Petrion, o Dovahkin

Capítulo 5 - Diário das Dimensões


–... Estudar o corpo da criatura pra descobrir como eles mudam de dimensão. – Ouvi Kadon terminar sua frase. “Espera aí. Tem algo errado. Faz um bom tempo desde que os vi pela última vez, por que eles estão exatamente como os deixei? Hmm... Essas visões não devem estar passando em tempo real. Funciona como um livro, um diário. Mas isso significa que se eu usar essas visões para encontra-los vou estar sempre atrasado. Hmpf. Vai ter que servir. Pelo menos posso manter o olho neles e saber se eles se meteram em problemas. Por hora vou só observar.”

Kadon, Roben e o Capitão terminaram seus planejamentos e deixaram a cidade para caçar uma Sombra, enquanto eu os seguia deixando para trás Amanda e o povo da cidade. Nada foi dito pelos exploradores enquanto caminhavam pelas planícies que envolviam a cidade silenciosa. Andaram por vários minutos até encontrarem qualquer coisa. Perto de uma pequena colina eles encontraram uma Sombra, totalmente esférica, sem garras ou lâminas. Parecia ser o alvo perfeito.

Lenta e cuidadosamente eles se aproximaram, atentos a qualquer outro potencial inimigo por perto, mas não encontraram nenhum. Se esconderam em alguns arbustos atrás da criatura. De repente o monstro começa a mudar de forma e estica um longo pescoço para olhar a sua volta, como que procurando por algo. Meus amigos tencionaram seus músculos e se prepararam para a batalha, mas a Sombra pareceu não nota-los. De seu corpo disforme surgiram dois membros armados de garras afiadas e então se moveu até uma árvore, a qual, com um único golpe, ele cortou e pôs abaixo. Dos ramos da árvore caída surgiu um vulto que fez minha respiração parar por alguns segundos: Liand. Preso entre os galhos, ele se debatia tentando se libertar enquanto seu carrasco se aproximava com suas lâminas sedentas de sangue.

Sem tempo a perder, os outros três saltaram da moita para proteger Liand, Kadon preparando um relâmpago mágico, Roben brandindo seu martelo de batalha e o Capitão carregando sua lança. O ferreiro acertou um pesado golpe na Sombra, afastando-a de seu amigo indefeso. Furiosa, a criatura brandiu seu “braço” como um chicote e arremessou Roben vários metros de distância. Kadon lançou seu feitiço de forma precisa, causando uma pequena explosão brilhante e abrindo um buraco na criatura, que passou a dirigir sua atenção ao mago. A Sombra então se lançou sobre ele com incrível velocidade, distorcendo seu corpo para evitar a lança do Capitão, que caiu inutilmente no chão. A criatura continuou seu avanço implacável, suas garras brilhando nos olhos do mago, com o brilho sombrio que anuncia a morte. Ele não tinha como correr, nem como se proteger. O assassino de sombras lançou seu golpe letal, atravessando a carne, criando feridas profundas e derramando um rio de sangue.

Kadon ficou parado, em choque, olhando a poça de sangue que se formava aos seus pés. A poucos centímetros de seu peito pairava a ponta de uma presa, que agora gotejava o sangue do corpo trespassado do Capitão. A criatura casualmente jogou o corpo do Capitão para o lado e se preparou para um novo ataque, mas Roben já estava recuperado e no meio de seu próprio ataque, que esmagou o monstro no chão deixando apenas um círculo imaterial de sombras. Kadon então lançou sua armadilha, conjurando um círculo de luz vermelha em volta dos restos da criatura, transformando-se depois em uma pequena esfera, que Kadon colocou em um frasco. A primeira parte do plano estava completa. Mas a que preço?

Eles correram até seu companheiro ferido, que agora estava pálido, gelado e cercado por uma poça de sangue, que brilhava em um rubro sinistro contra o chão negro.

–Por que fez isso?! – Perguntou Kadon.

–Não pense... Cough... Que fiz isso por você... – ele disse arquejando e tossindo – Você provavelmente... Ack! É a única saída desse inferno. – E segurou Kadon pela gola – Se deixar que eu morra em vão, vou te perseguir pela eternidade, ouviu bem? – Disse ele com um sorriso macabro. Sua mão soltou Kadon e o Capitão da Guarda da cidade Miden se deixou levar para Sovngarde.

Kadon e Roben ficaram olhando o Capitão morto por alguns minutos e então queimaram seu corpo.

–É o melhor que podemos fazer por ele. – disse Roben – É irônico ele ter sido morto por uma Sombra no dia mais ensolarado do ano. – Ele completou com um sorriso vazio e sombrio.

–Nós temos que voltar. Aquelas pessoas não estão a salvo. Preciso voltar para a cidade e começar minha pesquisa. – e começaram a andar. Andaram alguns minutos antes de se lembrarem de Liand preso na árvore e voltarem para busca-lo.

E com esse cenário mórbido eu novamente me senti sendo puxado entre as realidades, deixando para trás meus amigos naquela planície deserta.