Poesia Compulsiva

Mundo nauseabundo


Mundo Nauseabundo

Por isso é preciso estar embriagado. Embriagado para não sentir estas ideologias tortas. Embriagado, para não sentir estas idolatrias descompostas. E assim não sentir as palavras mortas das pessoas tontas, pessoas sem rostos. Porque são pessoas mortas, pessoas sem sonhos. E sem os sonhos apenas restam pessoas sem rostos. Pessoas sem rostos do mundo descomposto, em que em desgosto não veem o seu trágico aborto. O aborto dos seus sonhos, o aborto dos pensamentos próprios, que sem voz própria, apenas resta à carcaça morta.

São os muitos moribundos do mundo oriundo. Contando em cada gota de consumo, o seu abuso absurdo. No som desse grito nauseabundo, não vemos o silencio do mundo. Mudo, pelas palavras burras de muitos moribundos. Que fazem em cada segundo um mundo obtuso. Em cada segundo, em cada minuto, se criam rachaduras mais obscuras. Com cada grito absurdo, com cada intriga descomposta, as rachaduras ficam mais expostas. São as rachaduras dos sonhos, as rachaduras dos povos, descomposto pelas ideologias opostas em vez de estar juntos pelo uso dos mesmos sonhos.

Fazendo em desgosto a realidade deste mundo absurdo. É a realidade de um mundo tristonho. Um mundo sem rosto, encoberto pelas sombras dos sonhos mortos. Porque sem sonhos: somos pessoas sem rostos. Apenas a carcaça dos sonhos que não somos. Os vários corpos expostos moribundos. Devotos, da realidade e de seus desgostos. As carcaças do que não somos, dos sonhos que estão sem rostos. Somos as sombras dos nossos sonhos mortos, usando os vários rostos que não são nossos.