O coração pesava ao ligar a máquina do tempo, antigo telefone-micro-ondas, porém julgava que depois de somar algumas propriedades da máquina de salto no tempo pudesse ter sucesso, ou ao menos era o que sua razão afirmava, que tivesse finalmente encontrado a última falha a ser corrigida no processo, mas seu psicológico se abalava tanto quanto o das cobaias e era incapaz de ser otimista depois de todos aqueles meses de torturas ininterruptas.

Não era covarde o suficiente para desviar os olhos dos resultados de suas experiências, achava que devia ao menos isso a eles, como se encarar seu sofrimento fosse uma maneira de reconhecê-los e também uma autopunição. Okabe se despedaçava aos poucos por aquele objetivo, e se tornava cada dia mais insensível aos fracassos, mais acostumado àquela tortura, à beira de sua autodestruição.

Desde que aquelas experiências haviam começado, sonhava frequentemente com aquela conversa que tivera com Kurisu, e se perguntava se não estava indo contra sua vontade daquela forma, se ela não ficaria brava pelos danos que causava a si mesmo quando ela tinha abdicado de sua própria vida para que ele e Mayuri vivessem em paz. Mesmo que tivesse chegado ao ponto de fazer aquelas cogitações, não tinha parado.

Naquele dia, os olhos fixos na gaiola branca já estavam preparados para o pior, assim como o dedo posicionado para acionar a máquina do salto do tempo, mas o hamster marrom que se materializou ali, saiu logo correndo às cegas, aturdido pelo efeito colateral da viagem, e feliz por voltar ao seu lar.

As mãos de Okabe tremeram, e ele quase acionou a máquina de salto no tempo sem querer, o coração disparou, e o peso de seu corpo pareceu demais para seus fracos joelhos aguentarem, de tanta emoção. As lágrimas de felicidade verteram dos olhos abundantemente antes que ele pudesse se dar conta, ou que pudesse observar melhor a imagem que tanto lhe alegrava. Aquele era o mais próximo de salvá-la que havia chegado em todos aqueles anos, e nem todas as lágrimas poderiam expressar sua felicidade.

— Kurisu, me espere só mais um pouco, está bem? Eu estou indo te salvar – confessou entre um pranto de felicidade que contrastava com seu maior sorriso para a tela inexpressiva do computador.