Past said hello

The Mistery Girl


POV Elijah Mikaelson

Procurava distância. Distancia dos lugares onde os corpos foram mutilados, distância da trilha de horror que no final das contas eu ajudei a construir. Distância da minha família.


Apenas virei as costas para tudo aquilo, agora que Klaus perdeu a única chance para se tornar um híbrido, não há motivos para que eu esteja ao seu lado. Principalmente depois de olhar para trás e perceber o rastro de sangue que eu ajudei a deixar. Katherina não vale toda essa devastação.


Resolvi ir a América, sem pretexto certo de onde gostaria de ficar. Apenas caminhar sem saber direito para onde posso estar indo. Passar por lugares os quais as pessoas não sabem quem sou ou o que eu fiz. Poder ser mais uma mera alma que vaga pelas ruas de uma dentre tantas cidades.


E dentre uma dessas cidades, me deparo com uma cujo nome é Mystic Falls. Lugar simples, porém intrigante.


Diferente das outras cidades pelas quais andei vagando, sinto que nessa todos se conhecem. Mas ao mesmo tempo são como perfeitos estranhos.


São carruagens atravessando as ruas de pedra, cavalheiros tirando seus chapéus para donzelas com seus vestidos extravagantes. Tudo parece habitual, mas a sensação de que todos tem algo para esconder por aqui ainda conseguem permanecer dentro de mim.


Sem muitas opções sobre o que devo fazer, acabo indo a um bar local. Nada de muito diferente do que estou habituado de ver nesse século XVI.


Peço uma dose de whisky, que desce com ardência em minha garganta.


- É novo por aqui, não é mesmo? - Me pergunta a mulher que está me servindo.


- Tão óbvio? - Pergunto sem olhar para ela, apenas para o copo que está em minhas mãos.


- Conheço todos os homens que vem aqui tomar umas - Diz ela, vejo suas mãos limpando o balcão com um pano.


- Apenas de passagem - Olhando para ela, vejo que possui fortes linhas de expressões ao redor dos olhos e dos lábios. Aparentava ter uns quarenta anos - Provavelmente partirei ao anoitecer.


Ela me dá um sorriso, como se tentasse me descobrir.


- Já que está aqui só de passagem, pelo menos fique para o baile de máscaras hoje a noite - Ela aponta para um panfleto que está atrás de mim - É a maior festa da cidade, devia ir.


Ela enche meu copo novamente e me lança uma piscada, saindo logo em seguida para servir outras pessoas.


Dou uma risada abafada para mim mesmo, dou o último gole na bebida, coloco uma nota no balcão e vou para a saída do lugar. Até que escuto a voz dela.


- Pense bem passageiro, é só uma noite - Diz ela em voz alta enquanto servia um senhor, já de idade.


Eu olho para ela e vou caminhando em direção ao local onde está o panfleto. De fato é um baile importante, começaria a partir das oito.


Nunca fiz questão de estar em todas as festas. Mas seria apenas por uma noite e como ela mesma disse, só estou aqui de passagem.


Saio do local e vou a procura de uma hospedaria para passar a noite. Já que agora, tenho planos para hoje.


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Uma hospedaria bastante simples, mas foi mais do que o suficiente para trocar de roupa. E quando já era sete e meia, coloquei minha máscara e saí.


O caminho não era longo e conforme ia dando meus passos, se tornava cada vez mais frequente o som dos saltos femininos e do andar mais pesados dos rapazes. E após mais alguns minutos de caminhada já podia avistar o lugar.


Uma mansão de arquitetura bastante singular, construída em marfim e porcelana. Iluminada inteiramente por castiçais de vela. As escadarias foram cobertas por um tapete vermelho. Realmente deslumbrante.


Subo degrau por degrau até chegar a porta.


- Seja bem vindo cavalheiro. Aproveite a festa - Diz o recepcionista.


- Obrigado - O som da música estava bastante agradável e a bebida, logo se notava, não parava de circular.


Sempre considerei os bailes de máscaras os eventos mais humanos possíveis. Mostrar de maneira literal que no fim todos temos máscaras e nunca e nunca se tira nem para os mais íntimos. Nos torna mais misteriosos, nos dá m poder que não temos e nos sentimos seduzidos por isso. Pois nesse aspecto, vampiros são muito similares a humanos.


Muitas vezes seja esse o motivo de tantos desligarem a humanidade. Talvez se torne mais fácil esconder quem de fato são, mas nunca se torna mais fácil controlar quem são.


As horas vão se passando, converso com algumas pessoas. Mas é uma conversa sem conteúdo, mulheres tentando ser o que jamais se tornarão e homens esbanjando apenas o que sonham e não o que de fato possuem.


Até que todos se calam, com o pronunciamento de um homem que se encontra em meio a escada principal.


- Boa noite. Como prefeito de Mystic Falls, quero agradecer a presença de todos no Baile Anual de Máscaras - Todos aplaudem - Sinto sempre uma grande satisfação em organizar esse evento. Agora peço que os cavalheiros convidem alguma dama. Pois iniciaremos a dança.


Dou um sorriso de olhos fechados. Estou começando a acreditar que certos hábitos nunca irão terminar.


Mas para cumprir com o pedido, procuro alguma ''dama'' que pudesse convida-la.


Até que eu escuto passos vindos da porta. Vejo então uma moça entrar, trajando um belo vestido de tons lilases, com detalhes em prata. Usava uma máscara inteiramente prata, que mais parecia uma coroa perto daqueles leves cachos ruivos como fogo.


A cor de seus lábios era bastante avermelhado, mas o rosto se tornava um verdadeiro mistério para mim devido a máscara que lhe cobria boa parte. Mas havia algo nela que me despertava uma atenção fora do comum, porém não consigo saber o que é.


Ela me emanava uma energia que se tornava impossível ignorar. E pela primeira vez sinto o poder e a sedução que aquela máscara começa a me causar.


A moça passa perto de mim e eu me aproximo, ficando de frente para ela.


- Aceita? - Estendo a minha mão para ela. Não posso ver, mas sinto que ela está me analisando com o seu olhar.


Ela nada diz, apenas faz uma reverencia e com a leveza de um cisne confirma com a cabeça. Mas quando estou prestes a tocar em sua mão, somos interrompidos pelo recepcionista.


- Não meu jovem cavalheiro. Não se deve tocar na dama até que seja dada a permissão - Pelo visto as tradições daqui são um tanto diferentes - Por favor se dirijam ao local da dança.


Tento disfarçar a minha irritação.


- Com prazer - abro caminho e deixo-a passar, indo logo atrás.


Nos posicionamos e pouco tempo depois a música começa a soar. Como ele havia dito, não podemos nos tocar, apenas seguir com os passos. Mas dançar com ela torna tudo mais difícil.


Era como escalar o monte Everest, mas quando se ia dar o último passo... Escorregasse dois metros e fosse obrigado a retomar tudo novamente.


Não precisava olhar muito para ver que ela chamava a atenção. Quem seria ela? Que sensação seria essa que ela estava me causando, tentar desvendar tais perguntas era um desafio.


Não era seu sangue... Não, era algo que ia muito além disso.


Quando a música termina, se dá o sinal para que os rapazes pudessem tocar nas moças.


Mas quando a minha mão toca nas pontas dos dedos dela, sinto uma energia muito forte. O que seria isso?!


- O-Oque? - Estou confuso, mas não tenho chances de perguntar nada. Pois ela dá meia volta e sai em passos rápidos rumo a saída da casa.


Vou atrás dela, preciso me desviar de casais para tentar alcança-la, mas quando consigo me aproximar ela já está descendo as escadarias.


Eu desço apressadamente e tento faze-la parar.


- Por favor, espere - Tento tocar em seu ombro e sem intenção puxo a fita que prende sua máscara ao rosto. Ouço o barulho da máscara caindo e presumo que ela também o tenha escutado, pois se vira no mesmo instante. Mas nada poderia ter me preparado para o que eu vejo.

Um de seus olhos é verde como uma esmeralda recém lapidada... Porém o olho direito pulsa sangue como os de um vampiro. Apenas um dos olhos...

Paro instantaneamente, em choque. Ela se vira tão rápido quanto da primeira vez e vai se tornando mais distante, com uma das mãos cobrindo seu rosto.


Me abaixo para pegar a máscara que cobria seu rosto e me lembrava a uma coroa de precisos diamantes quando chegava próximo ao seu cabelo. E me pergunto com uma intensidade infinitamente maior. Quem seria ela? Ou melhor, o que seria ela?