então, não seria muito educado voltar atrás. Mas confesso que o que eu queria mesmo era jogar tudo para o alto e fugir para as colinas.

Saí da cama e dos devaneios de sempre, tomei um banho e me vesti, antes de descer.

— Bom dia. – Nancy disse quando entrei na cozinha.

Sentei no balcão e peguei uma xicara de chá e biscoitos. Um café da manhã bem inglês.

— Tomara! – Levantei um dos punhos em sinal de torcida.

Ela abriu um meio sorriso, levantando uma sobrancelha.

— Como é a sua família, Nancy? – Perguntei, olhando para o nada.

Ela pegou uma xícara para si, colocou um pouco de chá e sentou-se de frente para mim.

— Minha família é perfeita para mim. – Ela disse e deu uma pausa prolongada. – Mas não quer dizer que seja perfeita para todo mundo, senhorita. – Olhei-a com atenção. – Meus pais vieram jovens da França. Eles haviam acabado de se casar e queriam construir uma vida nova e melhor. Mas tudo o que conseguiram foram dois filhos e viver de aluguel.

— E como você conseguiu se formar em gastronomia?

Ela riu brevemente.

— Quando crescemos sem regalias, nós temos que aprender a nunca desperdiçar as oportunidades que a vida nos oferece. Minha mãe era ótima com temperos, e me ensinou. Um dia, quando eu tinha cerca de quinze anos, vi uma placa de “Admite-se!” em um restaurante do meu bairro. Eu já me sentia na obrigação de ajudar economicamente meus pais, então entrei e me ofereci para trabalhar.

— E eles deram emprego para uma criança? – Perguntei, intrigada.

Ela voltou a rir baixinho.

— Naquela época as crianças se tornavam responsáveis muito mais cedo. O dono do restaurante era um coreano muito engraçado e, quando eu fiz um teste para auxiliar de cozinha, ele me contratou assim que colocou a colher na boca. Anos depois, quando eu me tornei maior de idade, ele se ofereceu para financiar a minha faculdade. Disse que queria devolver o favor, pelo movimento do restaurante ter duplicado por minha causa. – Contou ela, sorrindo. – Sinto muita falta daquele coreano bobo. – Ela sorriu nostálgica. – Ele me deu muito mais que um emprego. Me deu um futuro. Entende?

Assenti, com um meio sorriso.

Mas eu não entendia. Nunca poderia entender de verdade, pois sempre tive tudo de mão-beijada. E provavelmente teria pelo resto da minha vida. De repente pensei em tudo o que meu pai me disse sobre o constante trabalho dele, e da minha mãe, garantir o meu futuro. E em que, talvez, eu pudesse demonstrar um pouco mais de gratidão pelo que eu tinha, ao invés de apenas lamentar o que eu não havia tido. Um pouco inesperado. Mas, graças àquela breve conversa com Nancy, senti menos aversão a ideia de passar um tempo com Michael e prometi a mim mesma que faria o meu melhor para fazer desse tempo um momento agradável. Acho que com Victor junto não seria impossível, afinal, ele era um bom apaziguador.

— Você não tem que ir para a escola? – Nancy perguntou, tirando-me de meu minuto de reflexão.

— Sim. Eu já vou indo. Até mais, Nancy. – Despedi-me, pegando a bolsa.

Então, bom dia, dia.

Mal sai do carro e Teri apareceu, saltando na minha frente, e tomei um baita susto.

— Oi. Bom dia. – Ela disse, sorrindo animadíssima.

— Tenho duas palavras para você, bipolaridade crônica.

Ela gargalhou, enquanto saímos andando na direção do prédio da escola.

— Tá legal. Eu sei que estive com um péssimo humor, mas isso foi ontem, e eu estava mesmo chateada por ter arruinado tudo no parque. Eu estava tão perto de ter um momento a sós com o cara dos meus sonhos e deixei a droga de uma maquina estúpida me apagar. – Ela falava pelos cotovelos.

— Como se tivesse sido de propósito. – Coloquei.

— Tanto faz.

— E já se lembrou de alguma coisa?

— Não. – Ela disse frustrada. – Parece que quanto mais eu me esforço para lembrar como fui ser tão estúpida para chegar perto demais daquele brinquedo, mais a lembrança foge da minha cabeça.

— Então, talvez você devesse parar de tentar. E quem sabe as lembranças não voltam naturalmente.

A garota apenas deu de ombros.

Ao entrarmos pelas portas da frente, Teri parou segurando na marga da minha blusa. Segui seus olhos lacrimejados até Kyle e Hanna. Os dois estavam trocando um beijo intenso perto dos armários. Fiquei triste por Teri, porque os dois pareciam bem apaixonados. Acho que o pior aspecto do amor era este, amar, sem ser correspondido e, pior, ver a pessoa amada dar o seu amor para alguém que não merecia.

— Sabe o pior desse dia? Temos aula com a Bloody Mary. – Falei, para quebrar o clima tenso.

— Não fala isso! – Teri advertiu-me afoita.

— O que? – Falei exasperada. – Por quê?

— Porque ela abriu um processo disciplinar e não podemos mais chamá-la assim. Pelo menos não pra todo mundo ouvir.

— Ela abriu um processo por causa de um apelido? – Inquiri chocada.

— Não exatamente. Foi mais por causa de uma faixa que usamos em um protesto.

— Protesto? – Ficava cada vez mais confuso.

— Esquece. É uma história longa demais. E chata. – Afirmou. – Vamos para a sala. Pelo menos as pessoas não podem ficar se agarrando dentro dela.

Desta vez fui eu quem a puxei pela mão, ouvindo um gritinho brotar de sua garganta.

Aulas muito chatas, intervalo, mais aulas chatas, e finalmente liberdade!

Como combinado, Adam, Teri e eu fomos ao hospital, e nós duas retiramos aquelas linhas dos nossos corpos. Não doeu muito, mas eu ainda teria que ficar com um pequeno curativo até o fim da semana. Adam trepidava sobre os próprios calcanhares e Teri e eu tirávamos sarro de como ele mexia nos cabelos, demonstrando ansiedade.

— Eu vou dar um pulo em casa. Nos vemos daqui à pouco. – Falei.

— Ok. – Teri disse, coçando de leve a têmpora.

O meu ferimento também estava coçando e vê-la coçar me dava mais vontade. Mas eu não podia por causa do curativo. Que droga!

Passei em casa e coloquei a camiseta azul que Dave havia me dado, ela tinha o nome do time, "The Baton Rouge Packers" escrito em letras amarelas e mais ou menos na altura do colo. Victor estava na sala quando desci, sentado a vontade no sofá. Acho que foi a primeira vez que o vi pelo menos um pouco relaxado, afinal aquele era tecnicamente um dia de lazer. Mas, sem fugir a regra, ele continuava de camisa social. Qual não foi a minha surpresa ao ver Michael descer as escadas, trajando jeans, camiseta, boné e tênis esportivo. Eu quase cai para trás.

"Mas o que?"

— A que horas é o jogo? – Perguntou ele, ajeitando a camiseta de linho azul-escuro e mangas compridas, que ele despretensiosamente puxava para cima até os cotovelos.

— Ainda falta uma hora. Mas é melhor sairmos agora se quisermos pegar lugares na frente. – Informei, ainda olhando embasbacada para ele.

Aquele visual o fazia parecer pelo menos cinco anos mais jovem e, apesar de não ser tão elegante como de costume, a roupa ainda gritava o nome da grife na etiqueta.

— Por que está me olhando assim? – Ele perguntou com o cenho franzido.

— Você está informal. – Respondi titubeante.

Ele sorriu amarelo.

— Achei mais apropriado. Mas talvez eu devesse colocar um terno, como Victor.

— Não! Não. Está ótimo! Podemos ir?

Ele sorriu, agora com mais vontade.

— Claro.

Meu pai e eu perdemos cerca de cinco minutos discutindo sobre em qual carro iríamos. No fim ele venceu, porque concordei que Victor ficaria esquisito andando com seu visual escritório chic no banco de trás.

O estacionamento da escola estava abarrotado de gente e o campo nem se fala. As arquibancadas estavam quase cheias, mas, por sorte, Teri, Lynn e Crystal já estavam lá, nos bancos da frente e sempre guardavam pelo menos dois lugares para imprevistos. Victor se sentou bem atrás de nós, e por deus, ele era o único de camisa social ali. Mas não parecia realmente se incomodar. As garotas olharam para Michael com um misto de espanto e admiração, e pensei ter visto suas bochechas corarem por um instante. Por que garotas nessa idade tinham que achar homens mais velhos atraentes? Que nojo. Era o meu pai! Bati no ombro de Teri discretamente quando me sentei a seu lado.

— Desculpa. – Ela disse, dando um risinho. – Mas seu pai é muito lindo. – Falou baixo.

Revirei os olhos. Meu pai sentou no acento ao lado do meu e as cumprimentou de forma breve, já as três nem disfarçaram, acenando bobamente. Vi que elas não vestiam camisetas do time, como eu, e me senti um pouco desconfortável em saber que aquela não era uma coisa geral. As garotas e eu ficamos conversando por um tempo, enquanto meu pai e Victor falavam entre si, ou no celular. E então Crystal foi quem finalmente nos alertou.

— O jogo vai começar!

Olhamos para o campo e o time visitante se apresentava, usando uniforme branco. De longe notei um garoto, alto e loiro, que trazia a braçadeira de capitão e um olhar intenso e sagaz. Tive certeza de que o conhecia, mas demorei alguns instantes para me lembrar de onde. Porque ele definitivamente estava diferente.

— Espera. Aquele é o Marcus! – Falei, boquiaberta. – Caramba, não acredito!

— Hein? – Lynn perguntou, confusa. – Quem é Marcus?

— O capitão do outro time. Eu conheço ele.

Elas olharam na direção do rapaz, que tomou um gole de água, observando o campo.

— Tá, ele é um gato. – Disse Crystal. – Mas os garotos do nosso time não são os maiores fãs do seu amigo. Eles estiveram aqui no final do ano passado, e a coisa acabou ficando pessoal. Entende?

— Mesmo? – Perguntei consternada.

— Mas de onde você conhece ele afinal? – Inquiriu-me Teri.

— Ele estudou comigo no internato, éramos relativamente próximos. Mas há uns dois anos o pai dele, um industrial de Nova York, o tirou do colégio. Eu até tentei manter contato, mas acabamos deixando pra lá e nunca mais tive notícias dele.

— Relativamente próximos? Vocês tinham alguma coisa? – Crystal perguntou maliciosa.

— Não! Éramos amigos, apenas. Acho que ele era meu único amigo garoto. – Confessei.

Acompanhei as três quando elas voltaram a fitar o campo para ver os garotos de uniforme azul do Spacecrafts adentrando o gramado, com a mesma expressão obstinada dos adversários. Levantamos e batemos palmas. Dave, o capitão, Adam, o quarterback e Kyle, o centroavante estavam mais a frente. Ambos os times se metralhavam com os olhos. Com certeza não se tratava só de futebol. Adam foi o primeiro a ir até a linha que dividia o campo e o capitão do outro time fez o mesmo, encarando-o de perto.

— Aquele não é o Marcus? Filho do Andrew Burke? - Meu pai perguntou, dirigindo-se a mim.

— É. Eu acho que sim. – Falei, sem tirar os olhos dos dois rapazes. Um era meu velho amigo, e o outro, meu mais novo amigo. Estranho e irônico ao mesmo tempo.

Jason logo chegou, sentando-se ao lado de Lynn. Teri não desgrudava os olhos de Kyle, mesmo com Hanna sacudindo seus pompoms de líder de torcida todas as vezes que ele lhe dedicava um passe e, no meio do jogo, eu já havia perdido as contas de quantos gritos e urros tinha ouvido partir dos jogadores. As batidas eram tão violentas que alguns deles sangravam, mesmo com toda a proteção. Meu pai vibrava a cada jogada. Acho que ele estava mesmo recordando o passado no colégio, mas não parecia saber exatamente para que time torcer. Admito que, assim como eu. Victor estava mais preocupado com o celular. Quando foi que eles trocaram de lugar? Ou talvez fosse esse o ponto. Para que meu pai conseguisse se divertir um pouco, Victor tinha que ser a secretária eletrônica.

Em algum momento meu pai se retirou, acompanhado de Victor, para atender uma ligação realmente importante. Fiquei um pouco irritada, mas as garotas tiveram sucesso em me distrair fazendo piadinhas sobre Janice e suas macaquinhas adestradas da torcida, e alguns atletas de canela fina.

O jogo acabou empatado. Só que isso gerou mais confusão do que se tivesse terminado na derrota de um dos dois. E houvera muitos empurrões e ofensas pesadas. Já com os ânimos mais abrandados, os garotos de Nova York se preparavam para sair do campo, quando Adam acenou para onde estávamos e atraiu a atenção de Marcus para nossos acentos. Ao contrário de mim, ele não demorou nem mesmo um segundo para me reconhecer e franziu o cenho surpreso, abrindo um meio sorriso divertido.

Ele deu alguns passos a frente e soltou um risinho abobalhado.

— Amanda? – Indagou, olhando fixamente para meu rosto, a fim de ter certeza de que era realmente eu. – Caramba. É você mesmo, Mandy! – Ele disse, jogando o capacete no chão e andando depressa até mim.

— Eita! – Teri reclamou quando ele esbarrou nela ao me erguer do chão com um abraço de urso.

Ficamos alguns segundos daquele jeito, até que ele finalmente me pôs no chão, encarando-me com um sorriso de orelha a orelha.

— Eu não estou acreditando que é você. De verdade. Quando foi que saiu daquela prisão? – Ele perguntou.

— Há algumas semanas. – Respondi.

— E o que faz aqui?

— Eu estudo aqui. – Expliquei, mexendo as mãos de maneira aleatória no ar.

Marcus abaixou os olhos para minha camiseta e pareceu embaraçado, e desapontado.

— Ah. Estou vendo que seus pais também quiseram te dar uma experiência na escola pública, depois dos anos no inferno. Mas sei lá, de todos os lugares do mundo, por que essa cidade? Não é bem o estilo da sua família.

— Eles estão numa fase meio excêntrica, acho.

— Nossa. – Ele suspirou. – Já faz quanto tempo? Uns dois anos? Você tá incrível. Mais linda do que eu me lembrava. – Ele disse me olhando de cima para baixo, não como Dave quando nos conhecemos, mais como se ele estivesse mesmo contente e admirado.

Sorri envergonhada.

— Você está ótimo também. – Falei, sincera. – Mais alto e forte!

— Na escola pública não tem críquete. – Ele riu, dando de ombros. – Me empenhei no futebol e virei até o capitão do time. – Ele disse, exibindo orgulhoso a braçadeira.

— Eu vi. Vocês mandaram muito bem.

— É. Mas teríamos mandado muito melhor se esses idiotas não roubassem tanto.

— O que? – Teri se manifestou, se enfiando entre nós, mas Crystal e Lynn a puxaram de volta, arrastando-a para longe.

— “Esses idiotas” agora também inclui a mim, não se esqueça. – Falei, arqueando divertidamente uma sobrancelha.

Ele abaixou a cabeça, balançando-a negativamente.

— Não, não você. Você é uma Nova Yorkina. Não importa para onde seus pais tenham te arrastado. – Ele disse com semblante firme.

— Qual é? Eu gosto daqui. E gosto das pessoas. Eles são muito legais.

— Tá bem. Agora só falta você me dizer que é amiga desses ignorantes que acham que jogam alguma coisa.

Cara de paisagem!

Ele percebeu, mas eu já desconfiava de que iria.

— Não brinca! Esses imbecis não chegam nem na sola do seu Louboutain mais gasto. Ou qualquer coisa assim.

— Eu não me importo com essa idiotice de classes sociais, Marcus, você sabe muito bem. E até onde eu me lembro, você também nunca se importou. – Falei levemente alterada.

— E continuo não me importando. Mas isso não é sobre dinheiro. – Ele disse, parecendo meio ofendido. – É sobre intelecto. Sobre comportamento. Esses caras são um bando de selvagens!

— Pelo o que eu vi agora pouco, o comportamento de vocês não foi menos bruto que o deles.

— Isso é no campo. Durante o jogo temos que ser sim como animais. Mas é muito diferente quando o jogo acaba. E eu continuo sendo um cavalheiro, como você me conheceu. Lembra?

Sorri. Ele continuava mesmo tão charmoso e carismático quanto antes. Marcus sempre soube exatamente como contornar a situação. Rimos e ele voltou a me abraçar, agora de maneira mais calma. Segurando mechas do meu cabelo e comentando como havia crescido.

— O que você ainda faz aqui? O seu grupinho já desapareceu faz tempo. – Dave grunhiu atrás de Marcus. Fazendo-o se virar automaticamente para ele.

O garoto a nossa frente o encarava de maneira realmente selvagem, com Ryan e outros três jogadores nas suas costas. E ele pareceu mais nervoso ainda quando me viu ali. Marcus por sua vez cerrou a mandíbula. E como eu, olhou ao redor. Realmente, estivemos tão entretidos com nosso reencontro inesperado que nem havíamos percebido que ele era o único de seu time ainda em campo. E isso não era bom. Nada bom. Onde estava Adam? Ou Kyle? Qualquer um que não estivesse guardando Dave como um cão fiel.

— Eu já estava de saída. Vem comigo. – Marcus disse, pegando minha mão. Mas Dave cortou bruscamente nosso contato, me arrastando pelo pulso para o lado dele.

— Se você não percebeu, ela é uma das nossas. Não viu a camiseta que eu mesmo dei pra ela? – Dave disse, como se eu fosse uma propriedade privada.

Fiquei tão estarrecida, que não consegui ter nenhuma reação imediata. Mas com Marcus era outra história.

— Solta ela. – Ordenou com tom ameaçador.

Dave riu debochado.

— E você vai fazer o que? São cinco contra um. Ela fica!

Finalmente acordei do transe em que eu estava e franzi o cenho, nervosa.

— Dave! – Ele se voltou para mim quando vociferei. – Me solta! Marcus é meu amigo, me conhece há muito mais tempo que você.

O moreno pareceu confuso e irritado, e estreitou as sobrancelhas, mas em nenhum momento afrouxou o aperto ao redor do meu pulso.

— Isso não interessa. – Voltou a encarar o outro com ar de desafio.

— Solta logo ela, imbecil! – Marcus falou agora irado.

Ryan e um dos outros garotos se moveram para a frente e bloquearam Marcus, o segurando quando tentava passar.

De repente Dave soltou meu braço e me virou de frente para ele, segurando meus ombros e apertando-os moderadamente. Encarei-o assustada.

— Você se mudou para cá, Amanda. Agora pertence a essa escola! Então você tem que dizer se está comigo ou com ele! Fala! – Exigiu, zangado.

Eu estava surpresa e assustada com aquela situação e não conseguia falar um “a” sequer. Como íamos sair daquela situação?

— Eu posso saber... – Ficamos todos alertas com uma voz diferente na confusão. – Por que você está com as suas mãos em cima da minha filha?

Voltamo-nos atônitos, e sobressaltados, para a figura parada com uma expressão de absolutamente nenhum amigo.

"Pai?"