Eu o segui até a porta de sua sala. Sentei em uma escada em frente. Ele foi de encontro com uns amigos dele e sussurrou algo tão baixo que não ouvi. Os três amigos dele pareceram olhar pra mim.

– Droga. – Sussurrei. Levantei e saí correndo pro corredor da minha sala. Não tinha mais ninguém. Estavam todos na sala. Legal. Me fudi no primeiro dia de aula. Bati na porta, uma professora abriu e me olhou confusa.

– O que você quer ? – Disse.

– E-eu... – Pensa Anne, pensa. – E-eu sou daqui.

– A aula começou à 10 minutos.

– E-eu... – Inventa uma desculpa porra.

– Se perdeu ?

– Sim.

– Pode entrar. – Ufa. Pelo menos não me ferrei. Entrei e sentei no canto da sala, ao lado das janelas, na última cadeira. Meu colega “afeminado” ria sem parar, provavelmente pensando que eu já tinha tomado bomba. Sentei ao seu lado.

– O que você estava fazendo no recreio amiga ? – Disse mexendo as mãos e com um sorrisinho bobo no rosto.

– Eu fiquei o recreio todo sem fazer nada.

– Você pensa que eu não vi você seguindo aquele garoto né ? – Ele(lê-se ela) riu. Gelei. Estava suando frio. Tentei parecer indiferente.

– Eu fui tentar descobrir de que sala que ele era. Uma amiga estava interessada.

– Quietos. – Gritou a professora pra nós. Porra. Pensei comigo mesma.

A aula prosseguiu e meus pensamentos a todo o momento retrocediam à ele. Seu sorriso, seu olhar, o jeito que ele caminha, confiante, com seus olhos penetrantes... Não acredito que estou pensando nisso.

Algumas semanas se passaram e tudo permaneceu igual, tirando o fato de a cada dia mais, ELE dominar meus pensamentos. Desde que eu entrara naquela maldita escola, tudo que eu fazia era pensar NELE. Ficava me arrumando durante horas pra tentar parecer mais bonita. Fiz amizade com mais duas garotas graças ao Thiago (amigo afeminado), e com mais um guri da sala. Forever Alone, é. Todo recreio eu tentava disfarçar, mais era verdade, eu me apaixonara por ELE. O problema é que eu simplesmente não fazia muito o “tipo” da maioria dos garotos. Eu era chamada de emo, gótica, anormal, gorda... E ELE era simplesmente perfeito em todos os aspectos. ELE se chama Cleyton, eu sei porque uma colega minha conhece ELE, e nós passávamos horas e horas discutindo sobre o meu futuro com ELE. Imbecil, iludida, idiota. Gosta mesmo de sofrer né vadia ? Pensava comigo mesma.

Passado exatamente 3 meses, estava eu e mais duas amigas no recreio – muito recentemente eu havia brigado com a Vick por ciúmes (da parte dela) – e eu como sempre O encarava, às vezes ELE e seus amigos me encaravam também... Tentei tirar esse pensamento da cabeça enquanto avistava ELE do outro lado do pátio brincando com uma garota, rindo sem parar.

– O que há com você ? – Saí do transe, as duas me olhavam e olhavam pra ELE, me olhavam e olhavam novamente pra ELE. – Você gosta dele ? – Perguntou a morena de olhos mais claros. Merda.

– N-não.

– Se não gostasse, teria perguntado “de quem” e não respondido que “não”. – Era a vez da morena de olhos negros. Pisquei – ELE sabe que você existe ?

– Acho que não. – Admiti.

– É o que nós vamos descobrir – E saíram as duas rindo no meio do pátio.

– NÃO ! – Gritei. Mais já era tarde. Pisquei. Elas já estavam do lado DELE. Eu queria conseguir ouvir a conversa deles. Não, eu queria desesperadamente sumir. Quando me dei conta, elas apontavam pra mim e ELE tentava acompanhar. Saí correndo pro banheiro. Idiotas, jogaram meus 3 meses de paquera por água abaixo, o que ELE vai pensar de mim ? Que eu sou uma qualquer que pediu pra ficar com ele ?

– Anne ? – As duas entraram correndo no banheiro atrás de mim. Vadias, minha vontade era de matá-las.

– O que você fizeram ? – Grunhi entre dentes.

– O Cleyton - Se encaravam e sorriam - Está do lado de fora te esperando. – Seus olhos brilhavam de tanta empolgação. Espera. Talvez então não fora tão ruim quanto eu pensara, talvez ELE tenha percebido que era EU. Abri um sorriso. Talvez ELE também queira me conhecer e não tenha sido somente minha imaginação que ELE me olhava também. – Vamos ? – Disseram em coro, saltitando.

Saímos do banheiro, cadê ELE ? Pensei.

– Cadê ele ? – Disse a Estê (Morena de olhos negros), traduzindo meu pensamento em voz alta.

– Esperem aqui. – Lôh (Morena de olhos mais claros). Ela saiu em busca dele. O que teria acontecido ? ELE não me quer ? ELE cansou de esperar ? Tremi. A Lôh novamente retornou ao meu campo de visão, ao lado DELE, Cleyton. Meu coração disparou. Eles se encontravam a mais ou menos dois metros de distância de mim e da Estê.

– É ela. – Disse apontando pra mim. ELE olhou.

– Não, de boa. – Disse, virou de costas e saiu. Sua voz melodiosa soou como uma facada no coração pra mim, uma facada no coração vinda do anjo mais lindo que eu já vira em toda minha vida.