O sono já o tomava, seus olhos já pesavam, porém, ouvir aquela magnífica canção era a única coisa que o mantinha acordado.
A noite em seu quarto, sentado no colo de sua mãe, Inuyasha encostava em seu peito a ponto de sentir a mensagem que sua mãe o queria transmitir.
Uma voz tão suave, um valor tão intenso. Aquilo o fazia se sentir tranquilo e ao mesmo tempo seguro.
Achava tão bonito a forma como uma música poderia dizer tanto sobre coisas que palavras não poderiam descrever.


Kyou umareta kanashimi ga
Sora e maiagaru
Sora wa mezame kaze wo yobi
Kono mune wa furueru


A tristeza nascida hoje
Voa alto no céu
O céu acorda e atiça o vento

Meu coração está inquieto


Anata wo mamoritai unmei ni sawaritai
Koboreta namida mune no kubomi wo
Yorokobi de mitashitai no


Eu quero te proteger, quero tocar o seu destino
Há um buraco dentro de você quando caem lágrimas de seus olhos
E eu quero o encher com felicidade


It’s a tender rain
Anata no moto e kono uta ga
Todokimasu you ni
Donna ni tooku ni hanareteitemo

Shinjiteru tsutawaru koto
Singing in the rain
Ame no shizuku ga utsukushiku
Kagayaiteyuku
Kanashimi zenbu ga kieru sono toki
Sekai wa ugokidasu no
Please come the tender rain


É uma chuva gentil
Que essa música que eu canto
O alcance onde você esteja
Não importa o quão longe estejamos
Eu acredito que ela vá chegar a você
Cantando na chuva
As gotas de chuva brilham belamente
Em sua volta

E quando a tristeza toda for levada com a chuva
O mundo virá à vida de novo
Por favor, venha, chuva gentil


Izayo acariciava os longos cabelos prateados de seu filho mais novo enquanto cantava, assim deixando-o um pouco mais sonolento e aconchegado.


Kono keshiki ga itsu no hi ka
Kareteshimattemo
Sono hitomi ni afureru omoi
Sosogitsuzukeru


Quando vejo o tempo passar
Mesmo se eu morrer

As lágrimas no meus olhos
Continuam a derramar


Kokoro wo tsunagetai
Itami ni fureteitai
Mezameta asa no nureta daichi ni

Tsubomi wa kitto saiteru


Eu quero ouvir sua voz
Eu quero sentir a sua dor
No chão molhado de manhã quando você acorda
Hávera muitas flores certamente


Inuyasha deu um leve curvilhar lábios, demonstrando o quão bem se sentia naquele momento.
Todas as noites sua mãe cantava para ele, mas todos as vezes eram como se fossem a primeira. Os sentimentos, a sensação de amor e carinho que lhe eram transmitidos eram sempre inéditos.
Pensava se algum dia conseguiria fazer o mesmo que Izayo, cantar e poder transmitir tudo o que sente para os outros. Poder ser ouvido de uma forma diferente.


It’s a tender rain mimi wo sumashite
Yawaraka na kuuki ni tokete
Shizukani shizukani maioriteyuku
Itsudatte soba ni iru yo
Singing in the rain watashi wa utau
Amaoto ni omoi wo nosete
Doko made mo tsuzuku toki no kanata ni
Mabushii ai ga aru no

Here come the tender rain


É uma chuva gentil que eu escuto
Um ar suave vai se derretendo
Ele some calmamente em silêncio
Mas eu sempre estarei por perto
Cantando na chuva eu cantava

O som da chuva que eu aprendi
Além das interrupções
Há um amor deslumbrante
Lá vem a chuva gentil


7 anos depois


- Se acalme, Inuyasha! - murmurava Sesshoumaru numa falha tentativa de fazer com que seu irmão mais novo se acalmasse.
Inuyasha tremia, mesmo com as palavras de apoio de seu irmão e sua mãe, ele não conseguia parar de tremer. Era a primeira vez que iria cantar sozinho.
Apesar de apenas ser num concurso de talentos na escola, seus colegas estariam lá, as meninas, professores, funcionários e, o principal de tudo, seu pai.
Oyakata era um homem sério nos negócios e por esse motivo nunca parava em casa, mas ao mesmo tempo era um bom pai, apesar da constante ausência estava sempre preocupado com seus filhos e esposa e sempre que dava mandava dinheiro para seu sustento.
InuYasha abriu apenas uma pequena fresta da cortina assim podendo ter noção do qual grande se encontrava a platéia, não sabia o porque de estar fazendo aquilo, estava cada vez mais se matando por dentro.
- Inuyasha - Falou Sesshoumaru pegando os ombros de seu irmão e o virando para si, assim podendo o olhar diretamente em seus olhos - Você tem talento e sabe disso - afirmou com convicção- estou errado ? - Inuyasha apenas negou com a cabeça - e você treinou quanto tempo para esse dia? - indagou-o
- Dois anos - respondeu somente para si mesmo, porém, mesmo assim seu irmão o ouviu.
- Então pare de nervosismo e apenas vá! - afirmou - vá e conquiste o seu sonho! - tirou as mãos dos ombros do pequeno e fez um sinal de força com os braços para ele, deixando Inuyasha de certa forma mais relaxado do que antes.
Desde que havia decidido se tornar um cantor teve bastante apoio de todos e essa apresentação poderia mudar a sua vida, pois seu pai havia lhe prometido que se saísse bem como cantor naquela noite, o colocaria em sua gravadora.
Repentinamente todas luzes se apagaram e a parte do nervosismo que havia sido deixado de lado havia voltado.
A cortina continuava fechada, porém ele conseguia ver que os holofotes já iluminavam o apresentador da noite, que estava em frente a cortina.
- Boa sorte, maninho ! - falou Sesshoumaru chamando a atenção de Inuyasha, que apenas o olhou perplexo enquanto ele saia para se juntar a platéia.
- Espe... - já era tarde demais, ele já estava longe o suficiente para não ouvi-lo.
— E agora - disse o mestre de cerimônia enquanto fazia uma pausa dramática - com vocês - mais uma vez ele havia parado de falar - a primeira apresentação da noite, pode vim ao palco Taisho InuYasha - disse enquanto se retirava do palco e todos aplaudiam a sua espera.
A ansiedade tomava conta de si, era o seu sonho, mas será que era o certo a se fazer?
As cortinas demoraram um pouco para se abrirem, apenas um curto período de tempo.
No momento em que se abriram, primeiramente veio a cegueira pelo holofote diretamente vindo nele, logo em seguida a única coisa que conseguia sentir era o seu coração palpitando cada vez mais forte.
Olhar aquela platéia enorme o encarando diretamente, o silêncio amedrontador.
Ele fechou os olhos e soltou uma respiração profunda e novamente olhou para sua família bem na primeira fileira e, assim que os viu, sentiu a confiança de que era aquilo que queria para o resto da vida.


Hatenaki yume motomeru shirube naki sekai de...
Kasanaru omoi kokoro tsukisasu kodou..
Shizuka ni tsuzuku tamerai mo nai uta


Estamos procurando por nossos sonhos sem fim num mundo sem coordenadas...
Com emoções confusas e batidas fortes de coração
Nosso poema continua, silenciosamente e sem hesitar


Tooku sora no kanata kara mazariatta bokura no kage
Hitsuzen to kimagure no naka shirusareta kioku


Do outro lado do céu distante, nossas sombras se misturam
Nossas memórias estão narradas em algum lugar entre extravagância e o inevitável


Surechigatta toki no uzu
Kuchihatetemo kimi no koe o shinjite


Mesmo que o redemoinho dos tempos em que passamos um pelo outro seja destruído
Eu acreditarei na sua voz


Mal havia começado a música e já sentia confiante, como se já tivesse feito isso incontáveis vezes, agora sabia o que sua mãe sentia quando cantava para ele e seu irmão, o quão boa era a sensação de poder soltar tudo o que sente seguido de um ritmo somente seu.
Hatenaki yume motomeru shirube naki mirai de
Boku ga hikari nakushitemo itsuka


Estamos procurando por nossos sonhos sem fim num futuro sem coordenadas
Mesmo que eu perca esta luz algum dia


Kimi ga tomoshitekureta kirameku mune no honoo
Tsubasa ni kawaru kibou no kakera


Ainda haverá a chama brilhante que você acendeu no meu coração
Nós transformaremos esses fragmentos de esperança em asas


Assim que a música terminou e se pode ser ouvido os aplausos e até alguns assobios e, quando todos se levantaram, ele nunca esteve mais feliz e, exatamente naquele momento, teve a certeza que queria levar aquilo para a vida toda.


1 ano depois


Depois de terem gravado a sua apresentação e postados internet, Inuyasha estourou na mídia, sendo requisitado por várias gravadoras, gravando diferentes entrevistas, fazendo música.
Somente com 15 anos de idade já tinha conquistado o que muitos levariam anos e, como prometido, agora ele estava trabalhando na gravadora de seu pai e desfrutando de bons momentos de pai e filho que ele tanto almejava, almoçavam juntos, se divertiam como nunca antes visto.
Nesse momento, InuYasha estava sentado na escrivaninha de seu quarto com seu violão no colo compondo, estava pensando no quão estava feliz durante os últimos tempos. Poderia escrever sobre isso, quem sabe ?
Repentinamente ele ouve a porta ser aberta e rapidamente coloca seus livros e materiais escolares em cima da mesa e pega um lápis fingindo estar estudando.
- Filho - iniciou Oyakata - eu sei que está feliz com seu primeiro show fora do país, mas tem que se dedicar nos estudos também, afinal, você acabou de entrar no primeiro ano do ensino médio e se você não se dedicar encerrarei com sua carreira mais rápido do que você possa imaginar - condicionou enquanto olhava diretamente para o jovem, que o encarava um pouco aflito.
-Eu sei, pai, mas ... - fez uma pausa para que pudesse organizar as palavras de forma que saíssem mais bem explicadas - eu não paro de pensar nisso e, como é a minha primeira vez fora do país, acho que ... Sei lá - não sabia como explicar direito - apenas estou ansioso.
- Entendo - respondeu apenas com um leve sorriso - mas não é por isso que eu vim aqui - Inuyasha arqueou suas sobrancelhas e Oyakata apenas riu com sua reação - queria te apresentar uma pessoa, venha- fez um sinal para que seu filho lhe acompanhasse, o que foi o que ele fez.
Antes de tudo isso acontecer, eles moravam em uma casa simples de classe média alta, mas agora, com tudo que o mais novo vinha conquistando, moravam em uma mansão.
Enquanto desciam as escadas, Inuyasha já conseguia ver seu Irmão, que agora estava com 22 anos, e um homem aparentemente rico, tinha os cabelos longos e negros, os olhos castanhos e se vestia de uma forma bem elegante.
Conforme foram se aproximando, o homem os percebeu, fazendo com que os dois os vissem.
- Então esse é o esplêndido Inuyasha - anunciou deixando Inuyasha totalmente sem jeito, apesar de já ser famoso a algum tempo ainda não era acostumado a elogios ou coisas similares.
— Arigato - disse coçando atrás da nuca um tanto quanto envergonhado.
— Não fique com vergonha, menino - disse abrindo um grande sorriso acolhedor - você é um astro agora, tem que se acostumar com os elogios - afirmou o homem estranho cujo estava na sua frente agora.
- Bom, filho! - Falou Oyakata chamando a atenção do mais novo - esse aqui é meu amigo, Naraku - disse apontando para o homem que logo após a pronúncia de seu pai veio se apresentar.
- Muito prazer em conhecê-lo - disse estendendo a mão para o pequeno astro, esse logo respondeu ao aperto de mão, meio receoso.
— Aa... Onde está a minha mãe ? - indagou Inuyasha percebendo sua ausência e a procurando.
- Ela foi ao mercado comprar algumas coisas para o jantar de hoje - respondeu Sesshoumaru - como veio um amigo do Otou-san ela queria fazer algo especial - O mais novo apenas afirmou com a cabeça e todos continuaram a conversa até Izayo chegar e preparar o jantar.


2 semanas depois


Tinham acabado de chegar no hotel em Seul na Coréia, apesar de ainda estar animado também estava preocupado, pois há apenas uma semana atrás sua mãe começara a dar sinais de mal estar, mas todas as vezes que tentavam a levar para o hospital ela alegava estar bem e não precisar, pois melhoraria logo.
Com o pesar na consciência, Inuyasha e seu pai embarcaram direto para seu primeiro show fora do país.
Nenhum dos dois se manifestara sequer uma vez durante a viagem e agora, juntos em um hotel, Oyakata percebera o quão triste se encontrava seu filho mais novo.
— Inuyasha - chamou-o a atenção bem baixinho, assim que ele se virou pode ver as lágrimas nos olhos do jovem - se sua mãe disse que vai ficar bem durante o mês que iremos ficar aqui, teremos que acreditar nela, ok?! - ele apenas concordou, já era bem crescido para saber que aquelas palavras de conforto eram somente para acalma-lo, mas, por via das dúvidas, preferia acreditar em seu pai.
Ele se aproximou de Oyakata lhe dando um abraço bem apertado, Oyakata nem havia conseguido convencer a si mesmo, imagina a Inuyasha.
— Então - disse os separando - filho, amanhã é sua grande estréia aqui na Coréia - disse dando alguns tampinhas nas costas do cantor - E você tem que se concentrar nisso, ok ?! - pediu com a intenção de que ele não focasse muito em Izayo, assim não se tornando depressivo caso ocorresse realmente alguma coisa - Então - disse animadamente tirando a tensão do ar- como é a sua primeira vez aqui na Coréia, que tal irmos visitar um pouco a cidade?
- Por mim tudo bem - respondeu Inuyasha dando um pequeno sorriso percebendo as intenções de seu pai.
Depois de descansarem da longa viajem, eles saíram do hotel e resolveram ir conhecer um pouco a cidade antes de Inuyasha se apresentar.
Enquanto caminhavam pelas ruas obviamente eram reconhecidos, muitos pediam autógrafos e fotos para o cantor, que se sentia feliz com o que tinha conquistado nesse curto período de tempo e agradecia, principalmente, aos seus fãs, por terem tornado tudo que ele sonhava real.
Ele não queria se tornar famoso por conta do dinheiro e da fama, ele queria apenas se expressar para o mundo e provar que não somente palavras ou atitudes demonstravam os sentimentos, mas que também o seu próprio ritmo poderia dizer por si só.
De noite, assim que chegaram no quarto, Oyakata ligou para a sua esposa para saber se estava tudo bem e, como de costume, ela apenas afirmou.
O dia seguinte ocorreu da mesma forma, praticamente, porém já estava quase na hora do show.
- Todos preparados ? - perguntou um dos funcionários do backstage, todos apenas confirmaram
InuYasha estava em seu camarim com a sua primeira troca de roupa e treinando com o seu professor de canto enquanto o show não começasse.
- Todos preparados? - perguntou um dos co-produtores abrindo a porta e colocando apenas a cabeça para dentro do camarim, assim chamando a atenção dos dois que treinavam.
- Ok - afirmaram em uníssono enquanto viam o homem sair - está preparado ? - Perguntou o professor.
- Como nunca - respondeu InuYasha convicto.
- Muito bem, agora vá - disse já o empurrando para fora do camarim.
Depois de já praticamente expulso do camarim, o cantor vai andando até o palco, mas, antes mesmo de conseguir pegar o microfone Oyakata chega desesperado para seu filho.
- Sua mãe - disse com Inuyasha já podendo ver as lágrimas surgindo - ela não me atende!


2 anos depois


Após a morte de Izayo, Oyakata acabou se entregando totalmente a bebida e, apesar de todos os esforços feitos por InuYasha e Sesshoumaru para reabilita-lo, ele havia morrido.
Agora ambos se encontravam de frente para seu túmulo, Inuyasha agora esta ano terceiro ano do médio, havia mudado um pouco no seu jeito de ser, tinha cortado o cabelo na altura do ombro e tinha feito algumas tatuagens.
Sesshoumaru, agora com 24 anos, continuava da mesma forma, alto, apresentável, porém, desde que a sua mãe morrerá ele não tratava mais Inuyasha como ele tratava antes, ele passou a ser frio e ignorante em relação a seu irmão mais novo o que deixava Inuyasha muito mais abalado, pois achava que ele seria o único que o reconfortaria. E agora quem cuidaria dos negócios de seu pai, que estavam praticamente indo a falência, seria ele.
InuYasha havia parado de cantar a cerca de 1 ano e meio, não sentia mais vontade de compor nem nada.
Ambos olhavam incessantemente para aquele túmulo se perguntando como puderam chegar naquele ponto.
Passos vindos de trás dele os chamaram a atenção, quando viraram virão quem menos esperavam.
— Naraku ? - perguntou Sesshoumaru em um som quase inaudível se não fosse pelo silêncio local - O que faz aqui?
- Apenas vim fazer o que Oyakata me pediu pouco antes de morrer.
— E o que seria ? - indagou Inuyasha.
Naraku se aproximou do ex cantor e apenas deu um sorriso.
- Para que você não parasse de cantar - respondeu surpreendendo a ambos - então, antes de morrer, seu pai queria que você pelo menos realizasse seu sonho e queria que eu fizesse-o tornar realidade, ele não queria que você desistisse, mas quando ele viu - ele havia feio uma pausa para suspirar - você já estava totalmente acabado, mas ele em nada podia ajudar, portanto, ele pediu a minha ajuda, agora só cabe a você aceitar. Se a resposta for sim, você vira comigo para a minha gravadora e voltará a ser o sucesso que era a dois anos atrás, mas se for não, apenas continuará como está agora.
Inuyasha rapidamente olhou pro irmão, que apenas os ignorou e foi embora sem sequer se queixar.
Já fazia algum tempo que se sentia rejeitado por todos a sua volta, não sabia mais o que era ser amado, se seu pai o amasse de verdade, não teria o deixado, se seu irmão o amasse não teria ido embora agora a pouco.
E agora, talvez, com essa oportunidade ele possa reencontrar o reconforto em seus fãs ou até nele mesmo.
- Eu aceito - disse voltando-se para Naraku.