Capitulo 2

Descendo a encosta que daria para a vila, Keru e Wrath se depararam com algumas pedras bloqueando o caminho

“Pfff, que maldição” O treecko resmungou, dando um soco em uma das pedras e a partindo em pequenos pedaços.

Keru ficou sentada, observando o outro quebrar mesmo aquelas rochas que não precisava. Ela suspirou com o exibicionismo do “parceiro”.

“Isso é realmente necessário?” bufou a raposa, entediada.

“Haha, isso é divertido, Leru! Deveria tent-“ o pokémon ficou perplexo ao perceber que uma das rochas tinha segurado seu soco “ué”

A eevee apenas viu Wrath voando por cima de sua cabeça, sua sombra estranhamente percorreu duas vezes pelo chão.

“Como ousam me socar enquanto estou cochilando, seus vândalos!” gritou estridente a pedra, agora abrindo os olhos e se revelando um Geodude, e dos furiosos.

Keru engoliu a seco, se afastando lentamente. O coração palpitante ondulava a pelagem de seu peito, enquanto as pernas travadas a impediam de correr.

“Me desc-“

O inimigo avançou sobre ela, jogando seu pesado corpo para prende-la no chão. A eevee desviou e aproveitou a deixa para se esconder atrás de uma pedra que ainda não tinha sido quebrada.

Eis que Wrath pulou sobre o Geodude, abrindo um sorriso satisfeito.

“Hehe, planta efetiva contra pedra” susurrou no ouvido do mesmo, enquanto uma luz esverdeada tomava conta do local.

“Absorb.”

Uma explosão, com o geodude desmaiado ao seu lado, o pokémon agarrou a Eevee pela nuca e a carregou montanha abaixo.

“Francamente, mesmo tendo poderes incriveis, você é uma baita medrosa!”

Keru resmungou algo como “me larga”, porém o “parceiro” não pareceu ouvir, enquanto pronunciava em alto e bom tom o feitio corajoso de enfrentar um grande Geodude sozinho.

Chegaram enfim à vila, onde Wrath largou a raposa no chão e andou de nariz em pé.

A pequena cidade era simples, porém charmosa, com pequenas construções de madeira, pedra e palha juntas umas das outras, algumas tendas locais e uma praça no centro, com um belo chafariz de pedra, provavelmente obra de algum habilidoso pokémon, e logo adiante via-se a colossal construção com cara de pokémon no poffin de açúcar, suas armações de madeira e palha, se apoderando das rochas para sustentá-la.

Ao que parecia, a cidade não estava finalizada, com diversos Machop e Machokes carregando toras e rochas de um lado ao outro.

Pequenos pokémons brincavam pela cidade, correndo e rindo, enquanto belas Gardevoirs suspiravam nas sacadas de suas casas, esperando pelo fim da tarde, onde todos se retiravam para suas respectivas familias para descansar e conversar sobre o agitado dia que tiveram.

Havia também Timburrs se exibindo, mostrando quantos pedaços de tronco conseguiam suportar em uma viagem.

Ao céu voavam Pelippers, que grasnando alertavam a tempestade que por mais se formaria, suas sombras colorindo o chão com um escuro borrão, porém havia mais sombras do que pokémons; e ao longe, bem ao longe, se era capaz de perceber um belo arco-iris, mesmo com o cinzento céu acima de sua cabeça, parecia crescer cada vez mais, como se algo o conduzisse através de delicadas batidas de asas.

“Caramba!” seus olhos brilhavam, enquanto fazia questão de visitar cada barraca para observar a grande variedade de comida e artesanato que tinham.

“Assim só chegamos amanhã” O treecko grunhiu, se aproximando de Keru “Deixa de ser estranha e vamos!”

Ela ignorou solenemente o conhecido, enquanto se envolvia em um interessante e profundo bate papo sobre frutas e afins com uma simpática Mawile, que ao encarar o pokémon de grama, franziu o cenho e entrou em sua casa, batendo a porta com força.

“…” a eevee encarou Wrath, que não parecia se abalar com a estranha situação que acabara de presenciar. “Vamos” grunhiu enquanto mordia uma maçã “Daqui a pouco anoitece”

Ele largou a fruta mordida no chão e prosseguiu andando.

Desconfortável, ela prosseguiu viagem, notando o olhar fulminante que cada pokémon dirigia ao treecko.

“Eles não gostam muito de você, não é?” Perguntou, delicada

“Um bando de ignorantes, não sabem com quem estão se metendo” respondeu-a, amargo.

Chegaram por fim ao pé do incrivel prédio.

“Uaaaaa, é incrivel!” ficou surpresa a pequena raposa, enquanto subia rapidamente a escadaria de pedras que levava à porta do lugar.

Wrath sorriu com a empolgação da outra, já prevendo que conseguira uma parceira.

“Está é a guilda do grande Alakazam, como pode ver, ele gosta bastante da sua cara” disse, apontando para a enorme cara de pokémon acima da entrada.

“Ah! Então é um Alakazam, nunca vi um! “ murmurou, impressionada

“C-certo” ele disse, piscando com a ignorância da outra “ para entrar, você deve passar por esse buraco e esperar um pouco” explicou, mostrando um tunel vertical tampado com tiras de madeira resistentes.

A eevee passou por cima do lugar e esperou, até que uma fina voz ecoou pelas paredes.

“Eevee detectada, eevee detectada!!! Pode entrar, pode entrar!”

Ela pulou com um susto, logo passando e esperando o outro, ainda perplexa com a voz.

Wrath passou pela tira e esperou.

“….”

“….”

“….”

“Entra logo, treecko!”

Ele pareceu incomodado, a porta de madeira logo se abriu, permitindo ambos a entrar.

O sol começava a se pôr, e estranhos vultos passavam entre montanhas e pelo chão.

“Uhaaaaaaaa!” ela gritou, extremamente impressionada com tudo lá.

“S-shhh, cala essa boca, estão olhando!” O Treecko parecia envergonhado

Nas paredes, quadros de avisos recheados de panfletos e pequenas notas, algumas trepadeiras coloriam o local com tons de verde.

Tochas acesas iluminavam o lugar, dando brilho e destaque aos quadros.

Pokémons de diversos tipos e tamanho transitavam por entre as salas, carregando sacos com joias ou panfletos, cada um deles possuia um belo broche e tecido de determinada cor, amarrados a alguma parte de seu corpo.

Haviam tuneis com aberturas, supostamente o quarto de pokémons que ali viviam, e mais abaixo um incrivel espaço para refeições; era tudo impecavelmente organizado e posicionado.

“Bem vindo à guilda Alakazam!” ele sorriu, exibido. “Como você pode ver, temos um quadro de noticias, com missões para cumprirmos, alguns quartos ali, uma sala de refeições lá….”

“Missões?” Ela parecia intrigada

“Ah sim, são pokémons que pedem por ajuda, e algum membro de guilda pega para resolver. As vezes estão perdidos, outras vezes apenas querem procurar por territórios novos. Uma vez finalizada a missão, ele ganha uma recompensa e pontos de guilda, não é demais?” Wrath estava animadamente explicando cada detalhe de como funcionavam as missões e o sistema de pontuação.”E o melhor de tudo, se quiser se juntar ao meu grupo, podemos ajudar pokémons juntos e ganhar tesouros e mais tesouros!”

Keru se impressionou com tudo “Que divertido, puxa, você deve ser um grande explorador, certo?”

“Eer…..” ele coçou a cabeça

“Certo, Wrath?”

“Sim! Sou o maior membro que esta guilda já teve! Vamos, Meru, junte-se ao meu grupo e seremos uma dupla dinâmica!”

A eevee ponderou a proposta “É Keru! E bem….”

Eis que as luzes se apagaram repentinamente, todos ficaram supresos, alguns gritaram, porém a esmagadora maioria apenas se alertou, entrando em modo defensivo, e aos poucos, o silêncio reinou o lugar.

“Vejamos o que temos aqui” Uma grave voz ecoou por todo o recinto, assuntando Keru que agora se encolhia no chão rochoso.

“Tantos pokémons juntos, o que fazer? HEHEHEHEHHEHE” Um frio percorreu pela espinha do Treecko, ao sentir algo gelado passando por seu corpo; ele tentou golpear o que quer que fosse que havia o tocado, porém apenas vento restava.

“UNI DUNI TÊ, ESCOLHI……” um breve silêncio “VOCÊ!”

apenas o grito da Eeve pôde ser ouvido, quebrando o mortal silêncio que ali se instalara, e então as luzes voltaram a se acender.

Wrath observou ao seu redor, procurando pela parceira, porém apenas se via pokémons assustados e encolhidos.

“R-reru? Onde você está? Reru!!”

Keru se viu paralisada, frente a um ser que jamais vira antes, era literalmente uma esfera rodeada por uma espessa aura violeta.

Sua face, com uma enorme boca, expressava certa curiosidade perante a raposa.

“Hehehehe, olha só o que temos aqui, uma Eevee!” riu, aparentemente de uma piada que lembrara, ou então que só ele entendia. “Sabe, eu venho te observando faz tempo!” comentou, agora sério, para logo abrir o largo sorriso novamente e rir.

“Aquele verdinho era bem mal-humorado, sabia que as pessoas não gostam muito dele?”

Ela não conseguia falar, as pernas bambas e enrijecidas não possibilitavam uma fuga estratégica.

“O que foi?” ele riu mais uma vez; era bem humorado.

“…f…” ela gaguejou, ainda em choque”

“Feijão?”

“…ffff….”

“Fogão?”

“….fff……”

“G!” ele rodopiou no ar, gargalhando orgulhoso de sua piada sem graça “de Gastly, que sou eu!!”

“Fantasma!!!!” ela berrou com todo o pulmão, fechando os olhos com mais força do que precisava

“A” o Gastly ficou pensativo “raposa?”

Keru tremia com toda sua energia.

“Fala sério, nossa, um fantasma!” ele interpretou, sarcástico “Grande medo!”

“Falando sério agora, eu sou gente fina!” Parou e ponderou algo “Ou seria transparente?”

A eevee, ofegante, abriu os olhos e almejando confrontar o estranho, rosnou baixo. “O que quer de mim!?”

“Eu?” ele ficou sério novamente, agora sem abrir o largo sorriso.

Keru ouviu, pasma o que tinha para dizer.

“Zeru!!!!!!” Gritou o Treecko, percorrendo cada canto da guilda

Limpou o suor da testa, preocupado, e logo voltou-se a correr por entre os corredores do segundo andar.

“Onde está essa medrosa!?” grunhiu “Deve ter corrido de medo, ah que bela escolha eu fiz!”

Esbarrou com um Zangooze que por alí caminhava, fazendo-o derrubar uma pérola que carregava.

“Qual é a tua, magrelo!” Rosnou, irritado, sua garra negra e afiada reluzindo à luz de velas, posicionada próxima ao empapado pescoço do outro.

“AH!” ele estremeceu, desajeitadamente pegando a joia que caíra “D-desculpa, eu-“ Percebeu então o que segurava, reparando de perto um certo detalhe naquela esfera opaca.

“Mas isso não é-“

O zangooze engoliu à seco.

“Fica na tua, ô!” Gritou, pegando com violência a pérola das mão suadas do Treecko, e apressado sumiu por entre os outros pokémons.

“Aquilo era…..Bom, deixa pra lá, preciso achar minha parceira!”

Voltou a correr, o olhar dos conhecidos o fuzilando enquanto passava por rostos hostis.

Suspirou, desaparecendo na multidão.

Ao lado de fora da guilda, simultaneamente com a procura de Wrath, encontravam-se os dois pokemons.

Banhados pela pálida luz da lua cheia, que de tempos em tempos sumia por entre as nuvens, fitavam-se sériamente, sem sequer mover um músculo. O vento forte balançava a copa das árvores, que soltavam ressecadas folhas amareladas, formando uma chuva de tons quentes. A luz da vila era apagada pelas impetuosas tochas ao pé do rochedo, que iluminavam cada canto da entrada, agora aberta, da guilda.

“Me escute bem, raposinha” O fantasma susurrou, sua voz grave e mortal “Cuidado com aquele Treecko…. Ele não é o que parece…”

Fim do capítulo 2

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.