CONNOR

Chego a porta da casa de Luna por volta das sete horas da manhã, hoje o dia seria longo, mas ver como ela está ainda é minha prioridade. Seguro um capuchino grande em uma mão, e um café preto em outra, toco a campainha e aguardo. Alguns segundos depois Luna abre a porta, com os cabelos desgrenhados e a maior cara de sono, usando um blusão do Star Trek, quando ela afasta seus cabelos do rosto posso ver seus olhos vermelhos, ela olha para minha face, depois para minhas mãos, e abre mais a porta, me cedendo passagem.

Seu apartamento era pequeno, parecia com o de Ashton Kutcher, em Jogo de Amor em Las Vegas, merda, vou matar a Isis, por me fazer saber usar o Kutcher como referência. Mas era possível ver sua cama coberta por uma colcha de retalhos, no fundo do cômodo impecavelmente limpo, e um quadro que parecia ter sido feito de pôsteres de filmes, tinha Bonequinha de Luxo, Star Wars, Marry Poppins e O Poderoso Chefão. No centro do local havia um sofá azul, com pufes amarelos do lado, e uma bancada de madeira que separava a sala/quarto da cozinha. Era um lugar bonito, com a cara dela.

–Não é o que eu esperava, mas chega perto. -comento com um sorriso lhe entregando o capuchino.

–O que esperava? -pergunta com a voz estranha se sentando no sofá, o que esperei que ela fizesse, só por garantia, vai que ela diz que estou no lugar dela?

–Uma cadeira de praia em frente à televisão, tipo o Sheldon antes do Leonard aparecer. -um pequeno sorriso triste se molda em seus lábios, e me sento na outra ponta do sofá, a dando espaço. -Prometeu me contar por que precisei bancar o Elvis ontem. -a lembro e ela solta um suspiro, se virando, com os pés em cima do sofá de frente para mim, com suas longas pernas a mostra. -Mas antes, vai vestir uma calça, por que sou seu amigo, e não seu amigo gay. -comento me virando para o outro lado, ela passa por mim, e volta minutos depois com uma calça de moletom cinza, super larga, que somada ao blusão a fazia parecer uma trombadinha muito gata. E percebo que o problema é só meu, por que agora Luna ficou muito mais gostosa do que antes.

–A essa altura você já sabe sobre o Phill. -diz sem me olhar quando volta a se sentar, brincando com o copo de capuchino em suas mãos.

–Por que não me falou dele? -viro meu corpo em sua direção, para ficar de frente para ela, e a vejo fazer o mesmo, percebo agora que seus olhos estão vermelhos provavelmente por que passou à noite chorando.

–Phill é meu garoto. -dá de ombros. -E acho que um dos motivos por confiar tanto em você... No dia em que nos conhecemos, quando estávamos no elevador com seu pai, e eu tramava como te assassinar sem ser pega... -dou risada, e ela sorri fraco. -Você disse que buscaria Isis, e por um segundo sua voz deixou de ter esse timbre de cafajeste.

–Ai! -exclamo ofendido.

–Você mudou até mesmo sua postura. -continua como se não tivesse me ouvindo. -Claro que já conhecia a Isis, e bom, não tem necessidades de explicar o magnetismo que sua irmã tem, mas me surpreendeu perceber que ela é o centro do seu mundo. Me identifiquei com isso.

–Por que Philippe é o seu. -concluo e ela concorda com um aceno.

–Não é justo que eu tente o trazer para essa loucura que é minha vida se tornou. -posso ver o desespero em seus olhos. -Ele não estaria no tribunal ontem se eu não tivesse aberto um inquérito pela guarda dele, e veja como tudo acabou. -ela esconde o rosto entre as mãos. -Talvez seja melhor o deixar com Jossely e Marta.

–Eu entendo você. -afirmo, e por um segundo, Luna me olha como se fosse se bote salva vidas. -Outro dia quis ajudar minha irmã com uma crise de consciência, e acabei fazendo com que ela ganhasse a lâmina maldita. -ela passa a mão pelo rosto e volta a me olhar, entre a desesperança e a compaixão.

–A Katoptris, então é tudo verdade?

–Cada parte ridícula daquela lenda.

–Sinto muito. -diz com sinceridade.

–Na verdade, ontem foi o primeiro dia desde que levei Isis onde ela conseguiu aquela adaga, que me senti bem. -Luna pisca algumas vezes parecendo confusa, afinal, para ela o dia foi a definição de inferno. -Ela viu seu irmão, e por isso conseguiu salvar não só a ele, mas minha mãe, Laurel e você. -sorrio a olhando. -Devo uma a ela.

–É, eu também devo. -concorda igualmente preocupada. -Mas isso deve ter conseqüências Connor, imagine poder ver o futuro? E pelo que percebi, tragédias futuristas. Isis é a pessoa mais doce que conheço, não consigo deixar de me preocupar com o que isso fará a ela.

–Te conheço a quanto tempo mesmo? -penso alto coçando minha nuca.

–Uns quatro meses agora. -responde por reflexo, sem perceber que não disse esperando uma resposta, não exatamente essa resposta, e sim, como consegui passar tanto tempo sem a conhecer. O que me leva a outro ponto.

–Vou ser seu melhor amigo. -afirmo, o que a faz sorrir um pouco, sem entender de onde aquele assunto surgiu.

–Okay... -murmura franzindo a testa, o que só a deixava mais bonita.

–Sério Luna, você precisa disso, e percebi que eu preciso mais do que você. Não quero usar nossa amizade como um meio de conseguir... Você sabe. -é a primeira vez des de que cheguei que ela sorri de verdade.

–Connor Hawke, você está se sentindo bem? -brinca encenando preocupação.

–Para, Luna. Estou falando sério! -repreendo, cortando o deboche.

–Nunca dá certo, pense em Leonard e Penny, ou Emma e Dexter. As pessoas se apaixonam Connor. -ela só queria me irritar, posso ver isso em seus olhos perfeitos e enormes, mas resolvo entrar no jogo.

–Às vezes a amizade vinga. -afirmo confiante. -Harry e Hermione, ou Haley e Lucas. -revido.

–Oh meu Deus, você assiste One Tree Hill! -exclama em meio ao riso e jogo uma almofada nela, mas antes que possa revidar meu celular toca e peço trégua.

–Pai, algum problema?

‘Eu e Felicity estamos indo a uma missão para a Liga, preciso que faça uma coisa por nós. ’

–Claro, pode falar.

‘Levaríamos Isis a Star Labs, para analisar a adaga, e ver o que podemos fazer. Mas é sobre o Amazo, encontramos algumas pistas, estamos saindo agora. ’

–Tudo bem. -suspiro frustrado por ter perdido a missão. -Felicity vai monitorar da torre?

‘Sim, ela ficará a salvo, estou indo com Bruce, Roy e Dick. Veja como podemos resolver o assunto da Isis. ’ Isso estava enlouquecendo a todos nós

–Vou pegar a pirralha agora, considere feito.

‘Okay. Felicity pediu para que pegasse o presente do Wally que está sobre a bancada. ’ Só agora me lembro que hoje meu melhor amigo está ingressando na faculdade.

–Tudo bem. -digo antes de desligar o telefone e me virar para Luna. -Não posso deixar minha melhor amiga em casa nesse estado. -ofereço minha mão para ela. -Quer conhecer a Star Labs? -pergunto e um sorriso surge em seus lábios, talvez vendo minha dinâmica com Isis, Luna recupere as esperanças de ter o irmão. É o mínimo que posso fazer.

WALLY

–Se eu descer ai, vocês ficarão sem vídeo game por um ano! -escuto tia Iris gritar de seu quarto para os gêmeos, que estavam impossíveis hoje.

Termino com minha ultima caixa, olho em volta do meu quarto pela ultima vez. As paredes azuis, os pôsteres de carros espalhados nelas. A foto que tirei com a versão mais jovem de meus tios na cabeceira da minha cama, essa era uma cópia, a original estava na escrivaninha de minha tia, no escritório, e uma de Sara na estante com meus troféus, por atletismo, todos de segundo lugar, meus pais acham justo que eu não trapaceie, mas a verdade é que perder é a verdadeira trapaça.

–Vai levar essa foto? -escuto a voz doce de Tia Iris, que estava parada, com os braços cruzados, escorada no batente da porta me observando.

–Não quero ninguém perguntando quem é essa gata. -brinco caminhando em sua direção. -E isso não significa que na que tiramos, no meu aniversário desse ano, você não esteja linda. -beijo seu rosto, e ela sorri, com a pose de forte que sempre usa quando estou a matando por dentro. -Só que naquela, é mais fácil dizer que estão falando da minha mãe, e que se continuarem, quebro a cara deles. -sorri divertida acariciando meu rosto.

–Isso não me parece justo...

–Claro que é, pergunte ao tio Barry o que ele acha de caras da faculdade pedindo seu número!

–Ai Wally! -empurra meu ombro de brincadeira. -Não estou falando disso! Digo, você indo, mais uma vez.

–Mãe, eu sou o Kid Flash. -a lembro, pegando a nossa foto em minha mesinha de cabeceira e a entregando. -Posso estar aqui em dois minutos se precisar de mim. -ela olha a foto, depois aperta contra o peito, antes de ficar na ponta dos pés para beijar meu rosto.

–Vou sempre precisar de você. -sussurra com voz de choro, não que planeje chorar em minha frente. -Estude direito, e me ligue todos os dias, entendeu? -diz séria, e devolvo o beijo em seu rosto, antes de puxá-la para um abraço.

–Sim senhora. -respondo.

Levo todas as minhas caixas para o carro dos meus pais, e paro em frente à meus irmãos, que discutiam por causa de um moletom vermelho. Eles se parecem muito com o tio Barry, o mesmo formato de rosto, corte de cabelo e sorriso fácil, mas eram morenos, de uma pele dourada, com os olhos e o gênio da tia Iris, o que sempre dificulta tudo. Eles nunca cedem.

–Opa! -pego o moletom e o seguro no alto, os fazendo pular nervosos para alcançá-lo.

–Devolve isso Ali! -Don o mais esquentadinho, rosna em tom autoritário, se não fosse sua voz de criança, talvez funcionasse.

–Não, esse é o meu. -Dawn resmunga para ele, mais indignado do que irritado. -Ele não acredita Ali. -olho na etiqueta do lado de dentro, e realmente o nome marcado era de Dawn.

–Desculpe amigão, mas esse é o dele. -digo entregando o moletom para Dawn, e Don fica mais irritado ainda. -Por que não vamos buscar outro para você? -brinco o pegando no colo.

–Mas vermelho é igual ao do papai. -choraminga e sorrio, correndo com ele em alta velocidade, escolho um verde, e o visto em um piscar de olhos, ele solta gargalhadas no processo, então o seguro em frente ao espelho e espero que ele pare de ficar bambo para o soltar.

–Agora parece o tio Ollie. -aponto para o reflexo dele. -Assim você o Dawn podem brincar que são heróis diferentes!

–Eu vesti o Dawn para você. -escuto a minha voz preferida no mundo, e me levanto, vendo minha namorada parada no batente da porta. Sara usava um blusa amarela, de mangas com meu escudo, digo, o escudo do Kid Flash, jeans e um tênis. -Gostou? -aponta para a blusa.

–Onde conseguiu isso? -falo impressionado, mas antes que pense em ir até ela meu irmão corre para seus braços e ela o levanta enchendo seu rosto de beijos.

–É o Ali. -diz apontando para a blusa dela que sorri divertida.

–É sim Don! -afirma lhe dando um beijinho de esquimó, que o faz ficar piscando os olhinhos cheio de charme.

–Olha, chega de paquerar minha namorada moleque. -o pego do colo dela, e beijo o rostinho dele antes de o por no chão. -Vai lá ver se Dawn está pronto. -o garoto sai correndo, e puxo minha namorada para beijá-la. -Onde comprou essa blusa maravilhosa? -exagero a fazendo dar risada.

–Fui com Isis no shopping esses dias, e parece que roupas de super heróis, estão na moda,mais do que nunca. -responde antes de me beijar novamente, aperto minhas mãos em sua cintura a trazendo para mais perto.

–Claro que escolheu a do mais gato. -brinco distribuindo beijos em seu rosto.

–Tem um boato de que o Kid é comprometido, e a namorada dele é a mais esquentada do time. -entra na brincadeira me fazendo dar risada com sua verdade disfarçada.

–Soube disso também...

–WALLY! -escuto a voz da minha tia vindo do primeiro andar.

–Me permite? -abro meus braços para ela, que pula em meu colo, e no mesmo instante estamos parados em frente à minha mãe.

–Cisco ligou, parece que Fel e Oliver estão em missão, mas Isis e Connor trouxeram um presente deles que está na Star Labs, e você precisa ir lá buscar agora. -já estava puxando Sara pela cintura mais uma vez, para pegá-la em meus braços. -Não esqueçam que vamos dirigindo, seu pai já está a caminho meu filho, não demore por lá.

–Tudo bem. -pego Sara e saímos em disparada.

Chegamos a Star Labs e vejo Connor, Isis e para minha surpresa Luna, que estava parada em frente aos Cisco, que dizia algo a ela que observava como se ele fosse Brad Pitt em 2010. Connor não parecia estar se divertindo, e Isis corre em nossa direção quando nos vê. Fico feliz quando ela se joga em meus braços de forma automática.

–Você vai para a faculdade! -exclama dando pulinhos animados, depois abraça Sara com a mesma animação, e vejo que ela usava uma blusa preta com o emblema do Batman.

–Ainda no projeto de enfartar o Ollie? -aponto para a camisa dela, que cora, só então percebo pequenas listras vermelhas e verdes nas mangas, mas antes que fale algo Connor me entrega um embrulho retangular e relativamente grande. -Adoro muito a Fel. -digo com minha atenção completamente voltada para o presente, quando abro vejo um notebook de ultima geração.

–Ela programou para sua velocidade de leitura, já criou pastas para cada uma de suas matérias, e tem sua grade de horários... -Isis começa a contar animada.

–Espera, como ela sabe meus horários. -só então me dou conta do que disse. -Pergunta idiota. -Connor e eu dizemos em uníssono.

–E parabéns cara. -diz batendo com seu punho no meu.

–Obrigado. Agradeça seus pais por mim. -ele assente.

–Me diz ai, um casal de amigos da dramaturgia, que nunca se envolveu. -sussurra em tom de segredo quando Isis volta para junto de Cisco e Luna.

–Phoebe e Joey? -sugiro.

–Não, eles se beijam uma vez, e tem aquilo dele ser o seguro dela. -Sara me lembra encaixando seu braço no meu. -Talvez, Mônica e Joey, eles nunca tiveram nada além de uma paixonite da parte dela, mas desapareceu depois que Joey ficou pelado na frente dela.

–Sarinha, você é perfeita! -agradece dando um beijo no alto da cabeça dela. -Luna! -grita, a fazendo nos perceber finalmente. -Deixa eu te apresentar a filha do John. -diz quando ela já está mais próxima.

–E minha namorada! -acrescento os fazendo rir.

–Oi, sou Sara Diggle. -diz lhe oferecendo a mão que a outra aperta com um sorriso educado nos lábios. -Filha do John, e namorada do Wally. -faz graça.

–Luna Delphine. -responde, depois parece pensar em algo para igualar a brincadeira. -Assistente da Felicity? -tenta, coitada.

–Claro, o milagre do Connor. -Sara solta e preciso conter a risada, Connor nos olha irritado, mas Luna o encara divertida.

–Mônica e Joey. -diz a ela, parecendo ser algo deles, que eu e Sara não entendemos.

–Sério Connor, Friends? -pergunta em sua voz baixa. -Foram os únicos!

–Tem Ross e Mônica. -ele rebate parecendo desesperado.

–São irmãos. -responde balançando a cabeça. -Sara, foi muito bom te conhecer, já ouvi falar muito em você. -volta sua atenção para minha namorada, que lhe abre meu sorriso preferido, esse que ela só dá quando recebe elogios.

–Pode acreditar Luna, quando eu digo que sinto o mesmo, você é praticamente um unicórneo que se juntou a nossa família...

–Chega. -Connor interrompe puxando Luna para longe, e vamos em direção a Cisco dando risada.

–Uou! -ele exclama apontando para a camiseta dela quando a vê. -Pequena Diggle, o papai aqui quer uma!

–Ótimo, já sei o que te dar de presente de natal! -Sara brinca.

–E ai Kid, animado para a Faculdade?

–Sim, mas só passei para me despedir mesmo. -Cisco sorri antes de me abraçar.

–Estude muito, e se precisar, me procure... Ou procure o Ronnie. -dá de ombros.

–Claro, precisamos ir agora. Se comportem na minha ausência crianças! -brindo encarando todos. -Principalmente você. -aponto para a Luna, que fica vermelha como um pimentão me fazendo gargalhar.

–Connor, cuide do seu unicórneo! -Sara provoca pela ultima vez, e a entrego o meu presente a tirando de lá comigo antes que Connor a pegue de pancadas.

CONNOR

Eu não sou capaz de dizer o que me irritou mais nesse dia, se foram as piadinhas da Sara sobre o meu relacionamento, ou a falta dele, com a Luna. Wally que é a pessoa mais transparente que conheço, e mesmo se contendo para não ajudar Sara com o deboche, consegue ser pior do que ela. E tem o fato de Luna estar toda derretida pelo Cisco.

Deus, e o Cisco. Só por que ele deu aqueles nomes esquisitos para os vilões da galeria do Flash, e por que ele sabe a tabela periódica de trás para frente, isso até o meu pai sabe, apesar de não entender a razão dele ter decorado aquele monte de nomes e aqueles números. Mas a questão não é essa, Cisco só é um super-herói com poder de não estar nem aqui nem lá, criar algumas ondas sonoras destrutivas pelas mãos, e tem dom de falar tão rápido quanto a Felicity. Mas no final ele nem é tão legal assim, ok, ele é super legal, mas não agora. Ele deveria ser só legal assim com a namorada dele.

Capitanonthe Bridge. – Cisco fala assim que Caitlin entra na sala carregando o que parecia ser uma mine sonda espacial.

– O que você vai fazer com isso? – Isis pergunta apreensiva com aquilo.

Damian havia enviado uma serie de manuscritos que falavam da adaga ao passar dos anos. A lâmina maldita pertenceu a várias mulheres no decorrer da história, nenhuma com um final feliz, na verdade todos os finais eram muito trágicos. Joana D’arc e Cleópatra são apenas algumas que foram citadas nesses pergaminhos, considerando que uma foi queimada na fogueira na santa inquisição, e a outra foi picada por uma cobra, digamos apenas que elas não tiveram o seu ‘felizes para sempre’.

–Você vai a mandar para o espaço? – questiona cética. Seria muito mais simples darmos um fim nessa adaga com síndrome do trailer de longa metragem clássico.

–Eu sei o que você está pensando Joey. – Luna se aproxima, e fala para que só eu escute, e me viro em sua direção, cruzando meus braços sobre o peito, mas sem olhar para ela.

–Não nos conhecemos a tanto tempo assim para você saber exatamente o que eu estou pensado. – apenas olhava para direção onde minha irmã e Caitlin pareciam ter uma discussão sobre submeter à Katoptris a radiação, ou alta preção submersa. – E você não deveria estar lá mais perto do Cisco? Você vai acabar perdendo as referencias.

–Eu sei, ele é tão legal, até parece o professor gato do colégio lá em Meu primeiro amor. – ela divaga e eu tenho que fazer esforço para não revirar o olhar em sua frente. – Se continuar com essa cara, vou achar que é o irmão mais velho do Damian, e acho que Isis não vai gostar muito da ideia. – ok, juro que tentei, mas com essa não deu para reprimir minha cara de nojo. – E sim, te conheço tempo o suficiente para saber o que você está pensando. Não é segredo que te achava um tanto vulgar, diga-se de passagem, mas depois de ver como você é de verdade, com sua família, e comigo... -por um momento seus olhos perdem o foco, e sua voz fica ainda mais baixa. -Okay, chega de encher sua bola. A questão aqui é você querer se livrar da adaga, jogando no primeiro trilho de trem/ vulcão em erupção/ ou largar ela em alguma lua distante do quadrante Zeta.

–Eu não tinha pensado no lance da lua, talvez devesse ligar para um dos lanternas. – aquela não era uma ideia ruim.

– Você não está entendendo a minha linha de raciocínio. – aperta a ponte do nariz, balançando a cabeça em negação, mas pude ver um sorriso escondido por sua mão.

–Tem alguma linha de raciocínio aí? – a provoco, sabendo que poderia levar um tapa na cabeça.

–Tem, claro que tem. – parecia ofendida.

–Me ilumine.

–Aquilo ali. –aponta para a Adaga nas mãos da minha irmã, que parecia querer sair correndo. – É um objeto místico. – Luna termina e eu apenas a encarava como se ela fosse um ser de outro planeta, o que poderia ser verdade. Então, a mandaria de volta para casa e de quebra me livraria da adaga. Ok, não mandaria Luna para outro planeta, mas poderia mandar só a Katoptris para o seu planeta natal. –Você não entendeu, não é mesmo? – não espera a minha resposta. – O que nos garante que se a Isis se livrar da adaga ela não reaparecerá em cima da cabeceira dela pela manhã.

–Você tem seu ponto. – pondero. – Isso não funcionou com o Stanley Ipkiss, provavelmente não vai funcionar com Isis.

–Não poderia ter escolhido referência melhor, talvez Cisco pudesse. – ela volta a encarar o velhote como aqueles olhos derretidos.

–Qualquer dia te apresento a namorada dele. – um sorriso diabólico surge em meus lábios ao imaginar a Fogo irritada de ciúmes, e a Luna correndo dela.

–Não posso evitar. – ela suspira. – É como conhecer Han Solo. – e lá vem mais outro suspiro. –Acho que estou apaixonada. Conheci o amor da minha vida. – aperta meu braço, juro que parecia que iria começar a saltitar a qualquer momento aqui do meu lado.

– Por favor tente com mais afinco. – mas caramba se ela acha que Cisco é igual o Han Solo as coisas estavam mais feias do que eu imaginava. Pensei em citar a princesa Lea, mas minha linha de raciocínio se desfaz ao ver a minha irmã ficar lívida a minha frente. Aquilo não podia ser boa coisa.

WALLY

Quando voltamos para casa, minha tia estava ralhando com tio Barry no telefone, que para variar estava muito atrasado. –Desse jeito as coisas do Wally vão chegar lá para a formatura. – consigo ouvir ela reclamar enquanto tentava apartar a briga dos dois pestinhas na sala, do uma ajudinha, colocando cada um em um canto do cômodo, antes de lançar um olhar mortal para eles, que se aquietam instantaneamente.

Subi as escadas com Sara gargalhado atrás de mim. – Vou sentir tanta falta disso. – Ela diz se jogando em minha cama, eu sento junto a ela encostando minhas costas na parece e a puxando para entre minhas pernas, fazendo encostar sua cabeça em meu peito, aconchegando meu rosto em seus cachos macios.

–Você sabe que as portas dessa casa vão sempre estar abertas para você. -beijo seus cabelos. -Meus pais te amam, acho que sempre te viram como a filha que não tiveram. Afinal eles já sabiam que iriamos ficar juntos, quase como se fossemos prometidos um ao outro.

–Predestinados. – ela diz enquanto beijava minha mão. – Sabe que não será igual. – então tudo muda, todo o ar divertido que havia entre nós. Desde que voltei do passado, essa é a primeira vez que sinto estar me despedindo de Sara.

–Você tem alguma coisa para me contar? – pergunto sério. Seus olhos escuros eram intensos, o que me preocupou mais ainda. Conseqüências de namorar a melhor amiga, ou conhecer a pessoa que ama por toda a vida, mentira ou omissão não cabem nesse tipo de relacionamento.

– Sim. – responde monossilábica, e fica em silencio por tanto tempo que eu não entendo mais nada.

–E... -tento ajudar.

–Eu sei o que quero fazer.

–Hoje? -olho para ela, depois para meu quarto parcialmente vazio. -Linda, eu sei que sou rápido, mas a mudança vai tomar um tempão, sem falar em toda a felicidade emocional se esvaído em meio a todas as caixas que tenho que desfazer... – ela põem os dedos sobre os meus lábios me calando.

–Não hoje, eu sei o que quero fazer da minha vida. -Sara é sempre confiante, ela não duvida de nada, mas agora, seu semblante era o retrato da confusão e desconforto.

–Isso é uma boa noticia, uma noticia muito boa! -digo a olhando intrigado. -Com a cara que está fazendo não parece ser tão boa...

–Não, é boa sim! -diz respirando fundo.

–Deixa eu adivinhar... Medicina? Se especializar em pediatria? Por que depois de ver você domando os dois pestinhas eu super apoio. – ela nega, mas um traço em seus lábios esboça um leve sorriso. – Jornalismos, pode até fazer estagio com a minha mãe, ou quem sabe ser pupila da Lois? – ela discorda novamente. – Musica? – tento já jogando com a sorte. – Até te empresto a minha guitarra que está juntando pó, e que eu esqueci de embalar. –corro até a bag e coloco com cuidado a guitarra lá dentro.

‘Vocês dois... ’ ouço a voz do meu tio lá em baixo. ‘Estamos de saída, tranquem a porta. ’

–Não é música, e vamos, se o tio Barry está saindo primeiro que a gente significa que estamos muito atrasados. – diz se levantando vindo em minha direção, a tomo em meus braços e desço correndo, quando trancamos a porta tia Iris está virando a esquina em nossa minivan. Coloco a minha a guitarra no porta malas e pulo no banco do motorista, Sara já está ao meu lado com o cinto de segurança, e escolhendo a música para o início da viagem.

–Artes plásticas, TI, literatura, matemáticas, cinema, história, filosofia, história da filosofia? – já fazia mais de uma hora que eu dizia qualquer coisa que me vinha a cabeça. Já tinha saído até administradora malvada da desciclopédia, e ela apenas negava ao meu lado. – Psicologia, biologia, paleontologia?

–Não...

–Ok, é oficial, desisto. – estávamos muito próximos da entrada da universidade agora. - Já gastei todas as minhas mil vidas, e todos os bônus também já se foram. – Vai, me diz o que você quer ser quando crescer. –tiro sarro já estacionando em frete ao meu alojamento, vi um pouco distante, tia Iris parecendo receosa com todas aquelas pessoas, até parece que alguém ali me faria mais mal do que o vilão que eu enfrentei ontem. Me viro de frente para Sara, o que não era uma boa ideia, por que lá estava eu perdido em meio aquele olhar tão dela.

–Eu quero servir. – tinha um pouco de receio em sua voz.

–Você está me dizendo que quer ser garçonete? Ter um restaurante, ou coisa assim? Se é o que você quer, eu super apoio, só acho uma escolha esquisita. – coço minha cabeça, mas se era o que ela queria.

–Você às vezes é tão lento. – me beija achando graça. –Quero servir ao exercito. – sinto meu queixo cair ali perto do cambio do carro. – Você mais do que ninguém entende o que é seguir a tradição, e é isso que os Diggle fazem. -engulo em seco, e ela parece receosa. -Consegue me entender? -forço um sorriso, e afirmo com um aceno. -Eu ainda estou no último ano, e vou...

–Sara, se é isso que quer, vou te apoiar. – interrompo a tranqüilizando. A verdade é que dizer era mais fácil que fazer, por que de repente parecia que eu tinha comido todo o gelo da fortaleza da solidão, e por Deus era muito gelo, e estava todo depositado no meu estomago. – Afinal não é um muro, ou cerca de arame farpado que vão me afastar de você. -envolvo sua cintura com minhas mãos, a trazendo para mais perto, e selo os nossos lábios, quase como um pacto silencioso.

Nos afastamos em meio a alguns burburinhos. Quando me viro em direção a falação, vejo em um canto meio escondido alguns caras dando um trote em alguém. É uma pratica comum entre os calouros e os veteranos, mas aquilo parecia exagero. Um cara de cabelos castanhos claros, usando um terno que parecia pertencer a seu pai, estava sendo arrastado para um canto por três brutamontes. Sara e eu nos entre olhamos, então eu corro e amarro os cadarços dos agressores, reaparecendo ao lado da minha namorada.

–Vamos. -ela diz, e corremos lado a lado em direção a pancadaria.

–Não conhecem a história de que tudo se resolve com diálogo? – chego tentando apaziguar as coisas.

–Olha Luke, mais dois calouros burros. – um dos brutamontes, loiro, e olhos verdes, e cheio de tatuagem, apontava para mim e para a Sara, enquanto os outros dois levantavam o garoto de olhos castanhos pelo colarinho.

–Até que a garota é bonitinha. – um dos sujeitos que segurava o garoto, olha com malicia para Sara, isso me ferve de raiva, mas uma coisa que aprendi com a minha namorada, ela definitivamente não é uma donzela indefesa.

–Talvez você queira meu número? -ela sorri para ele que solta um dos braços do cara, dando dois passos em sua direção tropeçando em cima dela.

É o suficiente, dou um soco no que está mais próximo, e Sara se encarrega do outro, mas quando vou em direção ao ultimo, que ainda segurava o cara, ele mesmo dá uma cotovelada na face do agressor. Acho que acabei de entender o sentido do ditado “três é demais”. Os deixamos caídos e vou em direção ao cara, ele tinha minha altura, o que para um garoto de dezoito ou dezenove anos, é bem acima da média, mas era magro, não do tipo raquítico, mas do tipo normal de garotos que não possuem uma identidade secreta. E quando sorrimos um para o outro, tenho uma estranha sensação de déjà vu, uma familiaridade esquisita, como no dia em que conheci minha tia atrás da fábrica onde trabalhava.

–Valeu, esses trotes pioram a cada ano. -sorri agradecido limpando a sua camisa que acabou se enchendo de poeira.

–Acho que você dava conta, só estava sobrecarregado. -respondo lhe oferecendo a mão em um cumprimento. -Sou Wally West.

–Zoolomon Hunt. -responde, nome estranho, mas quem sou eu para julgar quando meu nome do meio é Rudolph?

–Só uma coisa, eu estou no ensino médio. -Sara diz para os caras quando eles se levantam, apenas para cair de novo por causa de seus cadarços amarrados. Eles se arrastam para longe e ela vem em nossa direção. -Idiotas. -murmura irritada. -Você está bem?

–Hum... Sim. -Hunt responde incerto, como se nunca antes uma garota tão gata tivesse lhe dirigido a palavra.

–Uma bela entrada. – brinco com Sara que sorri. -Esse é Zoolomon Hunt. -aponto para o cara que acena para ela com um sorriso bobo no rosto. -Essa é Sara, minha namorada.

–Pode me chamar de Zoom. -ele fala para nós dois, e agradeço internamente, por que esse nome parece mais um trava línguas, quase pedi a Sara para o repetir três vezes.

–Isso aqui é seu? – pergunta incerta o entregando o que parecia ser uma bobinha para asma.

–Para minha infelicidade é. – responde guardando no bolso de sua calça jeans. -Asma. -esclarece para Sara que o olhava apreensiva. -Mas é tranqüilo, bom, nunca vou poder correr uma maratona ou algo do tipo, mas correr não faz mesmo meu estilo. -e novamente tenho aquela sensação, enquanto Sara se aproxima segurando minha mão, era como se o conhecesse. -E ai? Qual é o seu alojamento?

–Prédio, três, apartamento quarenta e três. – aceno para meu pai que sorri enquanto carregava o que parecia ser a ultima caixa. Caramba, minha primeira mudança e nem tinha ajudado.

–Não acredito. – Zoolomon para nos fazendo virar para ele. – Então você é o meu colega de quarto. Maneiro!

–Isso facilita muito. – Sara passa seu braço entre o meu se prendendo mais a mim.

–Posso te garantir. – ele aponta para um grupinho de líderes de torcida. –Isso vai ser interessante.

–Ok Zoom, não gosto tanto de você agora. – Sara aparenta estar brava, mas sei que é só charme, beijo o alto de sua cabeça e ela me encara séria por um momento, antes que pisque para ela a desarmando. -De você eu ainda gosto. -acrescenta me fazendo dar risada.

–Eu sei. -sussurro para que só ela escute, o que a faz abrir um sorriso largo em resposta.

– Não é dessa forma... -esclarece. -Mas Wally torna as coisas mais fáceis. -ele abre um sorriso fácil.

–Vou te dar uma chance de explicar, como meu namorado pode te ajudar com as peitudas de pompom ali? – pergunta o olhando de esgueira.

–Olha para ele. -aponta em minha direção, e a esse ponto, já me sentia um produto na vitrine. -É um atleta, em pouco tempo vai ser o melhor amigo delas. -dá de ombros. -Poderia arranjar alguns telefones. – Zoom tenta sorrindo.

–Então acho melhor o Dick. – Sara diz em sussurro.

–Aí. Isso vai deixar marca no meu ego. – reclamo colocando a mão dela sob meu peito. – Mas se for para conseguir um telefone, Barbara é melhor nisso que o Dick.

–E ai? – Zoolomon pergunta entre sorrisos.

–Nada de flerte, beijo, ou mão boba de nenhuma maneira. – Sara diz apontando para o peito dele.

–Feito! – concorda.

–Vocês sabem que eu estou aqui, não sabem? – pergunto entre o choque e o divertimento.

–Claro amor, claro. – concorda olhando onde tia Iris parecia impaciente. – Vamos antes que sua mãe fique uma fera.

–Hey, Wally? -escuto Zoom chamar, e Sara me solta indo em direção a minha família.

–Sim?

–Obrigado pela ajuda. Se eu puder fazer qualquer coisa para retribuir... -ele sorri com sinceridade, e mais uma vez ofereço minha mão para ele.

–Tranqüilo. -dispenso seus agradecimentos. -Nós vamos passar muito tempo juntos, só não faz barulho de manhã, e estamos quites. -sussurro soltando sua mão, o que o faz dar risada. -Vem, vou te apresentar para a minha família!