Com ajuda de Daru e a pouca que a Kurisu do programa poderia oferecer, Okabe realmente tinha conseguido recriar a máquina de salto no tempo, muitos meses mais tarde do que a garota prodígio fizera naquela vez, entretanto, como daquela vez, estavam em conflito quanto ao teste.

— Você não pode, Okarin! – repetiu Mayuri no tom infantil e preocupado, quando ele anunciou pela décima vez que testaria a máquina.

— Não valerá nada se não for testado! – replicou ele obstinadamente.

— E se algo ainda estiver errado?! Seu cérebro pode ser frito! – alertou Daru mais uma vez – Você sabe que tinham coisas erradas nas primeiras vezes que montamos! Quem garante que esteja correto agora?

— Nós já verificamos três vezes desde o último erro encontrado, e não encontramos mais nada – justificou o pseudocientista.

— É como nos programas, os próprios programadores têm dificuldades para encontrar erros porque estão habituados a eles! Não quer dizer que não existam! – replicou veementemente.

— Se algo der errado, é só vocês mandarem uma mensagem para o passado e… – tentou sugerir mais uma vez.

— Não, Okarin! – suplicou Mayuri.

— Isso é um passo importante, é uma garantia para quando formos testar a máquina do tempo em humanos ou seres vivos! Se algo der errado nesses casos, podemos impedir, enviando as informações da falha para o passado, de forma que ninguém corra um risco real! – explicou novamente Okabe.

— E quem vai te salvar se algo der errado dessa vez?! – protestou Daru.

— Todos olharam seus celulares, não é? Não há nenhuma mensagem dizendo que algo dará errado, então, avaliando dessa maneira… – argumentou.

— Não é suficiente! – protestou Mayuri angustiadamente.

— Se o sistema de multiversos realmente existe, não há garantias… – tentou alegar Daru.

— Não, realmente não há garantias, mas eu também não posso esperar mais! Já perdemos dez meses construindo e testando algo que a Kurisu fez em menos uma semana! – reclamou frustradamente Okabe, colocando por impulso o aparato responsável por captar as ondas neurais na cabeça.

Respirou fundo, e colocou acionou o sistema que havia configurado previamente, e que deveria permitir que sua consciência retornasse três dias no tempo. Quando o mundo escureceu ao seu redor e foi tomado pela sensação das linhas do tempo mudando, um suspiro de alívio poderia ter escapado de seus lábios, se fosse possível naquela situação. Ouviu por muito pouco tempo as vozes de Daru e Mayuri protestando, exaltadas e preocupadas, mas elas logo se distanciaram enquanto a realidade se tornava indistinta.

Após um momento de silêncio e completa escuridão, seus sentidos retornaram todos de uma vez, acompanhados de uma incômoda dor de cabeça. Num segundo não entendera como havia parado ali, em seu quarto escuro, contudo a compreensão o alcançara. Aparentemente não haviam efeitos colaterais, a operação parecia ter sido um sucesso.

Um suspiro de alívio escapou por entre os lábios, e as lágrimas de felicidade marejaram os olhos. Estava afinal um passo mais próximo de seu objetivo principal, um passo mais próximo de Kurisu.