Passagem para o submundo
Capítulo 4
Ninguém queria sobreviver. Ainda respirávamos. Não queríamos sobreviver.
Há muito tempo não vivemos. Talvez nunca tenhamos vivido.
A vida não quis nos conhecer. Ela nos resgatou num ímpeto alucinado. Mas logo nos deixou a deriva. Que jogo era aquele?
Nenhuma estamenha para proteger os corpos. Somos nossos próprios alvos. Em guerra com e contra reflexos desconhecidos. Agarrados a algum propósito disruptivo.
Se somos o fim da existência, estamos acabados assim que nascemos.
O que fazemos não importa.
O que fazemos é destruir a nós mesmos.
Abrimos a ferida. Colocamos o curativo. Para depois abrirmos de novo.
A criação é dor.
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