Prólogo

O dia amanheceu nublado, um frio incomum inundava cada canto da região do Rio de Joltik, iniciava-se um estranho movimento de migração para o norte feita por espécies do tipo fogo, acostumados com o clima quente e abafado do lugar.

Chuvas constantes ameaçavam as regiões vulcanosas de bangoon, Shuppetrópolis e Haunteresópolis, afastando e pondo em risco seus habitantes.

Algo diferente ocorria, e mudaria para sempre o destino de todos os pokemon.

Capitulo 1: O inicio

Keru acordou, ainda sonolenta, o pelo emaranhado e os olhos cerrados.

O espaço era apertado, cabendo apenas a própria eevee e alguns mantimentos de suma importância, porém a mantia quente e protegida da chuva e vento.

Decidiu enfim levantar-se, precisava comer algo, estava faminta!

“Oh não, minhas berries acabaram” resmungou, de cara amarrada “parece que vou ter que buscar mais.”

Saiu do tronco que usava como casa e se espreguiçou, logo pondo-se a correr em direção à colina oeste, lar de diversos pokemon tipo inseto e planta, e onde conseguiria seu café da manhã.

“Bom dia, madame” uma voz estridente, porém familiar se fez ouvir.

Era Wom, o jovem Wurmple de quem tinha bastante simpatia, estava em um dos galhos acima da pokémon.

“Olá, bom amigo, como vai?” perguntou, suave como sempre

“Parado, este tempo frio atrasou a construção do meu casulo e de todos desta vizinhança” resmungou

“ Está mais frio do que o costume mesmo” murmurou intrigada, logo deixando a questão de lado “bom, preciso me apressar se quero achar alguma comida para hoje!” correu para buscar algumas Aspear Berry que encontrara, despedindo-se do velho amigo.

Passou por alguns Rattata, que pareciam focados balançando uma arvore fina com certa força, soltando apenas uma saudação distraída.

E lá estavam, brilhantes e escondidas sobre a terra, com sua casca uniforme e de cores quentes, as belas e deliciosas Aspear Berries.

Parou de correr e cavou com a pata dianteira o pouco que a prendia ao chão, arrancando algumas gramas, e com seus dentes, quebrou a dura casca amarelada, pondo-se a comer a polpa azeda, porém revigorante da fruta.

“Hmm, nada como uma deliciosa azedinha para começar o dia” murmurou, lambendo os beiços

Pôs-se a observar a vista, que dava de cara para a Baía de Wingull; de um tempo para cá surgira uma estranha vila, onde atração principal era a construção feita no Poffin de açúcar, cujo formato se assemelhava a um pokémon que jamais vira antes.

A cristalina água ondulava, criando belas formas irregulares, e as árvores balançavam ao som dos ventos, que uivavam violentos.

Algo a intrigava, um estranho brilho que chegava a seus olhos, vindo diretamente da construção, tentou se aproximar da beirada para observar melhor o que era. Os pelos ondulando e os olhos cerrados graças à ventania e ao ponto branco ofuscante.

“Isso machuca meus olhos, o que será que é?” pensou, incomodada, reparando ao fundo um burburinho cada vez mais alto.

Virou-se para ver o que acontecia e percebeu que, onde estava a alguns segundos agora era palco de uma intensa batalha.

Um Treecko, já ferido, tentava acertar com sua cauda um dos Rattatas de antes, enquanto outros de mesma espécie cercavam ambos.

“Isso é tudo que tem, parceiro?” cuspiu o Rattata, rindo com os finos lábios de roedos enquanto apenas desviava dos golpes incertos e desajeitados do opontente.

"Heh, esse é o máximo que pode fazer?"o pokémon de grama respondeu, cambaleando para se manter em pé. O outro rosnou, se lançando em investida e derrubando com força Treecko.

“Heh, prepare-se para encontrar os deuses” rosnou, abrindo a boca para dar uma mordida fatal.

Uma explosão jogou Rattata para longe, e enquanto a fumaça se dissipava, apenas o semblante de Eevee podia ser visto carregando para longe o pokémon ferido.

“O que pensa que está fazendo!?” Um dos roedores ajudava o amigo desmaiado, enquanto os outros (era um grupo de 6) ficavam ao redor de Keru, a ameaçando.

“Não conseguem ver que ele está ferido!?” rosnou, tentando intimidar os demais

“Escuta gracinha, você não sabe o que este tratante fez, então cai fora!” Falou um dos maiores, certamente o líder do bando, já avançando com uma investida

Keru sentiu o peso sobre seu corpo, o ar escapando dos pulmões. Seus membros, pressionados sobre a terra, ardiam sobre as garras do inimigo.

‘S-sai d-“ sequer conseguira terminar a frase, pois o agressor já lhe enfiava a fina presa no lombo com força.

Ela ganiu, tentando se debater, porém a dor alucinante se espalhava pelo corpo, e embebedada pela angústia apenas teve energia para acumular e então liberar mais um de seus ataques.

“Secret Power!!”

Uma explosão de energia lançou o líder para trás, tal como fizera com o anterior. Arfando, tentou se levantar, percebendo então que os três Rattatas restantes se montavam ao redor do Treecko ferido, desferindo golpes violentos com vontade.

“Cov-“ cambaleou, a vista desfocada “vardes”, correu em direção aos demais, tropeçando nas próprias patas e caindo no chão.

O cenário, turvo, começava a escurecer, enquanto com o que restava de consciencia, percebeu uma verde luz tomando conta do lugar e fazendo o grupo desmoronar como bonecos no chão.

Restava agora apenas a escuridão.

Keru sentiu algo a tocando, lentamente abriu os olhos, percebendo a presença de algum pokémon, que parecia checar se tinha ou não desmaiado com um graveto.

“A-ah” Murmurou, para a supresa do outro “O que está –“ não teve a oportunidade de finalizar a frase, pois rapidamente sentiu algo em sua boca, era como uma explosão de sabores; picante, seco, amargo e azedo; misturados em um pedaço suculento de berry.

Engoliu a generosa fatia e logo sentiu a fadiga e ferimentos a abandonando, por fim restaurou suas forças e se sentou, agora com os sentidos mais aguçados e capaz de perceber que quem a ajudara fora o Treecko de antes.

“Até que as berries daqui não são tão horrorosas” falou em tom sarcástico, mordendo o pedaço da Oran Berry que sobrara. “Argh, retiro o que disse, isso é terrivel!” cuspiu as sobras mastigadas da fruta, jogando o resto no chão e pisando com força.

Keru se sentiu ofendida com a falta de respeito do estranho para com o alimento que serviria para outro, porém, pretendendo demonstrar gratidão, apenas ignorou o ato abominável.

“Parece que ficou melhor só de comer essa porcaria… Bom, tipinhos como o seu devem morrer de inveja da minha habilidade suprema de recuperação, hã?” se gabou o pokémon, estufando o peito em orgulho

“Recuperação?” Keru perguntou, nunca ouvira falar de tal capacidade

“Ué” ele a encarou com desdém “Quanta ignorância, não me admira que vocês da floresta não tenham civilização.”

A eevee sentiu o sangue ferver, porém, respirando profundamente, prosseguiu em silêncio. Agora sabia o porquê de ter sido atacado com tanta violência.

“Pois saiba que eu tenho a capacidade de absorver a energia dos outros e me recuperar” sorriu, exibido

“Então foi isso que vi antes de desmaiar…” murmurou a pokémon, perplexa “Que habilidade legal!” ela comentou, humilde

Treecko pareceu surpreso. “Haha, que coisa!” ele abriu um sorriso, para o estranhamento da outra “Se fosse qualquer um, já teria me atacado” ele suspirou “Gostei de você, eevee, qual o seu nome?”

Ela o respondeu, com a curiosidade atiçada para saber mais sobre o estranho pokémon que salvara – ou pelo menos tentara salvar-.

“Interessante.Pode me chamar de Wrath” sorriu, colocando o galho com que cutucara a outra na boca. “Escuta, Beru, por que quis me salvar?”

Ela piscou, confusa. “É Keru, e bom…. Eu vi que estava ferido, e achei uma covardia quererem te atacar…. (mesmo que já tenha ideia do porquê)”

Fez uma pose de pensativo e logo acrescentou “Certo, mas eu podia me virar, não precisava ter me ajudado”

“Você podia ser um pouco mais agradecido, mas…. Enfim” suspirou “ E por que ME salvou, se poderia ter ido embora?”

Wrath engoliu a seco, parecendo desconfortavel.

“Bom… n-não vem ao caso, certo? O que importa é que estou interessado nas suas habilidades, não é facil de se ver um eevee que sabe usar com tanta propriedade um ataque como Secret Power!”

Keru sorriu com o elogio, apesar de não ter certeza de como sabia usar um movimento como aquele; e foi justamente isso que informou a Treecko.

“Não sabe como usar, hm?” Parou e pensou “Ei, tenho uma ideia!”

Se aproximou e com animação propôs

“Vamos formar um grupo de guilda, o que acha?”

“G-grupo de guilda? O que é isso?”

Wrath suspirou “Esses rústicos…. Venha comigo Keru, quero te mostrar a guilda que faço parte!”

Keru deu de ombros, não poderia ser tão mal conhecer a tal guilda.

E assim ambos se dirigiram ao estranho prédio na encosta do Poffin de açúcar, apelidado pelo Treecko de guilda.

Fim do capítulo 1