Por Obra do Acaso.

Capítulo 8- Em cárcere...


— imbecis! Kouki gritava cuspindo aquelas palavras enquanto se chacoalhava na cadeira. - deve ser fácil deixar uma mulher presa... idiotas!

— cala a porcaria da boca! Um dos homens resmungou desferindo um forte tapa em seu rosto fazendo seu rosto virar-se para o lado e a boca sangrar. Agarrou-lhe os cabelos e levantou a mão para lhe bater novamente, mas foi impedido por outro homem um pouco mais jovem.

— que desgraça você está fazendo? A deixou cheia de hematomas! Questionou socando-o com tal força que o derrubou assim que notou o estado da jovem loira e então começaram a discutir em outro idioma dificultando o entendimento de Kouki.

— o que você fizeram com Alexis? Ela questionou sentindo as lágrimas escorrerem ao lembrar de como ele ficara machucado para protegê-la.

— está pedindo pra morrer! Ele disse aproximando-se, ergueu bruscamente seu rosto e apertou sua mandíbula. - coma a porcaria do seu lanche ou serei eu que irei te espancar! Esse final disse colocando uma bandeja sobre suas pernas, nela havia um prato com um sanduíche e um copo de suco de laranja, e soltou-lhe uma das mãos.

— se quer mesmo saber, aquele idiota que poderia ter se juntado a nós, agora está sendo torturado para arrancarmos alguma coisa dele...- sussurrou com um sorriso sádico e afastou-se.

Assim que a loira terminou de comer, sua mão foi amarrada novamente e todos foram embora deixando-a sozinha. A única coisa que passava por sua mente era uma forma de escapar. Concentrou-se em tentar raspar as cordas na madeira da cadeira para que, talvez, conseguisse cortá-las.

Porém, assustou-se ao ver a porta se abrindo e por ela, passou um homem assustador com cara de presidiário, provavelmente um assassino, parou de estudá-lo quando o viu sorrir em deboche enquanto se aproximava e agachou-se em sua frente. Seus olhos frios, azuis-cobalto a fitavam fixamente.

— lembra-se de mim? Ele debochou tirando-a seus devaneios enquanto tentava tocar seu rosto, mas afastou a mão ao quase tê-la mordida pela loira.

— não... obviamente! Kouki respondeu revirando os olhos irritada.

— William Frost! Deveria saber... afinal estava procurando saber sobre mim! Sorriu de canto com uma expressão cruel.

— você... - A loira tentou falar, mas as palavras sumiram de sua boca. - você... foi você nos separou?! Questionou o óbvio.

— e teria restituído as duas se fossem maiorzinhas...- Ele respondeu sorrindo fazendo-a gritar tentando acertá-lo.

— wouh calma... - Falou começando a rir sadicamente e então levantou-se deixando-a sozinha gritando-a de todos os palavrões que lembrou.

Naquele lugar era escuro o tempo inteiro e ainda não tinha noção de tempo. Imaginava que fosse tarde da noite já que estava muito sono e a única luz dali era a que passava pela fresta da porta. De repente a porta abriu-se novamente e por ela passou um rapaz loiro que aparentava ainda ser adolescente. Ele lhe trazia comida, desamarrou-lhe e começou a fazer curativos em seus machucados.

Seus dedos trêmulos mostravam o quanto estava assustado, seus olhos azuis eram extremamente tristes e quase apagados, seu rosto estava machucado mostrando que apanhava constantemente. Sentiu pena.

— o senhor K disse para tomar banho e vestir isso! Falou mostrando algo preto que acreditou ser um vestido, ele acendeu a luz e finalmente pôde ver que estava em um pequeno quarto, havia um velho colchão velho jogado em um canto do cômodo e um banheiro.

Alguns minutos se passaram e voltou do banheiro já vestida e seguiu o rapaz que descobrira se chamar Thomas. No grande salão, K encontrava-se vestido com roupas elegantes recostado a uma grande mesa de jantar a esperando.

Lembrava-se vagamente dele, antes da grande discussão que tivera com Tiranus e sua quase morte. Mas, a imagem assustadora que tinha dele naquela época continuava intacta. Ele aproximou-se e puxou uma cadeira para que se sentasse, houve um momento de hesitação, mas vendo que não tinha escolha, Kouki acabou fazendo o que lhe era mandado.

O jantar foi servido e começaram a comer, a tensão no ar fazia com que Kouki não sentisse o sabor dos alimentos, ao seu lado havia dois guardas armados com fuzis e ao menor deslize seu contra K, não hesitariam em enchê-la de furos.

Thomas aproximou-se lentamente, tirou uma foto, entregou o celular para K e logo em seguida encolheu-se rente a parede ainda com seus olhos assustados grudados em Kouki. Após o jantar, agindo como se fossem amigos de infância, mandou a foto para Tiranus e depois conversaram um pouco ao telefone.

Longe dali, no interior de Petersburgo, Daylan e Caio entraram correndo no escritório de Tiranus que estava exalando uma aura assustadora, se colocasse suas mãos em K, certamente o estrangularia. Quando fora traído, não conseguira matá-lo, possuíam as mesma características traumáticas, uma infância precária em conjunto ao perigo resultara em personalidades distorcidas. Porém, ele possuía muita ganância o que ainda o levaria a sua perdição.

— bordéis?! resmungou folheando os dados policiais que recebera. - francamente... quem ainda acha que isso dá dinheiro, as prostitutas não precisam mais de cafetões...

— senhor conseguimos a planta do local! Dylan murmurou sentindo a voz sair ofegante, entregando-lhe os papeis.

Queria conversar com Celly, mas temia colocar sua vida em risco, eles aparentavam ter uma boa relação, mas isso não garantia que Tiranus, sendo um traficante sanguinário, não os matasse caso se sentisse ameaçado.

Onze homens foram selecionados para aquela missão, Tiranus não queria muita gente para não chamar atenção, precisavam ser discretos. Seria era uma verdadeira operação de elite, e aos poucos, ele estava confiando em Dylan colocando junto a Sam como seus braços e pernas.

Passaram todo o caminho em silêncio, Dylan e Sam iam na frente e apesar de não dizerem nada, podia perceber que o loiro o analisava profundamente.

— porque nunca te vejo arrumado? Ele questionou, de repente chamando sua atenção.

— não gosto de armas! Dylan foi sincero observando a reação de Tiranus pelo retrovisor, ele arqueou uma sobrancelha e riu negando com a cabeça, mas continuou calado.

— só falta agora me dizer que é gay! Sam debochou rindo de canto com os olhos fixos na rodovia vazia.

— não. Não sou gay. Apenas acho-as desnecessárias... - Dylan resmungou sentindo sua masculinidade sendo afetada por os comentário do loiro. - e... conheço gays que andam armados, isso não quer dizer nada...

— é gay mesmo! O loiro falou começando a rir e logo foi acompanhado por todos os outros no carro e então Dylan entendeu que ele apenas estava tentando distrair Tiranus.

— use um rifle de alto alcance... você é um bom atirador a distância! Falou sério enquanto estacionava o carro alguns metros antes de chegar a grande mansão no alto de uma colina onde Kouki era mantida refém.

Ao entrar lá, dividiram-se. Dylan ficara com Nero ajudando-o e Sam fora com Tiranus procurar por K e sua esposa.