Past said hello

My troubled past


POV Elijah Mikelson

Fico olhando, de maneira incrédula, para a garota a minha frente. O sangue em suas mãos já haviam diminuído devido a chuva. Mas não consigo compreender o motivo dela ter me salvado, sendo que da última vez em que nos encontramos ela praticamente havia me ameaçado de morte. Por que agora ela teria me salvado?

- Onde você mora? - Ela me surpreende com essa pergunta e eu deixo estampar em meu rosto.

- O que?! Não vou confiar em você - Digo em tom firmeza

- Você não tem escolha - Ela me disse calmamente - Se eu te deixar aqui, quem garante que não vai ser atacado de novo. Se aparecer morto, vai chamar muita atenção.

- Sei me cuidar muito bem. Obrigado - Digo de maneira mais dura.

- Não foi o que me pareceu - Diz ela quase que ironicamente - Fique tranquilo, não tenho a intenção de mata-lo.

Olho para ela de maneira bastante desconfiada. Mas mantenho a calma e relembro os motivos de estar em Mystic Falls, preciso de respostas.

- Vamos - Digo começando a guia-la. Noto que ela recoloca seu capuz.

Caminhos em total silêncio, não havia ninguém nas ruas. Até que paramos em frente a porta de minha casa.

Ela olha para mim e pergunta.

- Não vai me convidar para entrar?

- Por que eu faria isso? Você pode estar pretendendo me matar se eu deixar você entrar - Ela então me lança um sorriso sarcástico.

- Se eu de fato quisesse te matar, já teria feito isso no nosso primeiro encontro. Mas acho que finalmente chegou a hora de termos uma conversa. E então? Vai me convidar.

E u não resisto. Mas a olho com curiosidade.

- Pode entrar - Ela dá o primeiro passo e então entra.

Ela analisa a casa com o acompanhamento de seus olhos. Eu a deixo observando e vou ascender a lareira e em seguida olho para ela.

- Se vamos conversar, é melhor fecharmos as cortinas - Ela diz isso e em seguida ergue a mão. Com um movimento, fecha todas as cortinas da sala - E eu prefiro o ambiente a luz de velas - E com um olhar ela acende todas as velas, as deixando em fogo baixo.

Meus olhos não creem no que estão vendo.

- I-Isso é impossível. Não poder ser... - Estou totalmente incrédulo.

- Você vive em um mundo onde nada é impossível. Mas fique tranquilo, eu lhe contarei tudo o que quer saber.

Ela então se vira e senta-se em uma poltrona perto da lareira.

- Quero que saiba que no momento estou me odiando profundamente - Diz ela seriamente.

- Por que? - Pergunto confuso, me sentando em uma cadeira de frente para ela.

- Porque acabei de salvar a vida de alguém que pertence a família, que me transformou no que eu sou hoje - Diz ela friamente.

- O que quer dizer? - Estou sério, as palavras da bruxa começam a ecoar em minha mente. O que a minha família tem a ver com ela?

- Devemos começar pelo princípio. Preciso que saiba que eu estou viva a mais tempo do que gostaria. Eu nasci em um vilarejo na Irlanda, a mais de 700 anos atrás - Diz ela - A minha família não era uma família qualquer. Éramos de uma linhagem muito rara de bruxos. A dinastia Merlineana.

- Dinastia Merlineana? O que é isso? - Nunca ouvi falar em tal nome, mas reparo que o ano em que ela está se referindo é a mesma época em que minha mãe lançou o feitiço do vampirismo em nós.

- Significa que a minha família carrega o sangue do bruxo Merlin. Considerado o bruxo mais poderoso que já existiu - Explica ela, fico sem conseguir acreditar.

- Sei que parece impossível, mas acredite não é. Éramos um grupo pequeno, não chegávamos a vinte pessoas e isso se tornou um problema - Continua ela - Devido a dinastia ser muito pequena, as bruxas mais velhas passavam a maior parte de seus poderes para seus filhos, quando estes chegavam a uma determinada idade. Assim, quando os mais velhos falecessem grande parte de seus poderes ainda seriam mantidos em seus filhos e netos. Tínhamos de manter a dinastia viva, a qualquer custo.

Sua voz dá ênfase na frase final. Minha mente já trabalha no que ela me falará agora.

- Eu era a mais nova da família e tinha acabado de receber grande parte dos poderes de minha mãe. Aos 17 anos. E por ser a última da família, precisava me casar com alguém para poder ter filhos e passar os meus poderes a eles. Mas uma coisa aconteceu, algo que eu nunca tive nenhum conhecimento.

- O que? - Pergunto sem conseguir esconder a curiosidade em minha voz.

- Existe uma antiga profecia, outros chamam de calendário, com relação aos Merlienanos. Nela diz que a cada 273, o mais novo da dinastia terá seus poderes retirados de si por um dia. Nesse dia ele não poderá fazer magia e nem receber a magia de outros bruxos. Será humano por um dia.

- E você era a mais nova da família não era? - Concluo já compreendendo.

- Era, mas o problema não estava nessa profecia necessariamente. No dia em que a profecia se realizou, eu fui picada por uma cobra venenosa. Minha família não podia me curar, já que eu não podia receber magia e muito menos fazer magia. Eu ia morrer... E se isso acontecesse, todo o poder que eu tinha seria perdido - Nesse momento ela me olha no fundo dos olhos - E é nesse momento que a nobre família Mikaelson entra na história.

- O que a minha família teria a ver com isso? - Pergunto.

- Ficaria surpreso em como o mundo das bruxas se torna pequeno. Elas se conhecem entre si e a minha mãe conhecia a Bruxa Original, sua mão. Ela tinha ouvido falar que a Bruxa Original havia usado uma magia extremamente poderosa para transformar seus filhos em criaturas noturnas e sedentas de sangue. Mas que o sangue destes, poderia curar qualquer coisa - Meu coração começa a acelerar - Então minha mãe foi atrás da Bruxa Original e esta entregou a ela um único frasco de sangue de vampiro para que eu pudesse ser curada.

- Ao final daquela tarde, ela me entregou o frasco e aos poucos fui me curando depois de beber.

- Perdoe-me, mas não vejo o grande mal que a minha família poderia ter lhe feito - Digo de maneira calma.

- O problema começou a partir do momento em que eu tinha sangue de vampiro no meu organismo - Diz ela muito friamente - Naquela noite, lembro-me de ter caído no sono na tenda em que estava repousando. Mas de ter acordada com gritos vindos do lado de fora, quando eu saí da tenda para ver o que estava acontecendo.... Vi vários corpos no chão ensanguentados.... Minha família. Não sabia o que estava acontecendo, quem poderia estar fazendo aquilo ou por quais motivos.

Sua voz começa a vacilar.

- Eu caminhei em meio aos corpos estirados, atordoada... sem saber o que pensar. Até que eu vi mais adiante a minha mãe, sendo segurada por um homem e ele... estava mordendo o pescoço dela. Só ouvi ela dizer que me amava e que era para eu fugir, eu me virei por um segundo. Tentei buscar alguma ajuda, mas então ouvi.... O barulho do pescoço dela se quebrando.... e do corpo dela caindo ao chão.

Seus olhos começaram a marejar.

- Eu gritei a plenos pulmões, estava desesperada, confusa, queria saber quem era ele e o motivo de ter feito aquilo com a minha família. Estava em choque - Diz ela - E então eu senti a presença de alguém atrás de mim, era ele. Tentei entender como ele havia chegado perto de mim tão rápido, mas na hora eu não pude pensar.... Ele já tinha quebrado o meu pescoço e me matado, pude jurar que ouvi uma risada gélida saindo daquela boca nojenta - Ela olha novamente para mim.

- E você tinha sangue de vampiro no organismo... - Digo de maneira triste, sinto pena dela.

- Eu sou uma bruxa e uma bruxa nunca pode ser um vampiro ao mesmo tempo e vice versa. Mas naquele dia, naquele mísero e maldito dia eu não era uma bruxa... Eu era humana.

Fico sem reação perante a tudo o que ela está me contando, nunca ouvi nada sequer similar. Não consigo formular bem as palavras nesse momento.

- Acordei algumas horas depois, sentia minhas pupilas dilatadas, coração acelerado, confusa... Um milhão de emoções diferentes dentro de mim... Tudo é aumentado. Sentia medo, raiva e ... um desejo horrível de matar. Ao ver todo aquele sangue a minha volta, enlouqueci. Eu precisava sair daquele lugar, mas o cheiro já estava em minha mente.

- Vaguei algumas horas sem rumo, totalmente atormentada.... Não sabia o que estava acontecendo. Mas então o sol nasceu e a minha pele começou a queimar, então eu entendi que eu não poderia sair mais a luz do sol. Porém esse era o mínimo dos problemas, eu comecei a sentir dores extremamente fortes que percorriam todo o meu corpo.... Era a rejeição.

- O sangue de bruxa não aceitava o de vampiro, meu corpo lutava contra si mesmo. Cada espasmo de dor.... eu sentia que ia morrer e por um momento eu desejei isso. Seria tudo muito mais simples - Sua voz vacila novamente - Até que eu senti a presença de mais uma pessoa, um caçador passava por aquela região naquele momento e eu.... não me controlei. Eu o matei.

- E a partir daquele momento, parece que meu corpo encontrou um equilíbrio. Metade do meu corpo seria como o de uma bruxa e o outro lado como o de um vampiro. Há momentos em que eu consigo predominar um lado, como você viu naquele dia no baile e agora na floresta. Mas isso não dura muito tempo, logo ele volta a ser como está agora.

- Quando os dois olhos estão como os de um vampiro... O lado de vampira predomina, mas quando seus olhos estão normais é o lado bruxa que está mais forte - Digo compreendendo - E quando você predomina um lado não resiste muito tempo, conforme os minutos vão se passando sente dor.

- Exatamente. Esses últimos 700 anos não foram uma visa, foram sobrevivência . Fazer com que as pessoas nãos descubram o que eu sou... Não é natural - Minha ficha cai e me lembro das palavras de Alexandra, o que ocorreu a ela não deveria ter acontecido. Vai totalmente contra as leis naturais.

- Agora que sabe de tudo, peço que vá embora dessa cidade.

- Por que? Tem medo que alguém me descubra aqui?

- É simples. Eu simplesmente não quero mais a família Original na minha vida - Diz ela se levantando - Pois caso você não saiba, quem matou todos da minha família.... Foi um dos seus irmãos, um dos Originais.

- O que? - Pergunto totalmente em choque.

- É, pelo visto sua família não compartilha tudo. Agora entende o motivo de querer que vá , faça a escolha certa - Ela se dirige até a porta e eu digo.

- Espere, qual o seu nome?

Ela se vira para mim e diz.

- Audrey. Audrey Griffin.

- Sou Elijah. Elijah Mikaelson - O olhar dela para mim é de como se já soubesse.

Nesse momento porém, ela vai ajeitar algo em seu capuz e após fazer um movimento, solta um gemido de dor.

- Aargh! - Diz ela estreitando o rosto.

— Você está bem? - Pergunto preocupado, tento me aproximar dela. Mas ela se afasta quase que de imediato.

Em seguida ela tira a capa, revelando profundos arranhões que iam do final de seu pescoço até o final do busto.

Continua.....