Chance Perfeita

Acordo assustada, faço movimentos brutos e murmuro as palavras "cavalheiro" e "atrasada". Estou sozinha no quarto Mike não está comigo. São 23:04.

Tudo dói, me levanto por impulso e me desequilíbrio. Caio no chão com dor e engatinho até o espelho de Mike. Me encaro e suspiro. Eu estou com uma blusa xadrez do Mike e uma saia rosa de uma fantasia da Kiara. Mike limpou minha maquiagem toda, inclusive o blush, que era o que me deixava rosada. Me levanto com dificuldade e saio me apoiando em tudo.

Ouço Mike, sorrio seguindo o belo tom de sua voz.

—Mike! Calma amor!- Diz a mãe de Mike, o acomodando.- A Alice está bem, apenas um pouco febria.

—Mãe... Você viu o corpo dela? Ela está marcada! Eu não fiz o que devia, não a protegi...

Paro no corredor para escutá-los.

—Ela ficará bem... Ela é forte!- Ela suspira.- Você fez o que pode... É o herói dela!

—É mesmo! Meu herói!- Me aproximo, apoiada na parede.- Meu cavalheiro leal, que por mim luta até a morte!- Sorrio boba e fofa.

—ALICE!- Mike corre até mim. Me abraça e me ergue. Ele chora e ri ao mesmo tempo.- Nunca mais me assuste desse jeito! Nunca mais!

Ele me solta e me olha, como se quisesse me beijar intensamente. Mas ele sorri e beija minha testa.

—Oi Mike... Contou as horas para me ver?

Ele ri e passa a mão em minhas marcas. Suspiro e rio fraco.

—Ainda dói?- Diz ele ignorando minha piadinha.- Alice, ele fez algo com você antes de eu entrar?

Ouvir ele falar "Alice" é estranho. Faço um biquinho e passo a mão macia e fofa pela minha bochecha.

—Dói muito meu cavalheiro!- Falo com uma pontada de dor em minha voz. Ele acaricia minha bochecha e beija minha testa novamente.- Não me lembro de tudo... Teve partes que eu apaguei... Mas ele me bateu muito e disse coisas que eu não me lembro...

Os olhos dele se enchem de lágrimas, é horrível ve-lo assim. Tento o acalmar.

—Mas eu estou bem!- Falo passando a mão em seu rosto.- Você me salvou, é meu cavalheiro!

Ele sorri me olhando.

—Está tarde... É melhor irmos dormir.- Ele ve que eu estou toda tremula, ele me pega no colo e me aninha levando para o quarto.

Como eu amo ele... Mas ele não deve me amar, não do jeito que eu amo...

Ele me leva para o quarto dele, arruma a cama e me deita. Ele de deita ao meu lado e me abraça, acaricia minha bochecha e brinca com meus cabelos. Rio fofa e bocejo, em segundos durmo.

Dia Seguinte

Acordo mas não abro os olhos, mantenho os dois firmemente fechados. Abro um sorrateiramente. Mike ainda dorme. É a chance perfeita de ir para a toca.

Não levarei Mike, mas também não o deixarei preocupado.

Sorrio e me levanto com calma, pego uma caneta e um papel e deixo um bilhete.

"Fui no parquinho e depois irei para o shopping. Quando voltar para casa te mando uma mensagem. Te amo! Kisses, Borboletinha."

Saio de seu quarto, sentindo o cheiro de algodão-doce se afastar com o tempo. Enfim, saio de sua casa e vou para a minha. Mamãe e Taylor ainda dormem.

Entro em meu quarto e ponho um vestido azul com um avental, uma meia longa e branca, uma sapatilha azul escuro que é quase preta e uma tiara preta.

Saio de meu quarto e vou até o jardim, encaro a toca e suspiro.

—A curiosidade matou o gato Alice...- Eu falo para mim mesma.- Sorte que eu sou uma... Borboletinha!

Sem hesitar, eu pulo.

País Das Maravilhas

Começo a gritar e rir, é fundo demais

Alguns destroços aparecem em meu caminho. Tais como uma mesa de chá, um piano, uma estante de livros, uma mochila com mini mochilas dentro e... Etceteras coisas malucas.

Rio empolgada.

—Uuaaauu!! Que lugar... LOUCO!- Gargalho tentando me apoiar em algum daqueles móveis.

Finalmente, caio em pé um uma superfície plana, mas então... Vira de ponta-cabeça e eu caio com tudo.

—Aai...- Murmuro e me levanto. Vejo várias portas, toda curiosa, corro até a primeira.

Ela é alta, esculpida em ferro que mais parece madeira cinza. Tento abrir, mas ela não abre.

Vou até outra, ela é média em relação a outra, é uma porta preta como se fosse feita de carvão. Tento abrir, mas não abre novamente.

Tento abrir outras duas. Uma vermelha e outra branca, mas nenhuma abre.

—Ora! De que adianta tantas portas se nenhuma me levará aonde eu desejo ir?- Penso.- Aliás, aonde eu desejo ir?

Fico confusa e olho uma mesa de vidro, nela tem uma chave e um frasquinho escrito "Beba-me".

Pego a chave e tento abrir ada porta com ela, mas nenhuma abre.

Meu pé esbarra em uma pequenina cortina, logo atras dela tem uma porta. Sorrio e tento abrir com a chave. Essa finalmente abriu. Sorrio e tento passar, mas a porta é muito pequenina para eu passar.

Volto até a mesa, ponho a chave em cima dela e pego o frasquinho. Abro ele e cheiro.

—Se for veneno, fud...- Não completo a frase com minha palavra de baixo calão.- Só bebe Alice!- Falo comigo mesma e coloco na boca, viro e bebo umas 3 gotas.

O gosto é doce e calmo, mas sinto meus músculos serem puxados para baixo... EU TO ENCOLHENDO!

Fico um pouco confusa e, graças a deus, minha roupa encolhe comigo.

Neste exato momento eu poderia estar semi-nua, mas não estou.

Olho para cima e percebo então que deixei a chave ali.

—Muito esperta Alice! Meus parabéns!- Bato a mão em minha testa e bufo.- Mas... E agora? Irei precisar dessa chave mais tarde!- Falo e olho ao redor.

Vejo um bolo com a cobertura rosa escrita "coma-me". Engulo seco e suspiro.

—O que não mata... Não mata! Então... Lá vou eu!- Dou uma mordida no bolo e sinto meus músculos se esticarem totalmente.

Começo a aumentar de tamanho, só que muito. Minhas costas são prensadas no teto listrado de preto e branco. Pego a chave, bebo novamente o líquido do frasco e encolho. Vou correndo até a portinha e passo, sorridente.

Começo a olhar ao meu redor. Na minha frente passam fadinhas correndo de pássaros. Andando, vejo um canteiro de flores e elas falam comigo.

—Ora ora! Outra Alice? Que demora! SUA INÚTIL!- Diz uma rosa vermelha irritada.

—Ora ora! Olha quem fala! Uma rosa vermelha! Sua errada! Rosas devem ser rosas!- Respondo mostrando a língua. Ainda me comporto como uma criança de 5 anos, mesmo que tenha 17.

—Garotinha atrevida! Olha como fala comigo!- Diz a rosa vermelha mais irritada do que antes.

—Olhe aqui sua rosa exibida, se cada um cuidasse da sua própria vida o mundo giraria mais rápido!- Falo ignorante.- Então me deixa.

—Quem acha que é para me responder desta forma?- Diz ela me encarando.

—Ao contrário de você, sou alguém que não está plantada no chão!- Digo e saio andando, a procura de meu destino.

Vejo o coelho que me trouxe até aqui.

—Alice, Alice... Está muito atrasada! Muito, muito atrasada!- Diz ele brigando comigo.

—Me perdoe Coelho Branco... Mas atrasada para quê?

Ele me encara, vou ao lado dele e começamos a caminhar juntos.

—Precisamos de alguém curioso e valente o bastante, que luta pelo que é justo e é leal e fiel ao que acredita. Essa é você Alice...- Sorrio.

—Mas bem, por que precisam de mim?- Pergunto sorridente.

—Oh... Irei lhe contar a hitória...

—Conte-me então!- Falo o olhando.

—Bem... Tudo começou com duas irmãs, duas princesas. A mais velha se chama Helena, tem curtos cabelos vermelhos na cor de carmim e um vestido decorado cheio de babados. Ela é malvada, arrogante e fria. Ela é a nossa atual rainha, pois tem a coroa. Ninguém pode chamá-la pelo nome, deve chamá-la de Rainha De Copas.- Diz ele praguejando a tal Rainha De Copas.- A mais nova se chama Anne, tem longos cabelos cor de marfim e um vestido simples e branco. Ela é bela, doce e inofensiva. Ela é apenas a irmã da Rainha, não tem nenhum poder, mas ela merece ser a rainha.- Diz ele triste.- Precisamos que você lute com a Rainha De Copas, recupere a coroa roubada e salve todos do País Das Maravilhas!

—Oh... Mas, eu teria que matar ela?- Pergunto um tanto assustada.- Não quero matar ninguém!

—Não não Alice, não terá que matá-la! Apenas lute pela coroa...

—Então... Eu apenas devo conseguir a coroa da Rainha De Copas e vocês me levam para casa?

—Exato Alice! Mas, se você recusar a fazer isso... Ficará presa aqui para sempre.- Engulo seco.

—Mas a Rainha De Copas não lutaria novamente com a Marfim para conseguir a coroa?

—Quando a Rainha De Copas perder seu poder, a Marfim irá tranca-la em uma gaiola de passarinho.

—Oh... Tudo bem! Eu faço o que tiver que fazer para voltar ao meu mundo.

—Este é seu mundo Alice!

—Não é não! Meu Mundo é um bem diferente deste!

Paramos na frente de uma floresta. Ele me olha e suspira um pouco apreensivo.

—A partir de agora, não estarei com você.- Diz ele e então o mesmo some.

—Uh... Okay...- Murmuro e adentro a floresta.

Vou andando por ali, sem saber o que posso encontrar no meio de escuridão e loucura...

Continua...