Por Obra do Acaso.

Capítulo 9- Colocando o plano em prática...


Kouki balançava-se para frente e para traz na cadeira a qual estava amarrada, seus olhos fixos no teto simbolizavam o quanto estava com os pensamentos longe, ao mesmo tempo em que tentava desesperadamente cortar as cordas.

De repente, a porta abriu-se assustando-a. Parou tudo o que fazia e esperou ofegando, por ela passou o jovem Thomas, como sempre, trazendo uma bandeja com algo para alimentá-la.

—bom dia! Ele murmurou evitando olhá-la nos olhos, tinha medo até mesmo dela. Colocou a bandeja sobre suas pernas e começou a desamarrá-la, ao notar que as cordas estavam parcialmente cortadas, pela primeira vez, levantou teve a coragem de fitá-la.

— não faça isso...- Pediu em um baixo gaguejo tremulo. - vão machucá-la, sabe que não são boas pessoas...

— venha comigo! Kouki chamou olhando-o com seriedade. Estava certa de que fugiria dali, e como sentia a preocupação daquele pobre jovem consigo, desejava salvá-lo também.

O rapaz nada disse, apenas voltou a amarrá-la, mesmo que de forma frouxa, ainda correndo do cômodo logo em seguida.

Assim que certificou-se da distância em que o jovem estaria, Kouki desamarrou-se e caminhou lentamente até a porta, recostou o ouvido a porta e ouviu atentamente. O silencio a isntigou a abrir a porta e sair.

O longo corredor a assustou, era escuro e silencioso. Manteve-se próxima a parede e tirou os sapatos, assim correria mais rápido e aumentava suas chances de conseguir fugir. Enquanto caminhava ouviu sons abafados em uma sala ao lado.

Havia uma parte de vidro, aproximou-se e espiou, lá dentro, Alexis era torturado por um homem que aparentava ser aposentado do exército. Sentiu um nó se formar em sua garganta e apertou os pulsos marcando suas palmas com as unhas.

Entrou na sala sem fazer ruído algum e procurou algo que pudesse usar para pegá-lo desprevenido, ao seu lado havia um espeto que parecia estar muito quente, o pegou e espetou com toda força nas costas do homem que encontrava-se de costas torturando seu amigo já quase inconsciente.

Ele gritou de dor e virou-se, rapidamente a loira aproveitou-se de uma faca sobre a mesa e a enfiou em seu peito com força, o homem caiu imediatamente tentando estancar o sangramento.

Correu até Alexis e o desamarrou desajeitadamente e depois saíram da sala com dificuldade. Não pudera olhá-lo bem, mas sabia que estava muito machucado.

Ao dobrar uma esquina depararam-se com Thomas olhando-os desesperado.

— e- eles... meu Deus! Levou as mãos a boca ao ver o estado de Alexis e antes que pudesse repensar suas ações, ajudou o homem a apoiar-se em si, e logo estava guiando-os para o estacionamento.

Parecia que finalmente tudo havia acabado quando entraram no carro e a loira deu partida. Porém, quando menos esperavam William abriu a porta do carro e arrastou Thomas pelos cabelos, jogou-o no chão e já começou a espancá-lo.

— eu já imaginava que você fosse nos trair... Murmurava friamente socando-o com tamanha força que rompeu seu nariz.

Imediatamente, todos desceram do carro e foram ao encalço do jovem loiro que já vertia muito sangue no chão.

— solte-o seu desgraçado! Kouki gritou usando o mesmo ferro que o torturador usou em Alexis para perfurá-lo na perna, ele urrou de dor e deferiu-lhe um forte tapa derrubando-a no chão, pegou um revolver e apontou para ela:

— deveria ter te matado quando tive a chance! William sorriu sadicamente e quando estava prestes a atirar Alexis se jogou sobre ele dando-lhe uma chave de braço. Com o susto, a arma acabou caindo no chão e Kouki a pegou, levantou-se e mirou em William.

Alexis acabou sendo derrubado e logo voltou a ser espancado, antes que pudesse matá-lo, Kouki atirou.

O primeiro tiro acertou-lhe a perna que não estava ferida, o que acabou levando-o a se desequilibrar, mas mesmo assim ainda tentou continnuar o que estava fazendo.

Depois de quatro tirou finalmente, conseguiu acertá-lo no peito, os outros acertaram o chão e as paredes.

— Meu Deus! Alexis ofegou colocando a mão no peito. - me dá isso antes que acabe nos matando!

— ah qual é? Eu salvei sua vida! Kouki resmungou fingindo-se de falsamente indignada. - vamos!

O ajudou a levantar e então entraram novamente no carro e saíram do estacionamento enquanto Alexis ligava para Celly com o celular de William.

A alguns metros de distância dali, no saguão principal, a polícia entrava em uma grande operação. Não havia um pontos cegos, todos os mercenários ali morreriam ao mínimo ruído que fizessem.

— você está preso! O capitão Gavin gritou para K, que após a morte de William encontrava-se desprotegido, fora pego desprevenido em um motim dentre seus homens. Obviamente não se renderia e então grande um tiroteio iniciou onde, de um lado a polícia os encurralados e do outro Nero o desafiava, atirando diretamente para matá-lo.

— vou procurar o Tiranus! Ele está sozinho! Dylan murmurou vendo que a situação estava sob controle e poucos minutos antes discutira ao telefone com Celly para que essa não viesse ajudar Alexis a pedido de Kouki.

— vá pela escadaria! Não sabemos ao certo onde ele está! O outro concordou acenando com a cabeça brevemente.

— droga! Nero resmungara vendo Dylan afastar-se indo na direção do estacionamento, - perdi a aposta, podia jurar que era gay, não policial!

— poderíamos sair dessa juntos! K falou irritado tirando-o de seus devaneios enquanto escondia-se atrás de um grande pilar, pelo menos os tiros dos policiais não o acetariam, assim, sua principal prioridade seria Nero.

— ninguém mexe com meu irmãozinho! Nero debochou fingindo ter errado um tiro pra dificultar a memorização de suas trajetórias.

— Ele era um péssimo líder... Francamente, ele é muito mole para um traficante! K resmungou colocando um novo cartucho em seu revolver.

— péssimo líder? E você? Entra em qual categoria? Seus homens acabaram de se voltar contra você! Nero debochou notando que o cartucho do outro compactava apenas 15 balas, e pelo que havia contado, só teria mais duas antes de uma nova troca.

Esperou os dois tiros e jogou na sorte, saindo de traz do carro que o protegia para ter uma melhor visão, e quando K pegou o novo cartucho, aproveitou-se para atirar, porém, como a polícia também estava lhe cercando acabou atrapalhando sua miro e acertou apenas seu abdômen.

Voltou para traz do carro e esperou outra chuva de tiros, mas para sua surpresa, K caiu vertendo sangue pela boca olhando para a arma que não conseguia apoiar o gatilho. Rindo com a situação inusitada, Nero percebeu que ao acertá-lo no abdômen, acertara também sua mão decepando seu polegar.

— falei para aprender a atirar com as duas mãos! Não me escutou... - Nero debochou distraindo-se momentaneamente da polícia, esses estavam tão impressionados com o rumo que a operação tomara, ficaram estáticos apenas observando em silencio.

De repente, uma pequena explosão derrubou o teto de gesso sobre todos os policiais e mercenários de K, que ainda estavam de pé.

Enquanto isso, ainda dentro do carro, Celly tentava melhorar a situação precária em que Alexis e Thomas se encontravam. Assim que recebera a ligação fora correndo para o local com tudos os materiais de primeiros socorros que conseguira reunir em pouco tempo.

— acha que ele ficará bem? Kouki questionou a Tiranus que a prendia em seus braços impedindo-a de se aproximar do amigo. - ele foi torturado durante horas...

— esse filho da mãe não morre assim tão fácil! Sam falava com um sorriso verdadeiro, um dos poucos que deixava-se mostrar, estava abraçado a Alexis que usava seu ombro para apoiar-se.

— não me faz rir caralho que “tô” todo ferrado! O moreno resmungou tentando conter um riso. - até a Kouki atirou em mim hoje!

— não foi porque eu quis! A jovem murmurou envergonhada escondendo-se momentaneamente no peito de Tiranus. - eu estava nervosa...

— eu sei... só estou tentando me distrair dessa dor desgraçada... - Alexis murmurou fechando levemente um dos olhos em uma careta de pura dor. – “tô” todo ferrado mesmo!

— calma... você ai ficar bem! Sam sussurrou acariciando os cabelos castanhos, em seus olhos era possível ver o quanto estava desesperado pelo sofrimento do outro.

— eles são bem próximos né? Kouki cochichou fitando Tiranus que também os observava com um sorriso carinhoso.

— quando Sam chegou a mim, querendo unir-se ao crime organizado como forma de sair da miséria ele trazia consigo um rapaz mais novo, muito machucado... seu irmão. Eu os acolhi e hoje Sam é meu braço direito mais leal... - Tiranus explicou ainda olhando-os.

— eles são irmãos? Celly e Kouki questionaram surpresas em uníssono.

— porque a surpresa? Sam resmungou fechando a cara novamente. - não posso ter família não?

— é que... bem... - Kouki gaguejou coçando a cabeça de forma desajeitada. - eu sempre vi que tinham uma amizade grande, mas vocês viviam brigando...

Os dois irmãos soltaram uma leve risada ao mesmo tempo fazendo uma negativa com a cabeça. Parando para observar coma tenção, eles possuíam gestos realmente muito parecidos.

— você está preso! A voz de Dylan ecoou atrás de Tiranus chamando a atenção de todos.

— parece que você ganhou a aposta Samuel! O grande líder murmurou com um riso baixo enquanto virava-se para Dylan. - no final ele realmente é um policial!

— mãos para cima! Dylan comandou automaticamente deixando seu lado profissional mais ativo.

— francamente Dylan... Você levou três tiros por mim e agora quer me prender? Debochou vendo que suas mãos tremiam levemente. - abaixa isso! Esse final falou também apontando um revolver em sua direção.

— por favor, vamos parar com isso! Celly pediu assustada enquanto ainda fazia curativos em Thomas.

— Celly afaste-se dai! Dylan pediu fazendo um sinal com a mão. - isso é perigoso!

— eles precisam de socorros! A loira respondeu sério desobedecendo-o. - eu sei que é perigoso, mas essa é a minha profissão!

— ah, qual é vocês se conhecem? Sam resmungou olhando de Celly para Dylan. - o que falta agora?

— precisamos de reforços! Gavin gritou ao longe quebrando a tensão no ar, Dylan o observou irritado, precisava tomar uma decisão e rápido.

— não se preocupe, não iremos machucá-la! Tiranus garantiu olhando-o sério e abaixou a arma.

Dylan o olhou desacreditado e com um suspiro irritado correu até Gavin xingando-o de todos os palavrões que lembrou-se.

Dylan e Gavin reuniram reforços para tirar os colegas de debaixo dos escombros enquanto esperavam a emergência chegar para cuidar dos feridos. a cabeça do moreno estava uma bagunças. Não conseguia pensar em nada que não fosse a segurança de Celly.

— ela vai ficar bem! Ele não pode machucá-la porque precisa de cuidados médicos! Gavin tentava contornar a situação, mas Dylan apenas o ignorava, suas mãos tremiam insistentemente e temia que acabasse descontando sua frustração no outro.

Assim que a emergência chegou, o moreno correu até o estacionamento, mesmo sabendo que ninguém estaria mais lá. Caiu de joelhos sentindo-se desesperado e então sentiu o celular vibrar, atendeu e viu que era Celly:

"onde você está?" questionou desesperado.

" em casa... me desculpe" A loira respondeu com a voz baixa, parecia envergonhada.

" estou indo pra ai" Dylan respondeu e então a ligação foi encerrada.

A equipe de perícia chegou e infelizmente tivera de dar muita informação o que o manteve no local do crime quase uma hora. Assim que foi dispensado pela própria Amanda, dirigiu até seu apartamento furando todos os sinais vermelhos, pouco estava se importando com sua carreira. Tudo que lhe importava era a segurança de Celly.

Praticamente chutara a porta do apartamento assustando, aproximou-se lentamente a analisando, temia que ao descobrirem que tinham uma relação, acabassem a machucando.

— você está bem? Questionou a abraçando forte. - não tem noção de como fiquei preocupado!

— me desculpe por não ir com você...- A loira murmurou levantando a cabeça para olhá-lo nos olhos.

— tudo bem... não ter prendido Tiranus não foi sua culpa...- Ele a acalmou beijando-lhe a testa com carinho. - eu estava tão preocupado que te machucassem...

— depois que você foi ajudar o Gavin, eles me trouxeram para casa e fiquei aqui te esperando. Ninguém nunca me machucou... - Celly explicou calmamente enquanto sentavam-se no sofá.

De repente, uma notícia na televisão próxima a eles, nela Gavin e mais alguns poucos polícias explicavam sobre a prisão do traficante conhecido como K.

" A algumas poucas horas, o traficante conhecido como K foi preso após um tiroteio entre ele e duas outras facções. Infelizmente, os traficantes conhecidos como Nero e Tiranus ainda estão desaparecidos..."

Assim que a entrevista terminou, o celular de Dylan começou a vibrar em seu bolso.

— olá cunhado! A voz familiar de Tiranus soou em seu ouvido irritando-o. - estou vendo na televisão agora que seu chefe prendeu o filho de uma cadela que eu tanto queria matar!

— uma pena não é? Dylan murmurou irritado rangendo entre os dentes. - eu queria matar você...

— sabe que não pode fazer isso... seu dever é salvar as pessoas... - O outro debochou rindo levemente. - não se preocupe, não irá me ver por muito tempo, no momento estou em um lugar bem longe... e não se dê ao trabalho de rastrear a ligação afinal eu irei quebrá-lo, anh... agora!

Ao terminar essa frase a ligação foi encerrada deixando Dylan mais irritado ainda.

— eu mato aquele filho de uma cadela! Quase gritou apertando exageradamente o celular no punho.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.