— O que você quer de mim, Inês? - falou tentando se controlar naquele momento por perceber que ela estava quase chorando.

— Eu só queria que você me amasse como eu te amo!!! - gritou o que estava engasgado em sua garganta a muito tempo. - Eu só queria o seu amor...

Victoriano parecia não acreditar no que estava ouvindo, tanto tempo, tanto tempo em que ele quis ouvir aquela frase e agora ela estava ali e ele não conseguiu se quer ter uma reação. Inês o olhava com o coração acelerado depois de declarar o que tanto guardava por falta de oportunidade e de conversa e o silêncio dela fez com que as lágrimas rolassem por seu rosto sem controle.

— Pode parecer tarde demais pra qualquer coisa entre nós dois, mas eu não aguento mais guardar o que eu sinto por você e diante do seu silêncio eu entendo que é o nosso fim... - soluçou deixando mais lágrimas escapar de seus olhos.

Victoriano parecia perdido diante das declarações dela, mas quando ouviu a palavra "fim" voltou a si e sem pensar duas vezes avançou nela a puxando para seus braços e colou seus lábios aos dela pedindo espaço para que aquele beijo por fim acontecesse. Inês chorou mais em seus braços, mas não deixou de beijá-lo e o prendeu junto a seu corpo sentindo a necessidade de não deixá-lo sair mais dali.

— Eu te amo... - ela falou ofegante assim que o beijo terminou.

Victoriano tinha uma mão em seu pescoço e a outra em sua cintura a prendendo em seus braços. Ele sorriu e quando ia responder o mesmo ouviram batidas na porta e a voz da filha os chamando e pedindo para abrir a porta, ele sorriu para ela sabendo que não poderiam deixar de atender e Inês se afastou com o coração acelerado.

Eram tantas questões naquele casamento que o silêncio dele perante todas as declarações dela a deixava sem chão e sem saber o que fazer ou o que pensar. Tinha declarado seu amor por ele e ele simplesmente não tinha respondido nada além daquele beijo... Ela poderia acreditar que o beijo era a resposta para tudo? Ou era apenas o momento se deixando levar? Algumas perguntas martelavam mais forte em sua mente enquanto o via pegar a filha nos braços que sorria com tanto amor.

— Papai, eu quero passear... - falou com os olhos brilhando não podendo ser negado nada a ela daquele modo. - Vamos?

Ele sorriu e olhou para Inês que já tinha secado as lágrimas para não assustar a filha, queria saber se ela não ficaria chateada dele sair com a filha para passear de cavalo e no meio da conversa deles.

— Vamos mamãe? - pediu toda linda. - Trovão quer passear. - se referiu ao cavalinho de pelúcia que estava em sua mão. - Quer muito mesmo.

Inês sorriu de leve e foi a ela beijando seu rosto com todo amor.

— Vá passear com seu papai já que não o vê a dois dias. - falou com calma. - Mamãe precisa resolver algumas coisas. - acariciou seus cabelos e ela agarrou Inês pelo pescoço e a beijou.

— Te amo mamãe. - sorriu piscando os dois olhinhos.

— Eu também te amo muito meu amor. - piscou também e depois olhou para Victoriano.

Ele estava com todos seus sentimentos encontrados e apenas levou sua mão ao pescoço dela e a puxou beijando seus lábios com longos selinhos demonstrando a ela que aquela conversa não tinha acabado ainda e ela o segurou não querendo perder aquela maravilha que era estar em seus braços. Vick os olhou se beijar e como não via aquela cena os afastou empurrando cheia de ciúmes.

— Meu papai. - o agarrou deitando a cabeça em seu pescoço tapando sua boca para que ele não beijasse mais a mãe e ele riu alto.

— Eu volto logo com essa ciumentinha!!! - ele disse com calma e piscou para ela caminhando para sair do quarto.

Inês respirou fundo e sentindo a perna bamba foi até a cama e sentou levando as mãos aos lábios, ele tinha a beijado e tão maravilhosamente bem que ela estava tremendo. O beijo tinha sido ainda melhor que o primeiro e ela sorriu cheia de esperanças, era um novo começo para os dois e ela desejava de coração que desse certo porque ela não aguentava mais sofrer naquele casamento e se fosse para continuar daquele modo ela iria pegar a filha e ir embora antes que eles acabassem se odiando.

Ficou ali alguns minutos presa em seus pensamentos e logo desceu indo direto a cozinha, pediu a empregada que fizesse o prato dele preferido e mais algumas coisas que ele gosta. Ela sorriu como uma adolescente e depois de agradecer voltou ao quarto e foi para o banho, ficou ali por longos minutos e quando saiu pegou seus cremes e começou a passar em sua pele para que ficasse cheirosa para ele.

Ela sorriu com seus pensamentos e depois de se hidratar deitou um pouco para pensar no que colocaria naquela noite especial para eles e sem que percebesse pegou no sono, Inês quase não tinha dormido aqueles dois dias com a cabeça fervendo e estar de volta a casa a deixava mais tranquila e depois do que tinha se passado estava cheia de esperança e sentindo que dali em diante poderiam ser felizes finalmente. Iriam tirar o casamento do papel...

Victoriano passou duas horas com a filha andando pela fazenda e brincando com ela onde ela queria, mas seus pensamentos eram todos de Inês e em suas palavras. Ela tinha confessado seu amor por ele e tudo parecia tão diferente depois da declaração que ele não sentia mais o fardo de carregar aquele amor sozinho e o beijo? O beijo era o mais delicioso e prazeroso de se sentir, um beijo de amor verdadeiro que ele esperou como se fosse à bela adormecida para despertar daquele pesadelo que eram aqueles cinco anos em que a amou sozinho.

Depois de deixar a filha com a babá ele perguntou pela esposa e informaram a ele que ela estava no quarto e ele correu para o andar de cima entrou no quarto já querendo falar, mas ao ver seu amor adormecido na cama apenas parou e ficou ali a admirando por alguns minutos. Ele sorriu e caminhou até a cama sentando a seu lado, admirou o rosto sereno dela e levou a mão com calma para que ela não despertasse.

Inês tinha o sono leve e com o toque de sua mão ela deu um pequeno pulo abrindo os olhos assustada e olhou para os lados e depois para ele respirando então um tanto mais aliviada. Ele sorriu para seu amor e disse com calma.

— Descansa mais um pouco!!

— Não era nem pra ter dormido... - bocejou coçando o olho.

Ele sorriu e se aproximou mais dela.

— Você está cansada e ainda falta um tempo para o jantar e você pode descansar... - falou carinhoso como a muito tempo ela não ouvia.

— Fique aqui comigo então? - segurou a mão dele.

Ele sorriu se sentindo afortunado com aquele pedido como se fosse a coisa mais impossível de se ouvir dos lábios dela.

— Eu preciso de um banho que nossa filha acabou comigo. - falou com os olhos brilhando. - Eu já volto. - se aproximou dos lábios dela e sem jeito a beijou de leve sendo correspondido.

Inês sorriu e deixou que ele fosse para o banho e se arrumou melhor na cama fechando os olhos novamente e respirou profundo. Ela não se deu conta de quando pegou no sono novamente e só despertou quando sentiu ele deitar atrás de seu corpo e a envolver com seu braço na cintura dela, ela respirou profundo e levou sua mão a dele e puxou mais para que ficassem colados e sua mão junto a dele ficaram em cima de seu coração.

Não precisava palavras ali, apenas os sentimentos se encontrando e querendo ficar juntos, Victoriano beijou os cabelos dela e se agarrou mais nela querendo aquele contato para sempre e ela suspirou sentindo o calor se seu corpo junto ao dela. Ficaram em silêncio por alguns longos minutos até que ela se virou e o olhou nos olhos.

— Eu pedi que fizessem seu prato preferido... - mordeu o lábio sem saber como agir diante dele.

Ele tocou o rosto dela e disse com calma.

— Vamos jantar tranquilamente e quero te pedir desculpas por aquele dia... - ela levou dois dedos aos lábios dele o calando.

— Não vamos estragar mais nada hoje... - desceu os dedos acariciando seu rosto. - Só quero um pouquinho de paz e depois podemos ver o que será de nós!!!

— Eu não vou me separar de você, Inês e quero que isso fique claro pra você!!! - disse certo do que queria. - Você é minha esposa e vai continuar sendo!!!

— Por quê? - disse com insegurança.

— Porque eu te amo e sempre vou te amar... - tocava o rosto dela enquanto se declarava. - Sempre te amei e sempre vai ser assim!!!

O coração disparou com aquelas palavras e ela o puxou para um beijo que foi completamente correspondido por ele que devorou sua boca com uma fome de uma vida. Inês respirava pesado o apertando em seus braços e hora ou outra puxava seus cabelos até que ele ficou por completo em cima dela e no meio de suas pernas.

Ela ofegou queria mais que tudo ser a mulher dele, mas ele parou para o desespero dela e olhando em seus olhos disse:

— Inês, eu... - engoliu seco. - Eu não sei muito o que fazer... - falou envergonhado.

Inês sentiu que seu coração iria sair pela boca com aquela declaração e tocou seu rosto.

— Victoriano, você...

— Eu sou virgem, Inês...