— Você deveria ter me contado. - sentia o nó na garganta. - O que mais aconteceu a você nessa clínica? Esse maldito te tocou?
Inês o olhou e chorou mais ainda o deixando desesperado.
— Esse maldito ousou por a mão em você, Inês? - quase berrou aquela pergunta que para ele seria um tiro se fosse confirmado por ela que somente sabia chorar naquele momento...
Como pensar que a mulher que se ama foi violada? Como pensar que tanto sofrimento seria indiretamente por sua culpa para protegê-lo da maldade de um maldito homem que somente queria a ruína de todos a sua volta? Victoriano naquele momento se tremia por completo enquanto a via chorar, seria a confirmação do que seus lábios não conseguia dizer?
— Inês... - tocou o rosto dela e a fez olhar em seus olhos.
— Ele não conseguiu, mas tentou... - falou em si soluço. - Eu o odeio, odeio que ele tenha tentado me pegar a força. - Ficou de pé. - Eu só pensava no meu bebê e em como protegê-lo para que nada acontecesse. - o olhou com o rosto banhado em lágrimas. - Eu estava sozinha, sozinha...
Victoriano levantou e de imediato foi a ela puxando seu corpo para si e a abraçou forte beijando seus cabelos. A dor dela agora era a dele e ele não pensava deixar aquela história barata, se afastou depois de um longo tempo em silêncio apenas digerindo aquela história a olhou.
— Eu não vou abrir mão dele. - foi firme. - Mesmo que você nunca mais queria ficar comigo... - suspirou. - Ele é meu filho!!!
Inês se afastou e sabia que não podia mais afastá-los, respirou fundo e disse:
— Só peço que tenha cuidado, não quero que nada de mal aconteça com vocês dois... - falou com medo.
— Ele é seu pai, Inês. - falou com desespero. - Como pode que ele queira fazer mal a seu próprio sangue? - não conseguia acreditar.
— Porque ele odeia a sua família. - falou com dor. - Foi uma vida assim e isso já é o suficiente para que ele queira fazer algo de ruim. - foi a ele e o segurou pela camisa. - Me promete que vamos resolver as coisas juntos, eu sempre deixei que ele fosse te ver na cerca...
— Eu não quero mais minutos com ele. - queria que ela entendesse.
— Você pode ter mais tempo com ele, sair, ir a onde quiser, mas, por favor, me prometa que terá cuidado...
Victoriano a olhou tão próximo de si e sem conseguir controlar seus instintos subiu as mãos por suas costas a trazendo mais para ele. Os dois podiam sentir a respiração um do outro e seus lábios foram se aproximando com calma e delicadeza, mas quando ela sentiu que seria beijada abaixou o rosto deixando suas mãos espalmadas em seu peito.
— Eu prometo que terei calma e que resolvermos essa parte juntos. - beijou a testa dela. - Vamos pra casa que você precisa descansar.
Inês assentiu e eles saíram da pequena cabana e foram para a fazenda dela, o caminho foi silencioso e ela apenas observou o verde que se passava na estrada. Victoriano nada disse e respeitou aquele momento até parar frente a fazenda e descer, foi ao outro lado e a ajudou a descer e quando subiram os primeiros degraus das escadas deram de cara com Amaro.
— Como ousa tirar minha filha do hospital? - já rosnou de cara. - Primeiro vem aqui e me dá um soco e agora a tira do hospital?
Victoriano se tremeu por completo tentando se controlar para não dizer o que ele merecia e Inês sentindo que as coisas poderiam se complicar apertou a mão dele com força. Ele a olhou e entendeu seu olhar, não iria fazer nada, mas era tão complicado ter o controle na frente dele.
— Eu poderia te responder de várias maneiras. - falou com cinismo e levantou o braço fechando a mão para mostrar a ele como seria a resposta. - Mas eu tenho que deixar Inês no quarto e depois tenho um filme para assistir!!! - viu seu pequeno com o dvd entre os dedos.
Era diferente olhar para ele depois da confirmação mesmo que seu coração já sentisse e todos os sinais assim mostravam que era seu filho, mas Inês nunca confirmou e isso o deixava um tanto inseguro. Mas agora ali ele sentia seu coração latir em descompasso por aquele pequeno pedaço de si que sem conseguir controlar foi a ele e abaixou.
— Padrinho, você veio mesmo ver o filme comigo. - os olhos dele brilharam.
Victoriano sorriu com lágrimas nos olhos e o puxou para ele em um abraço não tão apertado ou o partiria ao meio tamanha a emoção que sentia. Amaro olhou para Inês e ela abaixou os olhos, era mais que uma confirmação e ele se aproximou dela e disse sem medo e baixo.
— Quebrou nosso acordo? - era um maldito quando se tratava daquela maldita rivalidade.
Inês o olhou com os lábios tremendo, estava frágil e aquela crise a tinha quebrado ainda mais ao meio e não tinha forças para dizer o que realmente queria para ele. Inês era uma mulher adulta, mas quando se tratava do pai muitas vezes era apenas uma menina com medo.
— Eu estou cansada e preciso ir para meu quarto. - a voz era quebrada.
— mande esse maldito embora ou...
— Não a ameace!!! - Lupita veio no justo momento e Inês saiu correndo enquanto segurava as lágrimas. - Eu já disse para ir embora da minha casa.
— Está expulsando o pai da sua filha? - rosnou já tinham brigado muito dentro da casa.
— Estou expulsando o maldito homem que se acha o dono do mundo, mas sinto em te informar mais uma vez que você não é!!! - foi firme.
— Eu deveria ter te colocado cabresto antes!!!
Lupita com sua bengala se aproximou bem dela e disse:
— As mulheres dessa casa já não seguem mais a sua doutrina, elas vão ser feliz no amor e você ficará com sua vida solitária que é o que você merece por ser um homem tão desgraçado.
Ele a puxou pelos braços juntando seus corpos.
— Bem que você gostava desse desgraçado.
Ela sorriu por ele ser tão presunçoso.
— E eu dou graças a Deus por ter acordado desse pesadelo em que eu vivia. - se afastou dele com brutalidade. - E antes que eu me esqueça. - sorriu sabendo que a guerra começaria. - Cassandra vai se casar com Alejandro.
E naquele momento ele perdeu a cor...
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