Victoriano aproveitou para comunicar a todos e quando contou a Cassandra, ela saiu correndo em busca de sua mãe e a encontrou no chuveiro, foi até ela e não se importou com a água gelada apenas abraçou sua mãe e as duas choraram sentindo aquela perda.

Seria um dia nublado e cheio de tristeza para a família e eles não sabiam quando iriam ver novamente cores para sorrir... Dor, tristeza e muitas lágrimas foram vistas naquele velório. Inês não saiu de perto do caixão de sua mãe nenhum minuto, estava fraca e as pernas quase não lhe sustentavam mais, mas dali ela não saiu e também não permitiu que Amaro fosse velado junto a sua mãe.

Pediu que ele fosse somente enterrado em outro lugar já que ele não era digno de estar no jazigo da família, ele tinha destruído tudo e não tinha ficado ali para pagar em vida, mas como pagaria ou apagaria aquela dor que ela sentia por ter que enterrar a sua mãe? Se a morte era pouco, viver também era já que ela saberia que apesar de tudo ele ainda seguia com vida e que a qualquer momento poderia voltar a fazer mal a família.

Lupita tinha dado a sua vida para que eles fossem feliz e Inês não sabia se conseguiria cumprir aquela promessa para ela, Victoriano ficou o tempo todo ao lado e quando a via quase fraquejar a segurava para que não caísse até que suas forças acabaram e ela desmaiou em seus braços tamanha sua dor. Ele a tirou dali e a levou para dentro da casa, Inês estava pálida e um tanto gelada e ele se preocupou mais ainda, ela não quis comer nada e apenas chorava sem cessar.

Um médico que estava acompanhando o velório veio e a examinou, pediu que a cobrisse e fizessem algo leve para ela comer e tratou de acordá-la, Inês abriu os olhos e quis sentar, mas ele não permitiu já que ela tremia de frio. Victoriano veio com algo leve para ela e mesmo a contra gosto ela comeu, tinha ainda mais algumas horas até o dia raiar no céu e assim o corpo de Lupita ser sepultado, ele agarrou o corpo de seu amor e a manteve ali para que ela descansasse um pouco, mas ela só fazia chorar e sem mais conseguir segurá-la ali eles voltaram para a capela deixando que as horas se fossem e o momento mais terrível chegasse.

O choro foi ouvido por muitos até que a sepultura foi fechada e eles receberam mais uma vez os abraços das pessoas queridas e logo sobraram apenas os de casa. Victoriano levou Inês direto para o quarto e depois de ajudá-la com a roupa a deitou e ela o puxou para junto de si e ali ele ficou a confortando e esquentando seu corpo que estava gelado.

— Você precisa descansar nem que seja um pouco! - falou com calma.

— Eu não sei mais como viver! - soluçou seu choro.

Victoriano não queria e não iria deixar que ela caísse em mais uma crise como tinha acontecido da outra vez, ele sabia que aquele momento era muito delicado mais iria fazer tudo para que ela não se entregasse.

— Você vai aprender e eu estarei aqui ao seu lado segurando sua mão pra não te deixar cair! - beijou os cabelos dela enquanto acariciava seus braços. - Lupita não iria gostar de te ver assim!

— Eu só a queria de volta! - se agarrou mais a ele.

— Descansa um pouco meu amor!

Não tinha palavras suficientes para confortá-la, nunca existiriam palavras certas para que seu coração não sentisse tanto e ela fechou os olhos agarrada a ele e pediu a Deus que aquela dor fosse suportável. Victoriano ficou ali com ela até que também pegou no sono por estar exausto físico e mentalmente. Aquela fazenda estava destruída e somente o tempo poderia curar ou pelo menos amenizar aquelas feridas deixadas pelo caminho.

(...)

E O TEMPO SE FOI...

Foi difícil mais aquele primeiro ano se foi, Cassandra e Alejandro se casaram em uma cerimônia simples quatro meses depois do ocorrido, optaram por não fazer uma grande festa já que a tristeza ainda era grande na fazenda e logo o pequeno Téo nasceu para dar um pouco de alegria para eles. Inês aos poucos retomava a sua rotina, não era fácil andar por aquela fazenda e não se lembrar de sua mãe, tudo ali tinha o jeito dela e ela não mexeu em nada para não perder as lembranças.

O tempo pode não curar a dor mais a deixa suportável e nos faz caminhar para frente, já fazia um ano que sua mãe tinha ido e dali da janela de seu quarto observava a movimentação na fazenda já nos primeiros raios de sol. Ela respirou fundo e tocou o colar em seu pescoço não podia mais viver naquela escuridão e Victoriano ao se virar na cama não a sentiu e de imediato levantou olhando ao redor e a viu na janela, foi até ela e a abraçou por trás beijando seu ombro.

— Bom dia, meu amor!

— Bom dia! - deitou a cabeça em seu peito.

— Por que despertou tão cedo? - acariciou a barriga dela.

— Não consegui ficar na cama... - falou com a voz tão calma.

— Você sabe que precisa descansar pelo bem de nosso bebê! - beijou os cabelos dela. - Está com fome?

Inês se virou para ele e o olhou nos olhos e sem demora o trouxe para ela e o beijou na boca, beijou com tanto desejo que ele gemeu em seus braços.

— Amor...

— Eu estou ansiosa! - acariciou os cabelos dele.

Ele sorriu.

— Você vai ver que vai ser a nossa menininha! - a beijou mais.

Inês tinha engravidado no susto, Cassandra tinha dado a luz e dias depois ela descobriu que estava grávida depois de passar muito mal. Claro que Victoriano ficou enlouquecido por ser pai mais uma vez e melhor ainda de um filho dela, mas para Inês no começo era como se nada estivesse acontecendo até que ver sua barriga apontar deu a ela uma luz.

Era o renascimento crescendo dentro de si e ela queria que fosse uma menina, queria dar a ela o nome de sua mãe em homenagem mais ainda não tinham conseguido ver o sexo do bebê e por isso ela estava inquieta aquela manhã. Eles iriam ao hospital para uma nova ultrassom e assim saber se de fato era uma menina como ela tanto queria.

— E se não for?

— Se não for então que venha com saúde e arteiro igual ao nosso Emiliano! - sabia que ela queria muito uma menina. - Ou acaso vai-me dizer que será menos amado por ser menino? - se afastou um pouco mais dela e a encarou.