Porto Seguro

VII. O teu sorriso (ainda) me ilumina


Itachi estava tendo um mau dia.

As câmeras de segurança captaram movimentações suspeitas nos fundos dos jardins da ala sul, e Hiashi passou meia hora gritando sobre como ele deveria estar vigilante vinte e quatro horas por dia; o homem não julgaria um pai de família preocupado com a segurança dos entes queridos, mas certamente julgaria um empresário corrupto com medo de gangues rivais roubarem documentos importantes que colocariam tudo a perder.

Além de ter de ouvir o sermão calado, assentindo a cada pequeno ataque de pelancas do chefe, Itachi também não viu Hinata naquela manhã, tampouco na noite anterior.

Apesar de estar de volta para a mansão, não eram todos os dias que suas rotinas coincidiam, e cada um desses dias tornava Itachi mais ranzinza e mal-humorado.

As preocupações de um ataque eminente faziam seu lado protetor aflorar, e se tornava ridiculamente insuportável. Hinata não era mais uma criança, a mercê de homens como Itachi, contratados para trabalhos sujos e obscuros. Hinata tinha 21 anos, e sabia se cuidar; ao menos, correr quando fosse preciso.

Mas por que aquela sensação de insegurança continuava a atormentá-lo?

Rondando pelos corredores do lado de fora, Itachi avistou uma movimentação nos gazebos de madeira, próximos às cerejeiras. Parou, atento. Reconheceria os fios negros de qualquer lugar. Aproximou-se, como quem não queria nada.

Sua única intenção era certificar-se da segurança de Hinata e sua professora, não atrapalharia a aula. Contudo, pouco discreto, passou sob o olhar da Hyuuga, que, tal qual criança em dia de natal, abriu o maior dos sorrisos.

Não importava o quão obscuro estavam seus pensamentos; o quão apertado estava seu coração. O sorriso de Hinata ainda era capaz de iluminá-lo.

— Hm, senhorita Shizune? Se incomodaria de buscar os livros da aula passada? Gostaria de tirar algumas dúvidas sobre o conteúdo. – sua voz pareceu perfeitamente inocente, e a professora assentiu, saindo para a mansão.

Mal a mulher saiu de vista, Hinata voltou-se para Itachi, correndo até que estivessem colados em um abraço.

— Senti tanto sua falta. – ela murmurou em seu ouvido – Mal conseguimos nos ver.

— Eu sei, querida. – afastou-se, alerta – Seu pai está mais alerta do que nunca.

— Aquelas movimentações, não é? Ouvi as cozinheiras comentando. – mordeu o lábio. Itachi suspirou, o instinto de protegê-la falando mais alto do que nunca.

— Não queria que tivesse descoberto sobre isso, mas não precisa se preocupar. Reforcei pessoalmente a segurança. Seja quem for, não chegará a dois metros de você.

— Eu tenho certeza de que não é a mim que eles querem. – ela rolou os olhos.

— Mesmo assim. – estava sério. Segurou o rosto da garota entre as mãos – Você é minha prioridade. Não me interessa mais nada.

Hinata assentiu, com um sorriso capaz de iluminar até mesmo o lado escuro da lua. Inclinou-se, pedindo por um beijo que Itachi seria incapaz de negar.

Imaginou se estaria se tornando um condescendente; Hinata sempre conseguia dobrá-lo. Contudo, acalmou seu coração das preocupações desmotivadas. Convenceu-se de que estava sendo paranoico.

Estava errado. Hinata desapareceu no dia seguinte.