Prague delicious

Capítulo 26: Never Gonna Be Alone.


O tempo está passando

Muito mais rápido do que eu

E estou começando a me arrepender de não passá-lo com você

Agora estou imaginando porque deixei isso preso dentro de mim

Então, estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você

Então, se eu ainda não te disse, tenho que deixar você saber que...

Never Gonna Be Alone - Nickelback.

***

Pov.: Bryan.

— Você o quê? Como? Quando você descobriu? — perguntei.

— É. Eu estou com leucemia. Descobri há uns sete meses...

— Mas... Nós estávamos aqui há sete meses. – Avery afirmou. Olhando pra ela.

A mesma assentiu como resposta.

— Sim. Todas aquelas minhas viagens foi em prol disto. Eu estava buscando tratamentos.

— E conseguiu? — perguntei.

— Sim... Quer dizer. Eu descobri um pouco tarde. — ela disse, olhando para os próprios pés. — Os remédios tem surtido efeito. Mas o médico não me garantiu muito tempo de vida.

— Quanto tempo? — perguntei.

Dessa vez segurando todas as lágrimas.

— Seis. — ela disse, praticamente, murmurou.

— Seis o quê? Anos?

— Meses. — eu balancei a minha cabeça em desaprovação. — Mas, o médico me garantiu que eu, provavelmente, terei mais algum tempo.

— Cara. Porque você não me contou antes?

— Não queria que ficasse preocupado.

— Ah, que bela desculpa! E agora eu estou como? Com a minha mãe morrendo. Eu estou tranquilo? Acho que não. E o que eu posso fazer? Porra nenhuma! Por que? Porque quando era pra me contar, não me contou. Mas que merda.

— Calma Bryan. — Avery murmurou em meu ouvido calmamente.

— Isso. — minha mãe disse. — O médico disse que é para eu viver tranquila. Porque pode ser que eu viva mais dois dias, mais dois meses ou até mais dois anos. Ele não sabe. A leucemia é uma coisa muito incerta.

Para variar... comecei a chorar.

— Ah que ótimo. — ironizei.

— Eu queria poder pedir desculpa. Gostaria que vocês me perdoassem de verdade. Porque eu fui egocêntrica. Me perdoam? — minha mãe perguntou.

Por conta própria eu irei dar ênfase ao egocêntrica. Porque não foi só ela.

— Claro. — eu e Avery dissemos, em coro.

— Pelo menos, se eu morrer, não vou morrer com a consciência pesada. — minha mãe disse e abaixou a cabeça.

Pude perceber uma lágrima caindo. Me aproximei dela, e sentei ao seu lado.

— Não diga isso. Você só vai morrer quando você tiver mais de noventa anos. Avery sorriu, observando-a.

— Não irei desistir de lutar. Por vocês. Pelo meu neto... Quero poder ver vocês se casando. Quero estar presente neste dia. — minha mãe disse confiante.

— E você estará! — afirmei, e ela sorriu.

***

Eu e a Avery passamos a tarde lá. (À propósito, ela comeu todos os bolinhos). Eu preferi dormir em casa, porque eu queria chorar mais.

***

Você nunca vai estar sozinha

De agora em diante

Mesmo que você pense em desistir

Não vou deixá-la cair

Você nunca vai estar sozinha

Vou te abraçar até a dor passar...

Pov.: Avery.

Tipo. Eu estava pasma. Eu estava pasma e cheia de muffins no estômago. Tipo, como que ela tem leucemia? Eu percebi que Bryan estava super abatido. Também né.

— Não fica assim amor. Sua mãe é forte. Ela vai conseguir. — ele retornou a chorar.

Ele sempre chorava quieto. Ele, basicamente, ignorou o meu apoio. E continuou a chorar em silêncio.

Não demorou muito para chegar em casa. E Bryan igual a um doente, jogou a chave do carro em cima da mesa estilo que-se-dane-o-mundo. E subiu correndo. Fui atrás dele. Sem poder correr muito. Mas é a vida... Quando cheguei lá em cima, bati na porta do quarto. Ninguém respondeu.

Meti a mão na porta para abrir. Estava trancada.

— Porra! Agora vai ficar nessa? — perguntei, extremamente estressada.

— Nessa como? — ele murmurou, o veado estava próximo da porta.

— Me ignorando! Mas que merda!

— Eu não estou te ignorando.

— Então você está o quê? Interagindo? — fiz uma pergunta irônica.

— Eu só estou quieto.

— Larga de ser dramático, porra!

Ele abriu a porta. De cara amarrada. Com certeza ele abriu muito contra gosto.

— Eu dramático? Minha mãe está morrendo. E eu que sou dramático?

— É! Você é dramático e bipolar!

Ele estava me estressado de uma forma, que eu estava a ponto de dar um soco nele! Ele parou pra pensar um tempo.

— Não enche Avery! Valeu?

— Okay! — sai, e fui em direção as escadas.

— Espera Avy. Desculpa. — ele segurou no meu braço.

Eu parei para pensar um pouco também. Talvez eu estivesse pegando pesado.

— Tá. Agora você já pode me dar um abraço. Você me estressou muito. — fiz biquinho.

— Ah, vem cá gata. — ele me puxou pelo braço e me abraçou.

— Agora me carregue para o quarto. Porque as minhas pernas estão cansadas. — ordenei.

— Folgada né. — ele disse, e me pegou no colo.

— Vamos meu súdito! Me leve até os meus aposentos. — falei, apontando para frente.

— Súdito não. Escravo.

— Isso meu escravo! Fale menos e trabalhe mais! — ele riu. E continuou a andar.

***

Depois disso, só acordei de manhã. Bryan já não estava mais em casa. Coloquei a minha mão no criado-mudo à procura do meu celular, e encontrei um papel. Peguei-o, e era um bilhete.

"Amor, vá até o seu armário. Pegue uma sacola, nele está um presente.

Com amor, Bryan. :)"

Ah, é claro que eu corri para ver a tal sacola. E era a mesma do dia anterior, no qual eu não sabia o que era. No dia estávamos brigados e tal...

Saquei da bolsa um vestido vermelho, Carolina Herrera. (É fácil reconhecer um vestido de marca, quando se vê um). Ligeiramente justo e curto.

E tinha um outro bilhete junto do vestido.

"Agradeça ao Taylor, Diego e Luccas. Porque foram eles que me deram ideia de comprar esse vestido. Quero ver você usando esse vestido hoje a noite.

Te amo."

— Óbvio que essa ideia não seria partida dele. — murmurei para mim mesma, sorrindo.

Desci para comer. Parece que eu vivo pra isso. Mas é mais ou menos isso. Daqui a um tempo, posso até sair de casa rolando. Porque olha...

E agora, enquanto eu puder

Vou te segurar com ambas as mãos

Pois sempre acreditei

Que não há nada que precise a não ser você

Então, se eu ainda não te disse

Tenho que deixar você saber...

***

Pov.: Bryan.

Sábado. Dia perfeito para um jantar especial. Mas antes de tudo eu precisava tirar a Avery de casa.

Pensei primeiro na Rebecca, eu não iria ligar pra ela. Annie, eu não tinha o número dela. Sophie! Ah, porque não pensei antes nela.

Disquei o número dela. Demorou um pouquinho para ser atendido.

— Alô. — ela disse.

— Oi Sophie, é o Bryan.

— Ah... Oi Bryan!

— Eu preciso de um favor seu. Urgente!

— Manda.

— Você poderia arrastar a Avery para o shopping? Ou pra qualquer lugar? — perguntei.

— Posso... Mas por quê?

— É porque eu tenho uma bela surpresa pra ela hoje. Mas ela não pode estar em casa.

— Ah, tranquilo. Posso sim.

— Mas ela não pode saber.

— Okay, okay. Bye.

— Bye, darling.

***

Pov.: Avery.

Fiquei recostada no sofá lendo "Jogos Vorazes".

Até eu ter que correr atrás do meu celular que estava tocando. (Irei dar ênfase ao 'correr' porque, vamos combinar, uma grávida não tem condições de correr né).

Era a Sophie! Tinha tanto tempo que eu não falava com ela...

— Soph?! — perguntei, animada.

— Oi Avy! Como está a senhorita? — ela perguntou rindo.

— Ah... eu tenho tantas novidades para te contar!

— Show. Vamos hoje no shopping?

— Claro! Que horas?

– Agora.

– Beleza. Pode passar aqui?

– Claro gata! Estou indo agora. Beijo, beijo.

– Beijo.

Você nunca vai estar sozinha

De agora em diante

Mesmo que você pense em desistir

Não vou deixá-la cair

Quando toda a esperança se for

Sei que você pode continuar

Vamos ver o mundo sozinhos

Vou te abraçar até a dor passar

Ooooh!

Você tem que viver cada dia

Como se fosse o único

E se o amanhã nunca chegar?

Não o deixe escapar, poderia ser a nosso único dia

Você sabe que apenas começou

Cada dia, pode ser nosso único

E se o amanhã nunca chegar?

Amanhã nunca vai chegar?...

Desliguei e fui me arrumar. Eu acho que Bryan não iria se importar se eu usasse o meu vestido novo. Já que esse era um momento especial, tinha muito tempo que eu não via a Sophie, e estou morrendo de saudade.

Poucos minutos depois ela apareceu.

Desci correndo e abracei-a com toda a minha força.

– Soph! Quanto tempo! Te amo garota.

– Também te amo. Vê não some mais hein! – ela disse, e eu assenti. E fomos em direção do carro.

– Como você está? – perguntei-a.

Ela também ficou em coma como eu.

– Bem melhor. – respondeu sorrindo. – E você?

– Tirando a parte de eu estar grávida com dezesseis anos e, também, o fato de estar perto do aniversário do meu namorado e eu não sei o que fazer. Está tudo ótimo. – falei, sorrindo.

– Você está o quê?

– Cara, você não sabia? – perguntei, fitando-a incrédula.

– Não. Quantos meses?

– Já fez quatro. – falei, e ela sorriu.

– Ótimo. E eu vou ser madrinha né?

Eu ri.

– Claro né.

– Então iremos fazer muitas compras. –

Mas eu nem sei o sexo do bebê.

– Dane-se. Eu estou afim de comprar.

– ela disse, e eu olhei para ela.

Eu estava realmente com saudade daquele ser humano. Ela me fazia rir. E isso que a fazia minha melhor amiga.

***

O tempo, está passando

Muito mais rápido do que eu

Estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você

Você nunca vai estar sozinha

De agora em diante

Mesmo que você pense em desistir

Não vou deixá-la cair

Quando toda a esperança se for

Sei que você pode continuar

Vamos ver o mundo sozinhos

Vou te abraçar até a dor passar...

Passamos a tarde toda no shopping. Sophie me deixou na porta de casa. Até perguntei se ela não queria entrar. Mas ela disse que tinha que jantar com a mãe dela. Não insisti.

Quando entrei dentro de casa. Me deparo com uma puta surpresa.

(...)

Estarei lá de qualquer forma

Não vou desperdiçar mais nenhum dia

Estarei lá de qualquer forma

Não vou desperdiçar mais nenhum dia.