Por Que Estou Sonhando?

10 – Um sonho para recordar.


“Onde eu estava? Não sei. Era um lugar familiar, minha casa? Ainda não sei. Mas aquele bebê era... era maldito, com aquele rosto demoníaco me olhando nos olhos enquanto eu o segurava nos braços, eu estava hipnotizada com aqueles olhos amarelos e não pude ver quando aquele ‘monstrinho’ decapitou minha mãe com algum tipo de poder estranho. Como ela chegou lá? Não sei, apenas apareceu. O corpo dela caiu então me vi fora da hipnose do ‘monstrinho’ foi quando percebi o homem. Quem era ele? Não sei. Você nunca o viu? Não, nunca. Estava lá parado olhando para mim com um olhar frio e sem expressão, foi quando o bebê mordeu meu dedo e quando olhei de novo para aquele bebê ele me arrancou a mão da mesma forma que fez com minha mãe, a dor era inacreditável. Nunca tinha sentido uma dor como aquela, nada fazia sentido ali, mas eu sentia que já havia vivido aquilo ali. O ‘monstrinho’ arrancou-me o coração e então olhei para aquele homem, mas ele não estava lá.”

Ela acordou assustada, suando frio. Ela tinha tido outro pesadelo. “Então não tinha acabado, mas esse sonho foi parecido com o primeiro. Por quê? Eu não sei.” Não quis se levantar e ficou lá na sua cama olhando para o teto, estava desolada. Ela estava confiante de que aquilo tinha acabado. Estava certa de que nada passava de coisa da sua cabeça, tinha achado que sua vida iria voltar ao normal. Não a culpo.

Depois de quase uma hora pensando sobre o pesadelo, se levantou e foi até a cozinha de pijama mesmo, não tinha faculdade então se levantou às 11 horas. Seu irmão já tinha saído e ido para a rodoviária junto com sua mãe, seu pai estava trabalhando, Mariko estava sozinha. Preparou seu café, e enquanto comia ligou para Joe:

– Joe, os pesadelos voltaram.

– Mas não tinham parado? Como foi esse?

– Igual ao primeiro.

– O do bebê? – perguntou ele duvidoso.

– Sim, mas não entendo por que fiquei todo esse tempo sem sonho algum.

– Teve alguma pista nova ou algo sobre a Allysa?

– Não – disse Mariko desolada.

– Você quer que eu vá até ai? Você deve estar sozinha não é?

– Sim, mas por que vir aqui? Quer abusar de mim?

– Ah é claro que sim, por que mais iria ai? – disse Joe completando a piada.

– Vêm aqui umas 2 horas.

– Está bem. Tchau.

– Tchau, até mais.

Mariko então terminou de tomar seu café e foi até seu quarto e ligou o computador pensou em procurar sobre sonhos para ver se encontrava algo para tentar para quilo tudo, não encontrou.

Joe chegou e eles foram para o quarto dela. Fizeram uma lista do que eles tinham conseguido descobrir até aquele momento.

– Bom temos um nome, Allysa Mirrele e achamos que quem está fazendo isso está vivo. Não é muita coisa – disse Joe desanimado.

– Estou começando a achar que isso é coisa da minha cabeça, mas se for como eu explicaria o sangue? Também acho que pode ser a própria Allysa que esta fazendo isso por vingança...

– Vingança...? – perguntou Joe

Mariko olhou para ele meio assustada e disse um pouco nervosa – Não nada... É só modo de falar.

Joe riu e eles discutiram sobre tudo aquilo, sobre os sonhos terem parado por uma semana e depois voltarem naquele dia. Não saíram da estaca zero. Não os culpo. Era mesmo algo complicado, para apenas duas pessoas descobrirem, e dependerem de sonhos para ter alguma pista para descobrir algo. Levaram quatro dias para descobrirem um nome, Mariko não tinha mais muita esperança de conseguirem resolver o caso, eles poderiam pedir ajuda ao delegado que é muito amigo do pai dela, mas mesmo sendo amigo dela e do pai ele ainda era uma pessoa comum e não acreditaria, ela achava incrível que o Joe tinha acreditado, mas ele acreditaria em qualquer coisa que viesse dela. Afinal ele a amava.

Eles entraram na conclusão de que não adiantaria ficar ali discutindo sem mais pistas, Joe a convenceu de que a única maneira de conseguir mais fatos era ela dormir e torcer por mais sonhos. Ela tinha medo, mas ele estava certo, se ela quisesse que aquilo parasse teria que sonhar, não que aquilo era algo voluntario dela, mas torcer por um sonho útil poderia ajudar.

Allysa estava morta, acreditar que era ela que fazia quilo tudo era o mais obvio, mas Mariko não acreditava em espíritos, então para ela era algum tipo de paranormal que fazia aquilo. O pior é que era mais difícil acreditar nisso do que em uma alma penada em busca de vingança. Tudo era confuso, então após Joe sair Mariko olhou a garrafa de vinho que seu pai guardava já a um tempo esperando a oportunidade certa para abrir e comemorar, nem mesmo a sua entrada para a faculdade foi motivo o bastante. Mariko que ficou com muita vontade de abrir aquilo e beber a garrafa toda, ela queria esquecer os problemas, mas ela também não queria voltar a beber outra vez, não depois do que tinha acontecido há dois anos.

Ela conseguiu vencer a vontade de beber o vinho e foi para o seu quarto onde ficou no computador. Foi difícil, mas ela conseguiu, nunca mais voltaria a beber. Já eram 11 horas, então ela achou melhor ir dormir, não que estivesse cansada afinal não tinha feito nada o dia todo apenas conversado com Joe e ficado no computador, mas era como se ela estivesse ansiosa para dormir, como se o medo que ela tinha dos sonhos tinha passado, ela queria sonhar com algo para poder resolver isso logo e ter sua vida normal de volta. Ela não tinha mais medo, queria dormir e ter um pesadelo, era incrível essa mudança de comportamento, teria sido a conversa com Joe? Não. Mariko enfim tinha descidido que não podia mais fugir daquilo e iria enfrentar de frente o problema.

Após se deitar ficou pensando no sonho que poderia ter, e percebeu que ainda estava com medo, mas pelo menos conseguiria dormir normalmente. Ela rolou na cama por uma meia hora antes de começar a pegar no sono, estava calor e o som do ventilador ajudava um pouco a não deixá-la dormir rapidamente, ela não conseguia dormir com o mínimo de barulho, não era um problema desde que estivesse com sono, que não era o caso ali.

“Eu já estive aqui? Sim. Quando? Não se lembra. Claro que não. Por quê? Pois não reconheço esse lugar, apenas tenho a sensação de que já estive aqui alguma vez. Eu estava em um parque de diversões, o parque estava cheio de pessoas, mas elas pareciam não me ver, passavam por mim como se eu fosse invisível. Era estanho, então comecei a andar, eu desviava das pessoas mesmo elas não me vendo, cheguei a bater com meu ombro em garoto loiro, ela se afastou e continuou andando como se nada tivesse acontecido. Eu estava sem rumo até que vi a entrada do parque e decidi ir até lá já que ficava no alto então eu poderia ver melhor o local e ver se o conhecia realmente. Demorei uns 10 minutos para chegar lá, não sei por que demorei tanto, pois não parecia tão longe. Ao chegar avistei um homem parado olhando para o parque, ele parecia estar sofrendo, me aproximei e percebi que ele estava sangrando, o sangue saia pelo seu olho então ele me olhou com um olhar mortal e me afastei por instinto e ele tentou me agarrar com seu braço direito, e eu continuei a caminhar para trás enquanto ele tentava me agarrar, mas por que ele queria isso? Eu não tinha escolha a não ser correr, ele era lento seria fácil, ele podia me ver, por que os outros não? Então me virei e comecei a descer a escada foi quando ela sumiu e tudo em volta também e cai em cima de uma espécie de trilho e logo algumas correntes me prenderam sob os trilhos e eu percebi que estava em uma montanha russa quando o carrinho passou no trilho ao lado. Eu me desesperei e tentei me soltar, mas não conseguia de maneira alguma, e então avistei um homem parado no trilho me olhando com um olhar calmo e tranqüilo... Eu sabia que conhecia aquele homem e quando percebi que ele era uma ameaça me desesperei ainda mais foi quando ele me disse:

– Você se arrepende do que fez?

Eu fiquei espantada com a pergunta o que ele quis dizer com aquilo? E por que disse com tanta tristeza nos olhos? Eu não sabia o que ele queria dizer com aquela pergunta, eu não tinha nada que pudesse me fazer me arrepender de algo e mesmo se eu tivesse como ele iria ficar sabendo se eu não o conheço. Então eu senti o vento do carrinho da montanha russa passar mais próxima de mim e fiquei ainda mais desesperada do que já estava e ele perguntou novamente:

– Você se arrepende? – com a mesma frieza e tristeza de antes e completou – você não tem muito tempo...

– Eu não sei do que você está falando! Tire-me daqui agora! – eu disse desesperada me debatendo.

– Vejo que você não se arrepende, nem ao menos se lembra do que aconteceu aquela vez, ou está tentando esconder a sua culpa dos outros. Você é desprezível! Morra! – disse ele gritando. E Desapareceu, e logo em seguida o carrinho veio em minha direção e passou por cima de mim eu não tive nem tempo de gritar...”

Acordou rapidamente suando como sempre e tentando se dar conta do que tinha acontecido, ao olhar a hora viu que já era de manha “10 horas da manha”. Tinha sido um pesadelo que durou a noite toda. “Preciso tomar um banho, só assim vou poder analisar melhor isso, quem era ele? Droga! Por que me perguntou se me arrependo? Droga! Droga!”

Foi o seu pensamento antes do banho.