Daru e Mayuri haviam sido contrários a testar a máquina de salto no tempo, mas Okabe estava resolvido, e felizmente aquela parte do plano havia saído de acordo com o previsto. Depois disso haviam retomado com ainda mais afinco o projeto da máquina do tempo, mas este se mostrara muito mais complicado do que o anterior, minando a confiança adquirida.

Anos haviam passado desde o início da pesquisa, e Okabe tinha realmente se tornado um cientista naquele tempo. Já não dependia mais da consciência daquela fria Kurisu que se mostrava atrás a tela de seu computar, fazia pesquisas sérias, provas matemáticas de todas as suas suposições, estudava profundamente todos os componentes conhecidos de sua máquina do tempo rudimentar, e buscava avidamente por um método de contornar os problemas gerados por ela.

Mesmo com todo o empenho direcionado e anos de estudos seus e de Daru, as frutas colocadas na máquina do tempo continuavam se transformando em geleia verde, para seu desalento. Estava tão próximo de fazer sua máquina do tempo funcionar quanto estava de encontrar uma maneira de salvar Kurisu.

Era um fato que estava tentando desesperadamente criar uma máquina do tempo, mas que não tinha certeza de como deveria usá-la quando finalmente estivesse pronta. A experiência com Mayuri lhe ensinara que mudar o tempo não era uma coisa fácil, que as implicações trazidas pelas menores ações poderiam ser catastróficas, e que deveria alterar o menos possível o passado que conhecera.

Ainda que estivesse preso em toda aquela confusão interna, continuava empenhando todas suas forças em abrir um caminho pelo qual pudesse trilhar em direção a ela. Já não era um simples micro-ondas, e sim uma máquina grande, criada especificamente para aquele uso, onde caberia facilmente uma pessoa, mas que continuava a conter apenas frutas, por precaução e exigência de Daru e Mayuri.

Quando fechou a porta hermética e se direcionou outra vez ao computador pessoal, não poderia mentir e dizer que estava esperançoso, apenas que continuaria tentando mesmo que suas previsões se confirmassem. Respirou fundo, fechou os olhos, e clicou o botão, mas a banana que se uniu novamente ao cacho estava longe de ser aquela que fora tirada dali momentos antes.

— Você ainda ama experimentos, Kurisu? – perguntou à inteligência artificial do outro computador que acabara de ligar apenas para vê-la mais uma vez, enquanto se recuperava mais uma vez da decepção de ver outra fruta se transformar em geleia verde – Esqueça – pediu logo depois, arrependido – Sei que emoções estão fora de sua programação – justificou-se mais para si mesmo – Por mais que Daru tenha se oferecido para tentar aprimorá-la, acho mais saudável para a minha sanidade que você se mantenha distante assim, seria mais torturante ainda se fosse a minha Kurisu atrás dessa tela – confessou, suspirando longamente.