Playing Dangerous

Prisoner to an Addiction


Jake

Eu estava voltando pra casa depois de um dia de trabalho. Já era tarde, a madrugada se estendia, a noite era fria, a chuva fraca logo se via.

Dirigia calmo por entre as ruas, o movimento nas calçadas era quase nulo, somente os bares estavam abertos.

Estava prestes a deixar a região suburbana e me afastar para o interior, onde morava, quando meus olhos encontram uma silhueta tão bem conhecida pelos meus olhos, paro o carro abruptamente.

Carmen estava encostada na parede de um bar, fumava um cigarro despreocupada. Vestia um vestido curto, usava um casaco, mas de que adiantava se suas pernas estavam à mostra? Lembrando que estava frio.

Não pensei duas vezes, estacionei o carro e saí do mesmo num impulso. Atravessei a rua num raio, Carmen avistou-me e sorriu, sorriso qual não retribuí.

— O quê está fazendo aqui? – indaguei próximo a ela.

Ela arqueou as sobrancelhas, o sorriso havia sumido de seus lábios.

— Não te interessa! – havia bebido, deduzi pelo tom da voz.

— Meu Deus, Carmen – segurei seu braço, olhei ao redor, a rua estava vazia – Com quem você está aí? Não avisou-me que sairia hoje.

Ela riu incrédula.

— Te avisar? Você não é meu pai. Faço o que eu quiser, entendeu?

A bebida parecia tê-la encorajado a falar tais coisas.

— Não. Eu preciso sempre saber onde você está e com quem está. É assim, Carmen!

Ela virou os olhos, ia dar-me as costas e voltar pro bar, puxei-a.

— Você vai embora comigo. Vamos – disse enquanto a puxava, ela não protestou.

— Você não é meu pai, Jake. Bem que teria idade pra ser, mas não é. Até porque eu não poderia ter um pai tão gato assim – ela tagarelava e ria, efeito da bebida.

Caminhávamos em direção ao meu carro. Guiava uma torpe Carmen, a garota tinha passos incertos.

Acomodei-a em meu automóvel – o pessoal, não o policial – entrei no mesmo e dei partida. Ela ainda falava coisas desconexas.

— Você estava com seu carro? – indaguei-a.

— Não – sua voz pastosa soou.

— Com quem você estava lá?

Encarou-me por um segundo hesitando em responder, mas cedeu:

— Com algumas amigas, mas todas estavam com seus namorados ou ficantes, e como eu não posso sair com o meu pra lugar nenhum, eu bebi – ela deu de ombro, meneei a cabeça – Mas, ei! – ela fitou a janela – Pra onde você tá me levando?

— Pra minha casa.

Ela esboçou um sorriso e se aproximou.

— Ah, é? – ela beijou minha nuca e colocou sua mão em minha coxa, e a mesma subia – E vamos terminar o que começamos aquele dia?

Realmente Carmen estava fora de si. Bêbada.

Afastei sua mão e a fiz sentar-se novamente no banco.

— Não com você assim.

— Então ainda vamos? – ela sorriu manhosa e colocou os dois pés no assento, fazendo seu vestido descer e suas coxas aparecerem.

Somente meneei a cabeça e continuei fitando a estrada. Não deveria dar trela para as coisas que Carmen falava no momento.

— Você não me quer mais? Não me acha mais bonita? – ela fez um biquinho manhoso – Você me disse que eu era sua.

Só o que me faltava, uma Carmen bêbada e ainda por cima emocional.

— Eu te quero mais que tudo, pequena. E sim, você é minha. Mas por que agora não manda uma mensagem pros seus colegas dizendo que encontrou um amigo ou parente, e pegou uma carona com ele?

Ela torceu os lábios e deu de ombros. Pegou o celular e mandou a mensagem.

— Eu realmente queria terminar o que começamos aquele dia – ela balbuciou e encostou a cabeça na janela.

Somente ri de minha pequena Carmen.

Depositei-a em minha cama, havia adormecido no trajeto pra cá. Tirei seu tênis e casaco, a cobri com o edredom.

Agora a chuva já havia se tornado em tempestade e os relâmpagos brilhavam lá fora. Porém minha Carmen dormia tranquila, alheia a tudo. Eu podia até mesmo compará-la a um relâmpago, brilhando na noite escura. Ela brilhou em minha noite escura, a iluminou. Minha pequena havia trazido coisas boas para minha vida solitária.

Minha garotinha, qual já não era tão garotinha assim ou talvez ainda fosse? Pois quando descobri que ainda era virgem surpreendi-me, porém fiquei ainda mais excitado. Ela era mais indefesa do que eu havia imaginado. Sua degeneração era apenas uma pequena máscara para sua angelicalidade.

Seus cabelos, seus olhos, seus lábios, sua pele. Tudo nela me atrai como o puro pecado. Seu jeito presunçoso e ao mesmo tempo inocente. Ela não precisa fazer nenhum esforço, somente precisa ser ela.

Encaro Carmen adormecida em minha cama, parece uma visão angelical. Vê-la assim, em seu modo mais desarmado fazia-me querer cuidá-la, para sempre.

Carmen despertou em mim algo há muito adormecido. Como pode ela, com apenas dezessete anos, ser tão má? Sei que esconde segredos e tristezas, posso sentir. Talvez um dia os descubra, talvez um dia ela descubra os meus. Bom, talvez até fiquemos bem no final.

Não sei bem a definição de meus sentimentos quanto a minha garotinha, alguns chamariam de afeição, obsessão, paixão ou até mesmo amor. Eu daria tudo isso a ela, se a mesma me pedisse.

Deito-me na cama e puxo-a para mim. Carmen se enrosca ao meu corpo e beijo o topo de sua cabeça, seu cheiro doce está aqui, impregnado em mim, em minha carne.

Sim, Carmen é meu objeto de afeição e não vejo fim o desse desejo. Ela pode ser muito bem o meu começo, como também meu fim, mas quando a encaro, todas as indagações de que isso possa ser errado somem. Eu poderia observá-la por horas a fio.

Eu sou um prisioneiro de meu vício. Meus pensamentos sobre Carmen iam longe. Pensar nela, significava não parar mais de pensar.

Meu celular apita, uma mensagem. Quem me mandaria algo a essa hora? Pego o objeto de meu bolso, olho o número já por mim conhecido e logo após a mensagem:

Bairro Tompson. Casa nº 232. A partir das 10 da noite estão sempre em casa. Cocaína e Ecstasy. Grande carga. Chefe: Dealer Brown”.

Respondi:

Bom trabalho. Logo terá sua recompensa”.

Coloquei o celular sobre o criado-mudo e adormeci com Carmen em meus braços.