WALLY

Festa surpresa é sempre um teatro, quem organiza finge que não é obvio o que estão fazendo, e quem recebe, finge que não suspeitou desde o começo. Hoje faço dezoito anos, e subitamente toda a minha família parece ter sofrido um ataque de amnésia. A tia Iris acordou “atrasada” para o trabalho, parece que vai cobrir mais uma das tramóias do Lex, tio Barry foi chamado pela Liga para uma missão “fora da terra” com o Hal, os gêmeos estão com a Caitlin e o Ronnie, e Sara nem atendeu quando liguei para ela pela manhã. Amadores!

‘ E ai ligeirinho, ta afim de uma missão com um cara da que é membro oficial da Liga no dia do seu aniversário?’escuto a voz de Connor no comunicador.

–Se for ficar se gabando assim, não vou querer não. –respondo já colocando meu uniforme, e começo a correr para Starlling City.

‘Pensando bem, vou levar a Isis, ela fala menos!’ - debocha com a voz esquisita, como se sua boca estivesse cheia. Ainda sinto falta da antiga linha do tempo, quando a Fel não sabia cozinhar, mas nem tenho mais o prazer de zombar Connor, que se dependesse da madrasta antes, hoje sofreria de desnutrição. Fazer o que? São males necessários quando se salva o mundo.

–Não deveria estar fingindo que não se lembra do meu aniversário, ou me evitar como se eu fosse o Guy Gardner? –Guy é um dos Lanternas Verdes, mas ele é um mala, ninguém suposta o cara. –Vai acabar com a surpresa...

Paro atrás dele, com um sorriso enorme no rosto, Connor estava parado em frente à pia do banheiro com uma escova de dente na boca, pula de susto quando vê meu reflexo no espelho. Aos seus vinte e dois anos, se parecia muito com o pai, não tanto no humor, apesar de que se for pensar no Ollie do passado, ele se parece com o pai também no humor, não tão revoltado, não tão rabugento. Ele apenas gosta de certa ordem nas coisas, e bom, é um galinha como o pai era em sua juventude.

–Que merda Wally! –exclama.

–Que bom, pensei que estivesse comendo. –digo saindo do banheiro. –Comendo a comida bem feita da Felicity... –lamento me jogando na cama dele, e cruzo as minhas mãos na nuca olhando para o teto.

–Kid, você está bem? –ele volta para o quarto e começa a pegar seu arco.

–Só pensando no passado. –filosofo, e o vejo revirar os olhos.

–Connor, pode me emprestar sua luva... –Isis que entrava no quarto do irmão, trava imediatamente quando me vê. –Ah, oi... Wally! –sorri com timidez olhando para os próprios pés. Connor para ao lado da irmã, cruzando os braços sobre o peito e a encara de cima, fazendo com que ela fique ainda mais vermelha. –Vai na missão como o Connor? –pergunta um tanto confusa.

–Vou...

–Claro que você vai, está de uniforme... –me interrompe, mas parece falar sozinha, nem mesmo olha em minha direção. -Deitado na cama do meu irmão... –seus olhos parecem perder o foco por um momento.

–O que você queria Isis? –Connor pergunta impaciente, ela passa a mão por seus cabelos castanhos claros, como se precisasse se lembrar. Isis por sua vez é a mistura perfeita de Oliver e Felicity, seus olhos eram de um azul que chegava a intimidar, era evidente que se tornaria uma mulher linda, mas já sinto pena do cara que tiver que enfrentar todos nós para conseguir namorá-la.

–Luva de treino, isso!

–Toma. –ele mexe em uma gaveta e joga as luvas em sua direção. –Vai treinar com quem?

–Com a Laurel. –responde sem deixar de me olhar, sorrio para ela, o que faz com que a garota quase deixe as luvas caírem de suas mãos, a paixonite de Isis vem piorando com o tempo, mas acho que é por que está entrando na adolescência, e essas coisas.

–Isis? –Connor chama, com o mesmo tom que Ollie usa para trazer a Fel de volta de seus devaneios.

–Oi? –ele bufa quando ela não olha em sua direção.

–Sai do meu quarto. –sua voz é quase ameaçadora, e a irmã finalmente o olha, espantada antes de sair apressada. –Precisa dar um fim nisso. Era bonitinho quando ela tinha dez ou onze anos, agora já parece errado! –Connor aponta o dedo em riste para mim, me olhando sério.

–Eu não falo nada, a trato como uma irmã. –me defendo levantando as mãos em forma de rendição. –E Isis só tem treze anos, isso vai passar!

–Eu me esqueci... –escutamos mais uma vez a voz da garota, que nos olhava com tristeza. –É... Feliz aniversário Wally. –diz com a voz baixinha, se virando em direção a porta. –Connor respira fundo, e posso ver uma veia em sua testa quase saltar quando ele me olha.

–Já estou indo! –antecipo sua ordem e saio correndo atrás de Isis, que já descia as escadas. –Oi! –exclamo parando em sua frente, e nunca antes a vi se parecer tanto com Felicity como agora, ela apenas me contorna e continua seguindo seu caminho.

–Qual é Isis? –tento mais uma vez parando em sua frente. –Não pode ficar com raiva de mim, não se fica com raiva das pessoas no aniversário delas, é quase uma regra universal!

–Não estou com raiva! –ela cruza os braços sem olhar em minha direção, e preciso segurar o riso.

–Ótimo. Vem aqui. –chamo abrindo meus braços para ela que dá dois passos de má vontade, até que posso a abraçar, então me afasto segurando em seus ombros, para olhar em seus olhos. –Pirralha, você entende que é uma das minhas pessoas preferidas no mundo. E sim, te amo como se fosse minha irmã, e isso não é ruim. Vou estar sempre aqui para você, e um dia, quando encontrar o cara certo... –evito fazer careta. –Prometo que depois de interrogá-lo, vou até te ajudar a aliviar as coisas com Connor e o Ollie, e se ele quebrar seu coração, nós vamos quebrar a cara dele!

–Roy e Diggle dizem a mesma coisa. –agora ela tinha um sorriso nos lábios.

–Sério, eu tenho pena dele! –brinco, mas não queria estar na pele do moleque. –Agora tenho que ir. Connor quer me manter ocupado para que vocês organizem minha festa! –sussurro a ultima parte em tom de segredo. Isis parece confusa.

–Oh, Wally... Isso não é ver...

–Não precisa mentir, vou fingir surpresa, sou um bom ator! –interrompo, mas pela cara dela, Isis é quem é a boa atriz aqui.

–Não vamos fazer festa. –fala e solto uma gargalhada, já me virando para buscar a Cinderela lá em cima que parece nunca mais acabar de se arrumar.

–Okay! –tão bobos.

SARA

Tem dias que simplesmente não tem como ser uma garota normal. Passei à noite pensando em como surpreender Wally em seu aniversário de dezoito anos, sabe como é, ele é o tipo de cara que dá atenção para essas coisas, mesmo sendo um herói, Wally faz questão de ter tudo o que a vida lhe dá direito. E por isso planejei, e planejei, mas a realidade foi outra, total e completamente diferente.

Starlling City 05:32 AM

‘Artêmis!’ Alguma coisa falava em meu ouvido, mas não é possível, não estou escalada para nenhuma missão e o dia ao menos clareou. Viro para o outro lado em minha cama e coloco o travesseiro sobre minha cabeça. ‘Artêmis!’ Mas que merda, a voz irritante, se parece demais com a do Robin.

–Não ligo se der sei lá o que tem ai para qualquer outro... -murmuro. -Menos o Kid! -acrescento depois, um pouco mais alerta.

‘Ele não foi escalado. Você foi, será uma missão conjunta com a Liga, esteja pronta, em dez minutos estarei te tele transportando.’

–Mas Tim, hoje é aniversário do Wally! -já sei sua resposta antes dele se quer dizê-la, por esse motivo me arrasto para fora da cama.

‘Por isso não é aconselhável relacionamentos no time, o mundo vem em primeiro lugar.’

Visto meu uniforme, vou para o banheiro e escovo meus dentes, lavo meu rosto, dando um jeito em meus cabelos em seguida, os prendo em um rabo de cavalo alto e coloco a máscara. Meus pais ainda estavam dormindo, então pego uma maçã na fruteira, e é a conta, em um piscar de olhos estou na sede do time. Só entendo a gravidade do que parece estar acontecendo, quando vejo o Asa Noturna, tio Ollie e o Lanterna Verde parados ao lado de Tim, e o restante da equipe.

–Por isso não podemos priorizar o aniversário do Wally. -Red Robin justifica.

–Vou mesmo querer saber o que está acontecendo aqui?-suspiro olhando para meu tio.

–O Flash foi capturado ontem durante uma missão. -diz me olhando preocupado.

–Wally? -sussurro tentando manter a calma.

–Ele não sabe de nada. -Dick garante.

–E por que a LIGA não está cuidando disso ainda!

–Nós estamos, mas se trata do Flash, dividimos todos que estão livres em pequenos grupos, e vocês estão sendo incluídos. -Ollie justifica.

–Tudo bem, mas o que aconteceu? -questiono e todos olham para Hal de esgueira, claramente a culpa era dele.

–Uma longa história, mas em resumo, eu fiquei sem energia, e estávamos encurralado no Museu do Flash... -começa a dizer passando a mão nos cabelos.

–Ele apagou. – Ollie aponta para Hal, que parece constrangido.

–Fui atingido e desmaiei, e quando acordei tudo já havia desaparecido.

– Temos algumas imagens recuperadas, não é muito, mas já nos dá uma noção de com quem estamos lidando.

Dick abre as imagens recuperadas dos três suspeitos, e ao lado de cada um uma ficha completa de seus crimes. Dois eram velhos conhecidos, tínhamos o Capitão bumerangue é o preferido da minha mãe, mestre em armamento, conseguia fazer um graveto se transformar em uma arma super avança, ok, talvez não um graveto, mas eu odiaria ver o que ele seria capaz de fazer com todas aquelas coisas do Museu no Flash. O segundo o Mestre dos Espelho, era praticamente impossível o capturar, ele conseguia escapar se tele transportando por qualquer coisas que refletisse a sua imagem.

–Esse dois tudo bem. – Aponto para o Bumerangue e o Espelho, mas o terceiro não fazia ideia de quem se tratava.

–Esse cara é uma incógnita, sabemos quem é ele apenas pelo modo de agir, usa a metamorfose para fazer os seus serviços sem ser notado. J’onn está na cola dele a meses, mas até mesmo a sua mente parece se adaptar para não ser identificada. –Dick tenta explicar. – Segundo J’onn todos temos uma identidade, quase uma impressão digital que distingue a nossa mente das dos demais, isso claro além das nossas memorias, mas ele consegue, não sabemos se consciente ou inconsciente reproduzir essa assinatura.

–É o nosso cara? -pergunto e ele apenas assente concordando. O mesmo que invadiu a QC atrás da tia Fel, e agora no museu, isso não está fazendo nenhum sentido.

–Arqueiro Verde, Lanterna e Artêmis vão atrás dele. -Asa fala e vamos todos em direção ao tele transporte. -Imagens de transito mostraram movimentações suspeitas em Star City. -fala diretamente para Ollie.

–Estou mandando vocês para as coordenadas, boa sorte. -Tim acrescenta antes aparecemos, no que parecia ser, uma parte muito ruim dos Glades.

Agora:

E agora estou aqui, sendo alvo de muitos, e muitos tiros, ao lado de dois membros experientes da Liga, sendo um deles meu padrinho e mentor. Em momentos como esse, aquele colégio interno, do qual meu pai insistiu tanto para que fosse alguns anos atrás, me parece muito atraente. Só não entendo, por que Hal não está sendo ele, todo exibido e faz tudo, poderia ter nos blindado e acabado com esses caras, que uau, são enormes, em um piscar de olhos.

–O que estão dando para os bandidos comerem ultimamente nessa cidade? -meu tio pergunta com três deles em sua mira, e faço o mesmo, mirando os que estavam ao lado oposto.

–Fala como se já os conhecesse. -grito mais alto do que os estrondos das balas.

–Tivemos o prazer de uma dança na noite passada. -um sorriso largo aparece em seus lábios, nem tento mais entender o Ollie, ele simplesmente não faz sentido às vezes, e aprendi a aceitar isso. Mas nesse momento me viro para Hal, não estava muito paciente nesse manhã.

–Por que não está ajudando?

–Eu não posso.

–Ele não pode. -os dois dizem ao mesmo tempo. -Se o Lanterna for visto, e qualquer um desses capangas soltar o alarme, um exército vem para a cidade.

–E meu amigo aqui não está interessado nisso. -Hal fala.

–Nem um pouquinho, então fazemos a faxina, e usamos o vaga lume ai para rastrear as evidencias.

–Não sou um dos seus brinquedinhos Ollie! -Hal parece ofendido.

–Me parece um plano. -dou de ombros. Subo em uma viga, enquanto Oliver chama atenção dos bandidos, precisávamos cercá-los, ou estaríamos em serias desvantagens. Vejo Hal com um revolver tentando ajudar como podia, era muito estranho o ver sem as coisas loucas usuais que seu anel costumava criar, e falando em revolver, quando voltar, tenho que dar uma olha no armamento do meu pai, por que aquela que Hal segurava, era muito parecida com a Glock favorita do meu velho.Tudo parecia correto, e logo esses carinhas seriam derrotados, mas sabe como é, heróis e sorte nunca andam do mesmo lado, e inesperadamente um clarão de luz nos cega e todos os bandidos desapareceram.

–O que eu vou falar para o meu namorado? – entro em desespero, pois a minha melhor pista havia sumido sem deixar vestígio.

–Seu namorado? Iris vai fazer pedacinhos de mim. – Hal choraminga em um canto.

–Vocês dois. -chama em um de seus momentos sérios onde ninguém o contesta. -Suas prioridades deveriam ser repensadas. – Tio Ollie olha incrédulo de mim para Hal.

WALLY

– Qual é Connor, você me chamou aqui exatamente para o que? – olho entediado para o mesmo local a mais de três horas.

– Wally, nem sempre as coisas podem ser rápidas como você gosta. – Connor olha por sobre os seus óculos de Sol para a entrada de um prédio, e minha bunda já estava quadrada de tanto ficar sentado nessa cadeira dura, já tinha comido três rosquinhas recheadas de creme, e tomados dois chocolates quentes, para manter o disfarce.

–Você que vai pagar a conta. – afirmo, levantando a mão para atendente para pedir mais um chocolate. – E nem tudo eu gosto rápido. – digo displicentemente.

–Não deixe o John te ouvir falar esse tipo de coisa.

–Que mente suja Connor. – finjo inocência, mas não parece colar pela cara dele. – Estava falando... – tento achar uma alternativa. – Era disso mesmo que eu estava falado. – me dou por vencido. – Mas o que estamos procurando nesse prédio, ou quem, ou que entidade? Sei lá.

–Tenho informações sobre um projeto que o CADIMUS está desenvolvendo, e ao que parece, tudo nos leva a crer que estão fazendo aqui. – Ele aponta para o prédio a nossa frente.

– E quem te deu essa pista? O maluco do Questão? – eu não queria perder o dia do meu aniversário por conta das paranóias daquele lunático.

–Não, Thea. – ele beberica o café e eu sabia que tinha mais coisa ali.

–E como ela conseguiu isso? – não que eu duvide da Speed, nem seria louco a esse ponto, mas o forte dela não era teorias conspiratórias.

–Ela conseguiu isso do pai dela, quando ela e o Roy o libertaram.

–Ok, acho que prefiro as teorias do Questão as mentiras do Merlin. – já vou me levantando quando o telefone do Connor começa a tocar. Regras de heróis: nós nunca desviamos nossa atenção do nosso objeto de vigília, na verdade a gente sempre faz isso, mas não deveríamos, por que sempre nos damos muito mal, e é por esse motivo que evitamos levar celular e qualquer outro comunicador além dos nossos pontos de comunicação, afinal todos com quem queremos falar tem um desses na orelha. Mas Connor nem parece vacilar ao atender o aparelho.

– Preste atenção lá! – afirma antes de colocar o celular na orelha. – Luna? – Opa! Oliver Jr ataca novamente. –Sei... Fala para ela que estou trabalhando nisso. – Eu finjo prestar atenção no prédio, mas meu sorriso não disfarça que estou ouvindo tudo e montando mil teorias na minha cabeça. –Leva isso para casa. – Connor olha para mim e volta a engrossar a voz. – Depois eu explico. Tchau. – desliga o celular e volta a atenção para o prédio.

–Luna? – eu conheço esse nome. – Não acredito, você está pegando a secretaria da Fel? Aquela com problemas em olhar as pessoas nos olhos? Cara como você conseguiu fazer aquela mulher falar mais de duas palavras? Apesar que você não está interessado em falar com ela.

– Não é nada disso Wally. – Connor está vermelho, parecia estar com raiva, mas calma, Connor estava com vergonha? Isso não podia estar acontecendo, e eu não tinha nada para registrar esse momento? – Ela sabe quem eu sou. – minha cara vai ao chão.

–Vocês estão juntos a quanto tempo? – tentava contar mentalmente, mas mesmo assim não estava certo, a duas semanas o vi saindo com uma das assistentes da Cait, apesar de que estou falando de Connor, então tudo é possível.

–Não estamos juntos. – passa a mão nos cabelos irritado.

–Isso é ainda pior. Uma noite e já sai contando o seu segredo. – sussurro chocado, isso não parecia coisa do Connor.

–Não!- ele respira para se acalmar. – Estávamos presos no elevador na QC, enquanto os meus pais estavam sendo atacados no escritório da minha mãe, precisávamos sair de lá e acabou que não teve outro jeito, e Luna descobriu o meu segredo e o do meu pai também. – onde eu estava quando tudo isso aconteceu? - Mas isso pode esperar. –Connor aponta para o outro lado da rua.- Precisamos entrar no prédio. – E como deixa o alarme do prédio dispara e vários carros pretos fazem um semicírculo isolando o local.

–Alguma coisa deu errado? – Cogito a hipótese, como resposta um carro explode estilhaçando todos os vidros da cafeteria que nos servia de abrigo. – Tirar os civis primeiro? – Eu já estava parado na frente do Connor com o meu uniforme.

–Vai, e me encontra do lado de trás do prédio, vamos entrar.

SARA

Somos levados de volta para a cede a Liga, onde Hal me entrega a Glock, confirmando minhas suspeitas, e no unimos a uma serie de heróis. Superman, Mulher Maravilha, Shaiera, Cyborg, Donna, Aquaman, Roy, Barbara, e muitos outros. Todos observavam enquanto Batman, Red Robin e Asa Noturna parecem ter uma conversa muda sobre alguma coisa.

–Eles vão dividir conosco, ou o J’onn vai ter que entrar na mente deles? -Virgil está pardo ao meu lado parecendo irritado com aquilo, o que não era uma boa combinação. Quando irritado, tinha um mal costume de criar ondas de energia estáticas que acabavam com a felicidade de qualquer cabelo feminino.

– Quando o Museu do Flash foi invadido ontem à noite, muitas coisas simplesmente foram destruídas, não parece ser a rincha de sempre da Galeria de Vilões. – Tim começa a explicar.

–Mas eu e Batman fomos lá antes de amanhecer, ver se achávamos algumas pistas. – Dick falava virado para nós, mas o Morcego em questão estava virado para as imagens recuperadas da vigilância do museu. – De princípio achamos que era só uma armadilha, mas descobrimos que eles pegaram algo.

– O que? – Hal parecia exausto, estava apoiado em uma mesa e todo o humor característico dele, havia desaparecido.

–Levaram o projeto da Esteira Cósmica. – Bruce fala monotonamente, ainda olhado as imagens.

– Nossa, isso é um desastre, temos que recuperar a qualquer custo! Por que isso é muito perigoso. É perigoso, não é? Por que se não fosse isso, eles não se dariam ao trabalho? – Virgil dispara a falar.

–Se existir um velocista disposto a usá-la, isso pode simplesmente apagar a existência como nós conhecemos. – Tim simplifica.

–Acha que querem obrigar o Flash a voltar no tempo? -Diana pergunta.

– Eu não falei que era perigoso. - cutuca meu braço, mas minha mente mal capitava aquilo.

– Só teve uma pessoa que conseguiu fazer aquela geringonça funcionar. – eu olhava o vazio, mas minha mente viajava agora nas lembranças de uma tarde de sábado em que eu fui salvar a pele do meu sogro.

Flashback on

–Barry? – Chamo por ele, estava em uma sala enorme, depois de já o ter procurado por quase todo o prédio.

–Sara? – Ele sai de trás de um monte de cabos com o sorriso típico dele. – O que faz aqui? – limpa as mãos em um pano que parecia estar mais sujo que seus dedos.

–Eu é que te pergunto, o que está fazendo aqui essa hora?

–Eu estava terminando esse projeto. -aponta para a projeção holográfico.

–Serio? Se você queria tanto uma esteira podia ficar com aquela antiga que Cisco te fez. – mas realmente não entendo o porquê dele querer uma esteira, quando pode dar uma volta no mundo em milésimos de segundo.

–É uma replica do que um dia foi o acelerador de partículas, que na verdade era uma esteira, mas o Wells, ou eu, não sei como explicar. -coça o cabelo. - Ele, enganou a todos nós... Longa história... Resumindo, Cisco, Ronnie e eu só descobrimos isso anos depois. – meneia a cabeça apontando maravilhado para o treco novo dele. -Eu criei uma miniatura! -sorri como um daqueles caras em comerciais de pasta de dente. -Vou chamá-la de Esteira Cósmica! -anuncia como se fosse um vencedor do Oscar, anos de convivência com Cisco fizeram isso a ele.

–Legal. -tenho pena de precisar interromper sua tagarelice animada.

–Vai mudar o mundo, ou evitar que Wally e eu o afundemos em um imenso buraco negro.

–Interessante... - mil perguntas se formavam em minha mente, Wally é Barry conseguiam fazer isso comigo, a nerdice extrema deles era fascinante para mim. Mas agora não era hora. -Esses buracos podem tipo, mudar seu estado de vivo para morto, ou de casado para divorciado? – o olho evitando rir da sua cara.

–Do que você está falando? – ele começa a se divertir também.

–Estou falando do seu aniversário de casamento. E da reserva no restaurante que a tia Fel fez, por que sabia que iria esquecer, e desse presente aqui que eu comprei para você dar para Iris. – conforme eu ia falando a feição do meu sogro se alterava de cor, tinha começado ficando vermelho, passou pelo amarelo, e agora estava alguma coisa parecido com uma cera de vela de tão branco.

–Não acredito que eu esqueci.

–Você tem dez minutos para aparecer na porta do jornal, se fizer isso ela nunca vai notar. – sai sem me deixar falar o nome do restaurante, pego o meu celular e digito a mensagem entre gargalhadas.

Flashback off

Minha mente volta para o presente, todos ali tinhamalguma noção sobre a vigem do Wally para o passado, mas apenas dois pareciam se dar conta do que aquilo era de verdade. Dick e Roy pareciam estar tendo uma forte ânsia de vomito, por que se eu não os conhecesse bem, juraria que vomitariam aqui na frete de todos.

–Deixa eu adivinhar. – Shaiera balançava a sua clava fazendo todos a sua volta dar um paço de distância dela. – Foi o Flash que fez aquilo funcionar, e só ele pode reconstruir?

–Tecnicamente, hoje só ele e o Wally são capazes de usá-la. – Tim me olha.

“Feliz aniversário Wally, seu pai foi sequestrado, a nossa linha do tempo pode ser apagada, mas olha, eu te trouxe um Cupcake de chocolate.” Acho melhor eu comprar um bolo inteiro, por que ele vai precisar.

–Espera. -Batman fala e todos olham em sua direção. -Estou captando rastros da presença do Flash.

–Como? -acho que não entendi direito, me sinto com uma vontade imensa de me ajoelhar no chão e agradecer a qualquer divindade que salvou o aniversário do meu namorado.

–Onde? -Hal pergunta se aproximando deles.

–Grécia, mas ele está sem o comunicador, não posso tele transportá-lo.

–Eu vou! -exclama decidido, Hal é meio babaca às vezes, mas quando se trata do Barry e Ollie, sabe ser um bom amigo... Bom, isso se você ignorar a vez que os vendeu para outro planeta.

–Eu vou com ele, sabe como é, para ficar de olho em tudo. -tio Ollie se pronuncia caminhando para o tele transporte.

Fico quicando no mesmo lugar sem tirar meus olhos do local por onde desapareceram. Não deveriam demorar tanto, talvez devesse ter me voluntariado também, que droga. Quando estava prestes a dar um grito com o Super Choque que já estava me torrando a paciência com sua incapacidade de calar a boca, Ollie e Hal voltam, com Barry entre eles apoiado em seus ombros. Seu uniforme estava rasgado em alguns lugares, e parecia muito machucado, mas nada que alguns remendos e sua capacidade de cura não resolvam. Corro até ele e levanto seu rosto para poder examinar mais de perto o estrago.

–Como se sente? -pergunto depois de um gemido de dor.

–Como um péssimo pai. -sussurra e Hal o coloca deitado em uma maca que alguém havia providenciado, enquanto o Batman lhe prestava os primeiros socorros. -Precisamos dar uma festa para o Kid, ou ele vai ficar desapontado.

–Pensamos em festas depois. -Tio Ollie o segura enquanto Bruce colocava seu ombro no lugar.

–Ah! -urra de dor.

–Como escapou? -Bruce pergunta enquanto começava a suturar um corte em seu peito.

–Tenho sorte que meus vilões não são dos mais inteligentes. -dá de ombros, mas o gesto parece causar ainda mais dor. Bruce e Ollie trocam um olhar que não entendo. -O Mestre dos Espelhos me manteve em uma de suas realidades paralelas, mas quando consegui me soltar, apenas entrei para a speed force, e então estava na Grécia e vocês apareceram.

–O que eu te disse quando me procurou depois de ganhar seus poderes? -Ollie pergunta e todos na sala parecem ficar tensos por um momento, mas Barry apenas o olha confuso.

–Disse que o raio não me acertou por acidente, ele me escolheu. -responde e Oliver toca o ombro dele aliviado.

–Bom te ter de volta!

–Por que da prova de ciências? -lá vamos nós mais uma vez com essa história. -E onde está o Kid?

WALLY

Odeio os planos do Connor, não importa quanto eu diga isso, nunca, jamais será o suficiente. Quando queremos distrair uma pessoa para o aniversário dela, não precisa a levar a uma missão tediosa e furada, basta uma televisão e filmes antigos. Saiamos do CADIMUS com um grande nada como resultado, a única coisa anormal que encontramos foi um grande buraco na parede que fez Connor estremecer, mas Luna o ligou novamente e de repente “precisávamos ir embora”, só tive duvida nesse momento, pois não sabia se ele iria correr atrás da garota com problemas sociais, ou finalmente eu teria a minha festa. O que não durou muito tempo, pois quando entramos na casa dos meus padrinhos, e todas as luzes estavam apagadas, um largo sorriso se forma em meu rosto.

–SURPRESA! -gritam em coro, quando as luzes se acendem. Don e Dawn correm em minha direção se jogando em cima de mim.

–Nossa! -murmuro segurando cada um em um de meus braços. -Connor, eu nem imaginava! -me viro em direção ao meu amigo que sorria demonstrando que não acreditava nem um pouco no que acabei de dizer. -Vocês, são os melhores! -dou minha melhor interpretação de “recebendo um Oscar”, só faltou as lágrimas.

Meus tios me abraçam em seguida, e vejo que a missão fora da terra em que Barry estava era mesmo real, e não parece ter acabado muito bem, pois estava todo machucado. -Feliz aniversário filho. -diz com as mãos em meus ombros e um sorriso orgulhoso nos lábios. -Dezoito anos!

–Você está bem pai? -olho para o corte sobre sua sobrancelha.

–Não se preocupe comigo. -dá de ombros e tia Iris toma seu lugar.

–Meu bebê lindo! -exclama me abraçando. -Parece que foi outro dia que te encontrei! -seus olhos começam a se encher de lágrimas, e olho para meu pai pedindo socorro, mas ele estava tão emocionado quanto ela no momento.

–Não, nada disso! -Fel passa os braços ao redor dela. -Só esse ano, vamos tentar não ter o momento choro. -olha para o tio Barry de forma significativa e ele se afasta com minha mãe. -Meu moleque.

–Obrigado Fel, você é minha heroína! -digo em seu ouvido quando ela me abraça.

–Nós estamos orgulhosos de você. -Ollie diz ao lado da esposa, com o braço ao redor da filha caçula.

–Seu presente. -Isis me entrega um caixa com um sorriso tímido. -São seus cokkies preferidos, eu mesma fiz. -olha para os próprios pés e eu entrego a caixa para Ollie.

–Não mexe neles! -o aviso antes de puxar Isis para um abraço. -Comida, o melhor presente do mundo! -olho ao redor suspirando. -Vocês me conhecem tão bem... -passo meus olhos pelos Queen sorrindo largo. -Mas onde está Sara?

–Lá em baixo, com o nosso presente. -meu pai aparece (literalmente) em minha frente com uma chave em mãos. -Sei que não precisa, mas vai para a faculdade e é bom manter as aparências. -reconheço a chave imediatamente.

Olho em volta e meu padrinho parecia muito empolgado, o que era esquisito, normalmente ele só fica empolgado com coisas envolvendo a minha madrinha ou flechas, mas sei que não é nenhuma dessas opções. Estávamos a semanas trabalhando nesse carro, para ser honesto, eu trabalhei, eles beberam cervejas e falaram de mulheres. Cai direitinho, pensei que aquela obra de arte era de Connor, até adaptei a parte interna para ser mais espaçosa por isso, por que né, ele a usaria com muita freqüência. E só de pensar no motor e sistema de som, meus olhos se enchem de lágrimas!

–Não! -exclamo animado pegando a chave de suas mãos. -Melhores, vocês são os melhores! -dou um abraço nos meus tios. -Não vou abraçar você. -digo em frente ao Connor. -Nem você, desculpe. -falo com meu padrinho. -Agora sim! -beijo o rosto da minha madrinha que solta uma risadinha, e me empolgo tanto que faço isso com Isis, Caitlin, Thea, Lyla e até meu sogro que estava observando tudo à distância, dando a ele um beijo estalado bem no topo de sua cabeça lustrosa!

Saio para a garagem, e no caminho me pergunto por que uma pessoa tem um andar só para carros? Até para o Tio Ollie é muita loucura, mas pensando bem Bruce tem um andar de carros em cada uma das suas trocentas mansões, sem contar com a caverna. Para ser sincero acho mesmo que estou andando com pessoas ricas de mais para a minha pobreza conseguir acompanhar.

Mas no meio de todos aqueles carros luxuosos, eu tive a visão mais linda da minha vida. Sara estava sentada no banco do carro mais lindo que já existiu. Ou pelo menos era o que parecia ao meus olhos. Era conversível, vermelho com duas fachas no alto da capota e voltando a aparecer na parte de trás até o para-choque traseiro cromado em prata, era um Shelby Cobra, e era incrível. Motor V8, quatro marchas manuais, cinco se contar com a ré, motor dianteiro e traseiro, 262km/h (para mim não era nada, mas para essa belezinha era fantástico).

–E aí ligeirinho? – ela olha através do retrovisor me deixando por um momento totalmente perdido.

–Está na hora de trocar esses apelidos. Que tal Homem Mais Rápido do Mundo? – Entro ao seu lado sentado no banco do motorista.

–Não é assim que o seu pai é chamado? -meneio a cabeça fazendo careta. -Que tal o Homem Mais Rápido do Mundo II, Homem Mais Rápido do Mundo Jr? – tira sarro.

–Acho que vamos ter que trabalhar mais nessa história de apelidos. – coço minha cabeça pensando em alguns nomes, mas parece absurdo ficar gastando meu tempo com isso, quando tenho a garota da minha vida sentada ao meu lado no carro mais legal que meus olhos já puderam enxergar.

–E aí? Gostou? – me pergunta na expectativa.

–Não é tão legal como uma nave interplanetária, mas soube que o mecânico que o montou é brilhante. -finjo desdém, mas não conseguia tirar minhas mãos do volante, ou os meus olhos do painel.

–Como você vai para a faculdade com um Javelin? – Sara faz aquela cara de contrariada que me faz ter vontade de beija-la. – Tio Ollie e o Connor passaram meses procurando esse carro, e depois mais um longo tempo te fazendo o deixar de seu gosto. Seu pai queria comprar um mais.... – ela para procurando uma palavra enquanto faz uma careta de desgosto. – Não importa. O que vale é que você não vai pagar mico com um Shelby, ninguém paga mico com um Shelby cobra 62. Ainda mais depois de melhorado pelo mecânico mais brilhante que existe. – fala com os olhos brilhando, e não sei como eu sendo uma das pessoas mais azaradas do mundo acabei tendo uma sorte dessas.

–Gata, você sabe como me agradar! -solto um assovio, antes de dar um beijo breve em seus lábios.

–É eu sei. – ela saltita de felicidade ao meu lado sem nem um pingo de modéstia. – Imagina como vai ser legal para você mexer nesse motor? – okay, será que posso ficar noivo no dia do meu aniversário de dezoito anos? Essa mulher me conhece por completo.

–Assim não dá! – Sara fica confusa, e eu tenho que segurar a risada. – Como vou te esconder alguma coisa? Você sabe tudo sobre mim.

– E quem disse que era para esconder?- me beija na lateral do meu rosto. – Vai ficar conversando ou vamos dar uma volta para estrear?

–Mas e a festa? – Claro que a essa hora eu não estava mais pensando na festa, talvez na comida da festa, mas eu tinha enchido tanto o saco da Isis e do Connor que era quase injusto, mas só quase.

–Quinze minutos. – sorri piscando aqueles enormes e lindos olhos castanhos para mim. – O que me leva ao meu presente para você. – me estende uma caixinha e quando abro a um belo relógio lá dentro.

–Isso é uma indireta?

–Eu sou sua namorada, e sempre fui sua amiga, já estou acostumada com os seus atrasos. Mas duvido que seus professores serão tão condescendentes quanto eu. – sorri enquanto passamos pelos portões da mansão Queen.

–Quinze minutos? – testo.

–Quinze minutos. – afirma. – Você não vai querer meu pai correndo atrás da gente.

–Ok, quinze minutos. -encerro o caso.