Porto Seguro

VIII. O frescor do dia a dia combina com teus lábios


Itachi tornou-se nada menos que um demônio. Nenhum dos funcionários foram capazes de entender tamanho desespero e fúria condensados em um único homem; muitos imaginaram que seria por medo da reação do magnata Hyuuga, que, ao descobrir do sequestro da filha primogênita, passou o dia aos gritos pela mansão.

A imprensa se reunia na frente dos portões. O sequestro da herdeira Hyuuga se tornou notícia nas primeiras horas da manhã. Itachi descobriu sobre o sumiço pouco tempo antes, durante a madrugada, enquanto percorria os corredores para encontrar Hinata.

Ela não estava no quarto. Itachi estranhou ao ver as portas da varanda abertas; sempre estavam com uma ligeira fenda destrancada, porque Hinata gostava da brisa noturna, mas nunca totalmente escancaradas. Seus instintos se alertaram imediatamente, e ele percebeu parte da trepadeira descolada da grade.

Seguiu os rastros até os portões do lado oeste, onde o sistema de segurança havia sido destruído pelo que parecia uma pequena explosão. A partir deste momento, Itachi não descansou um só minuto. Atônito, furioso e desesperado, soou os alarmes e acordou toda a casa. Hiashi apareceu no primeiro andar ainda de robe, e, quando Itachi lhe deu as notícias, em uma frase ríspida e direta, a senhora Hyuuga desfaleceu nos braços da acompanhante.

O sol raiou, mas Itachi não sentia o calor. Não sentia nada; era como uma eterna nuvem cinza pairando sobre ele. Sem Hinata, nada fazia sentido. Até mesmo o frescor do dia a dia combinava com seus lábios; enquanto isso, a brisa passava por ele e sequer era capaz de senti-la.

Ele iria encontrá-la. Nem que precisasse ir ao inferno. Como um homem da escuridão, Itachi já tinha cometido muitos pecados, mas Hinata não seria um deles. Hinata era sua redenção. Seu porto seguro. Sem ela, tornava-se apenas um barco à deriva.

E, sem Hinata, não havia limites que Itachi não estaria disposto a ultrapassar.

Analisou a explosão das travas de segurança e descobriu, em toda a cidade, as lojas que vendiam aquele modelo. Entrou em contato com cada uma delas, utilizando sua influência e determinação – leia-se inescrupulosidade— para ter acesso às câmeras de segurança.

Ele descobriria quem teria sido estúpido o suficiente para sequestrar Hinata. E, quando o fizesse, fazia essa pessoa se arrepender.

Hiashi entrou em sua sala, abalado. Se Itachi não o conhecesse, diria ser apenas um homem perturbado pelo sequestro da própria filha; mas, infelizmente, Itachi o conhecia.

— Acha que vão tentar uma negociação? – perguntou, andando de um lado a outro sem manter a compostura.

— Não. – disse, curto e grosso – Teriam entrado em contato pedindo por dinheiro.

Faziam doze horas.

— Então o que esses canalhas querem? Provas? – sibilou, com ira. Itachi estava a ponto de quebrar seu pescoço apenas pela forma que ele se referia à Hinata; uma mera moeda de troca para algo mais importante.

— Não sabemos ainda, mas pode ter certeza que não conseguirão nada de nós. – incluiu-se no plural de propósito. Hiashi, percebendo seu estado, deixou-o trabalhar sozinho.

Tinha suspeitas, e esperava que não estivessem certas.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.