Ninguém queria sobreviver. Ainda respirávamos. Não queríamos sobreviver.

Há muito tempo não vivemos. Talvez nunca tenhamos vivido.

A vida não quis nos conhecer. Ela nos resgatou num ímpeto alucinado. Mas logo nos deixou a deriva. Que jogo era aquele?

Nenhuma estamenha para proteger os corpos. Somos nossos próprios alvos. Em guerra com e contra reflexos desconhecidos. Agarrados a algum propósito disruptivo.

Se somos o fim da existência, estamos acabados assim que nascemos.

O que fazemos não importa.

O que fazemos é destruir a nós mesmos.

Abrimos a ferida. Colocamos o curativo. Para depois abrirmos de novo.

A criação é dor.