No dia seguinte, na terça-feira, Tiago foi à escola e conversou com Bruno, Gabriela e Leandro durante o recreio.

– Ei, pessoal. Tudo bem?

– Sim. – todos responderam.

– Bruno, posso conversar em particular com você depois? – perguntou Tiago.

– Eles também são da equipe agora, Tiago. – respondeu Bruno.

Tiago demonstrou estar surpreso.

– Nenhum problema entre vocês?

– Hum, mais ou menos. – disse Bruno e os outros concordaram, mostrando, no entanto, que não estavam interessados em falar sobre o assunto.

– Eu ainda não tive a oportunidade de agradecê-lo pessoalmente. – disse Bruno – Obrigado!

– De nada – disse Tiago – Como vocês estão no jogo?

– Hoje mesmo vamos inscrever nossa própria equipe de resgate. – disse Bruno.

– Sério? – perguntou Bruno – Que rápido, hein!

– Sim.

– E vocês conheceram a Shaymin? – perguntou Bruno.

– Sim. De fato, ela é o quarto membro da equipe. – respondeu Bruno.

– Que legal. E vocês, quem são lá? – quis saber Tiago.

– Lucario. – disse Bruno.

– Gardevoir. – disse Gabriela.

– Salamence, o dragão de fogo. – disse Leandro, rindo.

– Nossa, que demais! – disse Tiago, rindo também.

– Lembra do Mewtwo? – perguntou Bruno.

– Sim. – disse Tiago.

– Ele sequestrou os lendários do Templo do Céu.

– O quê?!

– Sim, é verdade. E o próprio Arceus foi preso na Caixa de Pandora.

– Eita. – disse Tiago.

– Nós queremos sua ajuda também. – disse Bruno – Você pode nos acompanhar hoje? Você só tem esta semana para jogar conosco.

– Posso, sim. Ah, tem uma coisa que ainda não disse a você. Eu tenho uma cópia do jogo comigo. Eu vou poder acompanhar vocês, mesmo depois que eu me mude para Belo Horizonte.

– Sério? – disse Bruno – Yeah!

Bruno e Tiago fazem um toque de mãos complexo, terminando com um abraço de lado.

– Amigos para sempre, “bro”! – disse Bruno.

– Isso aí – disse Tiago.

– Até agora, somente estivemos em Lawncliff, Greenvalley e na densa floresta ao norte de Lawncliff. – falou Bruno.

– Eu estive nestes lugares também. Depois que formei minha equipe de resgate, viajei para quase todas as regiões de Aryion. Depois eu fiz um mapa e te entreguei.

– Eu vi. Depois que formarmos nossa equipe, vamos atrás das 7 chaves. Elas foram espalhadas por Mewtwo, depois de prender Arceus na prisão.

– Que missão interessante. Vocês sabem que as chaves se atraem, né? É só conseguir uma e o resto... – disse Tiago.

– Nós sabemos. – disse Bruno.

– Então, vamos fazer o seguinte: Eu passo na sua casa logo depois de você. Eu não posso ir embora logo depois que as aulas acabarem porque preciso entregar uns documentos lá na secretaria. – disse Tiago

– Tudo bem. Você sabe onde é minha casa, né? – perguntou Bruno.

– Eu já fui lá, cara!

– Ah, é mesmo. Eu tinha esquecido. – Bruno riu.

Tiago se despediu deles e voltou para a sala. O recreio acabou.

– Ele parece ser bem legal. – disse Gabriela.

Os três voltaram para suas respectivas turmas. Depois do final da aula, foram para a casa de Bruno.

– Eu chego aí daqui a pouco. Preciso arrumar umas coisas no meu quarto, “hehe”. - Leandro foi para o seu próprio apartamento.

Bruno e Gabriela entraram no outro apartamento, mas não o trancaram. Os dois entraram no jogo. Bruno forçou os dois a voltarem, logo depois.

– Por que voltamos? - Dise ela antes de olhar para Bruno. Ao vê-lo, tomou um choque.

No lugar de Bruno, estava Lucario. Bruno olhou para suas próprias mãos(ou patas).

– Como você fez isso? - perguntou Gabriela.

Ele foi ao banheiro e se viu no espelho.

– Como eu fiz isso? - Ele segurou as mãos de Gabriela - Não precisa se preocupar.

Ele ficou olhando para ela durante um longo momento. Depois que ela se acalmou, ele perguntou:

– Você me ama?

– Eu te amo, sim. - disse Gabriela. "Vamos voltar ao jogo, por favor, antes que alguém ENTRE NESSA CASA E VEJA VOCÊ ASSIM!?"

Alguém entra na casa. Os dois quase desmaiam de choque. Era o Tiago.

Gabriela suspira de alívio. Tiago fecha a porta e a segura com força.

– Rápido, antes que alguém te veja. - disse ele – Eu não achei que vocês fossem descobrir isto tão facilmente.

Os dois voltam ao jogo. Gabriela diz:

– Agora, me diz: Como você fez aquilo?

– O lance do Lucario aqui? - pergunta Bruno.

– Sim.

– Quando entramos no portal, eu percebi algo. Se você se concentrar e se esforçar, poderá enxergar isso. Nossos corpos humanos entram no portal, mas não saem do outro lado. Eles param no meio do caminho. Então nossas almas se juntam aos nossos pokémons ainda dentro do portal. Então nós saímos de outro lado.

– Então você diz que ao entrarmos no portal, trocamos de corpos?

– Sim. Mas eu consegui voltar ao mundo real sem passar por esse processo.

– Isso é perigoso. Definitivamente perigoso.

– Mas eu gostei.

– Você não pode fazer isso. Imagine se as pessoas te pegam no flagra.

– Tipo, os meus pais?

– Sim.

– Mas que tipo de coisa eles poderiam fazer?

– Eles poderiam proibi-lo de jogar.

– Mas por quê?

– Por terem medo de perder você. Medo que você se transforme em algo diferente e não seja mais o filho deles.

– Medo de que eu perca minha personalidade?

– Sim.

– Entendo. Faz sentido. Realmente, é uma perspectiva triste.

– Por isso, devemos manter isto em segredo. A propósito, se seus pais descobrirem que você joga isso, você deve se tornar um filho melhor, se quer que eles não o impeçam de continuar o jogo.

– Tudo bem. Sei que não sou o cara que merece sua atenção e suas respostas sinceras neste momento, mas será que posso te perguntar algo?

– Pode sim. Eu vou responder com sinceridade.

– Eu tenho te observado ultimamente e....

– Sim, prossiga.

– Pelo seu jeito de olhar, de me tocar, a distância que toma de mim no mundo real e o seu modo de agir perto de mim....

– Continue.

– Acredito que você me trata de maneira diferente quando sou o Lucario.

– Bem.....

– Você me ama mais quando eu sou o Lucario?

– Não é essa a questão. Por favor, entenda. Eu te amo de qualquer jeito, sendo você o Lucario ou não. Eu, como Gardevoir, namoro o Lucario, mas eu, como Gabriela, não namoro você. Eu te amo de qualquer forma. Talvez você tenha percebido que a minha atração é maior pelo Lucario, mas não é como se eu te desprezasse, não é isso. Eu só quero deixar bem claro, que no mundo real não namoramos. Talvez no futuro possamos.

– Mas por quê?

– É o seguinte: Naquela dimensão pokémon, nós podemos namorar livremente, sem nenhum tipo de compromisso. Pokémons não tem relação sexual e nem poderiam ter, já que não possuem órgãos sexuais nem órgãos excretores. No entanto, eles sentem prazer somente por estarem juntos. No mundo real, nós não poderíamos namorar sem estabelecer um compromisso que as outras pessoas tomariam como algo sério. Nós não poderíamos namorar sem chamar a atenção de outras pessoas, que poderiam ou não aceitar o nosso relacionamento. E nós nem podemos ficar sozinhos numa casa, por exemplo, sem sermos tentados à prática do sexo, que pode causar consequências irreversíveis em nossas vidas. Em Aryion, nós poderíamos namorar sem qualquer tipo de medo ou preocupação, mas no mundo real, não. Por isso, eu te trato de maneira diferente nos dois mundos. Mas não é que te ame menos. Eu te amo nos dois mundos.

– Entendi. – disse Bruno – Obrigado, já me sinto melhor. Mas, no futuro, existe a possibilidade de namorarmos?

– Sim, claro. Espero que você não fique triste por isso. Pode ser meio difícil separar coisas dessa dimensão do mundo real.

– Não, está tudo bem. – Bruno abraça Gabriela.

– Obrigada. Você, com certeza, já está se tornando um garoto melhor.