— E se não for?

— Se não for então que venha com saúde e arteiro igual ao nosso Emiliano! - sabia que ela queria muito uma menina. - Ou acaso vai-me dizer que será menos amado por ser menino? - se afastou um pouco mais dela e a encarou.

Inês sentiu seu corpo todo tremer e acariciou sua barriga num gesto involuntário, nunca em sua vida amaria menos um filho teu, mas tinha a ilusão de ter uma menina, uma linda e perfeita menina para homenagear sua mãe. Ela sentia e sabia que aquele bebê era a sua salvação, ou melhor, o seu alento para aquela perda tão precoce, Victoriano a olhava nos olhos e por um momento temeu seu silencio, temeu que aquele bebê não fosse amado por ser menino e ela entendeu o olhar dele e moveu os lábios para falar.

— Se for um menino será amado sim! - foi até a cama e se sentou. - É meu filho e não será menos amado nunca!

Victoriano foi até ela e sentou a seu lado.

— Eu só quero que você esteja preparada para o que viver! - beijou a mão dela. - Sua mãe estará sempre entre-nos, afinal ela provou pra nós dois e pro mundo que por um filho a gente é capaz de tudo como sei que você também é!

— Você, não entende...

— Eu entendo mais do que pensa, Inês! - a cortou. - E é por te entender tão perfeitamente que eu quero que você deixe essa ansiedade de lado, eu sei que é complicado, mas você precisa tentar ao menos porque nossa filha sente tudo o que você sente! - tocou a barriga dela. - Vamos descansar um pouco porque nossa consulta é somente as dez!

Inês o abraçou e o beijou com calma sabendo que o que ele dizia era verdade e mais uma vez provava que era o seu amor e sua vida, eles se deitaram e ela se aconchegou nos braços dele e novamente pegaram no sono. Algumas poucas horas depois todos já estavam de pé e a casa estava uma verdadeira barulheira, eles desceram e encontraram os filhos na mesa já prontos para o café, sorriram e beijaram cada um dele e Inês pegou Téo em seus braços e o cheirou fazendo com que ele se movesse agitado em seus braços sorrindo, sentaram e começaram a tomar café.

— Mãe, deixa ele aqui no carrinho pra que coma! - Cassandra falou com calma.

— Eu não estou com fome! - falou sem tirar os olhos do neto.

— Meu amor, a gente já conversou sobre isso! - Victoriano ralhou.

Inês o olhou e diante daqueles olhos todos sobre ela, ela deixou o pequeno no carrinho e começou a comer.

— Papai, você vai me buscar na escola hoje? - Emiliano perguntou e logo bebeu de seu leite.

— Sim, vamos passear nos quatro homens hoje! - sorriu.

— Isso tem cheiro de rapariga! - reproduziu o que tinha ouvido um dos peões dizer.

— O que? - Cassandra foi a primeira a questionar enquanto Alejandro quase se engasgou com o que ouviu do irmão.

Inês por outro lado apenas elevou uma sobrancelha esperando a explicação.

— Meu filho, isso não se fala perto das patroas! - Victoriano falou rindo.

— Mais é rapariga mesmo? - falava tão inocentemente.

— Não meu filho! - tratou logo de responder ou teria dois mortos naquela mesa. - A gente só vai andar a cavalo e tomar banho de rio.

Inês ficou de pé e beijou a filha depois o neto.

— Te espero no carro! - foi o único que disse e se foi.

— Papai é um homem morto! - Alejandro falou rindo.

— E você também se não me explicar direitinho o que significa isso!

Victoriano terminou de beber seu café e depois de beijar os dois saiu puxando Emiliano para que fosse logo e deixasse os dois ali se resolverem, entraram no carro e seguiram para a cidade.

(...)

O sol estava forte e no meio do céu quando ela sentou debaixo da arvore e fechou os olhos acariciando a barriga, um vácuo de vento bateu em seu rosto e ela sentiu aquele perfume tão familiar para ela que foi impossível não abrir os olhos de imediato. Inês de imediato sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas e Lupita sorriu para sua menina tocando seu rosto.

— Mamãe... - a voz dela saiu baixinha.

— Eu estou tão orgulhosa de você! - tocava o rosto dela com as duas mãos.

— Eu sinto tanto a sua falta! - deixou que a lagrima molhasse seu lado direito.

— Eu também sinto, mas tudo nessa vida acontece por um motivo e você precisa entender isso! - beijou a lágrima dela. - Seus filhos precisam de você e a pequena também! - tocou a barriga dela com um sorriso que era pura luz.

— Mamãe, você me deu a maior prova de amor! - segurou a mão dela.

— E faria tudo de novo! - falou com certeza. - Sempre fomos duas famílias em guerra em uma cidade pequena de mais, seu pai sempre colocou a vaidade o poder e o ódio a cima do amor e eu não podia mais permitir que ele machucasse mais ninguém, você e Victoriano sempre foram duas almas com um único sentimento e por causa do seu pai você o esqueceu por muitos anos, mas Cassandra e Alejandro subiram ao altar para provar para vocês e para Amaro que o amor sempre vai ser maior que qualquer maldade.

Inês já tinha o rosto molhado com as palavras de sua mãe e em seu coração crescia a paz que ela precisava. Lupita sorria com a paz que transmitia enquanto narrava aquela historia.

— E finalmente no altar pedindo a Deus pra abençoar as alianças que seriam sua e de Victoriano, são de seus filhos! - segurou as mãos de sua menina e as beijou. - A vida tratou de unir vocês dois através de seus filhos e eu não iria permitir que seu pai mais uma vez destruísse tudo e eu escolhi vocês e escolheria milhões de vida se fosse possível!

— Esse é o segredo né? - respirou fundo. - Por nossos filhos! - sorriu.

— Sim, minha filha, por nossos filhos sempre!

As duas se abraçaram selando aquele momento em lágrimas e Lupita falou mais alguma coisa em seu ouvido que era apenas para que ela soubesse e num fechar dos olhos e um sopro de vida ela se foi deixando sua menina com o coração em paz. Victoriano que a achou naquele momento abaixou e tocou seu rosto preocupado já que seu rosto estava banhado em lágrimas, ela abriu os olhos e de imediato o abraçou com força sendo completamente correspondida por ele que não entendia as lágrimas.

— Você já está me assustando amor! - se afastou a encarando.

— Eu estou bem! - sorriu e com o movimento do corpo ele a ajudou a ficar de pé. - Eu estou muito bem! - o abraçou novamente. - Vamos apenas ser felizes com nossos filhos!

Ela sorriu para seu amor e ele retribuiu sem muitas perguntas por que há muito tempo não via aquele brilho nos olhos dela e para ele era o único que importava e eles caminharam de mãos dadas em direção a casa grande e no céu mesmo de dia apareceu uma pequena estrela que fez questão de brilhar por eles.

(...)

MESES DEPOIS...

Era aniversario do pequeno Téo e diferente do que os avos queriam Cassandra e Alejandro optaram por um lindo piquenique apenas com a família, ninguém era mais importante para eles do que a família e ver a todos sorrindo, principalmente Inês que depois daquela tarde apenas sorriu e viveu ao lado de seus amores sem contar o que de fato tinha se passado. Todos acharam que era pelo fato de estar mesmo esperando sua menina, mas não era e aquele sentimento de rever sua mãe, ela guardava apenas para si em seu coração.

Eles estavam sentados sobre a manta quadriculada vermelha e que cobria boa parte da área que eles tinham escolhido, brincavam com as crianças e Inês tinha sua pequena Lupita nos braços que não parava achando que já tinha tamanho para estar no meio dos maiores, mordia sua chupeta enquanto reproduzia seus sons e gritos para ter a atenção de todos. Victoriano se aproximou depois de pegar um pedaço de bolo para seu amor, sentou ao lado dela e cheirou a filha que se jogou para os braços dele.

— Que cheiro de melancia mais gostoso! - ele falou brincando enquanto a cheirava no pescoço. - Amor, trouxe esse pedaço de bolo para você!

Ela pegou e agradeceu com um beijo em seus lábios.

— Ela não para mais! - riu e a colocou de barriga para baixo sobre a manta.

— Ela quer brincar! - sorriu se deliciando com o bolo.

Victoriano se aproximou dela e a beijou nos lábios sorrindo e sem querer deixar aquele momento passar disse:

— Quando vamos nos casar?

Ela sorriu e deixou o prato de lado e tocou seu rosto, trocaram um beijo rapidinho e logo se olharam com amor.

— Está vendo aqueles dois ali? - apontou para os filhos que brincavam com o neto e ele olhou. - Aquela será para sempre a nossa aliança de casamento!

Ele a olhou com um sorriso.

— Nossos filhos?!

Ela confirmou com a cabeça.

— Nossos filhos! - sorriu lindamente ele a puxou para ele beijando intensamente sua boca e ela o retribui igual, mas não ficaram muito ali já que todos os filhos chamaram a atenção deles e eles gargalharam. - Viu, essa é a nossa maior conquista e nossa maior aliança!

— Eu te amo tanto!

— Eu te amo muito mais! - trocaram mais um beijinho e pegaram a pequena nos braços.

Victoriano e Inês foram ficar junto aos filhos e ali gargalharam a felicidade que eram deles por direito e sabiam que sempre fariam tudo por seus filhos assim como Lupita um dia fez!!!

FIM!FIM!FIM!FIM!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.