Depois de se despedir de tia Dalma, Jack partiu no navio da Companhia com sua tripulação a caminho do seu belo tesouro. No entanto, os marujos se reuniram e fitaram Jack com raiva.
-O que fomos fazer lá?- perguntou um jovem.
-Fomos arranjar um meio mais prático de alcançar nossos objetivos. Esperem um momento- Jack abriu sua bússola, ela definitivamente não apontava pro norte- a coisa que eu mais quero nesse mundo é...encontrar o tesouro dessa maldita pirata- sussurrou Sparrow fechando os olhos. Ao abri-los outra vez, Jack se surpreendeu ao ver que a bússola apontava para outra direção- Oeste, é? Marujos, para o oeste imediatamente.
-Sim senhor- gritaram em uníssono. Depois de partirem daquela ilha, os piratas seguiram para oeste como prdenado, com a brisa do vento soprando em seus corpos, que tinham calafrios com a sensação única que aquilo lhes proporcionava. Nero observava com curiosidade o renovado capitão Sparrow, parecia menos e preocupado, suas palavras soavam firmes e inspiradoras, o que havia acontecido na ilha de tão especial que mudara o jovem?
-Capitão.
-Sim, senhor Nero?
-Se me permite, o que o houve naquela ilha que o deixou tão contente?
-E isso é da sua conta, marujo?- questionou Jack com grosseria.
-Não...não senhor.
-Muito bom. Agora volte ao trabalho- quanto desceu para limpar o deque, um pirata negro, com camisa azul escura e calças amarrotadas se aproximou com um esfregão e começou a falar:
-Ei Nero, tu andas tanto com o capitão, tu sabes por que ele está tão mudado?
-Quem dera eu soubesse Vufrig. Sei apenas que aconteceu na ilha.
-Será que ele...teve proezas com alguma dama?
-Se teve não foi com uma dama, tenho certeza- de repente, um forte abalo atingiu a embarcação, toda a tripulação saiu para verificar o que tinha acontecido e se viram cercados por navios da Companhia das Índias Orientais cheios de marinheiros com roupas brancas e casacos vermelhos. No comando da frota estava um homem velho, porém experiente e frio, com uma bengala na mão e chapéu sobre a cabeça.
-Preparem os canhões- ordenou o velho- os marinheiros de todas as embarcações apontaram os canhões, esperando a ordem de ataque, que para infelicidade geral não veio- senhores- vociferou o velho- retomem nosso navio- cordas foram lançadas no navio roubado e em alguns instantes o convés estava repleto de marinheiros. Após capturarem toda a tripulação, o capitão da frota subiu a bordo de seu navio roubado e fitou Jack com uma expressão ao mesmo tempo de nojo e pena.
-Então você é o tal pirata que ousou roubar um navio de minha frota, sem contar os uniformes de um oficial e doze almirantes- para surpresa de Sparrow, um homem que ele esperava ver apenas no inferno estava perante ele, ao lado do comandante da frota, Carter Beckett.
-Olá- cumprimentou o marinheiro com um sorriso de satisfação exibido no rosto.
-Olá- respondeu Sparrow de má vontade.
-Depois de chegar à praia, informei imediatamente o que houve com o navio e onde o vi pela última vez, então o comandante Walker teve a gentileza de retribuir minhas ações com o cargo de assistente oficial da Companhia das Índias Orientais- explicou Beckett com orgulho cego.
-Hmm, interessante- disse Jack com cinismo- aproveite seu novo cargo se retirando do navio.
-Quieto demônio- ordenou Walker com veemência- revistem eles- um a um, todos os pertences foram recolhidos, inclusive (obviamente) as espadas e pistolas- muito bem, guardem o que encontrarem de útil e joguem fora o resto. Levem essa escória para a prisão do navio, vamos para Londres- Depois de serem presos no interior do navio, os piratas tiveram de ouvir a embarcação que roubaram se dirigir para Londres e, para a forca.
-Matem Sparrow- gritou um negro alto e careca.
-Esperem- berrou Jack- se me matarem agora, vão tirar a satisfação de me ver sofrendo pendurado numa corda.
-Infelizmente ele está certo- concordou um jovem.
-Verdade. Sabem por que estou certo? Por que vamos sair daqui em breve.
-Como poderíamos?- questionou o velho Nero.
-Amigos, fui eu quem lhes trouxe até aqui, ajudei a conseguir esse barco e vou recuperá-lo. Relaxem e esperem.
-Como vamos relaxar sabendo que uma forca nos aguarda em Londres?
-Simples, não iremos para Londres.
Do outro lado do navio, Walker e Beckett observavam a tripulação trabalhando.
-Diga meu bom Beckett, acha que temos como encontrar esse tesouro que Sparrow estava atrás?- o assistente sorriu e suspirou.
-Acredito que possamos, meu senhor- declarou Carter- entre os pertences de Sparrow encontrei um mapa, ele nos levará direto ao tesouro, no entanto estamos distantes da ilha em que ele se encontra, Sparrow estava indo na direção oposta.
-Vai ver não sabe ler um mapa, essas criaturas são ignorantes sem estudo, não passam de ladrões bêbados. O que mais encontrou nos pertences do pirata?- perguntou o comandante com indiferença.
-Achei uma bússola, apenas uma, mas ela não aponta para o norte deve estar quebrada.
-Um pirata se guiando com uma bússola que não funciona, essa é nova- declarou o idoso soltando uma bela gargalhada.
-O mais curioso é que só havia esta bússola com ele- completou o assistente.
-Não vejo curiosidade nisso, apenas loucura. Entregue o mapa ao navegador para nos levar ao tesouro- ordenou Walker, cansado de ouvir e falar de um pirata.
-Se permitir, eu mesmo nos guiarei por essas águas- se ofereceu Beckett.
-Você é obstinado meu jovem. Tome cuidado ou te mando para a forca com os inimigos do Senhor. Agora nos leve à ilha com o "x".
-Sim senhor- Ao assumir o timão, Beckett deu uma boa olhada no mapa e guiou a frota da Companhia das Índias Orientais a todo pano rumo à uma ilha isolada, onde um magnífico tesouro aguardava. Na primeira noite houve neblina e redemoinhos. Na manhã seguinte uma embarcação se prendeu nos recifes e a travessia dificultou com diversos rochedos submersos e na segunda noite uma tempestade amedrontadora atingiu a frota, afundando uma das menores embarcações. Na aurora do segundo dia, o comandante já havia perdido a paciência.
-Já chega Beckett. Você é um incompetente inútil. Até meu mordomo tem mais utilidade. Croyd, eu o nomeio mais novo assistente oficial do comandante chefe da Companhia das Índias Orientais.
-Obrigado senhor- agradeceu o mordomo, beijando a mão do patrão.
-Quanto a você Beckett, vá para o convés, vista algo à sua altura e comece a limpar o chão. Ah, me devolva o mapa- de má vontade, o ex-assistente pôs o mapa nas mãos do comandante e se dirigiu ao convés revoltado. Depois de se vestir e iniciar a limpeza da embarcação, Beckett se pôs a pensar na bússola do capitão pirata, afinal de contas, por quê ela não apontava para o norte? Estava realmente quebrada? Por que apontava para Londres? As respostas para tais perguntas estavam na boca suja e perigosa de um ardil capitão, mas não devia, seria traição.
-Capitão- chamou Nero- faz dois dias que não ponho uma gota sequer de rum em meus lábios, quando tomaremos o navio?
-Silêncio marujo, não ouvi o que ele disse por último- reclamou Jack.
-Não há ninguém falando além de mim, capitão- afirmou Nero olhando de um lado para o outro.
-Só por que você não consegue escutar, não significa que não há ninguém falando comigo- esclareceu Sparrow cobrindo a face com seu chapéu esfarrapado.
-Jack...Jack Sparrow?- chamou Beckett sussurrando.
-Senhor Nero, diga a este moço que não atendo por essa nomenclatura, batismo, ou denominação.
-Já ouviu não é, senhor Beckett?- questionou Nero.
-Ouvi. Não é hora para isso, tenho algumas perguntas para lhe fazer e preciso de respostas satisfatórias- esclareceu Beckett sem enrolações. De imediato, Sparrow se levantou, tirou o chapéu da cara e caminhou até ficar cara a cara com o jovem marinheiro.
-O que houve com o assistente oficial?- indagou Sparrow com satisfação.
-Ex-assistente. O comandante me dispensou, achou que eu não sei ler um mapa ou não tenho competência para guiar uma frota- explicou Carter decepcionado.
-Já parou para pensar que talvez sejam os dois?
-Por que anda com uma bússola quebrada?
-Acalme-se meu caro, para responder aos seus questionamentos eu irei recorrer à uma famosa tradição, barganha.
-Barganha- repetiu o jovem irritado.
-Isso mesmo. Eu digo o que quer e em troca você livra a mim e a meus companheiros da forca.
-Eu não vou trair a Companhia- afirmou Beckett.
-Então sugiro que volte a limpar o convés.
-Tudo bem, vou jogar seu jogo. Mas eu preciso de mais do que apenas respostas. Quero ter um cargo importante, maior ainda que um assistente oficial. Em troca será solto, terá esse navio e ainda lhe darei um chapéu novo e brilhante.
-Gostei dessa oferta, afinal de contas, meu chapéu está velho, era do meu pai e ele me ofereceu como herança...feito.
-Muito bem, agora me responda, a mesma pergunta.
-Qual era a pergunta?-indagou Jack sem interesse.
-Por que anda com uma bússola quebrada- respondeu Beckett com impaciência.
-É claro. Eu ando com una bússola quebrada por que ela quebrou após uma terrível tempestade- mentiu Sparrow.
-Tempestade foi?
-Exatamente. Não achou que a bússola teria algo de especial, achou?
-Nunca se sabe.
-Agora se sabe. Me deixe guiar este navio.
-Não posso, há muitos marinheiros e estamos cercados por uma frota- declarou Carter.
-Você não entendeu. O capitão não será melhor que você nessa tarefa de encontrar a ilha, somente eu posso encontrá-la.
-Isso não faz parte do acordo, eu não tenho que fazer nada por que você está preso e eu não.
-Vai abrir mão de seu cargo?
-Não.
-Então façamos o seguinte: eu guio esta frota até o tesouro, mas para isso exigo meus pertences, todos eles.
-Certo, mas como pretende nos guiar?- perguntou Beckett ainda confuso.
-Simples, aguarde um dia. Vocês não chegarão a lugar algum- revelou Jack com orgulho, voltando a se sentar.
-Um dia. Veremos como se desenrolará- quando Beckett se retirou, todos os piratas começaram a fitar seu capitão.
-Mais um dia sem comer?- indagou um pirata gordo, com vestes cinzas.
-Não se preocupe senhor Finn, é apenas uma questão de tempo.
-Devíamos te matar.
-Eu pedi dez dias, ainda estamos dentro do prazo, savy?- Outra noite se passou. Enquanto os estômagos piratas se contorciam de fome, o estômago do comandante Walker se revirava por raiva.
-Senhor Croyd, por que não avistamos ilha alguma desse mapa?
-Não sei senhor, deve ter sido o nevoeiro- sugeriu o assistente com receio.
-Dois assistentes imcompetentes, era só o que faltava- Na manhã seguinte, vendo que não chegavam a lugar nenhum, o comandante subiu no deque e vociferou- Croyd, você é um incompetente e a partir de agora será um mero faxineiro, agora para o convés. Será que não terei um assistente útil antes de ir para junto de nosso Senhor?
-Com licença, comandante- Beckett pediu humildemente se aproximando- Eu sei quem pode nos levar à ilha misteriosa deste mapa.
-Você eu tenho certeza de que não é, então desembucha.
-Jack Sparrow.
-Jack Sparrow? Mas ele estava levando meu navio na direção oposta.
-Talvez não estivesse indo para a ilha- sugeriu Beckett com determinação.
-Certo. Soltem Sparrow- alguns soldados desceram no convés das jaulas e abriram a que se encontravam os piratas.
-Saia Sparrow- ordenou um guarda alto com olhos azuis e cabelos ruivos.
-Como queira- ao sair da jaula, os guardas fecharam a grade e o restante dos piratas começou a protestar. Os guardas levaram Jack até o comandante, então apontaram suas armas.
-A que devo o chamado?- perguntou Sparrow todo dissimulado.
-Pode nos levar ao tesouro?
-Posso, mas quero os meus pertences primeiro.
-É mais do que justo conceder seu último desejo antes da forca.
-Na verdade era isso que eu iria pedir agora.
-Sei, muito engraçado. Que tal eu não te matar agora?- indagou o comandante com seriedade.
-Não me matar- ao se virar, Jack viu a pistola do comandante apontada para ele, além de seis rifles- É justo.
-Ótimo. Senhor Beckett.
-Sim senhor. Após entregar os pertences de Sparrow, Carter se afastou e observou.
-O que acha de voltar ao posto de assistente?- ofereceu Walker.
-Acharia muito gratificante.
-Pois bem, está recontratado. Se falhar outra vez, eu o pendurarei na mesma corda que os piratas.
-Sim senhor.
-Onde está a minha bússola, senhor Beckett?- indagou Jack com preocupação.
-Está quebrada. Por que iria precisar dela?- retrucou Carter.
-Para nada, mas eu combinei que para levá-los ao tesouro quero todos os meus pertences.
-Tudo bem. Devolva a bússola ao tolo- ordenou Walker com impaciência.
-Sim senhor. Tome sua bússola- após entregar a bússola de Jack, o mesmo olhou para o mapa, observou o horizonte e gritou:
-Para noroeste cavalheiros- a tripulação obedeceu. Em pouco tempo, a frota se encontrava num nevoeiro de visibilidade praticamente nula, Jack sorriu e esbravejou- mais rápido seus cães sarnentos- quando todos o fitaram, ele decidiu se corrigir- mais rápido seus homens lentos- Já fazia um bom tempo que se encontravam naquela neblina anormal, Beckett desconfiava cada vez mais de Sparrow e o vento soprava com uma força colossal, causando um frio mortal. De repente, o vento soprou com mais força ainda- força homens, resistam- berrou Jack, mas em poucos minutos, a ventania se converteu num estranho fenômeno que misturava os ventos, agitando e derrubando embarcações. Algumas bateram em rochedos, então Sparrow segurou o timão e o girou com tudo- se segurem- Jack correu até o convés e abriu a jaula com as chaves abandonadas.
-Finalmente, achei que tivesse nos abandonado- declarou Finn.
-Eu nunca abandono os da minha espécie. Agora, tomem de volta esse navio- os piratas renderam marinheiros, pegaram pistolas e rifles e atacaram o restante da tripulação. Depois de largarem os marinheiros e seu comandante em botes, Jack sorriu feliz para a tripulação, olhou para os botes se distanciando e gritou:
-Não se preocupe comandante, tenho um destino para seu assistente, um que já deveria ter lhe custado a vida- todos os piratas riram e se distanciaram cada vez mais do nevoeiro- Viu? Tudo parte da barganha.
-Posso ver- respondeu Beckett irritado- você matou minha tripulação.
-Pense senhor Beckett, se o senhor é o assistente do comandante Walker e o comandante Walker está morto, quando retornar à Londres, será nomeado comandante Carter Beckett- explicou Sparrow com sabedoria.
-De fato. Tudo parte do plano- de repente, um navio maior do que três veleiros empilhados surgiu e sua tripulação invadiu o navio da Companhia, mirando suas armas na tripulação. Um homem com roupas verdes surgiu e fitou Sparrow com desprezo. Quanto a Jack, restou olhar espantado para os invasores e proferir:
-Maldição.