4 anos depois


Correndo com seu carro importado pelas longas estradas de Yokohama, Inuyasha, já com seus longos cabelos prateados de volta e com algumas tatuagens a mais, estava rumo a Tókyo.
Com o vidro aberto e um de seus braços apoiado a janela, ele podia sentir o vento forte, devido a alta velocidade em que se encontrava, bater em seu rosto, consequentemente fazendo com que cada fio de sua cabeça voasse conforme a forte brisa.
Era primavera, então estava voltando para iniciar mais um ano de faculdade após três meses de trabalho duro, fazendo diversos shows, programas, entrevistas e propagandas.
Como prometido a ele há 4 anos, Inuyasha se tornou famoso novamente, voltando a ter a legião de fãs que o agarravam e queriam autógrafos, fotos e entre outras coisas que considerava apenas futilidades por parte dos que queriam somente algo dele para ganhar por cima disso.
Olhava através de seus óculos escuros os caminhos totalmente enfeitados pelas sakura's, paisagens verdes e um céu azul sem qualquer resquício de nuvens.
Prestando atenção ao volante, a única coisa em que conseguia pensar era o quanto a sua vida havia mudado em tão pouco tempo, virou famoso aos 14 anos de idade, após a morte de sua mãe ficou dois anos sem sequer querer chegar perto de um rádio, logo após veio a morte do seu pai devido ao alto teor de álcool que havia ingerido desde a morte de Izayo, acabando por causar uma overdose e, logo em seguida, falência total dos órgãos, sem contar o irmão, que assim que Oyakata entrara em depressão, o deixara de lado.
Desde o ocorrido no túmulo de seu pai, Inuyasha nunca mais havia falado com Sesshoumaru, a única coisa que sabia era que ele havia assumido a gravadora de seu pai, porém, depois de todo o desprezo que sentiu, principalmente por parte dele, não queria nem mais estar perto dele ou ter haver com aquela família que um dia já pertenceu.
Pensava que se seu pai realmente o amasse, não teria se afogado em seu próprio descontentamento, e que se Sesshoumaru realmente se importasse com ele, não o teria abandonado no momento em que mais precisava.
Mesmo achando um outro lugar para viver longe desses problemas, Naraku também não era o tipo de pessoa que se importava com ele.
Conforme os anos foram passando, Inuyasha foi percebendo o quão mesquinho e patético aquele homem poderia ser. Apesar do grande apoio financeiro e de ser o homem que o acolheu durante o tempo em que necessitava, ele parecia-se mais como um responsável por ele do que alguém que realmente queria cuidar.
Como um formador de sua própria opinião, Inuyasha, aos seus 21 anos de idade, já não via mais esperança na sociedade e nem em si próprio.
Toda a carreira que imaginava ter, estava seguindo uma via de contra-mão. Durante os dois primeiros anos tentava escrever músicas que expressassem o que guardava por dentro, porém, tudo que tentava mostrar para a gravadora era negado.
Antes que pudesse sequer ter outra chance para escrever uma música, a gravadora já vinha com uma feita, geralmente eram letras totalmente sem sentido algum, não falavam sobre simplesmente nada, porém Naraku garantia que fazia sucesso, o que não era mentira, pois as musicas davam resultado antes mesmo que você pudesse imaginar.
Por isso que não acreditava mais na população, todos apenas alienados por ritmos e letras criadas para chamarem a atenção e mexerem com o consciente, tornando-o de certa forma atraído por aquela letra sem qualquer finalidade.
Ninguém se importa com ninguém, segundo suas percepções, já que se ele expressar o seus sentimentos seria a mesma coisa que não dizer nada.
E agora já estava totalmente imerso nessa imensidão que é a vida de famoso, se juntaria a merda de sociedade que o próprio ser humano havia criado, afinal, apenas era mais um iludido.
- O que foi, cara ? - perguntou seu amigo no banco do passageiro, fazendo com que Inuyasha tirasse seus olhos por apenas alguns segundos da estrada.
- Nada, Miroku - respondeu curto e grosso - Porque ? - indagou ainda prestando atenção ao volante.
— Você não vem falando o caminho inteiro, o que, pessoalmente, é esquisito, já que geralmente você saí reclamando das entrevistas ou do quão merda se sentiu ao ser obrigado a fazer tal coisa, ou cantar isso - explicou com cautela.
Miroku era o único amigo do cantor, por, de certa forma, concordar com os pensamentos e achismos que Inuyasha tinha.
Ele era o baterista da banda, era muito bom no que fazia e era o único que Inuyasha conseguia suportar sem ser através da falsidade, habilidade que havia adquirido conforme os tempos foram passando.
Além disso, ainda faziam faculdade juntos no mesmo curso, porém, Miroku se especializava em instrumentos, enquanto Inuyasha se preocupava com sua voz.
O cantor já não se dispunha mais a tocar ou compor, pois a gravadora já fazia essa parte por ele, além de que já havia perdido o talento de escrever músicas.
Tudo que podia lhe inspirar antigamente, hoje, já não fazia mais sentido. E, tornando-se famoso, raramente encontrava alguém que fizesse os sentimentos se tornarem melodias, alguém que realmente se expressasse através da música, como ele costumava fazer.
Mas cada vez menos ele acredita que encontrará alguém assim.
- De verdade, mano.... O que que está acontecendo - indagou encarando o cantor enquanto dirigia.
- Estou apenas pensando ... - disse mantendo-se com a mesma expressão seria que estava anteriormente.
O semblante sério de Inuyasha fez com que Miroku ficasse quieto. Sabia que quando o amigo tinha aquela expressão era porque não queria nem sequer comentar sobre o que estava em sua mente.
Apesar dos 4 anos de convivência e de ser mais velho, Miroku nunca sabia o que se passava na cabeça do cantor e pelo jeito, sempre continuaria um mistério, afinal, as constantes variações de humor dele não contribuíam em nada.
Muitas vezes, quando estava com raiva, Inuyasha o pedia um maço de cigarro ou algum bebida para poder se livrar do estresse, o que na maioria das vezes funcionava.
Se submeter a drogas e bebidas alcoólicas não julgava ser a melhor escolha, mas era a única coisa que se tinha a fazer que o calmasse quando estava a ponto de explodir.
Inuyasha era do tipo de celebridade que sempre era manchete de jornal por agredir alguém, tanto fisicamente quanto verbalmente, o que não era nem um pouco bom para a sua imagem.
Miroku muitas vezes chegava a se perguntar se ele realmente se importava com o que as pessoas pensavam dele, pois apesar se muitos fãs, ele ainda tinha muitos que o criticavam.
O dia foi passando, já eram quase 9:00 Pm quando atravessavam a divisão entre Yokohama e Kawasaki, ainda faltava passar por Shinbuya antes de chegar em Tókyo.
Seria ainda uma viagem bem longa, porém, esse tempo fora do foco era o que Inuyasha mais gostava, apesar de ainda meio que gostar de ser famoso, ele preferia ter um tempo só para si e a faculdade lhe proporcionava alguns meses sem câmeras ao seu redor.
Os faróis acessos na estrada vazia e vendo que no lado do passageiro Miroku dormia, o cantor se via sem sono ou sinal de cansaço.
Repentinamente, enquanto andava com sua Mercedes, começou a ver algo ao fundo e aos poucos foi parando seu automóvel até se aproximar e poder uma garota juntamente a um carro, que aparentemente estava quebrado.
Mirando os faróis na direção da estranha, ela apenas virou-se e cerrou seus olhos devido a forte luz que vinha diretamente para ela, consequentemente pondo seu braço a frente de seu rosto para proteger seus olhos da grande incidência de luz.
Percebendo que a incomodava, Inuyasha apenas abaixou a intensidade dos faróis e iria sair para ajudá-la, porém percebeu que seu melhor amigo estava se remexendo no banco ao lado, fazendo com que ele parasse por algum tempo para olhá-lo.
- Chegamos, cara ? - perguntou Miroku coçando os olhos enquanto se ajeitava no assento.
- Não - afirmou - apenas vou ajudar aquela garota que está atrapalhando a estrada - disse apontando para o vidro da frente, de onde podia-se ver uma figura feminina esperando que ele saísse do carro.
Em um passe de mágica o baterista se levantou e pôs um sorriso radiante em seu rosto.
- Hummmm... Uma garota! Vamos, Inuyasha! O que você está esperando ? - O cantor não se segurou e começou a rir. Ele que era o famoso, porém o tarado era o baterista, era cômico.
Ambos saíram do automóvel e caminharam em direção a estranha figura feminina, estava noite, por esse motivo não conseguiam a ver com exatidão.
- O que aconteceu? - se antecipou Miroku ao se aproximarem.
- Eu não sei ? - respondeu sinceramente - eu estava andando e repentinamente ele parou de funcionar...
- Já tentou ver se o tanque estava vazio ? - indagou Inuyasha, ela apenas assentiu o encarando, logo em seguida voltando-se para Miroku.
O dono dos cabelos prateados começou a estranhar aquela garota, será que ela apenas não o havia reconhecido ou não o conhecia mesmo, o que julgava ser, de certa forma, impossível já que ele aparecia em jornais, revistas, televisão, rádio e em qualquer outras formas de comunicações possíveis.
- Deixe-me ver - pronunciou-se o baterista após breves momentos de reflexão sobre o que poderia estar causando aquilo.
Ele não era um especialista em mecânica e Inuyasha sabia disso, pensava enquanto o observava ir para o outro lado do carro tentar achar o problema.
Seria divertido vê-lo tentar fazer aquilo por conta de uma garota que encontraram de noite no meio da estrada.
Repentinamente a menina ajeitou o casaco enquanto observava Miroku, acabando por chamar a atenção de Inuyasha para ela.
Como poderia ela não o ter reconhecido? Devia ser apenas por estar noite e a única luz vinha do seu carro estacionado bem a frente, acabando por não dar uma visão direta de seu rosto.
Em controvérsia ele pensava quantas vezes fora reconhecido até mesmo com um disfarce num local escuro, o que significava que ela não o conhecia mesmo.
Encarava-a incessantemente tentando decifrar o porque, pois ela era jovem, pelo que conseguia ver, e jovens geralmente gostam de astros teen.
Sentindo que algo a olhava a garota apenas voltou-se para onde julgava estarem lhe observando, foi quando seus olhos se encontraram com os do cantor, que não desviaram nem por um só momento.
Se encararam por alguns instantes, até que ela simplesmente se virou achando-o estranho pela atitude, será que tinham segundas intenções com ela ?
A menina virou-se novamente para Inuyasha, que continuava a encarando e rapidamente voltou-se para o outro lado, porque aquele homem a estava encarando daquela maneira? Eram muitas questões que se passavam pela cabeça dela naquele momento.
Devia mesmo ter aceitado a ajuda deles? Pensava enquanto mantinha-se ocupada olhando para o outro que ainda estava olhando seu carro.
Ainda podia sentir que ele a encarava, mas não queria se arriscar a ter outro momento de constrangimento.
- Não tem jeito ... - se pronunciou o amigo de Inuyasha, chamando a atenção dos dois que estavam totalmente imersos em seus pensamentos.
- Então o que que eu faço - questionou a garota enquanto Miroku se aproximava dela.
— Para onde você estava indo ? - perguntou o baterista.
— Estava indo para Tókyo, porque ? - Miroku suspirou fundo fingindo estar cansado, Inuyasha sabia que aquilo tudo era só encenação dele para levar a garota junto deles.
— Acredito que terá que ter de ir junto e nós chamamos um guincho para rebocar o seu carro, que tal ? - ele deu um breve sorriso e Inuyasha ja sabia que teria que aguenta-la por mais um dia. O que ela tinha que não o reconhecia?
- Não irei atrapalha-los se for junto? - preocupou-se antes de tomar qualquer decisão sem a permissão de ambos.
- Claro que não, minha querida - afirmou o amigo do cantor a pegando pelo ombro - não é, Inuyasha?
Assim que ouviu seu nome ser dito rapidamente a olhou, sendo possível ver nenhuma reação esboçada em seus traços tão delicados e femininos. Ela realmente não o conhecia.
— Eihn, Inuyasha ?! - disse o baterista, tirando o cantor de seus devaneios. Inuyaha ficava olhando de um para o outro, até parar seu olhar na garota, que também o encarava para saber a resposta.
- Tanto faz ! - pronunciou-se virando-se e indo para o automóvel - pegue suas coisas e entre!
- Ok, muito obrigada! - respondeu realmente feliz pela ajuda, ele apenas revirou os olhos enquanto entrava no banco do motorista.
- Quer que eu te ajude com as malas, senhorita? - ofereceu-se o baterista.
— Claro! Seria uma grande ajuda, Arigato - disse com um largo sorriso estampado em sua face.
Ambos foram para o veículo quebrado pertencente a ela pegar suas coisas que estavam no banco de trás.
Enquanto eles faziam isso, Inuyasha ligava para o guincho para que pudesse rebocar o carro dela, já que provavelmente não sairia dali, mesmo Miroku tendo contado uma mentira sobre o veículo não ter jeito, ninguém voltaria lá para buscá-lo. Teria que angariar junto a mentira de seu amigo.
Depois da menina já ter posto as coisas no porta-malas da Mercedes e sentado no banco de trás eles poderiam iniciar a sua viagem e, tudo que o cantor mais desejava era que eles dois ficassem quietos por pelo menos algum tempo.
Mas como sempre, Miroku parecia ter lido sua mente e queria irritá-lo.
- Então, qual o seu nome ? - ele perguntou para a estranha sentada atrás.
- Higurashi, Higurashi Kagome.
Inuyasha estava a ponto de explodir, mas ao ouvir aquele nome.
Higurashi...