POV Elijah Mikaelson

O fogo se encontrava fraco, mas ainda crepitava na lareira. Ela estava parada perto a porta, com a mão em cima de seu busto. Suas mãos estavam ensanguentadas ao tentar pressionar os cortes que lá se encontravam, porém sem êxito.

- Malditos lobisomens! - Diz ela entre dentes.

Estou preocupado com tais ferimentos, mas me aproximo de maneira cautelosa.

- Estão muito feios. Me deixe ajuda-la - Digo calmamente.

- Não precisa, vou ficar bem - Ela nega todas as minhas tentativas de ajuda-la.

- Para alguém que também é vampira, os ferimentos estão demorando bastante para cicatrizarem.

Ela me olha e por fim diz.

- Eu disse a você que o meu corpo luta muito para encontrar um equilíbrio que possa me manter viva. O sangue de bruxa faz o processo de cicatrização mais lento. Mas eu não fui mordida, só arranhada.

- Mesmo assim´, está perdendo uma boa quantidade de sangue. Acho melhor passar a noite aqui, descansar e se recuperar por completo.

Sei que estou me arriscando ao fazer esse convite. Mas uma parte de mim tem a esperança que ela fique, mesmo sabendo ser praticamente impossível.

- Essa ideia não me agrada de maneira alguma. Passar a noite na casa de um Original. Posso ter contado a minha história a você Elijah, mas não quer dizer que eu confie em você.

- Não temos nenhum motivo para confiarmos um no outro, isso é verdade. Mas creio que pelo simples fato de estarmos ambos vivos devo merecer um pequeno voto de confiança. Mesmo que seja momentâneo - Mas percebo nos olhos dela que Audrey não cederá. Preciso de outro argumento - Se não for por isso, pelo menos pense no óbvio. Você está ensanguentada, se sair desse jeito outros lobisomens vão sentir seu cheiro e.... Sem querer ser indelicado, mas você não irá conseguir lutar da mesma forma nessa estado em que se encontra.

Então percebo em seus olhos que ela começa a pensar a respeito do meu convite.

- Tudo bem. Mas é só uma noite... E se você tentar algo contra mim - Corto-a antes de completar a ameaça.

- Pode não acreditar. Mas sou um homem de palavra, cumpro cada promessa que faço. E lhe garanto que você ficará segura - Digo com confiança.

Seus olhos demonstram uma suave surpresa com relação as minhas palavras. Mas ela nada diz.

- Deixe-me ajuda-la a subir a escada.

- Estou machucada Elijah. Mas ainda consigo andar - Ela me lança palavras grossas, mas dou um sorriso sem ela notar.

- Como quiser.

Subimos as escadas e a guio até um quarto.

- É amplo e tem um toalete atrás daquela porta. Você pode tomar um banho, vai ajudar a limpar esses cortes.

- Você sabe que eu não tenho roupa para usar depois do banho, não é?

- Eu resolvo isso, fique a vontade - Fecho a porta, deixando-a no quarto e saio de casa sem que ela perceba.

Sei onde posso conseguir roupas. Vou até a casa de Amanda, a garota que tem me fornecido sangue, já que ela possui uma loja de roupas.

Ao chegar lá bato na porta e quando ela abre começo a usar a hipnose.

- Elijah? O que faz aqui a essa hora? - Ela me pergunta confusa.

- Preciso que me de algumas roupas femininas - Digo usando a hipnose - Em seguida você vai colocar um pouco do seu sangue em uma jarra e entregará a mim.

Ela me obedece e por fim curo seus cortes e a faço esquecer de tudo. Volto para casa, tentando não chamar a atenção.

Subo as escadas e entro no quarto novamente. A porta do toalete está fechada, mas deixo a muda de roupas em cima da cama para Audrey.

E logo depois disso vou tomar um banho. Penso em tudo o que ela me contou, ter sua família morta de um momento ao outro e ter de passar por uma transição sozinha. Mas não era uma transição qualquer, bruxos e vampiros nunca podem ser a mesma coisa... Mas isso aconteceu a ela. Não posso deixar de pensar o quanto ela é forte, poderia ter desistido inúmeras vezes.... Mas continuou.

Porém o fato de que a minha família é a responsável direta por todos os acontecimentos na vida de Audrey, faz com que eu comece a carregar um enorme peso nas costas.

Troco de roupa e decido voltar ao quarto dela. Bato na porta e espero ela abrir.

Quando a porta se abre, meu rosto cora. Pois noto que a roupa que trouxe para que ela pudesse dormir, ficou um pouco mais justa em seu corpo. Fazendo com que um decote extravagante se formasse, seus cabelos ruivos estavam úmidos.

- Ah, desculpe-me Audrey - Digo meio sem jeito.

Audrey também corou levemente e rapidamente pegou um robe para se cobrir.

- Está tudo bem, eu não deveria ter aberto a porta estando vestida assim - Sua voz tinha um leve tom de nervosismo.

- Eu só vim ver como você estava.

- Estou melhor, já começou a cicatrizar um pouco - Porém eu havia notado que ainda havia sangue nos cortes.

- Ainda está sangrando Audrey. Vou passar uma solução para estancar o sangue.

- Elijah não precisa...

Lanço um olhar doce a ela.

- Por favor, permita - me - Entro no toalete e pego um frasco com algumas gases - Encoste -se na cama por favor - Ela retira o robe, ajeita o máximo que pode a camisola e por fim senta-se apoiando a coluna.

Sento-me perto dela, molho a gaze no líquido e começo a passar por cima dos cortes, com delicadeza.

Noto em seu rosto que ela não está a vontade com a situação.

- Naquele dia na floresta - Digo - Seus olhos possuíam cores diferentes.

- Eu nasci assim, com um olho de cada cor - Diz ela um pouco mais relaxada.

- São lindos - Ela vira seu rosto rapidamente para mim, mas eu não digo mais nada. Não quero deixa-la mais constrangida.

Até que ela dá um sorriso de lado.

- Um Original tentando ser simpático comigo. Algo que não se vê sempre.

- Talvez não conheça todos os Originais tão bem quanto pensa - Digo sem olha-la.

- Já conheci mais do que gostaria - Me calo, até que ela diz - Você não me perguntou qual dos seus irmãos atacou a minha família.

No fundo eu já sabia quem era, por mais que não quisesse acreditar. Porém tento disfarçar para ela.

- Então me conte - Digo olhando em seus olhos.

- Nicklaus Mikaelson - O som de sua voz soa fraco, quase como se temesse o som do nome de meu irmão.

Continuamos em silêncio até eu terminar de limpar os cortes e por fim olho para ela.

- Estou longe de ser algo perfeito e sei que nunca serei. Você pode odiar a minha família com todas as razões, mas se você me permitir eu só gostaria de te provar Audrey que eu sou diferente do meu irmão.

Levanto-me e vou em direção a porta, até que ouço a voz dela me chamando.

- Elijah. Obrigada, por tudo.

Me viro.

- Você salvou a minha vida, devo lhe agradecer. Agora descanse Audrey, está segura aqui.