Paulina subiu para seu quarto, e após contar ao noivo o que disse ao filho, caiu em lágrimas. Ela chorou por horas, abraçada a Juan. Depois de muito choro, ela acabou adormecendo. Juan a ajeitou na cama, e deitou ao seu lado, velando seu sono.
Na manhã seguinte, Paulina despertou com Carlinhos afagando seus cabelos. O Garoto pediu desculpas a ela pela maneira como havia agido na noite anterior. Paulina aceitou as desculpas e Carlinhos informou a ela que iria para casa ainda pela manhã. Ela sentiu uma forte dor no peito em ver seu garotinho tão abalado. Mas não tinha outra saída. Algumas horas depois, Carlinhos voltou para o México, e Lizete, permaneceu na casa da mãe. Era sábado, e depois das broncas de Manuela, Paulina havia quase sido obrigada a trabalhar menos. Pouco antes do meio dia, Manuela buscou Paulinha e Gabriel para irem almoçar com ela e Luiza e a tarde irem ao parque. Juan tinha alguns compromissos, e também queria deixar mãe e filha a vontade.
Depois de conversarem um pouco, Lizete e Paulina foram preparar o almoço. Era apenas as duas em casa. Optaram por fazer um molho strogonoff de frango com arroz. Algo simples, rápido, e delicioso. Acompanharam com batata palha, e salada verde. Após comerem e limparem a cozinha, as duas foram para o quarto de Paulina, onde dedicaram-se a ficar uma com a outra. Jogadas na cama riam e conversavam olhando o teto. Era em momentos assim que sentiam-se mais unidas.
–Mãe, você descobriu quando que estava grávida? –perguntou a garota virando-se de frente para ela.
–Segunda-feira. –continuou olhando o teto.
–E como se sentiu? –apoiou a cabeça no cotovelo.
–Assustada. –olhou para a garota. –Não esperava isso agora. Pensei que nunca mais pudesse gerar um bebê em meu ventre. –Ela virou de frente para a garota. –Mas me enganei.
–Tem certeza do que está fazendo mãe? Você um dia vai se arrepender... –os olhos da menina marejaram.
–Tenho certeza sim filha. –Ela engoliu o choro. –Isso vai ser algo muito difícil, mas tenho de encarrar. Eu e seu pai fomos irresponsáveis, e agora temos a prova. Não quero mais nenhuma proximidade com ele, já nos machucamos demais. –Marejou os olhos. –E também, na noite em que fui contar para Juan que eu estava grávida e que queria por fim no nosso noivado, ele me surpreendeu de uma maneira extraordinária. Eu tenho que refazer minha vida, e ao lado dele, é uma boa escolha. –Uma lágrima deslizou.
–Mãe, esse bebê ai, -estendeu a mão e colocou sobre o ventre da mãe. –é fruto do seu amor com o papai. Pense, ele tem que saber. –Falou baixinho.
–Filha, isso tudo está doendo tanto. –Ela chorou agarrando-se ao travesseiro. –Eu não imaginei jamais que minha vida tomaria um rumo como esse. Jamais. Eu nem faço ideia de quando descobriria essa gravidez se não tivesse passado mal e a Manuela me obrigado a fazer os exames. No começo, assustei-me, mas logo fiquei feliz. Isso é um recomeço. –Sorriu entre as lágrimas. –Mas quando entrei no consultório, e a doutora fez o ultrassom, mostrando-me aquele pequeno ser aqui dentro, -pôs a mão no ventre. –E pude escutar o sonzinho do seu coração, descobri que agora eu tinha de ser forte por nós dois. –Ela secou o rosto.
–Oh mãe. –Lizete aproximou-se e secou seu rosto, logo, afagou seus cabelos.
–Por um momento, desejei seu pai ao meu lado. –Olhou seria para a garota. –Ele sempre ficou encantado ao acompanhar-me as consultas do pré-natal. –sorriu entre uma lágrima. –Mas agora são outros tempos, e se isso tudo for obra do destino, dividirei essas alegrias com Juan. –Abraçou-se a filha.
Mãe e Filha permaneceram quase toda a tarde no quarto. Lizete sempre achava um jeito de fazer a mãe sorrir. Não gostava de vê-la seria e triste. Passava-se das 18:00hrs quando Manu trouxe as crianças. Paulina chamou a amiga e os filhos para o escritório e mostrou as fotos que o Noivo havia tirado. Realmente tinham ficado lindas. Manu propôs de fazer o jantar, e logo aceitaram. Paulina insistiu com a amiga que ela lhe deixaria a gravida mais gorda de toda Miami, e todos caíram na risada. Juan Ligou para Paulina e disse que ficaria em casa, que era para ela aproveitar os filhos e descansar. Após o Jantar, Manu e Lizete limparam a cozinha enquanto Paulina tomava um banho e as crianças brincavam. Manu subiu e deu um beijo na amiga. Despedindo-se de Lizete e das Crianças, ela foi para casa.
Alguns dias depois...
O celular de Paulina despertou e ela deu um salto da cama. Sonolenta, caminhou até o banheiro e tomou um bom banho. Ela precisava acordar. Vestindo uma camisete social branca e uma saia também social cinza chumbo, calçou um de seus sapatos escuros e foi arrumar o cabelo. O prendeu em um “rabo de cavalo” e logo depois passou um lápis nos olhos e um pouco de blush. Ela estava ficando pálida com a gravidez. Passando a mão sobre o ventre, sorriu e seus olhos marejaram. Tudo era tão complicado.
Paulina foi até o quarto dos filhos e já os encontrou acordados. Lizete ainda dormia enrolada as cobertas. Paulinha vestia-se e Gabriel escovava os dentes. A mãe pediu as crianças que descessem, ela faria o café. Quando os pequenos desceram a mãe já estava com a mesa do café posta. Paulina subiu as escadas para chamar a filha. Lizete que já estava acordada, pensava no que faria para o pai saber da gravidez da mãe. Aquela era a ultima chance que eles tinham, e ela não desperdiçaria. Os pensamentos da garota foram interrompidos com a chegada de Paulina.
–Pensei que ainda dormia, meu anjo. –Sentou-se a cama. –bom dia.
–Bom dia, mãe. –Sentou-se. –Dormiu bem?
–Sim, e você? –beijou a face da filha, que estava completamente escabelada.
–Também. –Sorriu.
–Você vai para a agência comigo? –perguntou naturalmente.
–Precisa de Ajuda lá?
–Não. –Sorriu. –Lá está tudo bem.
–Eu posso ficar aqui? –baixou o olhar.
–Claro que pode, princesa. –Paulina alisou o rosto da garota. –Aqui também é sua casa.
–Obrigada mãe. –A abraçou.
–bem, -beijou o topo da cabeça da menina. –vamos tomar café? Nós quatro?
–Vamos.
Mãe e filha desceram e juntaram-se aos pequenos para fazer o desjejum. Paulina ficou enjoada e acabou nem terminando o suco. Lizete ficou preocupada, mas a mãe afirmou estar tudo bem. Paulina abraçou e beijou a filha mais velha e disse que voltaria no horário do almoço, iria levar todos para almoçarem juntos. A Garota, com um bom plano em mente, concordou. Paulina levou as crianças para a escola e logo foi para o trabalho.
Já, Na casa de Paulina, Lizete organizou a cozinha e deu inicio ao seu plano. Não suportando tanta angustia, Ligou para o irmão mais velho e disse que voltaria para casa no dia seguinte. Contou a ele que tinha um plano, mas não deu detalhes. Assim que desligou o telefone a garota foi para o escritório da mãe. Ali ela tinha de encontrar o que procurava. Abrindo inúmeras gavetas, e tomando o máximo de cuidado para não deixar nada fora do lugar, ela demorou ao encontrar o que procurava. Passava das 10hrs da manhã, e abrindo uma pasta azul semitransparente, encontrou os papéis do inicio do pré-natal da mãe.
Lizete ficou com o olhar marejado quando viu as pequenas imagens da ultrassonografia. Em meio a tanta amargura, o fruto de um grande amor estava sendo gerado. A Garota juntou todos os documentos, desde as pequenas imagens, até os resultados de exames. Não esquecendo do laudo da ultrassom sobre o tempo de gestação. Com todo o cuidado, tirou cópias fiéis dos documentos. Ela os levaria para o pai. Assim que as impressões ficaram prontas, Lizete guardou tudo no mesmo lugar. Ao olhar para a poltrona do escritório, lembrou-se das fotos que Juan havia tirado. Assim, foi até sua mochila e buscou um pen-drive. Ligando o computador da mãe, demorou a conseguir descobrir a senha, mas revistando alguns papeis sobre a mesa, encontrou. Acessando os arquivos, copiou algumas fotos. Em algumas imagens, já era possível, muito brevemente, perceber o inicio das curvas gestacionais.
–Mãe, eu sei que vai odiar-me, mas é minha última saída. –pensou a garota enquanto as fotos eram copiadas para seu dispositivo.
Assim que conseguiu tudo o que precisava, subiu as escadas e guardou os papéis no fundo falso da mala. O Pen-drive deixou na mochila. Ela sabia que a mãe jamais a perdoaria se algo desse errado. Seus pais tinham de ficar Juntos. A Garota não desistiria.
O Restante da manhã passou tranquila. Paulina entristeceu quando Lizete a disse que voltaria na manhã seguinte para o México. Ela esperava que a filha ficasse um pouco mais de tempo, mas as aulas da Garota iniciavam na semana seguinte. Paulina compreendeu. Lizete passou a tarde na agência com a mãe, e antes de saírem de lá, dedicaram alguns tempo tirando fotos no pequeno estúdio que havia ali. Manu encarregou-se de ser a fotógrafa. Assim como Juan, ela era louca por uma câmera. Lizete não resistiu, e acabou posando de irmã babona, tirando fotos com o rosto colado ao ventre da mãe. Paulina riu inúmeras vezes, mas com a filha ao seu lado, tão cúmplice, teve de segurar o choro quando a menina abaixou-se frente a ela, e erguendo sua blusa, beijou seu ventre.
Quando chegaram em casa, Tomaram um banho rápido e foram buscar os pequenos em suas atividades extracurriculares. Quando os quatro retornaram, enquanto Paulina ensinou a filha a fazer lasanha, os pequenos tomaram banho e arrumavam-se para o jantar. Todos riram e divertiram-se. Após jantarem, Paulina colocou os pequenos na cama e deu um beijo de boa noite na filha.
Assim que Lizete certificou-se que a mãe dormia no mais profundo sono, outra vez pegou seu pen-drive e foi para o computador da mãe. Ali passou as fotos tiradas naquela tarde também. Guardando tudo no lugar exato, voltou para seu quarto e caiu no sono.
Na manhã seguinte, Paulina levou a filha para o Aeroporto.
–Você vai ficar bem, mãe? –Perguntou a garota ajeitando a franja de Paulina.
–Vou sim meu anjo, -limpou as lágrimas. –Eu sempre fico bem, não é mesmo? –Sorriu para a garota.
–Eu sei, mas me preocupo com você, ainda mais agora. –Tocou o ventre da mãe.
–Está tudo bem princesinha. Mas não fique muito tempo sem vim para cá. Eu sinto falta de você o do seu irmão. –Outra lágrima caiu.
–Farei de tudo para vir logo. E não imaginas o quanto sentimos sua falta também. Todos nós. –buscou os braços da mãe aconchegando-se ali. –Eu espero que a senhora saiba o que está fazendo, mãe. Quero sua felicidade. –Sussurrou abraçada a ela.
Paulina respirou profundamente e abraçou mais firme a garota. Teve de segurar as lágrimas.
–Vai Ficar tudo bem. Tudo vai dar certo, apenas temos que acreditar. –acariciou os cabelos da filha.
–Mãe, você nunca vai deixar de me amar, não é mesmo? –olhou a mãe nos olhos. “ela vai me odiar quando eu contar ao papai. –pensou.”
Paulina sorriu e afastou a garota dela para melhor olha-la.
–Filha, amor de mãe é pra sempre. Isso nunca morrerá. Você parece que voltou a ter cinco aninhos com essa pergunta. –Riu.
–Eu sei que é infantilidade minha, mãe. Mas –Ela baixou o olhar. –Sei lá, tenho medo que um dia não queira mais me ver... afinal, somos parte do seu passado. –marejou os olhos.
Paulina a abraçou mais uma vez e não pode controlar o choro.
–Oh minha pequenina, você e seu irmão nunca serão meu passado. Meu sangue não está em vocês, mas meu coração estará sempre. Pra sempre. –Beijou o rosto da garota. –Você é minha filha, a minha princesinha.
–Desculpa, mãe. –Pediu perdão pela pergunta e pelo que faria dentro de algumas horas. –Eu te amo.
–Eu também te amo, querida.
Lizete deu um último beijo na mãe, e acariciando o ventre dela, sussurrou um “tchau bebê”. Paulina sorriu enquanto engolia o choro. A Garota seguiu pelo extenso corredor, perdendo-se na multidão.