Paulina e Carlos Daniel - Perdoa-me

A Chegada de Lizete... e as Duvidas de CD


Lizete desembarcou e Carlinhos e o Pai a esperavam. A menina sorria, estava contente apesar de tudo. O Pai a abraçou com força e quando o olhar da garota tocou o dele, Lizete viu os olhos do pai marejarem.
–Ele já sabe. –Sussurrou Carlinhos olhando para ela.
–Calma Pai, vamos conversar, tudo vai ficar bem. Tudo vai dar certo. –usou as palavras da mãe.
Assim que chegaram a casa Bracho, Lizete subiu as escadas rapidamente. Largando sua mochila e mala sobre sua cama, Pegou em seguida seu notebook sobre a escrivaninha e dirigiu-se ao quarto de Dona Piedade. Lizete bateu a porta e logo ouviu a voz da Bisavó.
–Oi Bisvovó. –Falou a garota sorrindo.
–Oi minha bisnetinha, como foi a viagem? –Sorriu pegando a garota pela mão e sentando-se a cama.
–Foi tudo bem. O Carlinhos e o Papai já contaram para a senhora? –Perguntou cautelosa.
–Sobre o que? -A olhou atravessado.
–Já vi que não. –murmurou respirando profundamente.
–O que aconteceu Lizete? –Sua face ficou aflita.
–Calma vovó. –Sorriu. –Bem, quando a mamãe teve aqui, ela e o papai passaram a noite juntos. –disse calmamente.
–Isso não é novidade nenhuma. E o que tem isso? Vá ao ponto.
–Ai vovó, é que a mamãe não tomava mais anticoncepcional e naquela noite não usaram preservativos. –Sorriu para a avó.
–Isso quer Dizer... mas isso é quase impossível. Depois de tudo que aconteceu..
–Eu sei vovó, Mamãe ficou tão chocada quanto eu e o Carlinhos. Ela jamais imaginou, e por isso descobriu a gravidez segunda-feira passada. –Pegou as mãos da avó.
–Isso é um milagre. –Sorriu a velhinha contente.
–Eu sei vovó, e não imagina o quanto fiquei feliz quando a mamãe contou, mas ai... –Ela ficou séria. –a mamãe me jogou um balde de água fria. –Baixou o olhar.
–O que ela disse? –abaixou o rosto para ver a garota.
–Bem, -respirou profundamente e despejou as palavras. –Quando a mamãe soube da gravidez ela ia terminar com Juan. Mas ai ela foi conversar com ele, e ele perguntou se ela contaria ao papai. Ela disse que não e ele falou que queria ser o pai desse bebê. Disse que a mamãe era a Mulher da Vida dele –ela revirou os olhos. –e que queria criar esse bebê junto dela.
–Sua mãe está louca? –Perguntou incrédula.
Lizete dali então, explicou para a avó tudo que estava acontecendo. Logo, mostrou a ela as fotos da mãe. Vovó ainda não acreditava que tudo aquilo era verdade.
Daquela noite, passaram-se uma semana. Carlos Daniel estava completamente perdido entre relatórios e arquivos na fábrica Bracho. Lizete ofereceu ajuda a ele, que de bom grado, aceitou. A Garota havia levado seu notebook para acessar e-mails e refazer planilhas. Se Ela fosse Filha de sangue de Paulina, podia-se dizer que a garota herdou esse dom para negócios da mãe. Carlos Daniel e Lizete estavam na sala entre montanhas de papeis. Algumas vezes, Carlos Daniel mirava para a garota e a encontrava com um sorriso, quase sempre após um apitar no computador.
–Pai, irei levar esses papéis para o Tio Rodrigo, volto logo.
Carlos Daniel concordou com a cabeça e continuou a fazer suas coisas. Algum tempo depois, o som do computador prendeu sua atenção. Como um pai ciumento, como sempre, ele não aguentou. Levantando e fazendo a volta na mesa, sentou-se no lugar que a filha estava, e tocando o computador, a caixa de e-mail de Lizete apareceu. Ela conversava com Paulina.
Ele não resistiu. Correu o dedo pelo computador e abriu um dos e-mail.
“Como está minha pequena? Saudades. Beijos da mamãe e do maninho (ou maninha) jiji”
Ele remoeu-se em angustia, e pulando as respostas de Lizete, acessou apenas os dela.
“Espero que nosso segredo esteja bem guardado, confio em você.”
O que ela escondia?
“contas-te para a vovó?! Filha, não devia... seu pai não pode nem sonhar sobre isso.”
–Mas o que eu não posso nem sonhar? –Questionou-se.
Quando Carlos Daniel pensou em clicar no próximo e-mail, um novo caiu na caixa de entrada. Imediatamente, ele abriu.
“Ah, Esqueci de contar... =) Ontem teve outra sessão de fotos.. jijij Juan e Manu vão me enlouquecer! Em anexo, uma para você. Te amo, princesinha.”
Sem mais pensar, Carlos Daniel abriu o anexo. Seu olhar congelou com a foto. Ela estava tão linda. Seus olhos marejaram e ele não pode deixar de pensar o quão bom seria se aquele filho fosse seu.
No mesmo instante, Carlos Daniel levou um golpe da realidade, levando-o para a noite que ele e Paulina passaram.
–Será? –Passou as mãos nos cabelos. –Ela me contaria... –falou baixinho, perguntando a si mesmo.
–Pai, eu... –Lizete ficou muda quando o viu em frente ao notebook. –Você está mexendo em minhas coisas? –Colocou as mãos na cintura, com firmeza. Mas em seu coração, o medo que ele tivesse visto o que não devia, ecoou.
–O que você e sua mãe me escondem? –Perguntou firme, engolindo o choro que ameaçou brotar com a foto frente a seus olhos.
–O que você está fazendo pai? Arg! –Lizete jogou as folhas sobre a mesa e logo correu até o notebook. A foto frente aos seus olhos explicava muita coisa.
–O que escondo? Não escondo nada. –Mentiu sem olha-lo nos olhos.
–Lizete, diga isso olhando para mim. –pediu sério, parado ao lado dela com os braços cruzados.
–Pai, não tem nada. –murmurou sentindo a voz a trair, temblando.
–Vou perguntar a sua avó se não contar-me. –Arriscou usando o pouco que sabia.
–Ok Pai, se queres ficar ai, achando que tem algo a descobrir, fique. –ela abriu a maleta rosa e arrancando o carregador do notebook, o jogou na maleta, fechando o zíper rapidamente. –Se quer as coisas assim, que seja. Irei para casa. –Ela segurou firme a maleta, e quando pensou em sair da sala, seu coração remoeu-se com a mentira. –Ok Pai, desculpe, desculpe... Eu, bem... vamos acabar as coisas aqui na fábrica, e depois conversamos.
–Vai me contar o que está acontecendo? –perguntou aproximando-se da garota com um olhar preocupado.
–Contar não. –suspirou fechando os olhos e logo virando de frente para ele. –Irei mostrar.
Carlos Daniel sorriu para a garota e a puxou para seus braços, abraçando-a firme.
–Pai? –perguntou com o rosto colado ao peito dele.
–Sim? –Disse sem mover-se.
–Já pode me soltar. –murmurou contendo um sorriso.
–Oh, sim, -a soltou rapidamente. –Desculpe.
–Tudo bem, Pai. –Riu. –Vamos acabar com isso logo?
–Vamos, vamos mesmo. –sorriu para a garota.
Longas três horas se passaram, e após organizar todos os documentos da fábrica por datas, e coloca-los em pastas nos arquivos, tudo estava pronto. Lizete guardou a última pasta e soltou um suspiro aliviado. Carlos Daniel sorriu por vê-la tão empenhada naquilo. Como podia parecer tanto com Paulina?
–Até que enfim! –suspirou outra vez, apoiando as mãos na beira da mesa.
–Nossa, como foi difícil acabar isso. –Disse ele fechando o computador.
–Quanto tempo fazia que o senhor não fazia isso? –perguntou ela dando a volta na mesa e jogando-se ao sofá. Carlos Daniel ficou por alguns segundos em silêncio. Seu olhar ficou distante, e logo as palavras voaram com necessidade.
–A última vez que fiz isso, foi em uma quinta feira. –ele fechou os olhos. –A quinta feira antes da festa.
–Festa? –Ela não entendeu nada. E endireitando-se no sofá, mirou para o pai, esperando que ele continuasse.
–A festa em que destruí meu casamento. –falou cerrando os olhos e engolindo o choro.
–oh! –disse ela sentindo o peso das palavras do pai caírem sobre si. Percebendo nos olhos de Carlos Daniel o quanto ele ainda sofria com tudo aquilo, lembrou-se do mesmo olhar que sua mãe dava a ela toda vez que tocavam no nome dele. Era exatamente igual.
–Pai, Vamos para casa? –perguntou levantando-se e agarrando a maleta. –Temos que conversar. –disse séria.
–Vamos! –Levantou decidido, pegando as chaves do carro e indo em direção a porta.
Lizete e Carlos Daniel seguiram pelas ruas do México. Lizete sendo uma adolescente, pediu ao pai que parasse em uma lanchonete para comprar hambúrgueres e batatas fritas. Carlos Daniel riu com a garota, mas logo estacionou. Lizete saltou do carro e correu para a Lanchonete, deixando a maleta no interior do carro. Carlos Daniel após alguns minutos se pôs a pensar em como sua vida havia mudado após o divórcio. Seus dedos correram pelo local onde ele usava a aliança, e que agora, estava vazio, a pedido do amor de sua vida .
“-...Mais alguma coisa? –perguntou debochando enquanto seus dedos assinavam o divórcio frente o juiz. –Queres mais alguma coisa? Quem sabe, hum, minhas cuecas? –debochou revirando os olhos.
–Não. –murmurou ela do outro lado da mesa. –Apenas, que retire nossa aliança de casamento. –pediu baixinho.
Carlos Daniel por um segundo a olhou analisando-a, e percebeu a palidez em que estava. Mas seu orgulho ferido falou mais alto, e assim, sorriu debochado e retirou a aliança de ouro do dedo, Largando-a sobre as folhas recentemente assinadas por ela.
–Assim, -ecoou a voz firme do juiz. -Finalizamos e autenticamos o Divórcio de Carlos Daniel Bracho, e Paulina Martins Bracho, que ela, por escolha, volta a assinar como Paulina Martins...”
Ele distraiu-se e nem percebeu o tempo passar, mas o pequeno som do celular da garota, que tocava incessantemente dentro da maleta, o tirou de seus pensamentos. Por um instante, ele recuou e tentou não preocupar-se com a chamada, mas seu coração falou mais alto. Carlos Daniel abriu a maleta cor-de-rosa e tirou o celular de Lizete. A luz da tela brilhou, e a Palavra “mãe” com uma foto de Paulina apareceu frente aos seus olhos. Seu coração falhou uma batida, sua boca secou, e o mundo ao seu redor pareceu parar. Seus dedos tremiam enquanto o som não parava, e sem mais pensar, encerrou a chamada.