— Deixe-me ajeitar seu laço – aproximei-me de Marina e arrumei seu laço lilás, a cor preferida da mesma – Prontinho.

— Obrigada, Carmen – sorriu-me.

Estávamos todas – eu, Marina e mais duas amigas da mesma – no centro da cidade, em um pleno dia ensolarado. Andávamos e sorríamos em nossos vestidos – um tanto curtos por assim dizer –, ajeitávamos nossos laços e chupávamos nossos pirulitos. Eramos as Rainhas Degeneradas dessa cidade.

Não havíamos vindo somente para passear, o propósito da vinda foi que ajudássemos Marina na procura de uma nova e sensual lingerie, a mesma queria fazer uma surpresa para o namorado, sem mais detalhes. Enfim, já havíamos comprado o fatídico item, agora zanzávamos como Rainhas da Beleza através do centro da cidade.

Passávamos e os garotos em seus pequenos e espinhentos grupos assobiavam.

— Todos olham pra você, Carmen. Todos gostam de você – disse-me Suzan, amiga de Marina. Era uma loira de olhos azuis cativantes.

— Enganou-se, pois todos olham pra você, Suzan – a agradei, ela sorriu.

— Carmen é uma ótima mentirosa – brincou Amélia, outra garota. Era mais baixa que nós e tinha um belo, e comprido cabelo.

— Mentiras podem comprar a eternidade, não é? – mostrei a língua. Elas riram.

— Ai meu Deus, Carmen! Olhe disfarçadamente – Marina chegou ao meu lado e encaixou seu braço ao meu – Olhe pra frente, continue andando.

Lá estava o meu maior segredo e também desejo, encostado em seu carro policial, qual continha um enorme SHERIFF escrito, parecia estar comendo algum tipo de lanche.

Seu olhar encontrou o meu por alguns segundos, ainda tinha meu pirulito entre meus lábios, seu olhar desceu para a cena, então virei meu rosto sorrindo quase que imperceptivelmente.

Ao passarmos por ele, saudou-nos.

— Boa tarde, garotas.

Foi retribuído com pequenos risinhos e “boa tarde” afobados, bom, não de minha parte.

— Carmen, fala sério, ele é muito lindo – Marina falou perto do meu ouvido.

Olhei para trás e lá estava ele, me encarando, sorriu-me, simplesmente retribuí.

Voltei minha atenção para Marina.

— Sim. Eu o comeria vivo se pudesse – falei e rimos.

E assim se foi o resto da tarde, pirulitos, sorvetes, Coca-Cola, garotos espinhentos nos cantando… Mais um dia cotidiano na vida de Carmen Grant. Euzinha.

Logo as garotas foram embora, inventei uma desculpa qualquer para acobertar o motivo real de continuar no centro da cidade. Eu precisava ver Jake, não somente vê-lo, tocá-lo, senti-lo.

Já havia se passado alguns dias desde nosso último encontro, mas esses encontros rápidos e meteóricos não supriam-me em nada, não satisfaziam-me. Era quase sempre tão corrido e perigoso, seu trabalho era incerto, a qualquer momento ele poderia ser chamado. Eu tinha que esperar apenas, porém cansei-me da espera. Cansei.

O céu já estava ganhando uma tonalidade alaranjada, escureceria em questão de minutos. Bom, isso seria ótimo.

Dirigi até um certo lugar e mandei uma mensagem para Jake:

“Me encontre no antigo Drive-In. Agora.”

Nenhum ser vivo costuma a vir aqui, alguns dizem que o lugar é mal assombrado. Bom, que seja! Conheço o lugar apenas por causa de Bradley, já viemos aqui com o pessoal, fumávamos e bebíamos. Não mais.

Quando vi o céu já estava escuro, pequenos feixes azuis dançavam nas nuvens acima. Nada de Jake. Será que ele viu a mensagem? Melhor eu mandar outra mensagem avisando para não vir mais.

Quando estava prestes a fazê-lo, Jake abre a porta de meu carro com pressa, entra e se acomoda.

— O quê foi, Carmen? – ele parecia preocupado – Aconteceu algo?

Franzi o cenho e ri dele.

— Não, nada. Apenas estava com saudade.

Inclinei-me na direção de Jake e o beijei. Imediatamente senti sua mãos acariciarem meu corpo, mas era pouco. Queria mais. Tentei subir em seu colo, mas bati meu joelho esquerdo na marcha.

— Ai, droga – me afastei.

Vi Jake reprimir um sorriso, ri da situação, tapei meu rosto com a mão.

— Vamos, Carmen. Passe pro banco traseiro.

Não pensei duas vezes, fiz o que ele mandou-me. Logo depois era Jake quem se acomodava ao meu lado.

Recomeçamos de onde havíamos parado.

Estar nos braços de Jake era indescritível. Sentir seus lábios macios nos meus, sentir suas mãos tocarem-me, ter seu corpo quente colado ao meu, sentir seu cheiro. Agarro-me a ele como uma louca.

Eu o quero tanto como nunca quis ninguém, é loucura, pois estamos nesse jogo perigoso a mais ou menos duas semanas e eu só consigo pensar nele, em mais nada.

Aqui, agora mesmo, tenho vontade de tirar toda minha roupa e me entregar a ele, ainda nem sei porque não fizemos isso.

— Não sabe como eu também senti sua falta, Carmen – ele disse rente aos meus lábios já inchados de tantos beijos fortes – Só consigo pensar em você… e quando te vi hoje, meu Deus, com aquele pirulito na boca – ele comprimiu os olhos, eu ri – Você é uma pequena e perigosa garotinha.

— Sou a sua pequena e perigosa garotinha.

Reaproximei-me dele o beijando, comecei a tirar a jaqueta que o mesmo usava, abri os primeiros botões de sua camisa, porém ele não ficava por trás, meu vestido já não fazia o trabalho de cobrir minhas coxas, suas mãos habitavam o local, era delicioso.

Eu estava com a cabeça encostada na janela, Jake beijava – praticamente lambia – meu pescoço e meu busto, enquanto sua mão acariciava minhas coxas, a sentia cada vez mais na parte interna delas. Eu somente gemia em resposta a todas essas sensações.

Não esperava que nossa primeira vez fosse em meu carro, mas dane-se, eu somente não posso mais esperar por isso, o quero tanto que chega a doer.

Senti sua mão tomar um caminho quente, a parte interna de minhas coxas e sua mão adentrava. Instintivamente dobrei meu joelho que estava livre e também afastei a perna livre.

Quando o senti tocar-me lá, pendi minha cabeça pra trás e a encostei novamente na janela já embaçada. Gemi, então Jake beijou-me, ainda tocando-me em meu ponto mais sensível. Era maravilhoso, fechei meus olhos e concentrei-me no prazer que subia de meu ponto até minha barriga, era inexplicável, um espasmo extremamente delicioso que esquentava-me até as bochechas. Porém o prazer foi interrompido pela dor quando Jake penetrou-me com um dedo. Gemi de dor, ele se afastou imediatamente, seria óbvio que ele fizesse isso quando descobrisse.

— Você é virgem?

Abaixei meu olhar e encolhi-me, estava me sentindo estúpida, uma virgem estúpida. Uma virjona que havia seduzido um homem mais velho.

Assenti sem olhá-lo.

Ele riu pelo nariz. Claro que ele riria de mim, uma virgem que havia o tentado.

— Uma virgem estúpida, eu sei, não precisa rir – tentei defender-me me aprumando no assento.

Jake virou meu rosto para poder encarar-me nos olhos, eu estava envergonhada.

— Isso só faz eu te querer ainda mais, Carmen.

Franzi o cenho. Ele queria uma garota inexperiente no que mais agradava aos homens?

Encarei seus olhos azuis. Senti-me acolhida e… amada?

— Você não liga de eu ser inexperiente e…

— Não, não. Isso não importa pra mim. Eu a quero, você é minha – ele aproximou seu rosto do meu, fixou seus olhos azuis em mim – Minha. Entendeu? Minha.

— Sim, sou sua. Completamente sua– assenti e o beijei.

Depois disso Jake teve de partir, pois recebeu uma chamada.

Fiquei ali, na penumbra do destruído e antigo Drive-In. Um sorriso idiota se insinuava em meus lábios. Sim, eu sou virgem. Pasmem, uma Rainha Degenerada virgem. Julguem-me!

Não que eu seja uma tola, já fiz algumas coisas, mas digamos que nunca fui até o fim… Mas agora, sinto-me segura. Sinto-me “livre” com Jake. Como não querer ele? Impossível.

O preciso como uma vadia condenada. Não faço a mínima ideia do que estou sentindo, mas sinto-me segura o bastante para entregar-me a ele, como nunca me entreguei a ninguém.

Sinto-me segura para entregar-lhe meu corpo, mas e meu coração? O meu adormecido e nunca tocado coração? Seria eu capaz de descongelá-lo e entregá-lo a Jake?

Sinceramente, eu não sei.