"Obrigada por estar conosco no dia de hoje..."

Ele se sentiu ainda pior e saiu do quarto e foi ao da filha, mas também estava vazio e ele se desesperou por completo. Ela tinha ido embora? Ela tinha ido embora e levado sua filha junto e sem pensar duas vezes saiu tropeçando em tudo e desceu indo direto para seu carro e dali se foi para buscar sua esposa...

Ele estava alto de bebida e dirigiu feito um louco até a casa de seus sogros e já desceu do carro gritando por Inês e acordando a casa toda. Laura desceu junto a Roger assustados pela gritaria e ele bufou os olhando.

— Cadê Inês? - foi rude.

— Se você que é o marido não sabe... - Roger começou sem dar tempo de a esposa dizer nada.

— Não teste a minha paciência!!! - não se importou de gritar.

— Abaixe o tom pra falar dentro da minha casa. - se aproximou dele.

— Parem os dois com isso!!! - ficou entre eles dois para que o pior não acontecesse. - Inês não está aqui e muito menos avisou que viria. - olhava para Victoriano.

— Como não está aqui? - ofegou. - Ela sumiu com minha filha!!! - rosnou.

— Algo você fez para que ela tomasse essa atitude!!! - Roger falou com enfado. - Pensando bem já faz algum tempo que não vejo minha filha feliz e se foi embora eu vou apoiar!!!

— Cale a boca porque você não sabe o que diz!!! - Victoriano apontou o dedo para ele. - Ela é minha mulher e a gente se ama!!

— Victoriano, você bebeu... - Laura tocou o ombro dele. - Vamos tomar um café e você me conta o que aconteceu!! - o puxou pelo braço e olhou o marido mandando que ele ficasse ali para não causar mais problemas.

Roger os olhou ir e foi direto ao telefone e ligou para a filha que atendeu no segundo toque e eles conversaram por alguns minutos e ele logo desligou e subiu para o quarto, sorriu e deitou em sua cama para esperar a esposa. Victoriano sentou na cadeira e passou as mãos no cabelo e Laura o olhou e respirou fundo sabendo que não estava nada fácil aquele casamento desde o começo.

— O que aconteceu? - preparava o café enquanto falava com ele.

— Eu... - estava envergonhado. - Eu esqueci o aniversario de casamento e o jantar que prometi a ela estar em casa... - olhou a sogra.

— E onde é que ela está? - se aproximou e deixou o café ser preparado sozinho.

— Eu não sei... Eu pensei que ela estaria aqui, mas vejo que não!!! - abaixou os olhos. - Eu me empolguei no bar e...

— Esqueceu de dar prioridade a sua família!!! - completou para ele. - Por que se mantém nesse casamento se não é feliz, Victoriano? - o olhava bem seria. - Não percebe que vocês somente vão sofrer mais? Mais do que já sofrem dividindo a mesma cama sem ter nada em comum? - ele a olhou de imediato. - Minha filha me conta tudo e acho que já esta mais que na hora de vocês dois se resolverem, Victória já tem seu nome e se o casamento foi somente por ela já está mais que resolvido.

— Eu não vou me separar!!! - falou com certeza. - Não vou ficar longe da minha filha!!!

— Victória nunca vai estar longe de você, mas o que adianta uma união onde só a lagrimas e rancor? Você a perdoou?

Ele respirou fundo e ficou em silencio sem responder aquela pergunta que nem ele mesmo tinha a resposta, ela ficou de pé e foi pegar o café para ele, voltou com a xícara e colocou em sua frente.

— Seu silencio é mais que uma confirmação para mim!!! - respirou com tristeza. - Tome o café e vá deitar no quarto de hospedes e amanhã quando estiver melhor vá para casa.

— Eu preciso encontrar a minha mulher!!! - pegou a xícara e tomou de uma vez sentindo queimar a garganta e ela se assustou. - Eu preciso encontrar a minha mulher!!! - ficou de pé e sem mais uma palavra se foi a deixando com a palavra na boca.

Laura respirou fundo e ficou de pé, deixou a xícara dentro da pia e foi para o quarto, quando entrou Roger estava deitado na cama e sorriu para ela a chamando para ir até ele, ela foi até e deitou a seu lado em seu peito.

— Falou com ela? - disse direta e ele riu.

— Sim, ela está bem e não disse onde está!!! - apertou ela em seus braços. - Vamos descansar que aquele bundão não merece preocupação.

Ela respirou fundo não gostando de como ele tratava Victoriano, mas também não podia entregar a filha já que assim ela e Victoriano tinham decidido.

— Não fale assim porque um dia você pode se arrepender!!! - acariciou o peito dele.

— Você sempre diz isso, mas nunca me conta as coisas de verdade!!! - acariciou os cabelos dela.

— Um dia quem sabe... - o olhou e beijou na boca. - Eu te amo!!!

Ele sorriu.

— Eu te amo muito mais!!! - a beijou novamente e se arrumaram melhor na cama para dormir...

(...)

Victoriano parou no meio da estrada e pegou o celular e ligou para Cristina para saber se Inês estava em sua casa, ela o atendeu com a voz sonolenta e ele já foi perguntando por Inês e ela suspirou dizendo que ela não estava em sua casa e ele ficou ainda mais preocupado já que o telefone dela somente chamava e ninguém atendia.

Ele agradeceu e desligou o celular e achou melhor ir para casa estava ainda com muito álcool no sangue e precisava descansar e deixar que ela ficasse aquela noite também para pensar no modo em que eles estavam vivendo. Ligou o carro e foi pra casa frustrado e se sentindo um miserável e o que mais doía era não ver sua pequena.

Quando chegou em casa foi direto para o quarto e logo para um longo e demorado banho, seu corpo estava rígido e ele nem sabia o que pensar naquele momento. O álcool de seu corpo fez efeito e ele começou a chorar sem saber ao certo porque, mas chorou sentindo e só de imaginar a vida naquela solidão que se encontrava ali temeu perder Inês pra valer, mas não sabia fazer diferente e nem olhar para ela e não se lembrar do que ela tinha feito mesmo ele tendo avisado ele, se perguntou por que estava naquele casamento ainda e mesmo sabendo a resposta se negou a admitir que era por amor.

Saiu do banho minutos depois e enrolado na toalha foi para a cama ainda tonto e deitou em seu lado e automaticamente seus olhos foram para o lado em que ela dormia, pegou o travesseiro dela e o agarrou sentindo seu cheiro e suspirou sentindo o corpo pesar e o sono chegar mesmo ele querendo ficar acordado. Não demorou muito e ele adormeceu um sono conturbado e intranquilo onde seus sonhos ou pensamentos eram todos de sua amada esposa e filha...

(...)

DOIS DIAS DEPOIS...

Dois dias nos quais Victoriano buscou por Inês e não encontrou, conseguiu falar com ela somente uma vez e ela pediu que ele a deixasse em paz e ele gritou com ela pelo telefone a fazendo desligar e ele se desesperou, ela estava mesmo disposta a acabar com aquele casamento, mas ele não iria permitir que acontecesse. Ela era a sua esposa e continuaria sendo até o fim de seus dias, buscou por ela na casa de Cristina e não a encontrou fazendo com que o desespero dele ficasse ainda maior por falta de noticias.

Inês esses dois dias tratou de pensar se era isso mesmo que queria para sua vida, tinha passado por tanta coisa ao lado dele e era agradecida sempre, mas não queria mais ser humilhada por um erro que cometeu no passado. Ela não o tinha traído, simplesmente tinha seguido suas vontades e o resultado era uma filha não planejada, mas isso não dava o direito de ele a tratar como um lixo, Inês merecia mais e ela sabia disso e se ele já não a amava como antigamente somente a queria por perto para esfregar em sua cara o que ele tinha feito por ela então estava na hora de terminar aquela relação, ou melhor, aquele casamento de mentira.

O carro parou frente a casa e ela desceu do banco do carona e sorriu com a filha que cantava e batia palminhas por estar de volta a casa, abriu a porta de trás e a pegou em seus braços a enchendo de beijos e ela a agarrou por igual. Victoriano que estava um pouco afastado dali quando soube que ela passava pela porteira montou em seu cavalo e saiu em disparada para casa, ao chegar a viu de muitos sorrisos ao lado de um homem que brincava com sua filha e ela gargalhava pelas brincadeiras, ele sentiu seu sangue ferver e pulou de seu cavalo.

— Papaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... - ela gritou assim que tomou atenção nele. - Papaizinho... - se jogou para ir com ele e ele nem pensou apenas a pegou em seus braços e a encheu de beijos fazendo seu coração dar pulos de alegria por ver sua menina.

— Meu amor, minha filha, papai estava morrendo de saudades suas!!!

— Eu também papai. - o encheu de beijos acariciando seu rosto com as mãozinhas e o sorriso estava ali perfeito para ele.

— Você está bem? - perguntou todo atencioso com ela e seus olhos foram a Inês que apenas o olhava sem expressão alguma.

— Eu to... - sorriu. - Eu brinquei muito papai e nem fui pa escola. - falou traquina.

— Eu preciso ir Inês... - o homem falou.

Inês o olhou e sorriu dando um abraço apertado nele em forma de agradecimento o que deixou Victoriano sentindo o corpo todo tremer e ferver de raiva.

— Obrigada por me trazer Frederico. - sorriu mais ainda segurando sua mão. - Depois eu mando buscar meu carro!!!

Ele piscou para ela e beijou sua mão.

— Aposto que vamos nos ver antes disso!! - sorriu e sem foi para o outro lado do carro. - Tchau Vick, meu amor. - falou todo lindo e ela o olhou.

— Tchau tio!!! - deu tchau com a mãozinha mandando beijo e ele se foi.

Inês o olhou ir e depois olhou a filha.

— Vamos entrar e tomar um banho porquinha!! - foi para pegar ela e Victoriano não deixou e ela o encarou.

— Quem é esse cara? Mais uma conquista sua? - falou sem pensar e ela sentiu seu coração quebrar mais uma vez com o que ele pensava dela e engolindo o choro ela disse para confrontá-lo.

— É sim e é por ele que eu quero o divorcio!!! - e ele paralisou tremendo seu corpo todo...