CINCO ANOS DEPOIS...

É difícil de se contar cinco anos, cinco dos quais Inês viveu de um tudo ao lado de Victoriano que a levou ao limite dos sentimentos, sofreu, chorou e se sentiu a pior das mulheres por nunca poder se quer se aproximar de Victoriano ou dizer o que realmente sentia por ele. Victoriano por outro lado se concentrou apenas em cuidar daquela família e com o passar dos anos ficou ainda mais amargo.

Victoriano segurava aquela família e mesmo diante de todas as críticas de seu sogro seguia firme sem contar a verdade é proibindo Inês de contar sobre a filha. Aos 22 anos não se espera estar casado e com filho, mas ele seguiu com seus estudos assim como Inês, ganharam sua própria fazenda e nela em comum acordo montaram um haras e se dedicaram a vida a dois.

A pequena Victória era o xodó da casa e aprontava todas junto ao pai, Victoriano a amou desde o primeiro momento em que a viu chorar e isso aliviou mais o coração de Inês, mas ele era apenas pai de sua menina e nunca a tocou de forma alguma mesmo dividindo o mesmo quarto. Inês sofria calada e sempre chorava nos braços de sua mãe.

Roger seguia culpando Victoriano por tudo e percebia que a filha não estava feliz mesmo que ela negasse sempre e os dois mostrassem na frente dele que estavam bem. Laura sempre os defendia e pedia que o marido fosse mais tolerante, mas ele seguia decepcionado, não pela neta que era o seu maior amor, mas sim pelo futuro da filha "perdido".

Valentina e Ronaldo apoiaram os dois incondicionalmente e tudo que eles precisavam estavam ali para ajudar, nunca julgaram a escolha do filho e Victoriano os agradecia sempre, tinham um amor louco pela pequena Victória e todos os dias iam a casa deles vê-la. Tinham sido anos conturbados, mas eles seguiam firmes e em busca da felicidade para todos.

Naquela tarde, Inês tinha acabado de almoçar mais uma vez sozinha e respirava frustrada, Victoriano tinha prometido ir almoçar com ela naquela tarde, mas mais uma vez não tinha cumprido. Ela levantou da mesa, foi ao banheiro e alguns minutos depois voltou pegando suas coisas para sair de casa, parou assim que viu uma caminhonete encostar frente a casa e seu sorriso se iluminou.

— Meu Deus, eu não acredito nisso!!! - desceu os cinco degraus apressadamente e correu até ela a abraçando forte. - Você voltou.

Cristina sorriu e a agarrou ainda mais forte beijando sua melhor amiga com loucura. Cinco anos fora da cidade e agora estava de volta para ficar.

— Eu não aguentava mais ficar longe. - a soltou e sorriu a olhando. - Está maravilhosa.

— Um filho muda bem a gente. - riu porque estava bem encorpada depois da gravidez. - Voltou para ficar?

— Sim, decidi terminar a faculdade aqui. - estava tão feliz de rever sua amiga. - Lá fora não tem nada que eu precise mais do que minha família e meus amigos e claro a minha afilhada maravilhosa. - sorriu com os olhos brilhando, mas Inês sabia que tinha algo a mais naquele olhar.

— Vick está na escolinha e só chega às cinco. - segurava a mão dela.

— E Victoriano?

Inês no mesmo momento suspirou e soltou a sua mão.

— Está trabalhando como sempre. - mordeu o lábio e passou a mão nos cabelos. - É só isso que ele sabe fazer. - era uma clara reclamação.

— Vocês nunca vão se acerta? - a olhava com calma. - Vocês se amam e ficam aí brincando de casinha e...

— Ele me odeia!!! - a cortou com certeza. - Não é amor, não é mais!!! - a tristeza invadiu seus olhos.

Cristina no mesmo momento começou a rir, eram duas crianças birrentas que não conseguia achar uma solução para aquele sentimento que era enorme e que crescia cada dia mais. Inês podia até achar que não era mais amor o que Victoriano sentia por ela, mas o que estava em seu peito e que crescia cada dia mais era sim um amor sem controle e sem limites, mas nenhum dos dois tomava a frente para resolver aquela situação.

— Vocês pelo jeito nunca vão aprender. - negou com a cabeça. - Estão perdendo tempo e não percebem isso!!!

Inês a olhou e suspirou alto olhando toda a extensão daquela fazenda e logo seus olhos voltaram a Cristina que esperava que ela dissesse algo.

— Eu acho que ele tem outra... - quase chorou. - Nenhum homem fica sem sexo por tanto tempo, eu não aguento mais ficar assim e ele...

— Deixe de bobagens porque se você está subindo pelas paredes aquele homem enorme também deve estar!!! - segurou a mão dela. - Ele é um homem e tanto e você sabe disso, ele nunca faria uma coisa dessas mesmo tendo esse casamento de mentira. Victoriano sempre te amou e a prova desse amor é que ele continua a seu lado, outro já teria ido embora, ou melhor, nunca se quer teria feito o que ele fez por você.

— Ele esqueceu nosso aniversário de casamento. - deixou escapar uma lágrima e sorriu com tristeza. - Isso nem é um casamento.

Cristina sabia de toda dor guardada por Inês e sem hesitar a abraçou com força e ela deixou que mais algumas lágrimas rolassem por seu rosto. Era o quinto ano de casamento e mais uma vez ela criava expectativas que sempre eram destruídas pelas atitudes dele.

— Está na hora de mudar esse jogo. - Cristina falou com certeza e a olhou nos olhos. - Vamos deixar de se vitimizar e começar a mostrar a ele que o ama ou... - não quis terminar.

— Ou eu vou perdê-lo para outra... Se já não o perdi. - respirou fundo limpando as lágrimas.

— Só vai perder se continuar assim!!! - falou com confiança. - Eu estou aqui agora e vou te ajudar!!! O primeiro passo é deixar essa culpa toda que carrega e enquanto passeamos de cavalo vamos conversar sobre muitas coisas e ver o que vamos fazer pra você conquistar esse homem de uma vez por todas.

Inês sorriu e depois de mais um abraço as duas foram passear de cavalo enquanto conversavam sobre as coisas que já tinham acontecido e as que poderiam acontecer a partir dali. Ela estava confiante pela primeira vez em muito tempo, Cristina era uma amiga maravilhosa e conhecia muito bem os dois lados da moeda por ser melhor amiga dos dois.

Quando chegaram perto das baias diminuíram ainda mais a velocidade dos cavalos e os olhos das duas foram a Victoriano que estava sem camisa e sorria lindamente escovando um belo cavalo preto, com mais alguns galopes perceberam que ele não estava sozinho e os olhos de Inês mudaram completamente. Mais uma vez aquela oferecida estava ali dando em cima de seu marido e ele sorria como não sorria para ninguém além da filha.

A vontade de Inês naquele momento foi de descer de seu cavalo e ir até eles e acabar com a raça dela, mas como fazer uma cena? Não sabia nem por onde começar apenas queria puxar os cabelos dela. Cristina se aproximou mais dele e falou alto.

— Tem um tempo pra ensinar uma velha amiga? - era o modo mais simples de contornar aquela situação.

Victoriano seguiu a voz no mesmo momento e seu sorriso ficou ainda mais perfeito fazendo com que Inês sentisse seu estômago revirar. Ele era tão perfeito que ela não conseguiu deixar de olhá-lo, ele se aproximou e pulou a cerca sem se despedir da jovem que ali estava com ele e Cristina desceu de seu cavalo.

— Que saudades que eu estava de você!!! - ele disse agarrado a ela.

— Eca você está suado!!! - falou rindo e o soltou.

— É a saudade é recíproca. - falou rindo e ela o acompanhou.

— Eu senti muito a sua falta e não precisa ficar convencido. - brincou.

— Eu sei que você me ama. - seus olhos foram em Inês e naquele momento se lembrou que tinha prometido a ela almoçar juntos.

Inês abaixou os olhos e não o olhou ele era lindo demais e mexia com ela apenas em um olhar, mas naquele momento ela sentia mesmo era corroer o ciúmes ao vê-lo sorrir para aquela piriguete.

— Eu estou cheio de trabalho aqui, mas podemos tomar um suco juntos. - era como dar a Inês a desculpa por não ter ido ao almoço.

— ótimo porque o calor está insuportável. - sorriu linda para seu amigo. - Vamos.

Ele assentiu e voltou para pegar sua camisa e os três voltaram para a casa grande, Inês pediu que fosse servido um lanche para os dois e os deixou ali conversando enquanto saiu para resolver um problema com um dos animais. Os dois conversaram bastante e ele se mostrou sempre bem, muito diferente das outras vezes em que conversaram e ela estranhou.

— Você está saindo com aquela garota? - perguntou sem papas na língua e nem se deu conta que Inês chegava ali e ouvia aquela pergunta...